quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Opinião do dia – Dora Kramer

O partido em geral, Dilma em particular, levou o País à profunda recessão com suas ideias retrógradas que agora volta a defender como se fosse uma grande inovação. Ainda bem que o governo ganhou. Prevaleceu o bom senso que no governo o PT uma vez adotou e depois abandonou para levar todos – o partido e o País – à rota do desastre.

Petistas e chamados esquerdistas voltaram ao discurso segundo o qual há economia de direita e de esquerda, como se o capital não fosse como é: obediente às leis do mercado.


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Dora Kramer é jornalista. ‘Posição de ocasião’, O Estado de S. Paulo, 12/10/2016

Com base mais forte que a de Lula, Temer tenta acelerar projetos

Com alta fidelidade na base, Temer tenta acelerar pauta

• Governo alcança, em 5 meses, maior taxa de apoio entre os deputados desde o primeiro mandato de Lula; intenção é apressar agenda de votações no Congresso

Ricardo Brito e Adriana Fernandes - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O governo do presidente Michel Temer alcançou a maior taxa de fidelidade na Câmara dos Deputados desde o início das gestões petistas no Palácio do Planalto, em 2003. Simbolizada pela ampla maioria conquistada (366 votos a 111) na aprovação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição que institui por 20 anos um teto para os gastos públicos, a lealdade “recorde” da base aliada estimula o governo a acelerar sua agenda de votações no Congresso, em especial a reforma da Previdência.

Dados do Basômetro, ferramenta do Estadão Dados, mostram que Temer obteve nos cinco meses à frente do Palácio do Planalto – incluindo o período de interinidade – uma taxa de apoio entre os deputados de 83%, mais de 20 pontos porcentuais superior ao que a ex-presidente Dilma Rousseff conquistou em idêntico período do início do segundo mandato. É a maior adesão nos primeiros meses do mandato desde a primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.

Temer defenderá ajuste fiscal em reunião do Brics

• Presidente também falará sobre reformas nas Nações Unidas

Gabriela Valente – O Globo

BRASÍLIA - Embalado pela vitória na primeira votação da proposta de emenda constitucional (PEC) que limita os gastos públicos na Câmara dos Deputados, o presidente Michel Temer usará seu primeiro discurso na reunião do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) neste fim de semana , no estado indiano de Goa, para defender a política de ajuste fiscal e dizer que sua prioridade é a retomada do crescimento econômico. Segundo informações obtidas pelo GLOBO, Temer afirmará que o governo faz um amplo esforço para reordenar a economia nacional e citará iniciativas que já estariam em curso, como a reforma da Previdência e também a trabalhista, que já teria sido descartada , pelo menos temporariamente , comentam fontes do governo.

Temer dirá que essas reformas são ponto importante do ajuste amplo e sustentável . Dirá que esses ajustes criar ão condições para a retomada do crescimento . O presidente ressaltará que só as intenções do governo e as primeiras mudanças (feitas após o afastamento da presidente Dilma Rousseff) já surtiram efeito na economia real. Ressaltará que houve uma reversão de expectativas dos agentes econômicos e uma alta de confiança.

Teto de despesa deu certo em vários países

Por Tainara Machado – Valor Econômico

SÃO PAULO - A experiência internacional mostra que os países que fizeram ajuste fiscal baseado na despesa tiveram resultados positivos, como melhora do resultado primário, controle efetivo do gasto e maior capacidade de realizar políticas fiscais anticíclicas. Por se tratar de um item sobre o qual o governo tem domínio direto, limites para o gasto, como o proposto na PEC 241, que fixa um teto para impedir o crescimento real da despesa total por 20 anos, também costumam ter melhores índices de cumprimento do que regras para a dívida, por exemplo. Estudos mostram, no entanto, que limites para expansão da despesa costumam estar associados à redução do nível de investimento em economias emergentes.

Controle de despesa foi bem-sucedido em outros países
A experiência internacional mostra que países que adotaram regras fiscais baseadas no comportamento da despesa do setor público tiveram resultados positivos, como melhora do balanço orçamentário, controle efetivo do gasto e maior capacidade de realizar políticas fiscais anticíclicas. Por se tratar de um item sobre o qual o governo tem poder direto, limites para o gasto também costumam ter melhores índices de cumprimento do que regras para a dívida, por exemplo, especialmente se estiverem estabelecidas em lei.

PEC no Senado deve ter mais de 60 votos, diz líder do governo

Por Vandson Lima e Fabio Murakawa – Valor Econômico

BRASÍLIA - Aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui um teto para os gastos públicos já mobiliza a base aliada do presidente Michel Temer no Senado.

Líder do governo, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) prevê que, tal como ocorreu na Câmara, o Senado aprovará a PEC do gasto com um patamar de votos semelhante ao do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A principal medida do ajuste fiscal do governo deve seguir para o Senado no fim deste mês, após os deputados a votarem em segundo turno no dia 24.

Na primeira votação, foram 366 votos a favor da proposta. Na votação do processo contra Dilma, foram 367 votos pelo prosseguimento da denúncia. "Sem dúvida, o resultado na Câmara mostra que o comprometimento com o ajuste fiscal é do mesmo nível que o impeachment", avalia.

Temer se reúne com FHC para discutir medidas para recuperar a economia

Gustavo Uribe, Daniel Carvalho - Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer almoçou nesta quarta-feira (12) com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir medidas para diminuição da dívida pública e recuperação da economia. O ministro do STF Gilmar Mendes também participou do encontro.

O peemedebista fez o convite ao tucano por telefone na terça-feira (11), quando falaram sobre a necessidade de uma mobilização também no Senado Federal para a aprovação da proposta de teto de gastos públicos.

No almoço, no Palácio do Jaburu, FHC elogiou a aprovação em primeiro turno da iniciativa na Câmara dos Deputados e disse que o mercado financeiro reagiu bem à proposta.

Segundo relatos, ele disse também acreditar que o PSDB se empenhará também no Senado Federal para aprovar a proposta. Na Câmara dos Deputados, o partido votou em peso a favor da medida.

Segundo a Folha apurou, há pelo menos uma semana o peemedebista e o tucano tentavam marcar um encontro para discutir a situação do país.

Com viagem para a Índia marcada para quinta-feira (13), para participar de encontro do Brics, Temer decidiu realizá-la antes do embarque





FHC elogia aprovação da PEC do Teto e diz que economia está 'degradada'

• Ex-presidente se reuniu com Michel Temer nesta quarta-feira; almoço também contou com o ministro do STF Gilmar Mendes

Vera Rosa, Beatriz Bulla e Eduardo Rodrigues - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Em almoço com o presidente Michel Temer, nesta quarta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o aumento dos gastos públicos como o primeiro passo para tirar o País da crise. Fernando Henrique disse que o Brasil enfrenta um quadro econômico "degradado" e por isso se mostrou satisfeito com a vitória do governo no Câmara.

A reunião entre o ex-presidente e Temer, no Palácio do Jaburu, foi antecipada pela coluna Direto da Fonte, de Sonia Racy. O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, também participaram do encontro.

A avaliação, durante o almoço, foi a de que a aprovação da chamada PEC do Teto em primeiro turno pela Câmara, com 366 votos, é um importante sinal de que o governo tem força para recuperar a economia. A proposta ainda será submetida a uma segunda etapa de votação, no próximo dia 24, e, depois, encaminhada ao Senado.

Temer disse a Fernando Henrique que também pretende promover um jantar com senadores da base aliada, nos mesmos moldes do que foi organizado com os deputados, no domingo. A bancada do PSDB na Câmara votou em peso a favor da PEC, nesta segunda-feira.

A reforma política e as eleições municipais foram outros dois assuntos que fizeram parte da conversa no Jaburu. A partir da próxima semana, líderes dos partidos devem discutir a reforma política e tratar de alterações no sistema eleitoral. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou nesta terça-feira, 11, que há uma reunião marcada com os líderes e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no próximo dia 18, para tratar do tema.

No encontro desta quarta-feira, Gilmar Mendes manifestou preocupação com a pauta da reforma política discutida no Congresso e disse ser necessário encontrar uma forma eficaz de financiamento eleitoral. Sob a presidência de Mendes, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) identificou irregularidades e fraudes na doação para campanhas, na disputa deste ano, a primeira em que passou a valer a proibição do financiamento empresarial.

FH elogia teto de gastos em almoço com Temer, no Jaburu

• Para ex-presidente, vitória no Congresso ajuda a mostrar liderança

Cristiane Jungblut - O Globo

-BRASÍLIA- Em um almoço com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, no Palácio do Jaburu, o presidente Michel Temer foi aconselhado pelo cacique tucano a “mostrar liderança” neste momento. Os temas econômicos dominaram as conversas, com destaque para a proposta de emenda constitucional (PEC) que limita os gastos públicos, aprovada em primeiro turno na última segunda-feira.

Fernando Henrique disse a Temer que vitórias como a ocorrida na aprovação em primeiro turno da PEC do teto são importantes, porque mostram que o governo tem comando e ajudam a reverter a oposição, inclusive na opinião pública. Para o tucano, a economia deve começar a responder. Ele alertou, porém, que a tarefa “é muito grande”. Ele e Temer concordaram que há a necessidade de mostrar resultado e de a economia voltar a crescer.

— Tem que liderar, e uma vitória no Congresso ajuda nisso — disse Fernando Henrique a Temer, segundo interlocutores.

Temer e Fernando Henrique acertaram reforçar a parceria para garantir a aprovação final da PEC na Câmara e no Senado e, ainda, reformas futuras, inclusive a reforma política. Em certo momento, o ex-presidente brincou com Temer que também era criticado pelos erros na comunicação de governo.

— A conversa foi boa. Fernando Henrique ressaltou a necessidade de se arrumar a economia, de voltar a crescer — disse um participante do encontro.

Temer convidou Fernando Henrique para uma conversa depois de ter lido na imprensa elogios do tucano à aprovação da PEC. No caso de Gilmar Mendes, o jurista defendeu publicamente a PEC na última segunda-feira, no impasse entre o Palácio do Planalto e a Procuradoria-Geral da República (PGR). A instituição chamou a proposta do Executivo de “inconstitucional”.

 ‘ENCONTRO DE VELHOS AMIGOS’ 
Segundo fontes, Temer fez um gesto ao PSDB depois do fortalecimento do partido nas eleições municipais, principalmente em São Paulo. Além disso, o presidente quer reforçar a parceria com os tucanos no governo.

Outro participante classificou o almoço de “encontro de velhos amigos”. Gilmar Mendes foi ministro de Fernando Henrique e é amigo de Temer, a quem tem oferecido jantares em sua residência. O TSE, comandado por Gilmar, ainda precisa julgar as contas eleitorais da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

Temer decidiu realizar o encontro antes de viajar ao exterior hoje. Ele deixou claro no encontro que sua prioridade é garantir a aprovação da PEC e de outras propostas e só depois mexer em temas polêmicos, como a reforma da Previdência.

Na última segunda-feira, o presidente já havia se reunido com o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, que é presidente do Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã, a entidade mantenedora da Rede Vida. No encontro, Dom Orani pediu esforços para um país com mais dignidade e oportunidade para todos. Colaboraram Geralda Doca e Isabel Braga

PIB do Brasil só recua menos que Venezuela e Suriname na América Latina

• Em 2017, País deve ter desempenho positivo de 0,5%, influenciado por cenário global mais favorável

Camila Turtelli - O Estado de S. Paulo

A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) prevê agora que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai encolher 3,4% este ano, o que representa uma melhora de 0,1 ponto porcentual ante a estimativa anterior, feita em julho pela comissão (-3,5%). Apesar da leve melhora, o Brasil continua com o terceiro pior desempenho da região em 2016, atrás apenas da Venezuela, que deve ter recessão de 8%, e do Suriname, com retração prevista de 4%, de acordo com estudo divulgado ontem.

Já para 2017, o Brasil deve ter um desempenho positivo de 0,5%. As projeções para o ano que vem dão conta de um cenário global mais positivo, com preços das matérias-primas melhores em relação aos níveis médios de 2016. Além disso, a expectativa é de que o crescimento dos parceiros comerciais dos países da região seja maior.

A comissão espera uma contração média de 0,9% na América Latina e no Caribe este ano. Para 2017, a projeção é de retomada da dinâmica econômica com crescimento médio de 1,5%. As economias da América do Sul, especializadas na produção de bens primários, em especial petróleo, minérios e alimentos, terão um crescimento médio em 2017 de 1,1%, que contrasta com a contração esperada de 2,2% em 2016.

Para as economias da América Central a expectativa é de uma taxa de crescimento de 4% para 2017, acima dos 3,7% projetados para 2016. Segundo a Cepal, para sustentar o maior crescimento esperado em 2017, é necessário dinamizar o investimento e aumentar a produtividade, sendo primordiais aportes em infraestrutura e inovação.

Bancos já suspendem consignado a aposentados

• Instituições reduzem financiamento a quem recebe auxílio por invalidez

Com revisão de benefícios pelo INSS, clientes com menos de 60 anos perdem acesso a empréstimo com desconto em folha, que oferece juro menor que outras modalidades

Bancos de médio porte, com forte atuação no empréstimo consignado a aposentados e pensionistas, começaram a suspender o financiamento a clientes com menos de 60 anos que recebem auxílio por invalidez, informa João Sorima Neto. Com a revisão prevista de 1,1 milhão de benefícios, quem for considerado apto a voltar ao mercado de trabalho ou faltar à perícia perderá a aposentadoria, segundo o INSS. Como o crédito é descontado da folha de pagamento, as instituições temem aumento da inadimplência. Especialistas avaliam que o movimento é negativo por afetar o acesso a uma modalidade de crédito mais barata do que as outras opções no mercado.

Restrição no consignado

• Parte dos bancos já suspende empréstimo a aposentados que recebem auxílio por invalidez

João Sorima Neto - O Globo

-SÃO PAULO- O esforço do governo para estancar o déficit da Previdência está trazendo consequências negativas para a oferta de crédito, já bastante restrita no país. Alguns bancos de médio porte, com forte atuação no segmento de empréstimos consignados a aposentados e pensionistas, começaram a suspender esse tipo de financiamento a clientes com menos de 60 anos que estão aposentados por invalidez. Isso porque 1,1 milhão desses benefícios, concedidos há mais de dois anos, estão sendo revisados, e quem for considerado apto a voltar ao mercado de trabalho ou não comparecer à perícia perderá a aposentadoria, segundo informou o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Como a prestação do consignado é descontada diretamente na folha de pagamento do INSS, os bancos temem que muitos desses clientes possam ficar inadimplentes.

Tucanos pregam prévia reduzida em 2018

Por Raphael Di Cunto e Thiago Resende – Valor Econômico

BRASÍLIA - Diante da briga por espaços no PSDB, aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), que disputam a candidatura presidencial no partido, discutem limitar o universo de uma eventual prévia para definir o candidato da legenda à Presidência da República em 2018. A ideia é restringir o colégio eleitoral a lideranças institucionais.

Para evitar filiações em massa para influenciar no resultado, os deputados Marcus Pestana (MG) e Eduardo Cury (SP) passaram a defender que o colégio eleitoral das prévias seja composto apenas pelas lideranças - parlamentares, governadores, prefeitos, vereadores e presidentes de diretórios.

A decisão sobre a candidatura, dizem, não pode ficar restrita à cúpula do partido nem nas mãos de um grupo volúvel e com convivência partidária. Lembram que o colégio eleitoral com todos os filiados fica mais sujeito a denúncias de uso da máquina pública, como ocorre nas próprias disputas internas tucanas.

Isolado, PT lava as mãos em 12 capitais no segundo turno

João Pedro Pitombo – Folha de S. Paulo

SALVADOR - Isolado após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT não apoiará nenhum candidato em 12 das 18 capitais onde haverá segundo turno nas eleições.

Ao contrário das eleições de 2012, quando apoiou candidatos de partidos da base aliada da então presidente como PP, PTB e PDT, desta vez o partido anunciou apoio apenas ao PSOL em Belém e no Rio de Janeiro.

O cenário é resultado de uma orientação do diretório nacional do partido, que determinou o apoio no segundo turno a candidatos do PDT, PSOL, PC do B e Rede —partidos cuja maioria dos deputados votou contra o impeachment de Dilma.

O PT disputa o segundo turno com candidato próprio apenas no Recife, onde o ex-prefeito João Paulo Lima tenta retornar ao cargo. O partido compõe a chapa de aliados em São Luís e em Aracaju desde o primeiro turno, apoiando, respectivamente, Edivaldo Holanda Júnior (PDT) e Edvaldo Nogueira (PC do B).

Em Macapá, única capital em que o partido ainda não tomou uma decisão, a tendência é de apoio à reeleição de Clécio Luis (Rede). Contudo, a aliança do partido com do DEM, que indicou o vice na chapa, é alvo de resistência entre os petistas.

Datafolha: João Leite lidera em BH, e Geraldo Julio, no Recife

• Levantamentos feitos na terça-feira apresentou disputa mais apertada na capital de Minas Gerais

Evandro Éboli e Isabel Braga - O Globo

-BRASÍLIA- A primeira pesquisa do Instituto Datafolha com números da disputa do segundo turno em Belo Horizonte (MG), divulgada ontem, aponta o candidato do PSDB, João Leite, à frente de seu adversário, Alexandre Kalil, do PHS. O tucano tem 36% das intenções de voto, contra 29% de Kalil . Se considerados os votos válidos, a vantagem é maior: 55% a 45% para o tucano.

A diferença entre os dois se mantém praticamente a mesma quando comparada à disputa do primeiro turno. Era de 6,8 pontos percentuais a mais para João Leite. Os votos em branco, nulos e indecisos somam 35% do eleitorado. O Datafolha ouviu 1.024 eleitores na terça-feira. A pesquisa foi encomendada pelo jornal “Folha de S.Paulo” e pela TV Globo. Os dois comentaram o resultado da pesquisa: João Leite comemorou; Kalil criticou os dados.

Uma fotografia na parede - Murillo de Aragão

-Blog do Noblat

Li no jornal que um funcionário do Palácio do Planalto pendurou esta semana uma fotografia de Dilma Rousseff na galeria de ex-presidentes da República. Aconteceu logo depois que o plenário da Câmara dos Deputados aprovou por esmagadora maioria de 366 votos a 111 a proposta de emenda constitucional que estabelece um teto para os gastos públicos por 20 anos.

Foi uma vitória extraordinária do presidente Michel Temer, confirmando sua capacidade de liderança e a solidez da base governista. O feito foi muito bem recebido pelo mercado. Tão logo a PEC passe no Senado, a reação dos operadores econômicos deverá ser avalizar a política de redução da taxa de juros, providência que esfria a inflação e põe em funcionamento as engrenagens responsáveis pela retomada do crescimento.

A necessidade da DR - Merval Pereira

- O Globo

A relação do governo com sua base parlamentar está longe de ser tranquila, e nem poderia, diante da miríade de partidos que a compõem e, sobretudo, dos projetos que têm que ser aprovados ainda este ano, para que a economia entre nos trilhos, sinalizando com tempos melhores num futuro nem tão próximo assim.

A legalização de dinheiro legítimo guardado no exterior fora das normas legais, por exemplo, é uma barreira que surge entre a nova votação da PEC 241 na Câmara e a chegada da reforma da legislação previdenciária, temas polêmicos que necessitam de uma unidade política sólida para resistir às pressões corporativas.

Confiando na desconfiança - José Roberto de Toledo

- O Estado de S. Paulo

Não importa se você acha que a PEC 241 é uma bomba-relógio para saúde e educação, ou acredita que ela é indispensável para desarmar a explosão dos gastos públicos – ou ambas. No pragmatismo autista de Brasília, não é sua opinião que importa. A agenda econômica não se submete à agenda eleitoral. Como diz o ministro Henrique Meirelles, o mais importante é que a aprovação da emenda agradará às agências de classificação de risco.

Meirelles não é o primeiro nem será o último a fazer reverência à elite financeira internacional. Dilma Rousseff reelegeu-se com proposta econômica antagônica à que tentou, sem sucesso, implementar. Ao renegar seu discurso de campanha, deu razão às acusações da oposição de que aplicara um estelionato eleitoral. Perdeu seu apoio na população e, ato contínuo, no Congresso.

PEC 241 terá efeito de longo prazo sobre a política externa brasileira - Matias Spektor

- Folha de S. Paulo

A PEC 241 é a primeira de muitas mudanças legislativas introduzidas para conter o gasto público que vêm por aí. Seus defensores enxergam nela uma saída para o ciclo de estagnação, inflação alta e juros estratosféricos inerente à nossa desarrumação fiscal. Seus detratores veem nela o gesto de um paciente louco que, conhecedor de sua própria insanidade, se tranca no hospício e arremessa a chave pela janela.

O futuro da PEC e das reformas associadas a ela impactará em cheio nossa posição global, pois saúde fiscal é um dos atributos mais relevantes do Brasil no sistema internacional.

Por quê?

O Brasil gasta mais que arrecada, sendo obrigado a se endividar. Quando o ajuste de contas chega, ele vem por um de dois caminhos: ora a sociedade racionaliza seu gasto, ora a solução é imposta de maneira punitiva pelo mercado global de capitais. Assim, contas desarrumadas tendem a gerar dependência. Retidão fiscal, ao contrário, permite alguma autonomia.

Os laços da perdição - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Pela primeira vez, a esquerda no poder promoveu uma política de concentração e internacionalização de capital nunca vista, com os chamados “campeões nacionais”

A discussão sobre capitalismo de laços no Brasil não é nenhuma novidade, assim como a tentativa de reinventar o capitalismo de Estado. Por R$ 100 é possível comprar pela internet dois livros de Sérgio Lazzarini sobre o assunto. Professor do Insper, o economista é um estudioso das imbricadas relações empresa-Estado no Brasil e do modelo político adotado pelo PT e que entrou em colapso com o escândalo da Petrobras, uma espécie de fusão das operações ilícitas envolvendo empresários, gestores públicos e políticos investigados pela Operação Lava-Jato com os mecanismos de intervenção do governo na economia, durante os mandatos de Lula e de Dilma.

Privatizar cemitérios, por que não? - Carlos Alberto Sardenberg

- O Globo

• Governos Lula e Dilma promoveram uma tal destruição da gestão estatal que o pessoal imagina: nada pode ser pior que isso

Corria a campanha eleitoral de 2006 quando Lula, então candidato à reeleição, começou a dizer que seu adversário no segundo turno, Geraldo Alckmin, do PSDB, pretendia privatizar as grandes estatais, incluindo Petrobras e Banco do Brasil.

Verdade que Alckmin não colocara nada disso no seu programa, mas a história fazia sentido. O candidato tucano havia sido presidente de um programa paulista de desestatização, na gestão de Mário Covas, que arrecadara nada menos que R$ 32 bilhões para equilibrar as finanças públicas e para gastos sociais. E ele mesmo, quando governador, lançara planos de privatização ainda em 2005, a apenas um ano da campanha presidencial.

O pai da PEC dos gastos - Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

• Proposta é filha da acachapante derrota do PT nas eleições

Muitos reivindicam a paternidade da vitória folgada no primeiro grande teste parlamentar do governo, mas a PEC dos gastos é filha de fato e de direito da acachapante derrota do PT nas eleições municipais. Se a base governista não entrar em guerra pela Presidência da Câmara dos Deputados, o segundo rebento deste casamento de conveniência dos aliados do presidente Michel Temer será a reforma da Previdência.

O inédito jantar do domingo no Alvorada e a competente preleção dos economistas convidados não teria sido suficiente para convencer os parlamentares a entregar a Temer a vitória da noite da segunda-feira não fosse o efeito das eleições sobre o cálculo dos parlamentares por sobrevivência política.

Foi este cálculo que levou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a penar em suas tentativas de reformar a Previdência. As votações enfrentaram a oposição do PT, que estava em rota ascendente nos anos 1990, com resultados crescentes nas eleições para as Câmaras de vereadores, prefeituras e Câmara dos Deputados. Votar com o governo na supressão de direitos sociais era entregar aos petistas discurso eleitoral para os embates subsequentes.

Temperança - Monica De Bolle

- O Estado de S. Paulo

• Não houve tempo para que todas as dúvidas sobre a PEC 241 fossem esclarecidas

“Talk, talk, talk: the utter and heartbreaking stupidity of words.”
William Faulkner

Fale, fale, fale. Grite, tampe os ouvidos. Franza o cenho, dedo em riste, acuse quem diz o que você não quer ouvir de retrógrado, fascista, esquerdista – rótulo qualquer, pouco importa. Contudo, lembre-se: um dia, já foi possível produzir debate. Já foi possível a temperança.

O debate sobre a PEC 241, se é que pode ser chamado de debate, é tudo, menos ponderado. As ponderações, poucos querem ouvi-las, seja porque urge aprovar a PEC do teto, seja porque as ponderações podem dar munição ao PT e a outros partidos que a ela se opõem. Calar a oposição, por mais que tenha sido parte dela a responsável pelo desastre fiscal brasileiro, não condiz com a temperança. Calar quem pretende trazer debate construtivo, tampouco.

Comércio e emprego - Míriam Leitão

- O Globo

O comércio mundial pode ser o responsável por 20% dos empregos perdidos, mas os outros 80% estão sendo eliminados pela tecnologia e inovação. O que será dos 3,5 milhões de motoristas de caminhão nos Estados Unidos quando chegar a tecnologia dos carros autodirigíveis? O diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, acha que é preciso entender a natureza das mudanças, em vez de culpar o comércio.

Azevêdo acaba de fazer uma ofensiva em Washington em defesa da tese de que tentar conter o comércio internacional pode trazer resultados piores, que vão atingir principalmente os mais pobres. Ele falou no prestigioso National Press Club, na sexta-feira, e esteve junto do presidente do Banco Mundial e da diretora-gerente do FMI, no esforço de responder à onda de ataques ao comércio.

Entre o inferno e o paraíso - Cida Damasco

- O Estado de S. Paulo

• Teto para o gasto pode ser um bom começo, mas é preciso buscar reforço da receita

Quem tiver disposição para pesquisar todas as estimativas sobre o impacto da PEC do teto de gastos, aprovada com folga em primeiro turno na Câmara, certamente chegará àquela conclusão atribuída a Sócrates e que ainda faz grande sucesso na literatura de autoajuda: só sei que nada sei. São números e mais números, que num extremo chancelam a PEC como a salvação do País, e no outro, tacham sua aprovação como a extinção do Estado social. E essas avaliações discrepantes não partem de leigos nem de palpiteiros em geral, mas de especialistas.

Alguns exemplos:

Aumenta prazo do congelamento do gasto - Ribamar Oliveira

- Valor Econômico

• Mudança está na PEC aprovada pela Câmara na segunda

Uma mudança feita na proposta de emenda constitucional (PEC) que cria um teto para o gasto da União pode surpreender os parlamentares. O texto aprovado pela Câmara, na noite da segunda-feira passada, em primeiro turno, aumentou em um ano o prazo de congelamento, em termos reais, da despesa. Provavelmente, poucos deputados sabiam que estavam aprovando essa alteração, que alonga a restrição do novo regime fiscal.

A PEC 241 determina que, a partir de 2017, a despesa da União no exercício será aquela paga no ano anterior corrigida pela inflação medida pelo IPCA. Pela proposta original do governo, encaminhada ao Congresso no dia 15 de junho, o presidente da República poderia propor alteração nesse método de correção do limite do gasto para vigorar a partir do décimo exercício de vigência da emenda constitucional. Como a emenda do limite do gasto entrará em vigor no próximo ano, a mudança da regra valeria, portanto, a partir de 2027.

O ajuste apenas começa – Editorial / O Estado de S. Paulo

Há motivos tão bons para festejar a aprovação da PEC do gasto em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, quanto para celebrar os primeiros sinais de cura de uma doença grave. Os sinais são positivos, nos dois casos, mas apontam apenas o começo do começo. O presidente do Senado, Renan Calheiros, já prometeu trabalhar pela aprovação final do projeto até dezembro. Ninguém pode dizer com segurança quanta barganha o governo ainda terá de enfrentar para garantir esse resultado, mas, se der tudo certo e o custo for suportável, quantos problemas serão resolvidos a partir daí?

No mercado financeiro, vários analistas apontaram a votação de segunda-feira passada como condição suficiente para um corte de juros na próxima semana, quando se reunir o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Há no mercado – ou pelo menos em várias empresas do setor – uma indisfarçável e ansiosa torcida pela redução da Selic, a taxa básica de juros. Não deve ser uma ansiedade gratuita, mas o detalhe mais interessante é outro. Mesmo entusiasmados profetas do afrouxamento imediato da política monetária reconhecem: a vitória do Executivo no início da semana foi apenas um primeiro passo de uma longa caminhada, com muita dificuldade, ainda, nos próximos anos.

O alcance e os limites da PEC que limita os gastos – Editorial /Valor Econômico

O governo obteve uma imponente vitória na primeira votação da Proposta de Emenda Constitucional que limita a evolução dos gastos públicos à variação da inflação do ano anterior - 366 deputados foram favoráveis a ela, 111 contrários. Principal medida da equipe econômica para conter o endividamento descontrolado do setor público, legado do governo de Dilma Rousseff, a PEC 241 é a principal arma do presidente Michel Temer para restaurar a confiança e obter a volta do crescimento. A confiança já foi conquistada e a recuperação econômica deve surgir logo. Os efeitos positivos da PEC, porém, demorarão a surgir, mesmo com a aprovação da reforma da Previdência. Será preciso muito mais empenho para colocar as contas públicas no azul.

A PEC é engenhosa e faz sentido. Ela acaba com o faz de contas da discussão orçamentária no Congresso, onde estimava-se receitas inatingíveis para justificar gastos excessivos. O mecanismo fixa um teto para as despesas e caberá aos congressistas discutir, dentro dessa limitação, quais gastos são vitais e quais secundários. Além disso, ele acaba com o caráter procíclico, em que o crescimento das receitas no ciclo ascendente da economia tornava-se automaticamente em mais gastos, que não podiam ser cortados como deveriam quando a arrecadação declinasse, na fase de baixa do ciclo.

Sem paliativos – Editorial / O Globo

• Se os poderes se entenderem, é possível atender de maneira coordenada a todos

Numa conjuntura adversa, em que o país atravessa a pior crise fiscal de que se tem notícia na história da República, o Estado do Rio paga duplamente o preço do descontrole das contas públicas. O Rio de Janeiro é castigado, como estados e municípios em geral, pelo desastre que resultou do desapreço do lulopetismo pelo equilíbrio entre receitas e despesas, uma política suicida cuja fatura, espetada na conta da sociedade, não será paga senão ao custo de um duro, mas irrecorrível ajuste. E, por conta de uma aposta excessiva nas receitas do petróleo, o Rio enfrenta também uma ressaca que explode no estado com características próprias.

Mudanças no pré-sal – Editorial / Folha de S. Paulo

Notícias auspiciosas começam a aparecer no setor de petróleo. Além de estar em curso longo processo de restauração da Petrobras, foi aprovado na Câmara dos Deputados o projeto que elimina a exigência de que a empresa seja operadora única dos campos do pré-sal.

O texto ainda deve voltar ao plenário da Câmara para análise de algumas emendas, o que talvez ocorra na próxima semana. Depois, seguirá para a sanção do presidente Michel Temer (PMDB).

Pelas novas regras, em lugar da exclusividade, o Conselho Nacional de Política Energética —presidido pelo ministro de Minas e Energia—, tendo em vista o interesse nacional, oferecerá à Petrobras a preferência para explorar petróleo nos campos licitados.

Tendo aceitado, a participação da estatal será de no mínimo 30%, como é hoje.

O Gato - Charles Baudelaire

Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço;
Guarda essas garras devagar,
E nos teus belos olhos de ágata e aço
Deixa-me aos poucos mergulhar.

Quando meus dedos cobrem de carícias
Tua cabeça e dócil torso,
E minha mão se embriaga nas delícias
De afagar-te o elétrico dorso,

Em sonho a vejo. Seu olhar, profundo
Como o teu, amável felino,
Qual dardo dilacera e fere fundo,

E, dos pés a cabeça, um fino
Ar sutil, um perfume que envenena
Envolve-lhe a carne morena.

A Rosa - Roberta Sá (Chico Buarque)