sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Independentemente do que vier a decidir a Suprema Corte em relação às contestações apresentadas pela Câmara, o fato inescapável é que o desgoverno do PT está na berlinda, acuado diante das investigações sobre as práticas criminosas cometidas nesses tristes tempos de Lula e Dilma. Os brasileiros devem se inspirar no lema adotado pelos movimentos sociais que convocam a manifestação de 13 de março: “ou você vai, ou ela fica”. É disso mesmo que se trata. Nunca estivemos tão perto de colocar um ponto final no pior governo da história da República e, para tanto, é fundamental tomar as ruas de norte a sul do país e cerrar fileiras em favor da Lava Jato, da democracia, das instituições e do futuro do Brasil. A hora é agora, não dá mais para esperar. Impeachment já!

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, ‘Que venha o impeachment!’ Diário do Poder, 25.2.2016

Para Lava- Jato, propina da Petrobras pagou marqueteiro

• João Santana diz que não sabe origem dos US$ 7,5 milhões

Procurador acredita que US$ 4,5 milhões recebidos por casal em conta no exterior foram destinados a quitar dívida de campanhas do PT. Iniciativa teria sido do ex- tesoureiro do partido João Vaccari Neto

A força-tarefa da Lava- Jato suspeita que o PT usou dinheiro desviado da Petrobras para quitar dívidas que o partido tinha com o marqueteiro João Santana, responsável por campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma. “Vaccari mais de uma vez disse a operadores: ‘ Paga lá que estou devendo a tal pessoa e você abate aqui.’ Suspeito que isso aconteceu”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, referindo- se ao ex- tesoureiro do PT. À PF, Santana negou que o dinheiro na Suíça tenha relação com campanhas no Brasil e afirmou não saber a origem dos recursos. Para a Lava- Jato, depósito de US$ 4,5 milhões que o lobista Zwi Skornicki fez na conta do marqueteiro era propina da Petrobras.

MP: propina irrigou conta

• Lava- Jato investiga se PT pagou serviços de marqueteiro com dinheiro desviado da Petrobras

Renato Onofre, Cleide Carvalho e Thiago Herdy* - O Globo

- SÃO PAULO e CURITIBA- O marqueteiro João Santana negou ontem ao depor que o dinheiro recebido em uma conta na Suíça tenha relação com campanhas políticas no Brasil, mas a força-tarefa da Lava- Jato já relaciona o dinheiro recebido por ele, que fez campanhas para o PT, com o esquema de propina da Petrobras. Os procuradores investigam se o operador Zwi Skornicki depositou US$ 4,5 milhões na conta de Santana na Suíça a pedido do ex- tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que, dessa forma, quitaria despesas do partido com o publicitário.

Para os investigadores, a propina teria saído da plataforma P- 52 da estatal ou de sondas do pré- sal contratadas do estaleiro Keppel Fels, representado por Skornicki.

— A Lava- Jato mostra que o pagamento a partidos políticos é um sistema de conta e compensação. O Vaccari mais de uma vez disse a operadores: “Paga lá que eu estou devendo a tal pessoa e você abate aqui”. Suspeito que isso aconteceu. Zwi foi orientado a pagar Santana por algum serviço que lhe deviam — disse ao GLOBO o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

O delator Pedro Barusco, ex- gerente de Serviços da Petrobras, disse em depoimento que Skornicki liquidou em 2013 uma “alta soma de propina”, acumulada em contratos de 2003 a 2009, e que costumava “conversar diretamente com Vaccari”. Em janeiro, em novo depoimento, Barusco disse ter ouvido de Skornicki que ele “havia pago cerca de US$ 4,5 milhões adiantados para Vaccari” por contratos de sondas com a Sete Brasil, que tem a Petrobras como sócia. O valor e as datas coincidem com os pagamentos a Santana. Entre as campanhas que ele fez, estão a do ex-presidente Lula (2006) e da presidente Dilma Rousseff (2010).

Mônica liga depósitos a campanha em Angola
Os pagamentos de Skornicki a Santana foram feitos entre 2013 e 2014, em nove parcelas — três durante a campanha de reeleição de Dilma. O banco usado para fazer as transferências, o Delta, foi o mesmo usado pelo operador para pagar propina a Barusco no exterior. Segundo o delator, o dinheiro da P- 52 foi todo para o PT e para Renato Duque, então diretor de Serviços da Petrobras.

Para o procurador, o dinheiro que chegou a Santana saiu da Petrobras. Em depoimento à LavaJato, anteontem, Mônica Moura, mulher de Santana, disse que os depósitos de Skornicki são vinculados à campanha presidencial de Angola.

— Não existe explicação lógica para não dizer que o dinheiro pago por Skornicki não saiu da Petrobras. Depois de tudo que aconteceu no mensalão, é no mínimo ingenuidade — disse o procurador.

Ao depor ontem, Santana admitiu ser o controlador da conta da Shellbill na Suíça, mas atribuiu à mulher a responsabilidade pela movimentação financeira. Ele não soube esclarecer a origem dos valores que entraram nessa conta, nem o destino deles. Afirmou que Mônica sempre cuidou da área administrativa e financeira das empresas, mas não soube dizer se ela tinha procuração para movimentar a conta fora do Brasil.

Santana alegou que a conta na Suíça foi aberta no fim dos anos 1990. Garantiu que pretendia legalizá-la, mas “sempre houve dúvidas em relação a qual país devesse fazê- lo”, já que a conta recebia recursos de campanhas no exterior.

O publicitário disse ainda desconhecer os depósitos de Skornicki e o bilhete apreendido pela Polícia Federal, enviado ao operador por Mônica. Nele, ela afirma que havia apagado, “por motivos óbvios”, o nome de uma empresa.

Santana disse que esteve uma só vez com Marcelo Odebrecht, em evento social, e que não conhece o avô e o pai do empresário. Acrescentou que não tem relação com “Feira”, apelido citado numa planilha de propina apreendida e que Polícia Federal acredita se referir ao publicitário. Santana autorizou a quebra de sigilo da conta na Suíça e negou ter outra no exterior. O advogado de Santana, Fábio Tofic, disse que seu cliente não tomava conhecimento dos valores que recebia e que chegou a chamar a conta na Suíça de “um tormento”.

— O João não sabia disso, ele é um criador, não trabalha com questão financeira.
Segundo Tofic, o casal quer regularizar a situação da offshore Shellbill, com sede no Panamá, e da conta na Suíça. O casal está preso desde segunda-feira. A defesa de Skornicki informou que se manifestará nos autos do processo.

* Enviado especial

Perguntas e respostas

– Por que, mesmo depois de retificar declarações à Receita Federal, João Santana e Mônica Moura seguiram omitindo a existência e a propriedade da offshore Shellbill Finance?

– A defesa diz que o casal achava que não teria problemas com o Fisco brasileiro, ao receber recursos de campanhas no exterior, embora tenha passado a declarar outras cinco empresas. A PF investiga se a Shellbill foi usada para receber recursos de campanhas no Brasil de forma oculta.

– Há relação entre o dinheiro das contas no exterior não admitidas por Santana e Mônica com as campanhas no Brasil comandadas pelo publicitário?

– Por enquanto, a Lava- Jato trabalha com a hipótese de que o dinheiro da corrupção de contratos da Petrobras abasteceu as contas de Santana no exterior. O juiz Sérgio Moro já disse que “é extremamente improvável que a destinação de recursos espúrios e provenientes da corrupção na Petrobras aos dois, no exterior, esteja desvinculada dos serviços que prestaram à aludida agremiação política (PT)”. Mas falta comprovar o vínculo.

– Por que o casal usou um antigo operador da Petrobras para fazer transferências para o exterior? Qual o vínculo de Zwi Skornicki com os políticos das campanhas comandadas por Santana?

– A defesa do casal diz que os US$ 4,5 milhões depositados por Zwi Skornicki são provenientes de campanha em Angola. Zwi, na condição de representante do estaleiro Keppel, que faria doações ao partido político angolano, teria sido orientado a quitar a dívida desse partido com João Santana. “Ela ( Mônica) disse que tinha este valor a receber, que cobrava insistentemente, e que foi informada de que deveria buscar este rapaz (Zwi Skornicki)”, afirmou o advogado do casal.

– Por que Mônica se preocupou em ocultar detalhes da offshore no bilhete que enviou a Zwi Skornicki, em que revela a existência da conta?

– Segundo a defesa, a preocupação dela era com o Fisco brasileiro. Mas a Lava- Jato suspeita que a intenção era esconder movimentação de caixa dois de campanha.

– Por que há um volume tão grande de pagamentos de cartões de créditos, compra de automóvel e transferência milionária entre o casal, sem movimentação correspondente nas contas de Mônica Moura e João Santana?

– Eles ainda não explicaram essa divergência.

Bons companheiros

• Apontado como um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras, Zwi Skornicki convidou ex- tesoureiro do PT e cúpula da Petrobras para aniversário do filho mais novo

Juliana Castro - O Globo

Relatório produzido pela Polícia Federal aponta que o empresário Zwi Skornicki, tido como um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras e preso na 23 ª fase da Operação Lava- Jato, tinha relação próxima com o ex- tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outros diretores da estatal indicados por petistas. Segundo o documento, Skornicki convidou Vaccari e outros membros da cúpula da Petrobras para o aniversário de seu filho mais novo, Bernardo.

Além do ex-tesoureiro do PT, condenado há 15 anos e preso em Curitiba, Skornicki chamou para a festa o ex-diretor de Serviços Renato Duque, o ex-diretor da área Internacional Jorge Zelada e o ex-gerente Pedro Barusco. Por ironia, foi Barusco quem, em delação premiada, trouxe o nome do empresário polonês à tona. Condenados, Duque e Zelada estão presos. Já o ex-gerente, apesar de ter sido condenado, está em prisão domiciliar em virtude da delação. O documento da PF aponta que também foram convidados para a festa outros operadores do esquema.

O relatório diz que Skornicki comprou aparelhos de ginástica para Duque como forma de pagamento de propina e bancou a execução de serviços e a instalação de equipamentos na residência de Armando Tripoli, ex- chefe de gabinete de José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras de 2005 a 2012.

O nome de Skornicki — representante desde 2000 da Keppel Fels, uma empresa de Cingapura — apareceu na 9 ª fase da Lava- Jato, denominada “My way”, deflagrada em fevereiro do ano passado. Na ocasião, ele foi levado a depor e ficou calado. A acusação era a de que ele operava pagamento de propina no âmbito do estaleiro Keppel Fels de 2003 a 2013 e era responsável pela transferência de valores a Duque, Barusco e ao PT, por meio de Vaccari.

Na 23 ª fase da Lava- Jato, a acusação é a de que ele enviou dinheiro ao marqueteiro do PT João Santana por meio de uma offshore. Em entrevista ao GLOBO na época da fase “My way”, Skornicki foi questionado sobre sua relação como ex- tesoureiro do PT:

— Conheço ( o Vaccari). Quando teve inauguração das plataformas, da 52 e da 56, ele esteve junto.

Skornicki disse que, como representante da Keppel Fels, encontravase com Duque, Zelada e Barusco:

— Quando encontrava o doutor Barusco, o doutor Zelada ou o doutor Duque era quando eles iam em Cingapura ver os andamentos das obras (das plataformas).

Durante a entrevista, o polonês afirmou que conhecia Duque, indicado do PT para a Diretoria de Serviços, desde 1992. Nessa época, ele trabalhava na Odebrecht e Duque, na área de Exploração e Produção da Petrobras. O empresário negou envolvimento no esquema de corrupção:

— Sou transparente, trabalhei pesado, tenho tudo no meu nome. Não escondo nada, não tenho laranja.

Para a PF, no entanto, Skornicki e sua mulher, Eloisa, ocultaram das autoridades brasileiras seis contas no exterior.

Santana repassou para dez offshores US$ 2,5 milhões

• Dinheiro saiu de conta na Suíça; marqueteiro é suspeito de ser operador

Thiago Herdy - O Globo

CURITIBA- O marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Mônica Moura, transferiram da conta que mantinham secretamente na Suíça pelo menos US$ 2,5 milhões para dez offshores no Panamá, nas Bahamas e em Delaware (EUA), entre agosto de 2010 e janeiro de 2014. Os pagamentos representam a abertura de uma nova frente de investigação da Lava- Jato, que passa a considerar o casal não só prestador de serviços de marketing político, mas possível operador de outros tipos de despesa ou propina ligada a campanhas de governo e partidos políticos.

“É especulação”, diz defesa
Os pagamentos constam do extrato da offshore Shellbill, obtidos pela força- tarefa graças a acordo de cooperação jurídica internacional feito com os Estados Unidos. Sediada no Panamá, a Shellbill tem conta no banco suíço Heritage e registrou movimentações bancárias a partir de agências correspondentes em Londres e Nova Iorque.

A Lava- Jato quer descobrir quem são os beneficiários das dez offshores que receberam recursos de Santana e da mulher.

Em 2010, foi realizado um pagamento de US$ 340,5 mil, para a offshore Tacy Ventures Group, sediada no Panamá. Em depoimento à PF, ontem, Mônica disse que a Tacy Ventures teria vendido equipamentos usados em campanhas. A PF desconfia da versão, por não se tratar de um fornecedor de serviços de comunicação, como gráficas e empresas de áudio e vídeo. Essa foi a única offshore sobre a qual Mônica se manifestou.

Em 2011, foram realizadas três transferências para offshores no Panamá: duas no valor de US$ 135 mil, cada, para a Glasston e a High Level Financial; e uma no valor de US$ 303 mil para a Wickdell.

Em agosto de 2012, três offshores receberam dinheiro do marqueteiro: New Hope Trading, do Panamá ( US$ 225 mil), Nebadon Holdings, das Bahamas ( US$ 160 mil) e Global Trend ( US$ 70 mil), de Delaware, nos EUA. Três dias depois, Santana pagou outros US$ 545 mil para a Hatley Trading Assets. Em 2013 e 2014, foram realizados dois pagamentos: US$ 581 mil para a Kistrey Trading e US$ 3,3 mil para a Arlington Management.

Além das dez offshores, foram registradas transferências da Shellbill para a compra de um apartamento usado pelo casal em São Paulo e transferências para uma das filhas e o genro do marqueteiro.

A assessoria de Santana disse acreditar que a hipótese de investigação que o considera operador financeiro é “mera especulação sem consistência com a realidade” e uma “tentativa de autoridades policiais de querer manter detidos por mais tempo João Santana e Mônica Moura”.

Santana afirmou que não saberia “esclarecer a origem dos valores que ingressaram na conta da Shellbill” nem “o destino dos valores utilizados na mesma conta”.

Marqueteiro diz que trabalhou de graça para governo do PT

• Santana afirma ao depor que doou serviço porque isso lhe dá prazer

- O Globo

SÃO PAULO- Em meio a uma série de explicações sobre cada as denúncias que pesam contra João Santana e sua mulher, Mônica Moura, chama a atenção o desprendimento do marqueteiro quando o assunto é colaborar com o governo petista. No depoimento à Polícia Federal, quando questionado sobre eventuais contratos com a administração federal, Santana disse que trabalha de graça para o governo petista.

(João Santana diz que) “foi um doador de serviços ao governo em razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui”, diz o termo de declaração assinado por ele, logo após depor ontem.

Em outro trecho, ao tratar da empresa Shellbill Finance, da qual admitiu ser controlador, Santana procurou demonstrar preocupação sobre seu futuro. Logo após dizer que não sabia quais os valores foram recebidos na conta da empresa, ele fez questão de destacar que, diferentemente do foco da investigação, a conta tinha outro propósito: ( Ele diz que) “a conta era mantida como uma poupança para sua aposentadoria. Segundo as investigação, a conta da Shellbill recebeu US$ 7,5 milhões entre 2012 e 2014. Segundo as investigações, desse total US$ 3 milhões foram depositados pela Odebrecht e os outros US$ 4,5 milhões partiram do lobista Zwi Skornicki.

Mesmo diante de rendimentos milionários, Santana revela que, em alguns momentos, por conta da “crise de liquidez,” teve que sacar da conta para comprar equipamentos.

Mônica: Odebrecht pagou campanha de Chávez pelo caixa 2

• À PF, mulher de João Santana diz que empreiteira usou empresa offshore para repassar o dinheiro

Renato Onofre e Cleide Carvalho - O Globo

SÃO PAULO- A publicitária Mônica Moura, mulher e sócia do marqueteiro João Santana, disse à Polícia Federal que a construtora Odebrecht usou caixa dois para pagar parte da última campanha presidencial do líder venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013. Os pagamentos foram feitos em 2011 através da empresa offshore Klienfeld, a mesma usada pela empreiteira para pagar propina a ex-diretores da Petrobras, de acordo com investigações da Operação LavaJato. Mônica disse que a campanha chavista custou US$ 35 milhões, pagos por diversos doadores de forma “não contabilizada” nem no Brasil nem na Venezuela.

A Lava- Jato agora quer saber se os recursos recebidos pelo casal no exterior tiveram como origem o esquema de corrupção na Petrobras. Para integrantes da força- tarefa ouvidos pelo GLOBO, a confissão de Mônica Moura não elimina a possibilidade de os recursos terem saído do Brasil. O casal de publicitários, que comandou as campanhas da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( 2006), é suspeito de receber US$ 7,5 milhões em propina desviada da estatal. Em depoimento à PF anteontem, Mônica negou que o dinheiro tenha origem em contratos no Brasil.

A publicitária informou aos investigadores que todos os valores depositados na conta da offshore Shellbill, usada pelo casal, vieram de trabalhos no exterior. Além da Venezuela, João Santana e Mônica dizem ter recebido na conta da offshore depósitos relativos à campanha do presidente da Angola, José Eduardo Santos, e à campanha do presidente da República Dominicana, Danilo Medina. O casal estava neste país caribenho cuidando da campanha de reeleição de Medina quando foi deflagrada a 23 ª fase da Lava- Jato, batizada de Operação Acarajé. Mônica disse que recebeu dinheiro para campanha na República Dominicana através da offshore, mas que “não se recorda” nem dos valores e nem da conta.

Segundo Mônica, a maior parte da campanha venezuelana foi paga através de caixa dois. De acordo com ela, em razões da dificuldade de receber os pagamentos, o dinheiro saiu de “vários doadores, de forma não contabilizada”.

Os pagamentos ao casal saíram da Odebrecht, segundo a publicitária, através da offshore Klienfeld, que, de acordo com a PF, também foi usada pela empreiteira para pagar propina aos ex- diretores da Petrobras Renato Duque e Paulo Roberto Costa. De acordo com Mônica Moura, ela precisava receber cerca de US$ 4 milhões devidos pela campanha de Chávez realizada em 2011. Mônica teria sido orientada por uma pessoa não identificada, ligada à campanha de Chávez, a procurar o brasileiro Fernando Migliaccio, que deveria resolver os pagamentos da Odebrecht.

Segundo as investigações da Lava- Jato, Migliaccio é o operador de propinas da Odebrecht no exterior. Ele teria pago US$ 3 milhões aos publicitários entre 13 de abril de 2012 e 8 de março de 2013. Para a Procuradoria- Geral da República, “pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários em benefício do PT”.

Campanha de Angola
A publicitária afirmou ainda aos policiais federais que os pagamentos feitos por Zwi Skornicki — apontado pela Lava- Jato como um dos operadores de propina da Petrobras — foram relativos a serviços prestados na campanha do presidente da Angola, José Eduardo dos Santos. De acordo com Mônica Moura, o casal recebeu cerca de US$ 50 milhões para fazer a campanha de Santos, que comanda o país africano desde 1979. Desse montante, US$ 30 milhões teriam sido pagos por meio da empresa Pólis Brasil, que pertence ao casal, e outros US$ 20 milhões através de um “contrato de gaveta”.

Mônica Moura prometeu fornecer cópia do documento aos investigadores. Ela disse ainda que, desde 2014, estava tentando regularizar a situação financeira dela no exterior. Questionado sobre por que a situação não tinha sido sanada, a publicitária disse que aguardava a promulgação da lei da repatriação para declarar os depósitos na Suíça.

A mulher de João Santana admitiu ainda que é a autora do bilhete encontrado pela Polícia Federal na casa do Zwi Skornicki com os dados bancários de offshores controladas pelo casal. A defesa de Mônica Moura disse que ela e o publicitário João Santana vão autorizar as autoridades brasileiras a terem acesso aos extratos das offshores do casal no exterior. Em nota, a Odebrecht informou que “desconhece as tratativas mencionadas por Mônica Moura em seu depoimento”.

Quebra de sigilo telefônico pega 85 ligações entre pagador de propinas, Vaccari e sede do PT

• Rastreamento da Lava Jato indica contatos entre Augusto Mendonça, que confessou ter ocultado valores desviados da Petrobrás em doações oficiais ao partido, e ex-tesoureiro da legenda João Vaccari Neto

Por Ricardo Brandt, Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

CURITIBA - O empresário Augusto Ribeiro Mendonça, delator da Operação Lava Jato que confessou ter ocultado propina em doações oficiais ao PT, manteve 85 contatos telefônicos com o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto – preso desde abril de 2015 acusado de ser operador do partido no esquema de corrupção na Petrobrás. A informação faz parte da primeira análise produzida pela força-tarefa do Ministério Público Federal com base na quebra do sigilo telefônico da sede nacional do PT em São Paulo – centro nervoso do partido do governo – e dos números usados por Vaccari, entre julho de 2010 e julho de 2015, alcançando três campanhas eleitorais, duas presidenciais e uma municipal.

O mapeamento indica, ainda, 144 contatos telefônicos entre os números usados por Vaccari e Paulo Roberto Salvador, diretor da Gráfica Atitude, e outras 38 trocas de mensagens. A empresa foi usada, segundo a força-tarefa, para ocultar propina desviada da Petrobrás e repassada ao PT.

“Foram identificados 144 chamadas entre João Vaccari e Paulo Salvador”, informa o relatório assinado por dois analistas do Ministério Público Federal, de 30 de novembro de 2015, anexados em janeiro à ação penal, sob sigilo. “Ainda evidenciaram-se 85 chamadas entre o terminal (11) 98136-XXXX atribuído a Augusto Mendonça de acordo com o Termo de Colaboração nº 7 e o terminal (11) 99325-XXXX do Partido dos Trabalhadores Diretorio Nacional PT, atribuído a João Vaccari.”

O sigilo telefônico do PT foi quebrado pelo juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, em novembro de 2015. A medida alcançou pelo menos seis números de uso de Vaccari. A abertura de dados alcança um período de quase cinco anos, 2010 a 2014 – abrangendo três campanhas eleitorais.

A força-tarefa da Operação Lava Jato aponta o uso da legenda como forma de ocultar dinheiro desviado da estatal por meio de contribuições e doações de campanha.

Moro atendeu um pedido do Ministério Público Federal, que acusa formalmente Vaccari em uma ação penal pelo uso da gráfica ligada ao partido para supostamente lavar dinheiro da Petrobrás.

“Defiro o requerido e decreto a quebra do sigilo dos terminais telefônicos acima, incluindo dados das ligações efetuadas no período de 22 de julho de 2010 a 31 de dezembro de 2014”, decidiu Moro.

A ordem de quebra do sigilo atinge o coração do PT, cuja sede fica situada na Rua Silveira Martins, Centro de São Paulo. Os telefones alvos são: (11) 3188-5218; (11) 99325-9751; (11) 3243-1356; (11) 5589-7500; (11) 99299-1683; (11) 3243-1313; e (11) 97618-1208.

“A medida pretendida é adequada e necessária para possibilitar a identificação dos registros das chamadas originadas e recebidas pelos terminais-alvos da investigação e seus respectivos interlocutores, bem como a localização geográfica em que se encontravam os alvos no momento das comunicações de interesse da investigação criminal, por meio de antenas que captaram o sinal”, sustentou o Ministério Público Federal no pedido

A quebra do sigilo dos telefones usados por Vaccari – seu celular e os fixos na sede do Diretório Nacional do PT -, integra ação penal decorrente do processo em que Moro condenou o ex-tesoureiro e o ex-diretor da Petrobrás Renato Duque, indicado pela legenda para a Diretoria de Serviços da estatal.

Os dois são acusados pelo desvios de recursos de um contrato de R$ 2,2 bilhões na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e pelo repasse de R$ 4,3 milhões ao PT entre 2008 e 2012 por meio de doações registradas.

A sentença foi enviada ao Tribunal Superior Eleitoral pelo juiz da Lava Jato, no início do mês, como prova para instruir as investigações sobre supostas irregularidades na campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2014.

O Relatório de Informação 121/2015 do Ministério Público Federal é a primeira análise feita no resultado da quebra de sigilo telefônico do PT. Ele reforça a delação de Augusto Mendonça, dono da Setal Óleo e Gás, que disse ter ocultado propina em doações oficiais ao PT e pagamentos de publicidade. Segundo Augusto Mendonça, Vaccari era um de seus contatos.

Além dos repasses diretos ao PT, o delator afirmou que Vaccari indicou a Gráfica Atitude para o pagamento de anúncios, que segundo ele, foram custeados com dinheiro de propina.

Lula. Além de ser alvo das apurações sobre a repasse de propinas desviadas da Petrobrás para o PT, Vaccari é peça importante para as investigações compartilhadas entre a força-tarefa da Lava Jato e o Ministério Público Estadual de São Paulo sobre o tríplex 164-A, do Edifício Solaris, no Guarujá, que teria sido montado pela OAS para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vaccari foi presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) de 2004 a 2010. A cooperativa iniciou as obras do Edifício Solaris e acabou tendo a unidade adquirida pela OAS em 2009, após sua falência. Foi nesse período em que o ex-tesoureiro petista era presidente que a família de Lula adquiriu um imóvel no prédio.

Na ocasião em que o juiz Moro quebrou o sigilo telefônico o PT não comentou a decisão.

O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, disse, na época, que a medida representava ‘uma devassa estatal num partido político’. Ele foi taxativo. “Não existe nada, não há uma prova sequer contra Vaccari. A única coisa que se verifica são informações de delatores. Não há prova de absolutamente nada a corroborar as acusações que estão sendo feitas contra Vaccari.”

PMDB volta a considerar impeachment após prisão de Santana

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

A prisão do marqueteiro João Santana reacendeu, dentro do PMDB, discussões sobre a viabilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A avaliação é que, com o avanço das investigações sobre pagamentos feitos ao marqueteiro por pessoas vinculadas ao petrolão, "a Lava Jato subiu a rampa do Planalto" e o governo perdeu o controle do processo.

Em encontros reservados, peemedebistas de todos os matizes avaliaram que os desdobramentos da investigação fortaleceram as ações contra a chapa da petista no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O vice Michel Temer (PMDB) recebeu sinais de que, com as informações que existem hoje, há espaço para a cassação. Uma decisão desfavorável no TSE cassaria toda a chapa eleita em 2014.

Esse fator, associado à sensação de que o governo não pode mais proteger a campanha de Dilma das suspeitas de irregularidades, reativou a ala do PMDB entusiasta do impeachment e levou nomes do partido que ainda são vistos como fiadores do governo a refazer cálculos.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, ouviu avaliações que apontam o impeachment como uma saída menos traumática e com maior nível de controle político sobre o desfecho do processo.

Segundo esses interlocutores, ficar inerte aos avanços das investigações deixaria Congresso e Planalto reféns de movimentos capitaneados exclusivamente pelo Judiciário.

Um sintoma da preocupação do PMDB ficou evidente nesta quinta (25). A assessoria jurídica da sigla foi acionada para produzir pareceres sobre diversos cenários.

A direção do partido quer saber como seria o "dia seguinte" no caso de haver o impeachment, mas a ação no TSE continuar tramitando; ou quem poderia concorrer a uma nova eleição, caso o TSE decida cassar a chapa de Dilma, por exemplo.

Temer se movimentou mais nesta semana, quando o PMDB divulgouprograma de TV com críticas à condução do governo Dilma. Mas a orientação de pessoas próximas ao vice é que ele evite movimentos incisivos, para não dar a Dilma um antagonista político em meio a um cenário de inquietação.

Os conselhos estão baseados na experiencia anterior, quando o vice se lançou em agendas públicas ao mesmo tempo em que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o primeiro pedido de impeachment.

Aliados da petista acusaram Temer de conspirar enquanto Cunha foi tratado como um personagem movido por vingança, o que contaminava todas as discussões.

Agora, recomendam cautela. Afirmam que, ao assumir o protagonismo das ações contra Santana, o juiz Sergio Moro pode ter se colocado como símbolo do combate à permanência de Dilma no cargo.

Além disso, Temer se desgastou com a divulgação da carta na qual se queixava do tratamento dispensado por Dilma, no fim de 2015.

Oposição articula com PMDB contra petista

• Congressistas estudam nova via para promover a saída da presidente do cargo após conversa com ministros do Supremo

Adriano Ceolin, Erich Decat - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Após conversas com ministros do Supremo Tribunal Federal sobre as investigações relacionadas ao marqueteiro João Santana, congressistas do PSDB e do PMDB concluíram que precisam buscar um entendimento para promover a saída da presidente Dilma Rousseff do cargo – seja por meio do impeachment ou da cassação do mandato. “Sempre apostamos na cassação da chapa liderada por Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas vamos procurar o comando do PMDB para buscar uma saída”, disse o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), que joga afinado com o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

No PMDB, o principal adversário do impeachment sempre foi o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Ele nunca quis ver o vice-presidente Michel Temer no lugar de Dilma Rousseff. Por isso, quando o STF decidiu que o afastamento da presidente só se daria com aval dos senadores, a tese de impeachment refluiu.

Logo em seguida, um grupo de senadores do PMDB passou a articular uma candidatura ao comando do partido. Temer, então, viu-se obrigado a recuar para não colocar em risco a reeleição como presidente do PMDB. Oficialmente, o vice desistiu do impeachment para ser reconduzido em encontro previsto para ocorrer em março.

Mudança. A prisão de Santana na Operação Acarajé, e as revelações de que ele recebeu pagamentos de empresas investigadas na Lava Jato no exterior fizeram o jogo mudar nesta última semana. Renan passou a avaliar que a situação da presidente se deteriorou. “É o pior momento de toda a crise”, disse Renan a um aliado logo após a prisão do marqueteiro.

Uma liderança da ala governista do PMDB que se encontrou com ministros do STF também considerou que “os dados sobre as contas de Santana são devastadores contra Dilma”. “O problema é que não dá para cassar ela e o Temer e deixar o País sob o comando do Eduardo Cunha (presidente da Câmara)”, afirmou o congressista. Em caso da cassação dos mandatos de Dilma e Temer, o presidente da Câmara assume o Palácio do Planalto e convoca novas eleições em 60 dias.

Apesar da “animação” do grupo de Aécio com os avanços do processo de cassação no TSE, um desfecho na Justiça deverá levar até dois anos. Pouco animados com os avanços na corte eleitoral, a ideia de parte dos opositores é a de concentrar o foco no processo de impeachment iniciado na Câmara.

A expectativa de algumas lideranças é de que as manifestações de ruas previstas para o próximo dia 13 deverão ganhar força, incentivadas pela ampliação dos índices de desemprego e pelos avanços da Lava Jato. A ideia é criar uma agenda constante de protestos organizada pelo “comitê do impeachment” que está em fase de gestação.

PGR quer investigar movimentação suspeita de Renan

• Laudos dizem que rendimentos do senador eram incompatíveis com os R$ 5,7 milhões gastos

Carolina Brígido - O Globo

BRASÍLIA- A Procuradoria Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal ( STF) autorização para investigar movimentação financeira suspeita do presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), no valor de R$ 5,7 milhões. O valor seria incompatível com os rendimentos do parlamentar. Na semana passada, a PGR pediu abertura de novo inquérito contra Renan, por suspeita de lavagem de dinheiro e peculato.

Os indícios surgiram a partir do inquérito que investiga se uma empreiteira pagava pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha. Caberá ao ministro Dias Toffoli decidir se abre ou não a nova frente investigatória.

A Polícia Federal elaborou laudos em 2009 e em 2010 comprovando que os rendimentos de Renan eram incompatíveis com os depósitos que realizou em favor da jornalista. “O investigado não apresentou, com base nos documentos analisados, capacidade financeira que permitisse efetuar, em determinados períodos, os pagamentos em favor de Mônica Canto Freitas Veloso”, concluiu a PF.

Atualmente, existem no STF sete inquéritos investigando Renan, sendo seis abertos no âmbito da Lava- Jato e o que investiga originalmente o caso Mônica Veloso. Se Toffoli concordar com a PGR, serão oito. A nova investigação estava sendo conduzida internamente no Ministério Público Federal e tem 1.922 páginas, divididas em nove volumes. Renan é suspeito de ter cometido “infrações penais tributárias”, segundo os autos, que estão sob segredo de Justiça.

O caso Mônica Veloso veio à tona em 2007 e resultou na renúncia de Renan da presidência do Senado. Em seguida, o caso chegou ao Supremo. Nesse primeiro inquérito, Renan é acusado de falsidade ideológica, uso de documento falso e peculato. O inquérito já está pronto para ser julgado e foi liberado para a pauta de julgamentos no início do mês. Na semana passada, a defesa alegou que houve falha processual.

O relator, ministro Edson Fachin, decidiu retirar o caso da pauta e o encaminhou à PGR, que deverá emitir um parecer sobre a suposta falha no processo.

Em denúncia apresentada ao STF no primeiro inquérito, a PGR concluiu que o parlamentar não tinha dinheiro suficiente para pagar pensão alimentícia a Mônica Veloso. Segundo a denúncia, Renan apresentou documentos falsos para comprovar que tinha condições de arcar com a despesa. Mas as quebras de sigilo bancário mostraram o contrário.

A pensão era de R$ 16,5 mil mensais. Mas os peritos da PF destacaram que, em 2002, o denunciado e seus dependentes tiveram renda anual de R$ 27,9 mil, ou R$ 2,3 mil mensais. Em 2004, a renda anual teria sido de R$ 102,2 mil, ou R$ 8,5 mil mensais.

Supremo autoriza PF a investigar agressões de Pedro Paulo à ex-mulher

• O secretário executivo da prefeitura do Rio é pré-candidato do PMDB à disputa para a capital fluminense, com apoio ao atual prefeito Eduardo Paes (PMDB)

Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que a Polícia Federal realize diligências para investigar a suposta prática de crime de lesão corporal praticado pelo secretário executivo da prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Carvalho. Ele é deputado federal licenciado pelo PMDB e é suspeito de agredir a ex-mulher Alexandra Marcondes. O secretário é pré-candidato à prefeitura do Rio, com apoio ao atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) à sucessão na disputa municipal que ocorre neste ano.

No pedido de investigação feito ao STF e autorizado por Fux, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede depoimentos da ex-mulher do secretário, de uma empregada do casal que teria presenciado as agressões e do responsável pelo laudo do exame de corpo e delito feito na ocasião.

Duas ocorrências foram registradas por agressão a Alexandra, em 2008 e 2010. Os registros de agressão apontam que Pedro Paulo Carvalho deu socos no rosto e corpo da ex-mulher. Em fevereiro de 2010, Alexandra registrou a ocorrência, que consta no inquérito instaurado inicialmente pela Policia Civil no Rio de Janeiro. No documento, registrou que Pedro Paulo "a jogou na parede e depois no chão, agarrando-a pelo pescoço e sacudindo-a". Ela disse ainda ter sido agredida uma segunda vez, mas registrado o ocorrido em São Paulo.

Por ser deputado licenciado, o caso foi encaminhado pelo Ministério Público do Estado do Rio para a PGR. São documentos sobre a agressão em 2010 praticada contra Alexandra no apartamento do casal no Rio. Desde então, Carvalho e Alexandra estão separados.

Janot destacou que Alexandra já fez "sucessivas modificações" de sua versão da história e quer ouvi-la sobre o caso. Além disso, segundo ele, as declarações da empregada da casa são "diametralmente opostas" à última versão da ex-mulher do secretário.

"Inicialmente, a vítima buscou as autoridades para relatar agressões sofridas e até mesmo postular a concessão de medidas protetivas. (...) Relatando haver sofrido chutes, socos nos olhos e na boca, além de agressões morais. Anos depois, Alexandra procurou o Ministério Público do Rio de Janeiro e afirmou que 'o final do relacionamento entre a declarante e Pedro Paulo se deu por episódio de infidelidade, redundando em agressões reciprocas'. Posteriormente, após os autos chegarem à PGR, a vítima tornou-se a agressora. Esse giro radical precisa ser bem esclarecido, inclusive porque é crime púnico com reclusão de 2 a 8 anos", escreveu o PGR.

Desde que veio à tona das notícias sobre a agressão, a ex-mulher participou de um encontro com a imprensa minimizou o caso. Os dois já assumiram as agressões. Em uma das coletivas a jornalistas, o secretário questionou: "Quem não tem uma briga, um descontrole, quem não exagera numa discussão? A gente às vezes exagera, fala coisas que não deve. Quem não tem essas discussões e perde o controle? A gente perde o controle e tem discussões".

Em filiação ao PSDB, Osorio se diz candidato

• Ex-peemedebista afirma que sempre se alinhou às ideias dos tucanos

Simone Iglesias - O Globo

BRASÍLIA- O deputado Carlos Roberto Osorio, ex- secretário estadual de Transportes, se filiou ontem ao PSDB em evento em Brasília, conduzido pelo presidente do partido, senador Aécio Neves (MG). Pré- candidato a prefeito do Rio, Osório afirmou que se sentia desconfortável no PMDB e que sua linha de pensamento sempre teve afinidade com a dos tucanos.

— Eu estava no PMDB, mas durante toda a minha vida me alinhei às ideias do PSDB. Temos uma visão compartilhada de Brasil e, no Rio, todos acham que é tempo de mudar. Então, me coloco à disposição do PSDB para disputar a eleição — disse.

O deputado afirmou que a afinidade dos governos Luiz Fernando Pezão e Eduardo Paes, ambos do PMDB, com a presidente Dilma Rousseff e a imposição da candidatura do secretário- executivo municipal, Pedro Paulo, à prefeitura do Rio lhe causavam mal- estar em permanecer no PMDB.

— O PMDB do Rio é o principal alicerce do PT no país, o farol da presidente Dilma e isso me causava incômodo. Havia também uma situação de desconforto ( com a pré- candidatura de Pedro Paulo), porque foi uma decisão tomada pela cúpula. Respeito a decisão, mas questiono e saí — afirmou.

Aécio, que assinou a filiação de Osorio, disse que se empenhará pessoalmente nas eleições deste ano e lembrou que na cidade do Rio Dilma o venceu por apenas 1 ponto percentual de diferença, o que o tucano disse considerar praticamente um empate.

— O PSDB não é o maior partido do país, mas é o que tem a responsabilidade de virar a página dessa história triste que os brasileiros estão vivendo com o governo do PT e de Dilma. Todos os lugares são importantes, mas o Rio é diferente. Só existem dois tipos de brasileiros: os que amam o Rio e os que não conhecem o Rio — discursou o senador tucano.

Pré-candidato a prefeito, Osorio disse que não tem problemas em criticar seu antigo partido. Questionado se abordará na campanha as acusações de que Pedro Paulo agrediu a exmulher, Osorio disse que o tema interessa à sociedade.

— Na campanha, todos os temas serão abordados e este é um assunto importante para a sociedade que será trazido à tona — afirmou.

Ato falho na filiação
Escolhido por Paes para disputar a prefeitura do Rio pelo PMDB, Pedro Paulo foi, ao lado de Marta Suplicy (PMDB-SP), o candidato a prefeito de capital que teve mais espaço na propaganda de TV do partido, na noite de ontem.

Recém saído do PMDB, Osorio cometeu um ato falho em sua filiação ao PSDB. Chamou o novo partido de PMDB, para riso geral dos tucanos. Ele disse que assim que começou a conversar com os tucanos sobre a troca de legenda, avisou a Paes e a Pezão.

Ações que pedem cassação de Dilma serão unificadas

Por Carolina Oms e Maíra Magro – Valor Econômico

BRASÍLIA - As quatro ações que pedem a cassação dos mandatos da presidente Dilma Rousseff e Michel Temer serão unificadas sob a relatoria da ministra Maria Thereza de Assis Moura, corregedora da Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como consequência, a ações que estavam em sigilo serão públicas e o processo deve tramitar mais rapidamente, puxado pela Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) protocolada em 2014.

Ontem o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Antonio Dias Toffoli, decidiu reunir as quatro ações em que o PSDB pede a cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer, para que elas sejam julgadas em conjunto na corte. O ministro justificou que os processos têm fatos comuns e devem ser reunidos, inclusive, para evitar possíveis decisões divergentes.

O Valor apurou que, depois que o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestar, as ações serão unificadas - o que deve acontecer nas próximas semanas. Maria Thereza já era a relatora de outros três processos em que o PSDB pede a cassação de Dilma - uma ação de impugnação de mandato eletivo (Aime) e duas Aijes.

Toffoli observou em sua decisão que o relator das ações deve ser o ministro que estava à frente do primeiro caso sobre o assunto que foi distribuído no tribunal. O primeiro processo distribuído na corte foi uma das Aijes - inicialmente ao ex-corregedor-geral João Otávio de Noronha, substituído no cargo pela ministra Maria Thereza. Assim, esse processo "atrai" todos os demais que envolvam os mesmos fatos.

O coordenador jurídico da campanha de Dilma, Flávio Caetano, avaliou como correta a decisão de Toffoli "Evitando assim que ações idênticas possam ter decisões conflitantes".

Seria ideal para o PT que ação tramitasse mais rapidamente, enquanto a ministra Maria Thereza está na corte - já que ela é vista pelo partido como uma ministra mais técnica.

Mas o grande número de pedido de produção de provas e escuta de testemunhas feito pelo PSDB deve prorrogar a conclusão do julgamento - a ministra deixa a corte em setembro. O PT fez apenas um pedido de produção de provas.

Segundo o ministro Gilmar Mendes, os processos de cassação no TSE têm durado entre um e dois anos, a depender das provas apresentadas.

Contrariando pedido da defesa petista, Maria Thereza deve aceitar que as provas obtidas pelo juiz Sergio Moro na Operação Lava-Jato sejam utilizadas no processo.

Segundo o ministro Luiz Fux, os três fatos narrados pelo PSDB na representação - realização de gastos de campanha acima do limite informado à Justiça Eleitoral, financiamento eleitoral por meio de doações provenientes de empreiteiras contratadas pela Petrobrás como parte da distribuição de propinas e falta de comprovação de parcela significativa das despesas de campanha - "estão abrangidos na Aime, e as duas primeiras condutas também constituem objeto da Aije."

Por isso, para o presidente do TSE, "fica ainda mais evidente a necessidade de se reunir os processos que tenham a mesma base fática sob a mesma relatoria".

A relatoria das ações contra a Dilma gerou controvérsias no TSE. Em agosto, quando o tribunal discutia se julgaria ou não a Aime, o ministro Luiz Fux pediu vista afirmando que não seria possível ter "quatro ações com fatos idênticos disparadas a relatores diferentes". O ministro sugeriu que os quatro casos ficassem com Maria Thereza, que já era a relatora da Aime.

Em outubro, o plenário da corte decidiu reabrir a Aime - revertendo decisão anterior da relatora de arquivá-la. Depois do julgamento, Maria Thereza sugeriu que essa ação fosse redistribuída para o ministro Gilmar Mendes, que liderou a corrente vencedora pela reabertura do processo. O ministro Dias Toffoli afirmou na ocasião que, como presidente, decidiria ser uniria ou não os quatro casos.

Governo abraça oposição para ficar vivo

Por Maria Cristina Fernandes – Valor Econômico

SÃO PAULO - Primeiro foi o PSDB que, cobrado em sua base por ter contribuído para a derrubada do fator previdenciário, alinhou-se com o Palácio do Planalto em seu projeto de reforma da Previdência. Depois foi a vez de a Presidência ceder, sem alarde, ao projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que limita a 30% a participação da União em projetos de exploração do pré-sal.

Em meio ao terceiro rebaixamento de agência de classificação de risco, o governo Dilma Rousseff se move na direção de reformas que afetem positivamente a expectativa do mercado em relação ao seu frouxo compromisso fiscal e, a despeito do preço do petróleo na lona, traga de volta o investimento estrangeiro.

Em ambos os movimentos, o PT não apenas ficou contra como alardeou a traição a bandeiras históricas do partido, como a rejeição ao estabelecimento da idade mínima para a aposentadoria, e o monopólio do petróleo.

O PT já cedeu antes, mas a um presidente mais forte, como o foi Luiz Inácio Lula da Silva - e não sem estrebuchar - na taxação de inativos. Também se curvou à mudança de modelo de concessão de rodovias e aeroportos, num momento em que a presidente Dilma, em seu primeiro mandato, ainda carregava promessa de futuro.

A bifurcação no plenário do Congresso Nacional coincide com o jogo de empurra na prisão de João Santana. O marqueteiro que expandiu seu mercado seguindo os passos da empreiteira-mor do criador petista, foi fundamental para a criatura adquirir vida, ou, pelo menos, imagem própria.

A rota de aproximação com bandeiras da oposição é a estratégia de Dilma para concluir seu mandato. Une-se, com discrição, ao adversário que custa a combater, na confiança de que o PT, depois de jogar sua resistência para a plateia, afinal, ceda - pelo muito que tem a perder com a deterioração de seu governo e pela combalida capacidade de reação de sua principal liderança.

Busca por trabalho cai e evita alta maior do desemprego

Por Camilla Veras Mota e Robson Sales – Valor Econômico

SÃO PAULO e RIO - A menor procura por trabalho nos últimos meses tem segurado o aumento do desemprego medido pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e é apontada por economistas como a principal razão para a alta mais modesta da taxa em janeiro, de 6,9% para 7,6% - ainda assim, a maior para o mês desde 2009.

A população economicamente ativa (PEA), variável que reflete a dinâmica dos trabalhadores ativos no mercado, recuou em três dos últimos quatro meses, na comparação com o mesmo período do ano anterior, 0,3% no mês passado. A taxa de atividade, outra maneira de acompanhar esse movimento, chegou a 54,8%, o menor nível desde abril de 2002. Para especialistas, o cenário pode indicar um aumento do desalento no país, quando as condições econômicas desestimulam a busca por novas vagas.

As variáveis de ocupação e renda, por outro lado, continuam sinalizando a continuidade do ajuste que começou no ano passado. O volume de trabalhadores empregados nas seis principais regiões metropolitanas encolheu 2,7%, no confronto com janeiro de 2015, queda semelhante à registrada em dezembro.

O rendimento médio, por sua vez, recuou 7,4% em termos reais, maior retração desde dezembro de 2003, levando a remuneração média a R$ 2.242,9. Com o corte de empregos, a massa salarial recuou 10,4% sobre janeiro de 2015.

Para a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara, o avanço menor do contingente de desempregados, de 42,7%, contra 61,5% em dezembro, na comparação com o igual intervalo de 2014, pode estar relacionado ao aumento da população em desalento.

Um indício nesse sentido é o crescimento da participação dos trabalhadores que se declararam inativos ao IBGE, mas que disseram estar disponíveis e que gostariam de trabalhar, de 7,3% em janeiro do ano passado para 8% do total da população não economicamente ativa (Pnea), o maior nível desde junho de 2013. Mesmo com essa "ajuda", o nível de desocupação da PME, ela acrescenta, caiu ao menor nível desde junho de 2007, 50,7% da população em idade ativa (PIA). O total de desempregados chegou a 1,88 milhões.

"A PME vem dando sinais de aumento do desalento desde o fim do ano passado", observa Fabio Romão, da LCA Consultores, referindo-se ao comportamento negativo da PEA. O economista pondera que o ritmo forte de demissões em janeiro, que levou a ocupação a ceder 2,7% sobre o mesmo mês de 2015, provavelmente não foi pior por conta da desaceleração dos cortes no comércio e nos serviços em relação ao último trimestre do ano. Os dois setores, depois de reduzirem o estoque de funcionários em 2,4% e 2,2% nesse período, diminuíram a ocupação em janeiro em 0,6% e 2%, nessa ordem. "Isso pode estar ligado ao número menor de temporários contratados no fim do ano passado."

Adriana Beringuy, técnica do IBGE responsável pela pesquisa, chama atenção para o número ainda expressivo de dispensas na indústria e na construção civil. Após enxugarem os quadros de funcionários no ano passado em 5,5% e 3,5%, respectivamente, os dois setores cortaram mais 8,5% e 2,2%, nessa ordem, do total de trabalhadores. Na comparação com janeiro do ano passado, o emprego informal recuou 7% e o com carteira, 2,8%. O serviço por conta própria, depois de aumentar 2,1% no ano passado, avançou 0,3%.

O comportamento atípico da PEA levou o Bradesco a calcular uma taxa de desemprego "filtrada", que exclui as volatilidades dessa variável. Sob esse critério, o desemprego cresceu de 8,1% em dezembro pra 8,3%, ilustrando, na avaliação da equipe do banco, "mais fielmente a dinâmica atual do emprego", segundo relatório.

"O mercado de trabalho continua a se deteriorar, tanto em quantidade, no emprego, quanto em preço, nos salários", comenta o economista do Goldman Sachs, Alberto Ramos, chamando atenção para a contração expressiva dos salários no mês passado, de 7,4% em termos reais.

A retração mais intensa que o esperado levou Romão, da LCA, a revisar a projeção de queda da renda média real do ano de 1,8% para 2,5%. O comportamento só não deve ser mais negativo, ressalta, porque a inflação, que subiu mais que o antecipado em janeiro - e pode explicar em parte esse recuo mais forte dos salários em termos reais -, tende a desacelerar durante o ano e fechar 2016 em 7,4%, conforme as estimativas da consultoria.

Thais, da Rosenberg, pondera que o desempenho já deve ser melhor em fevereiro, uma vez que o indicador de renda deve incorporar o efeito do aumento do salário mínimo, que cresceu mais de 10% em termos nominais.

Na comparação com dezembro, o desemprego manteve-se estável no Rio e em Porto Alegre, em 5,1% e 5,9%, respectivamente, cresceu de 5,9% para 6,9% em Belo Horizonte, de 7% para 8,1% em São Paulo, de 10% para 10,5% no Recife, e recuou em Salvador, de 11,9% para 11,8%. Quatro das seis capitais assistiram a uma retração da força de trabalho, no confronto com janeiro do ano passado. As exceções foram Recife e São Paulo, com altas de 2,2% e de 0,6%.


Que venha o impeachment! - Roberto Freire

- Diário do Poder

Os novos desdobramentos da Operação Lava Jato, com a prisão do marqueteiro petista João Santana, desnudaram a magnitude do projeto criminoso de poder levado a cabo pelo PT nos últimos 13 anos. Os indícios de que o publicitário teria recebido dinheiro por meio de contas mantidas no exterior por uma das empreiteiras envolvidas no petrolão – supostamente para quitar despesas de campanhas do partido – ligam o esquema de ilegalidades ao núcleo do lulopetismo e, se é que ainda havia alguma dúvida a respeito, levam o maior escândalo de corrupção da história da República a subir a rampa do Palácio do Planalto.

Mais do que um simples marqueteiro, responsável pelas campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), Santana se transformou em um conselheiro político da presidente da República, o que lhe rendeu a alcunha de “ministro informal da propaganda” do governo lulopetista. Sua prisão reforça as suspeitas de que a campanha à reeleição de Dilma foi financiada pelo dinheiro desviado da Petrobras por uma verdadeira quadrilha que assaltou o Estado brasileiro, o que impulsiona as ações que pedem a cassação da chapa encabeçada pela petista junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além da hipótese da cassação da chapa, que será examinada pela Corte Eleitoral, a tese do impeachment da presidente ganha força às vésperas de novas manifestações que tomarão as ruas brasileiras no próximo dia 13 de março. Ao contrário da versão propagada pelo governo nos últimos meses, ela nunca havia saído da pauta, embora tivesse sofrido certo arrefecimento desde o fim do ano passado. Na esteira da nova fase da Lava Jato, que conecta cabalmente o petrolão ao gabinete presidencial, não há dúvida de que volta à ordem do dia com força total.

As oposições já se manifestaram publicamente em apoio à nova rodada de protestos em todo o país, convocando seus militantes e toda a sociedade brasileira a irem às ruas em prol do impeachment. Não são Dilma ou o PT que vêm sangrando em meio à mais grave crise já enfrentada em nossa história, é o próprio país! A presidente e seu partido fazem o Brasil sangrar com a corrupção desenfreada, o desmantelo, o estelionato eleitoral, o desemprego, a inflação, a ameaça às instituições republicanas, entre outras mazelas. Precisamos, urgentemente, de um novo rumo, e só será possível trilhar esse caminho a partir de um governo mais ético, decente e eficiente.

A mobilização da opinião pública e das forças políticas em favor do impeachment, apoiado pela expressiva maioria da população brasileira, também é importante para sensibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros têm a obrigação moral de julgar com celeridade os embargos apresentados pela Câmara dos Deputados que contestam a absurda decisão da Corte de mudar o rito do processo de impedimento no Congresso, interferindo abusivamente no Poder Legislativo e contrariando entendimento anterior firmado quando do afastamento do então presidente Fernando Collor, em 1992.

Independentemente do que vier a decidir a Suprema Corte em relação às contestações apresentadas pela Câmara, o fato inescapável é que o desgoverno do PT está na berlinda, acuado diante das investigações sobre as práticas criminosas cometidas nesses tristes tempos de Lula e Dilma. Os brasileiros devem se inspirar no lema adotado pelos movimentos sociais que convocam a manifestação de 13 de março: “ou você vai, ou ela fica”. É disso mesmo que se trata. Nunca estivemos tão perto de colocar um ponto final no pior governo da história da República e, para tanto, é fundamental tomar as ruas de norte a sul do país e cerrar fileiras em favor da Lava Jato, da democracia, das instituições e do futuro do Brasil. A hora é agora, não dá mais para esperar. Impeachment já!

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

As peripécias do óbvio - Fernando Gabeira*

O governo assaltou e arruinou a Petrobrás. A tese mais elementar era esta: parte do dinheiro roubado foi desviada para as campanhas de Lula, Dilma e tutti quanti.

No Brasil, o elementar nem sempre se impõe. Almas generosas dizem: não há provas de que os milhões roubados da Petrobrás foram usados em campanha. Todo o dinheiro foi registrado no TRE: contribuições legais. As empresas que doaram são as mesmas do escândalo. O dinheiro da propina foi simplesmente lavado. As almas delicadas não acreditam que tenha havido dinheiro sujo na campanha e não fazem a mínima ideia de para onde voaram milhões de dólares. E consideram que está tudo bem com a lavagem de dinheiro, embora isso seja um crime punido por lei.

Agora a casa caiu. A prisão do marqueteiro João Santana mostra que ele recebeu dinheiro do escândalo do petróleo como pagamento pela sórdida campanha de 2014.

Fechou-se o quadro. Ele já estava desenhado no celular de Marcelo Odebrecht. Numa das anotações falava que as contas na Suíça poderiam atingir a campanha dela. Quem é ela? Se afirmar que é Dilma, as almas generosas vão dizer: há milhões de outras mulheres no Brasil.

Delcídio Amaral já havia advertido Dilma de que a prisão de Marcelo Odebrecht atingiria sua campanha, porque a empresa pagou a João Santana no exterior. Mercadante teria dito: a Odebrecht é problema do Lula. Solidariedade zero entre eles.

Agora, vão dizer que o dinheiro de Santana foi ganho em campanhas no exterior. Ele fez algumas, no universo da esquerda latino-americana. Todas pagas regiamente. Acontece que ele enviou o dinheiro do Brasil. Por que as campanhas lhe pagariam aqui? Acontece que recebeu durante a campanha de Dilma. Por que as campanhas de fora pagariam fora do tempo?

E como se não bastasse: que outras campanhas levaram dinheiro de propina de Keppel Fels, que tem um estaleiro no Brasil, opera com a Petrobrás, e seu lobista Swi Skornicki, destinatário de um bilhete da mulher de João Santana, Mônica, orientando-o a depositar os dólares no exterior?

As descobertas da Lava Jato apenas demonstram com provas uma tese cristalina: roubaram para permanecer no poder e acumular fortunas. Mas, sobretudo, para prosseguir no governo, entupindo as campanhas de dinheiro sujo.
Tecnicamente, a Lava Jato seguiu o caminho real: o dinheiro. É em torno da grana que eles giram como mariposas.

Além da cooperação suíça, as autoridades norte-americanas foram rápidas em enviar seus dados. Os suíços mantiveram sua disposição de colaborar.

Enfim, o cerco se fechou, uma parte considerável do mundo se alia ao povo brasileiro no esforço não só de punir os responsáveis, mas também de recuperar o dinheiro roubado.

E o governo, os políticos, os brasileiros, em tudo isso? O que era apenas uma tese que já balançava Dilma se tornou um fato comprovado com documentos. Aliás, mais documentos do que em outros casos da Lava Jato.

Se fosse uma partida de xadrez, diria que o governo levou um xeque-mate. Antes apenas se falava que a campanha de Dilma foi feita com dinheiro roubado. Agora todos sabem.

Mas o PT não é um jogador de xadrez comum , e não só porque atropela regras. Ele se distancia da própria realidade. Xadrez? Não estou vendo o tabuleiro. Antena no sítio de Atibaia? Lula não usa celular. Prisão do marqueteiro? O PT não tem marqueteiro, é apenas um senhor que nos ajuda.

De qualquer forma, será difícil acordar todas as manhãs, num país mergulhado em crise econômica, e pensarmos que ele está nas mãos de um grupo que roubou para vencer.

E não será apenas uma certeza política. Estarão lá, diante de nós, as contas no exterior, os dólares enviados, as transferências, conversões – enfim, toda a trajetória do fio condutor a que eles estão ligados: a grana.

De qualquer forma, o episódio é um momento de otimismo, na medida em que precipita a queda de Dilma. Como as crises estão entrelaçadas, uma solução política poderia dar algum alento à economia e se um projeto de transição sério fosse levado até 2018.

O PSDB voltou do recesso dizendo que votaria os projetos de interesse do País ao lado do governo. Isso me parece correto, pois sempre fui contra as pautas-bomba que explodem no bolso dos contribuintes. No entanto, não se deve acreditar ser esse o grande problema da oposição. Seu problema é não focar na saída da crise: o impeachment. E não trabalhar com uma ideia mais clara da transição.

Olhando para o futuro próximo, não faz sentido dizer que vota a reforma da Previdência só se o PT votar também. É um tema inescapável na transição.

Orientar-se pela posição do PT é, de uma certa forma, antecipar uma disputa em 2018. Não sabemos direito como será 2018 nem se haverá PT. O problema é achar um rumo para a transição e fazê-la acontecer com a queda de Dilma.

Os acontecimentos da semana mostram que o jogo de empurrar com a barriga é apenas um esforço para levar Dilma até 2018, tudo bonitinho, faixa passada. A realidade, por meio de uma investigação competente, com apoio internacional, mostrou mais uma vez que é preciso pegar o touro à unha.

Os que esperam 2018 deveriam considerar apenas como ele será muito pior se nada for feito. Com que cara o Brasil chegará lá, dirigido por um governo corrupto, incompetente, politicamente nulo?

Quem sabe faz a hora ou espera acontecer? Ao contrário da canção, às vezes, acho melhor esperar acontecer. Mas, no caso específico, há um sentido de urgência.

Continuar com esse governo vai desintegrar o País. Uma terrível animação de Hong Kong já mostra a Baía de Guanabara poluída, atletas vomitando, a estátua do Cristo Redentor fazendo toneladas de cocô. É uma peça de humor. Mas se parece muito com o pesadelo que vivemos no Brasil.
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* Fernando Gabeira é jornalista

Epidemia de descaso - Marina Silva

• A epidemia, além de trágica realidade, é a metáfora do processo político e social do país, com aspectos patológicos

- Valor Econômico

A proliferação espantosa do mosquito Aedes aegypti veio dar mais dramaticidade às nossas mazelas econômicas e sociais. Nos últimos meses, além das 800 mortes provocadas pela dengue, registraram-se 40 mortes e quase 3 mil casos de microcefalia. Além dos impactos imediatos, há outros, imponderáveis. Por exemplo, estima-se uma rápida contração na taxa de natalidade para o próximo ano, pois o temor à microcefalia pode levar a um maior cuidado em evitar a gravidez. E quantas outras consequências da epidemia não iremos lamentar no futuro?

"Como é terrível saber, quando o saber de nada serve a quem o possui", murmurava Tirésias ao jovem Édipo, preconizando a tragédia que aguarda no destino dos que - por impotência ou inconsequência - não usam o saber que têm para se proteger. A ciência, ainda que emita alertas com base em conhecimentos arduamente adquiridos, é impotente para dar consequência a suas descobertas, pois isso muitas vezes depende das decisões de políticos e políticas inconsequentes, para os quais não serve um saber que não se molda a seus projetos de poder.

A epidemia, além de uma trágica realidade, é a metáfora do processo político e social brasileiro, com evidentes aspectos patológicos. Chegamos a esse ponto pelo descaso de sucessivos governos com o saneamento, a saúde e os inúmeros retrocessos na agenda ambiental, além do inegável descaso com os sucessivos alertas feitos pelos ambientalistas e pela comunidade científica quanto ao imperativo ético de prevenir e mitigar os efeitos deletérios das mudanças climáticas sobre a saúde das pessoas, sobretudo as mais vulneráveis.

Um excelente artigo assinado por Itamar Melo, no site do jornal Zero Hora, faz um resumo do descaso. Começa lembrando que "sessenta anos atrás, em 2 de abril de 1955, o último foco do Aedes aegypti no país foi extinto na zona rural de Santa Terezinha, município do interior baiano. Três anos depois, declarou-se oficialmente que o Brasil havia erradicado o inseto".

Por que o mosquito voltou? Por falta de combate contínuo e sistemático. Campanhas "de guerra" só são convocadas quando ocorrem muitos casos de dengue. Agora, o zika vírus fez soar o alerta máximo. Os governos se mobilizam e tomam medidas que todos aprovam, mas com a sensação de que tudo isso poderia ter sido feito há muitos anos.

O artigo reproduz o questionamento da Dra. Nancy Bellei, da Sociedade Brasileira de Infectologia: se não surgiu nenhuma arma nova e tudo o que está sendo usado no combate ao Aedes já existia, então por que não foi feito antes? A dengue já era uma doença grave, que justificava essa ação.

De fato, os casos de dengue se multiplicaram, de pouco mais de 100 mil em 1990 para 1,5 milhão em 2015. E o mapa da epidemia mostra a conexão com as mudanças climáticas. Para citar outro excelente artigo, de Cíntia Feitosa para o Observatório do Clima, "a associação de mudanças climáticas globais, ilhas de calor urbanas, aumento da população e más condições de saneamento forma o combo perfeito para a proliferação da praga". O artigo traz a observação de Christovam Barcellos, pesquisador da Fiocruz: quanto mais calor, mais as doenças vão se espalhar, pois "o mosquito se reproduz mais rapidamente em locais de clima quente".

Isso nos leva novamente à antiga negligência em relação ao saneamento. Vejamos alguns números dos estudos encomendados à FGV (Fundação Getulio Vargas) pelo Instituto Trata Brasil. E para não nos determos no impacto ambiental, cuja importância nem todos entendem, vejamos os aspectos sociais e econômicos.

De acordo com as pesquisas, as crianças que vivem nas áreas sem saneamento básico correm risco 32% maior de morte e têm redução de 18% no aproveitamento escolar. Entre os adultos, evidenciam-se os prejuízos ao trabalho: 217 mil afastamentos por ano, causados por problemas gastrointestinais associados à falta de saneamento. Entre os trabalhadores que têm acesso à rede de esgoto, a probabilidade de faltar ao trabalho por diarreia é 19,2% menor e a produtividade aumenta em 13,3%.

Essas doenças provocam forte impacto no sistema de saúde, com custos elevados em milhares de internações e tratamentos todos os anos. Os estudos estimam que o pleno acesso aos serviços de saneamento significaria, em poucos anos, economia de R$ 745 milhões nos hospitais e redução de 65% na mortalidade.

Obviamente, não é possível alcançar uma situação ideal em pouco tempo. Seriam necessários investimentos de quase R$ 300 bilhões para alcançar a universalização dos serviços básicos, tratamento de água e esgoto. E aqui se pode lamentar duplamente: primeiro, porque os governos descuidaram desse investimento no crescimento das cidades; segundo, porque os recursos desviados pela corrupção - que hoje nos são revelados - parecem ser equivalentes aos que deveriam ter sido investidos.

Em resumo: o Estado brasileiro abandonou a sociedade às intempéries e isso causa um prejuízo incalculável para o futuro.

A resposta saudável, entretanto, não é apenas "política". Será necessário mobilizar todas as forças sociais para uma ação que vai muito além da guerra imediata contra o mosquito da dengue e do zika. Trata-se de mudar os padrões de vida para adaptar-se às novas condições e resistir aos novos tempos. Empresas, movimentos sociais, comunidades, coletivos de todos os tipos e lugares, cada um fazendo o que estiver ao seu alcance.

No final das contas, todos teremos que arregaçar as mangas para limpar a sujeira que alguns fizeram e deixaram transbordar, de tal forma, que hoje contamina e ameaça o que um povo tem de mais sagrado, a integridade e o futuro de suas crianças.
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Marina Silva, ex-senadora e fundadora da Rede Sustentabilidade, foi ministra do Meio Ambiente e candidata à Presidência da República em 2010 e em 2014.

A moeda número 1 - Merval Pereira

- O Globo

É crível que um sujeito que tem o apelido de Patinhas desde a adolescência seja desligado de dinheiro a ponto de não saber quem depositou US$ 7,5 milhões em uma conta sua? E se essa conta está em um banco suíço, escondida da Receita brasileira?

É crível que uma pessoa que tem uma conta secreta na Suíça desde 1998 seja apenas “um criador”, que “não trabalha com questão financeira, com questão bancária”, como definiu seu advogado?

É crível que um profissional que tem diversas contas, secretas ou declaradas, no exterior, que recebe “em euro ou dólar”, à escolha do freguês, como sua mulher Mônica Moura escreveu num bilhete para o operador de propinas Zwi Skornicki, não soubesse que tinha que declarar os ganhos no exterior e que não podia ter “contas secretas”?

Pois é esta fantástica história que está sendo contada em Curitiba pelo marqueteiro João Santana e por sua mulher e sócia Mônica Moura aos procuradores da Lava- Jato. O apelido de Patinhas, em referência ao personagem da Disney, vem da adolescência, quando foi tesoureiro do grêmio nos Maristas, em Salvador, cargo que exercia com “tirania fiscal única”.

São histórias tão bizarras que só fazem fortalecer a suspeita de que os dois montaram um esquema internacional de lavagem de dinheiro.

E o que dizer das revelações de que a empreiteira brasileira Odebrecht pagava no caixa dois campanhas eleitorais em países em que tem obras, como a Venezuela de Chávez, a Angola de José Eduardo dos Santos e tantos outros?

Tentando safar- se da acusação mais grave de lavagem de dinheiro, Patinhas e a mulher admitem caixa dois e jogam em cima da Odebrecht toda a culpa pelas irregularidades. E ainda transformam a empreiteira brasileira em uma máquina de corrupção internacional.

A Odebrecht vive falando em “valores” para negar, até agora, ter participado do esquema de corrupção na Petrobras. Mas como admitir que a empreiteira usa todos os esquemas ilegais no exterior e não use os mesmos métodos no Brasil?

Até o momento, o marqueteiro e sua mulher protegem claramente a presidente Dilma. Mas seu testemunho perde completamente a credibilidade quando vem acompanhado das seguintes afirmativas: que “nunca manteve qualquer contrato com o poder público no Brasil” e que “eventuais serviços prestados para o governo federal se deram a título não oneroso”.

Ele acrescentou em seu depoimento que “foi um doador de serviços ao governo em razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui”. Mais uma vez a questão do dinheiro. Para quem gosta de trabalhar de graça, o marqueteiro João Santana é uma potência. Ele parece mesmo ter encontrado a moeda número 1 do Tio Patinhas.

Seu patrimônio cresceu mais de 5.000% entre os anos de 2004 e 2014, segundo a Receita Federal. Em 2004, Santana tinha patrimônio declarado de cerca de R$ 1 milhão, que saltou para R$ 59,12 milhões em 2014. A mulher e sócia Mônica Moura, por sua vez, declarou patrimônio de aproximadamente R$ 19,5 milhões em 2014, diante de pouco mais de R$ 56 mil em 2004.

Pois no mercado publicitário há quem afirme que João Santana recebe cerca de R$ 1 milhão por mês para assessorar a presidente Dilma.

Zwi Skornicki vai depor proximamente em Curitiba, e pode acabar de vez com essa farsa, já que o lobista não atuou nesse mercado de corrupção por interesses ideológicos ou partidários, mas apenas para fazer negócios. Um bom negócio para ele agora será uma delação premiada.

Também a Odebrecht vai ter que se pronunciar a respeito das “revelações” da mulher de João Santana. Ou persiste na sua posição de que não faz esse tipo de atuação criminosa — o que a cada dia fica mais difícil de sustentar — ou sairá do episódio com a imagem de uma empresa metida em corrupção em diversas partes do mundo.

E por que não no Brasil, onde se descobriu um dos maiores escândalos envolvendo empreiteiras e órgãos públicos?

Novo flanco do PT - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Não bastassem a crise econômica, o aparelhamento político e a reta final da “sua” CPI, os fundos de pensão das estatais estão sendo chacoalhados por duas novas informações: o presidente do Postalis (Correios) caiu e o prejuízo da Vale do Rio Doce em 2015 foi de R$ 44,2 bilhões, o maior já registrado por uma empresa da Bolsa em 30 anos.

Antônio Conquista, do Postalis, já vinha na mira da Polícia Federal e da Superintendência de Previdência Complementar (Previc) por investimentos que levaram a um rombo estimado em bilhões de reais. Onde estava com a cabeça quando, por exemplo, autorizou, ou permitiu, que o fundo jogasse o dinheiro da aposentadoria de milhares de funcionários em títulos da... Venezuela?!

E onde a Vale entra na história? Assim como milhares de brasileiros aplicaram seu rico FGTSzinho na Vale e na Petrobrás, os fundos de pensão também investiram nas duas grandes. Deu errado. A Vale foi atingida pela onda da China e a consequente queda do preço das commodities, logo, os fundos perdem muito. E todo mundo já conhece o tsunami na Petrobrás.

As novas informações coincidem com a reta final da CPI que apura má gestão e eventuais desvios nos fundos de pensão dos Correios (Postalis), do Banco do Brasil (Previ), da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Petrobrás (Petros). O relatório deve ser apresentado na semana que vem, com votação em meados de março.

Segundo o presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM-PB), é muito mais fácil desviar recursos dos fundos do que roubar da Petrobrás: “No petrolão, precisava fazer licitação, ter projeto, iniciar a obra, criar o superfaturamento. Dava trabalho. Nos fundos, o dinheiro vai direto a título de investimento, é injeção na veia”.

Receberam dinheiro dos fundos a OAS, a Odebrecht, a Engevix e a Sete Brasil, estrelas dos escândalos da Petrobrás. E ilustra: a OAS assumiu o passivo da Bancoop (que deu no tríplex de Guarujá) em troca de milhões de reais dos fundos; a Sete Brasil (símbolo do petrolão) levou uns R$ 3,5 bilhões dos fundos com apenas um mês de vida.

“Se isso não é tráfico de influência, é o quê?”, indaga Efraim, lembrando que, dos quatro principais fundos, três são presididos por petistas. Esse detalhe deixa de ser detalhe, especialmente se alguns fundos podem aplicar um bom porcentual sem autorização de um colegiado ou de instâncias superiores.

Tudo somado – crise econômica, má gestão, politização –, o resultado é que os fundos têm rombos gigantescos e, para o “equacionamento do déficit”, começaram a garfar parte da aposentadoria dos participantes. O Postalis abriu a temporada com 4%, a Funcef vem atrás em abril com 2,78%, o Petros fica para o segundo semestre e a Previ é só questão de tempo.

Como contraponto, o presidente da Funcef (CEF), Carlos Alberto Caser, diz que o maior vilão da situação dos fundos é “a conjuntura econômica”, ressalva que cada caso é um caso – ou cada fundo é um fundo – e reclama que há uma gritaria porque a Funcef deve cortar 2,78% dos benefícios nas vacas magras, mas já concedeu 11,28% em janeiro deste ano e aumentou 30% nas vacas gordas (2006 a 2011).

Funcionário de carreira da CEF, Caser é filiado ao PT desde 1990, mas reage à tese do aparelhamento petista: “Vá lá ver quem preside as estatais em São Paulo, em 20 anos de PSDB”. Ele também não gosta de traduzir “déficit” por “rombo”, acha que é “injustiçado” e, diante da crise ética do País, prega: “Não se pode pôr todo mundo no altar dos sacrifícios”.

O fato, porém, é que os fundos de pensão são mais um flanco dos já combalidos governos do PT e o relatório final da CPI deve lançar um poderoso slogan para a oposição. Segundo o deputado Efraim, os fundos de pensão escancaram “a face mais cruel dos escândalos petistas, que é roubar do aposentado”.