sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Crivella tem 46%, Freixo 29% e voto inválido triplica

Por Cristian Klein – Valor Econômico

RIO - Depois de uma queda de nove pontos percentuais, entre a primeira e a segunda pesquisas do Ibope, a diferença entre os candidatos a prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol), para a votação do segundo turno, no domingo, se manteve rigorosamente estável, 46% a 29%, de acordo com a terceira pesquisa do instituto, divulgada ontem e encomendada pela TV Globo. A estabilidade ocorre a despeito da intensa campanha negativa deflagrada pelos dois candidatos.

O percentual de entrevistados que disseram que votarão em branco ou nulo oscilou um ponto para cima e agora é de 22%. Já os indecisos passaram de 4% para 3%. Considerando apenas as intenções de votos válidas, Crivella teria 61% e Freixo 39%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Ibope entrevistou 1.204 pessoas entre ontem e anteontem e o levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o protocolo RJ-03731/2016.

Entre as 18 capitais que terão segundo turno, o Rio de Janeiro é a que apresenta a maior taxa de intenções de voto em branco ou nulo, de acordo com o Ibope. O grupo de 22% de entrevistados que afirmam que vão invalidar o voto é dois pontos percentuais superior aos 20% verificados pelo instituto em Belo Horizonte, segunda maior taxa. O menor índice está na capital do Maranhão, São Luís, onde apenas 4% dizem que vão anular ou votar em branco, ou seja, menos de um quinto dos eleitores do Rio.

Pelo instituto Datafolha, que pesquisa um grupo mais restrito de capitais, Belo Horizonte teria um índice um pouco superior ao carioca, de 20% contra 19% do Rio. No resultado apurado no primeiro turno, a capital mineira encabeçou a lista das maiores taxas de votos em branco e nulo (21,48%) entre os 26 centros estaduais. O Rio ficou em terceiro, com 18,27%, atrás de Aracaju (20,91%).

O percentual de 22% eleitores que querem invalidar o voto é mais do que o triplo do verificado na última eleição que teve segundo turno, em 2008. À época, quando concorriam Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV), havia 7% de entrevistados que pretendiam votar em branco ou nulo - mesmo percentual de indecisos. Paes e Gabeira estavam empatados com 43%, segundo o levantamento do Ibope divulgado na quarta-feira antes do domingo de votação.

O aumento de 15 pontos percentuais de preferências por opções inválidas, entre os segundos turnos de 2008 e deste ano, caso fosse convertido em intenções de voto para Freixo, seria suficiente para levar o candidato do Psol a um empate técnico de 44% a 46% com Crivella. Ou na mesma hipótese extrema, mas inversa, levaria o concorrente do PRB a 61% contra 29% de Freixo, o dobro.

Ambos adversários têm defendido na propaganda gratuita em rádio e TV que os eleitores não anulem ou votem em branco. O chamado alheamento eleitoral, que inclui ainda as abstenções, no entanto, deve chegar a níveis recordes nesta disputa. No primeiro turno, entre as capitais, o Rio de Janeiro registrou o maior percentual de eleitores que deixaram de comparecer às urnas: 24,28%, à frente de Porto Alegre, com 22,51%, e São Paulo, com 21,84%. O significado político das abstenções é menos preciso, pois altas taxas podem esconder um cadastramento desatualizado, que considera eleitores, por exemplo, que já morreram.

Ainda assim, um alheamento desse porte fez com que os votos válidos no Rio, no primeiro turno, representassem apenas 61,8% do eleitorado apto. Do total de 4.898.044 eleitores, 1.866.621 (38,2%) deixaram de escolher um candidato. É como se uma Fortaleza inteira de votantes - o quinto maior colégio eleitoral - ficasse fora da disputa pelo futuro prefeito. Caso se repitam os percentuais no segundo turno, e se mantenham as preferências apontadas pelo Ibope, Crivella se elegeria sendo o favorito de apenas 38% do eleitorado total.

O percentual pode ser ainda menor, já que o feriado de hoje, Dia do Servidor Público, aumenta o número de pessoas que deixam a cidade para viajar, elevando a abstenção. Há categorias que transferiram o feriado para segunda-feira para emendar com o Dia de Finados.

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