sábado, 12 de março de 2016

Ato deverá marcar ponto de partida do ‘desembarque’

• Ala oposicionista do partido acredita que haverá poucos focos de resistência e que maioria entregará cargos

Daniel Carvalho, Beatriz Bulla e Julia Lindner - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA –A convenção nacional de hoje será o ponto de partida do desembarque que o PMDB pretende fazer do governo da presidente Dilma Rousseff, avaliam líderes da legenda. A cúpula do partido já decidiu que o processo de abandono deve durar um mês, até que o diretório nacional do partido se reúna para sacramentar o rompimento com o Palácio do Planalto.

“Não vai ser definido amanhã (hoje) porque não está pautado. Vamos dar um passo adiante porque vamos submeter ao plenário uma proposta para decidir em 30 dias”, afirmou Eliseu Padilha, ex-ministro do governo Dilma e um dos principais articuladores do PMDB.

A decisão de estabelecer esta espécie de “aviso prévio para o governo” envolveu uma série de reuniões com o vice-presidente da República, Michel Temer (SP), os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), além do ex-presidente da República José Sarney (AP) – ele deverá ser escolhido presidente de honra do partido.

Além de não estar na pauta oficial da convenção, peemedebistas dizem querer evitar o desgaste de anunciar o desembarque e, na próxima semana, receber mais um ministério: a Secretaria de Aviação Civil, prometida à bancada de Minas Gerais em troca de apoio à recondução de Leonardo Picciani (RJ) à liderança do partido na Câmara dos Deputados.

Os peemedebistas querem também ter a garantia de que o “divórcio” será aprovado, apesar de acreditarem que terão apoio da maioria do diretório nacional do partido.

O PMDB tem atualmente, além da vice-presidência, seis ministérios sob seu comando – as pastas da Saúde, Ciência e Tecnologia, Minas e Energia, Agricultura, Turismo e também de Portos. Se o desembarque se confirmar, os ministros serão orientados a deixar as respectivas pastas.

Avaliação. A ala oposicionista do partido acredita que os focos de resistência serão pontuais, pois a maioria aceitará abrir mão do cargo tendo em vista a perspectiva de que Temer assuma como presidente da república, caso Dilma seja efetivamente derrotada no processo de impeachment no Congresso.

Ao longo dos próximos 30 dias, a orientação é não intervir no processo de decomposição do governo. Dessa forma, os parlamentares deverão ser oficialmente liberados pelo partido para não votar de acordo com os interesses do Planalto. /

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