quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Opinião do dia – Bernardo Mello Franco

A cartilha também diz que "no fim da linha está o objetivo de cassar o registro do partido, como ocorreu em 1947 com o antigo PCB". A comparação ofende a memória dos comunistas da época, como Jorge Amado e Carlos Marighella. Eles foram perseguidos e cassados por suas ideias, não por receber pixulecos.
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Bernardo Mello Franco, jornalista. ‘A cartilha do PT’, Folha de S. Paulo, 12 de novembro de 2015.

Ilusões perdidas na crise

Brasileiros que ascenderam nas últimas décadas sentem os efeitos da crise. A perda de conquistas, que pode devolver 3 milhões às classes D/E, provoca desencanto entre os eleitores da presidente Dilma, relatam

Efeitos da crise: Adeus às conquistas

• No Norte e no Nordeste, reduto do lulismo, eleitores lamentam o retrocesso e culpam políticos

Tiago Dantas, Renata Mariz e Silvia Amorim- O Globo

BELÉM (PA), PETROLINA (PE), SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), JUAZEIRO (BA) e SÃO PAULO- Eles viram a vida melhorar nas últimas décadas. Na era Lula, experimentaram um inédito aumento do poder de compra. Adquiriram TVs, geladeiras, motos, carros, casa própria. Mas, agora, brasileiros que ascenderam socialmente sentem os efeitos da crise econômica e temem que a bonança tenha ficado para trás. Nos últimos dias, O GLOBO visitou dez cidades do Norte e do Nordeste do país e constatou como o desemprego e a inflação têm afetado a vida dessas pessoas.

A crise provoca um efeito político que fica evidente na conversa com eleitores. Representantes do lulismo e eleitores de Dilma Rousseff em cidades do interior de Pernambuco, Bahia e Piauí, onde a petista teve mais de 80% dos votos, dizem-se insatisfeitos com a presidente, embora alguns atribuam o agravamento do quadro à classe política como um todo.

Eles criticam o aumento dos preços e as mudanças nas regras de aposentadoria, e mencionam boatos sobre cortes no Bolsa Família — os cortes, até agora, só afetaram a verba de gestão do programa. A porcentagem de pessoas que avaliam o mandato de Dilma como ótimo ou bom na região caiu de 53%, no fim de 2014, para 10%, em agosto deste ano, segundo o Datafolha.

As regiões Nordeste e Norte devem registrar nos próximos dois anos ritmo maior de crescimento das classes D/E, segundo pesquisa da Tendências Consultoria. O estudo mostra que, até 2017, em todo o país, 3,1 milhões de famílias devem entrar para esse grupo, formado por quem tem renda média familiar mensal de até R$ 1.957. A maioria retorna da festejada classe C, que volta a minguar após a perda de bens e benefícios conquistados nos últimos anos.

— De 2004 a 2013 a gente teve um padrão de crescimento fortemente puxado pelos setores de varejo e serviços, conhecidos por empregarem a mão de obra de baixa qualificação. Só que a festa do consumo acabou, e esses setores estão puxando a derrocada para baixo agora — disse o coordenador da pesquisa, Adriano Pitoli.

Morador de São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, o pedreiro Dilton Ferreira dos Santos, de 50 anos, viu reduzir os trabalhos na construção civil que antes sobravam na região. Pela primeira vez desde 2012, está desempregado há mais de três meses. A trajetória de Santos se confunde com a de muitos nordestinos: depois de passar boa parte da juventude trabalhando na lavoura sem salário fixo, conseguiu empregos que pagavam até R$ 1.000 mensais a partir de 2010. Construiu casa, comprou TV, geladeira e uma moto, que guarda na sala, já que o imóvel não foi projetado para ter garagem.

Na Grande Belém (PA), drama parecido é enfrentado pelo também pedreiro Antonio Furtado Costa, de 44 anos. Morador de Ananindeua, ele adotou o seu próprio “ajuste fiscal”: aposentou o ventilador e trocou as lâmpadas. Mesmo assim, a conta de luz passou de R$ 35,78 em setembro para R$ 57,92 em outubro. Seus ganhos semanais, que chegavam a R$ 1,8 mil até o início deste ano, caíram para cerca de R$ 800.

— Antes, eu passava serviço para colegas para não deixar o cliente esperando. Agora, faço orçamentos, espero o cliente ligar, e nada.

Com ensino fundamental, Antonio fala com desenvoltura sobre o momento político. Diz que, desde o impeachment de Collor, só vota nulo, por “falta de credibilidade” dos candidatos. Apesar de o filho ser beneficiário do Bolsa Família, critica o governo e outros políticos, como Eduardo Cunha, presidente da Câmara:

— A gente é simples, mas não é besta.

3,1 milhões de famílias devem entrar nas classes D/E até 2017, revertendo conquistas da era Lula

8,7% Taxa de desemprego do trimestre encerrado em agosto. Maior número desde o início da análise, em 2012

10,9% Recuo da produção industrial entre setembro deste ano e setembro de 2014

8,5% Inflação acumulada de janeiro a outubro deste ano, maior índice desde 2003. Taxa deve terminar o ano em torno de 10%

Casa mais cara

Governo deve retirar subsídio ao seguro no Minha Casa Minha Vida, o que vai encarecer a prestação. 

Gasto maior à vista para mutuário do Minha Casa

• Governo pode deixar de subsidiar seguro habitacional do programa. Recursos do Fundo Garantidor acabaram

Geralda Doca - O Globo

BRASÍLIA- Com o aperto no Orçamento, o governo pode deixar de subsidiar o seguro habitacional para os tomadores de empréstimos do programa Minha Casa Minha Vida, o que vai encarecer a prestação para os beneficiários. Criado em 2009, o Fundo Garantidor da Habitação Popular (FGHAB) recebeu R$ 29,49 milhões do Tesouro Nacional no período e realizou 1.923.524 operações, mas o dinheiro acabou. A meta da terceira etapa do programa é de três milhões de moradias, que já ficariam sem o seguro subsidiado.

Representantes do Ministério da Fazenda no Conselho Curador do FGTS informaram que as chances de alterar a lei que criou o Fundo, a fim de ampliar o limite para novos aportes, são mínimas, diante do cenário econômico adverso. Assim, caberá ao tomador do empréstimo contratar o seguro no mercado ou fazer uma compra casada com a Caixa Econômica Federal, principal operador do programa.

Procurada, a Caixa confirmou, em nota, que o Fundo já atingiu dois milhões de contratos e que, caso o governo não altere o limite, o mutuário terá de arcar com o custo do produto. A instituição não informou qual seria o impacto do fim do subsídio nas prestações da casa própria. Disse apenas que o valor é definido pelo mercado.

Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, o custo do seguro é significativo porque incide sobre o preço total do imóvel. É diluído nas prestações e, se o governo deixar de subsidiálo, significa que o mutuário terá de arcar sozinho com o produto. Este varia de acordo com o valor do bem, a periodicidade e o risco do tomador: quanto maior a idade do mutuário, mais caro será o seguro.

— Todo o custo terá de ser arcado pelo mutuário. Significa que a prestação vai subir — destacou Oliveira.

A finalidade do Fundo é recuperar o imóvel em caso de danos físicos por causa natural e quitar a dívida em caso de morte ou invalidez do mutuário. Fontes do Conselho Curador lembram que, apesar de o governo ter elevado o limite do valor do imóvel e ampliado o montante do subsídio (desconto no contrato a fundo perdido), as condições para os tomadores na terceira fase do programa serão piores, porque as taxas de juros subiram substancialmente.

Realidade frustra projeções há 5 anos

Por Catherine Vieira e Flavia Lima – Valor Econômico

SÃO PAULO - O histórico mostra que a média das previsões dos analistas de fato nunca foi lá muito certeira. Mas desde o primeiro governo Dilma Rousseff observa-se um padrão pouco animador: ao fim de cada ano a realidade, tanto para a inflação quanto para atividade econômica, se revelou pior do que antecipavam os economistas no início de cada período.

Em 2015, ano que já começou com tom bastante pessimista, a dinâmica promete se repetir e já antecipa um início de 2016 com projeções consideravelmente negativas. Se os economistas consultados pelo Boletim Focus do Banco Central estiverem certos, a recessão em dois anos pode superar os 5% e a inflação encostaria em 17%. Um cenário que não se vê desde a virada de 2002 para 2003, devido às expectativas em torno da eleição de Lula. No caso da atividade, a comparação é ainda pior: não se vê uma recessão dessa magnitude desde 1930.

A questão que se coloca agora é se o padrão em 2016 vai repetir o que se verifica desde 2011 (ver quadro) - com os indicadores econômicos se mostrando ainda pior do que o antecipado - ou se voltará ao que se observava no período anterior, em que se alternavam frustrações das projeções para pior num ano, o que contaminava negativamente as expectativas, mas levava a realidade no ano seguinte a surpreender positivamente.

A má notícia é que não há quem se arrisque a endossar essa última possibilidade. Até mesmo os poucos economistas que resistiam a projetar o pior quadro até agosto ou setembro deste ano jogaram de vez a toalha e pularam para a ponta mais pessimista das projeções depois que o governo enviou ao Congresso o Orçamento deficitário para 2016 e perdeu em seguida o grau de investimento pela Standard & Poor's (S&P).

"Tinha algum grau de confiança para este ano de que o macro seria arrumado, de forma que chegaríamos no fim do ano com a sensação de que o pior já passou e seria mais fácil avançar na agenda estrutural", diz a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. O "divisor de águas" para a mudança de opinião foi o Orçamento com déficit em 2016 e a consequente perda do grau de investimento pela S&P, marcada pela falta de convicção do governo acerca do ajuste.

"Quando isso aconteceu eu virei a chave para outro cenário", afirma. No novo horizonte traçado por Zeina, é difícil ver o que virá pela frente e neste contexto, 2016, pode, sim, seguir o padrão dos últimos anos: "A inflação esperada começa com 7% e sabe-se lá como termina". Para horizontes maiores, ressalta ela, a incerteza é grande e o potencial de retração para o ano que vem, diz, "não é brincadeira", igual ou até maior que este ano.

Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, afirma que começou 2015 achando que a saída da crise seria mais lenta, mas que ela não seria tão profunda quanto em crises anteriores. Hoje, estima que o desajuste é profundo e a saída será muito mais demorada do que se imaginava, com recuperação apenas em 2017. Kawall começou o ano esperando alta de 0,3% para o PIB em 2015 e avanço de 1% em 2016, mas revisou as projeções para um quadro de queda de 3,4% e de 1,9%, respectivamente. Já a inflação medida pelo IPCA começou o ano estimada em 7,2% para 2015 e agora encosta em 10%; para 2016, saltou de 5,8% para 7,2%.

Além de um cenário de curto prazo mais negativo, Kawall vê chances reais de 2016 se revelar pior do que quadro que vem sendo desenhado pelos economistas. "Ao contrário do que se diz, os economistas do mercado tem sido sistematicamente mais otimistas do que a realidade".

Era exatamente dessa maneira que se portava o Bank of America Merrill Lynch (BofA). Até meados do ano, o chefe de economia e estratégia do banco, David Beker, tinha uma visão que ele mesmo chamava de "mais construtiva" sobre a economia. Em julho, ou seja, antes de o governo reduzir as projeções de superávit primário para este ano, Beker se alinhava ao mercado ao esperar queda de 1,8% para o PIB deste ano, mas mantinha alta de 0,7% do PIB em 2016 - enquanto o Focus já apontava alta mais modesta, de 0,3% e alguns já apostavam em queda superior a 1%.

Após a perda do grau de investimento, Beker revisou suas projeções para o PIB para queda de 3,3% neste ano e de 1,4% em 2016. E em outubro deixou de vez a postura mais comedida para se colocar na ponta mais pessimista do mercado: a expectativa é de um 2016 pior do que 2015, com contração de 3,5% do PIB no ano que vem.

Outro que não duvida dessa possibilidade é José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. Para ele, o fundo do poço para a economia - "se a gente entender isso como o nível mais baixo de PIB" - será atingido apenas no primeiro trimestre de 2017, em março.

Gonçalves espera queda de 3,3% para o PIB neste ano e de 2,1% para o ano que vem. Questionado se diante de um 2015 tão desafiador, o mercado não poderia importar um pessimismo exagerado para 2016, ele é taxativo: "Não dá para ser mais otimista para 2016 porque as razões que levam à queda do PIB neste ano permanecem".

Dentre essas razões, Gonçalves aponta pelo menos dois fatores que não estavam na conta no início de 2015 e devem continuar com desempenhos negativos: a forte contração do consumo e uma piora "brutal" do investimento. Levada pelo impacto da Lava Jato, queda dos investimentos da Petrobras, recuo dos desembolsos do BNDES e um programa de concessão que não deve sair do papel, a formação bruta de capital fixo (FBCF, a medida do que é investido na economia), deve recuar inéditos 17% em 2015, seguidos por outra retração de 11% em 2016.

Zeina, da XP, ressalta que a raiz da armadilha de recessão e inflação alta é a questão fiscal e que a sociedade vai ter que passar por um "teste de maturidade" e fazer escolhas. "Se não fizer ajuste fiscal, então teremos inflação alta e ficaremos sem crescer", diz.

Zeina conta que a todo momento se depara com clientes estrangeiros perguntando quando a economia brasileira vai estabilizar. A resposta é sempre, "não sei". Para sair disso, diz ela, o país precisa com urgência de uma agenda que contemple a realidade das contas públicas. "Por que se mexe no Fies, mas a universidade pública é intocável?", diz. "A política precisa dar essa resposta".

Um tanto mais otimista, Kawall, do Safra, já vê uma conscientização maior de que não é mais possível adiar essa agenda. "É possível dizer que está se construindo um consenso político em torno de propostas para agenda estrutural e essa é a saída para a crise", diz. (Colaborou Tainara Machado)


Base governista apoia Cunha após rompimento do PSDB

Abandonado pelo PSDB, Cunha recebe apoio de 13 partidos

• Líderes de bancadas aliadas a Dilma Rousseff divulgaram nota na qual defendem os prazos para a defesa do peemedebista

Adriano Ceolin, Daiene Cardoso e Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O PSDB formalizou nesta terça-feira, 11, seu rompimento com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dois representantes da sigla no Conselho de Ética dizem que votarão a favor da cassação do mandato do deputado acusado de ser beneficiário do esquema de corrupção na Petrobrás. Apesar do revés, Cunha recebeu o apoio de 13 partidos – 12 da base aliada e o Solidariedade –, que defenderem sua permanência no comando da Câmara.

Pela primeira vez, o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), subiu à tribuna para cobrar o afastamento de Cunha do cargo de presidente. Até então, entre idas e vindas, o partido havia apenas assinado uma nota sobre o assunto. Em reação ao pedido de afastamento defendido pelos tucanos, o líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), leu em plenário uma nota de apoio Cunha. O documento foi assinado por 13 partidos que representam mais de 230 parlamentares.

“Em nenhuma hipótese, a bancada do PSDB irá transigir com a ética exigida dos membros desta Casa, ainda que defenda uma causa nobre, como é o impeachment da presidente Dilma Rousseff” - Carlos Sampaio (PSDB-SP)

No documento, líderes de siglas como PR, PMDB, PSC, PP, PSD, PTB, Solidariedade, PEN, PMN, PRP, PHS, PTN e PT do B, dizem apoiar e ter total confiança na condução dos trabalhos de Cunha na presidência da Casa. “As denúncias apresentadas seguirão o curso do devido processo legal, onde haverá condição de defesa e julgamento por instâncias próprias e o princípio da presunção da inocência.”

Moura afirmou que ninguém pode ser condenado de forma antecipada e que o caso de Cunha não pode ser politizado. “Eventuais disputas políticas não podem prevalecer para paralisar o funcionamento da Casa no momento em que o País exige e espera que a Câmara dos Deputados delibere as matérias que o Brasil precisa para retomar o crescimento”, afirmou.

Segundo Moura, o grupo procurou o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), para que os petistas apoiassem o documento. Ele afirmou que a nota chegou a ser encaminhada a Guimarães, mas os petistas não haviam se posicionado até o fechamento desta edição. “Se o PT resolver assinar mais para frente, será ótimo”, disse.

Pressão. O líder do PSDB afirmou que vai esperar a apresentação da defesa de Cunha no Conselho de Ética para definir uma posição sobre a possibilidade de pedir a cassação do mandato dele. Ele garantiu a permanência dos tucanos Betinho Gomes (PE) e Nelson Marchezan Júnior (RS). Nos bastidores, os dois já adiantaram que votarão a favor da cassação de Cunha. Por ora, contudo, não irão se manifestar publicamente. O DEM e o PPS devem seguir o posicionamento dos tucanos.

“As denúncias apresentadas seguirão o curso do devido processo legal, onde haverá condição de defesa e julgamento por instâncias próprias e o princípio da presunção da inocência (...) Eventuais disputas políticas não podem prevalecer para paralisar o funcionamento da Casa” - Documento de apoio a Cunha assinado por líderes de 13 siglas

Apesar das críticas mais enfáticas a Cunha, o PSDB ainda espera que ele delibere a favor da abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. No seu discurso na tribuna, Sampaio usou toda a segunda parte de sua fala para defender um processo de afastamento da presidente.

O presidente da Câmara comprometeu-se a tomar uma decisão sobre impeachment até o fim deste mês. A aliados, Cunha demonstrou irritação com o PSDB. Integrantes do partido já temem sofrer retaliação, com a perda de relatorias de projetos relevantes. Como presidente, Cunha tem o poder de indicar nomes e, ao longo do ano, prestigiou o PSDB.

Outro receio dos tucanos é que Cunha desista de prorrogar a CPI do BNDES, comissão que tem causado dor de cabeça ao governo. Nesta quinta-feira, deve ser aprovada a convocação do ex-secretário do Tesouro Arno Augustin, que teve papel relevante no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. O PT aceitou chamá-lo em vez de convocar o pecuarista José Carlos Bumlai, que é ligado ao ex-presidente Lula.

Cunha afirmou que a posição do PSDB “não altera em nenhuma vírgula” sua posição sobre os pedidos de impeachment. “Não tenho prazo determinado e jamais o farei sob pressão. Minha decisão será dada de forma técnica”, disse.

Oposição racha, e base apoia Cunha

A decisão do PSDB de pedir o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, levou a um racha na oposição. Ontem, líderes de 12 partidos, entre eles cinco da base governista, deram “total apoio” a Cunha.

Cunha recebe o apoio de 12 partidos

• Aliados do deputado reagem ao abandono da oposição, mas são menos que metade da Câmara

Isabel Braga, Chico Góis, de Maria Lima Letícia Fernandes- O Globo

BRASÍLIA- Depois do abandono dos principais partidos da oposição, os aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se mobilizaram ontem para dar uma demonstração de força em plenário. Conseguiram o apoio de 12 partidos, mas que não representam metade da Casa. Em fevereiro deste ano, Cunha foi eleito presidente da Câmara, logo no primeiro turno, com a maioria absoluta dos votos da Câmara.

O manifesto em apoio à Cunha foi proposto pelo líder do PSC, André Moura (SE), um dos aliados mais próximos do presidente, e apoiado por líderes de partidos da base aliada que costumam frequentar os almoços na residência oficial, como PMDB, PSD, PP, PR e PTB. Da oposição, mantém-se fiel a Cunha apenas o Solidariedade. A principal incógnita do apoio a Cunha continua sendo o PT, que não assinou o manifesto e tampouco saiu a público criticando o presidente.

— Aqui são mais de 230 deputados representados por seus líderes que ratificam a confiança na condução de Cunha — disse Moura.

Assim que ele acabou de falar, Rodrigo Maia (DEM-RJ) o corrigiu, dizendo que eram 231, dando seu apoio ao documento

No Conselho de Ética, o PT tem três deputados e poderá ser decisivo para dar continuidade ao processo contra o presidente da Câmara por quebra de decoro parlamentar. Aliados de Cunha avaliavam ontem que o PSDB, ao romper com o presidente da Câmara o jogou “no colo” do PT, e que o jogo se inverteu: o PT poderá ajudar Cunha no conselho e, em troca, ele não dar andamento ao pedido de impeachment de Dilma Rousseff. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido que mais importante que derrubar Cunha, é garantir a governabilidade de Dilma.

Os petistas do conselho, no entanto, garantem que não há pressão sobre o voto a ser dado no próximo dia 24, quando o relatório do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) será apresentado aos deputados. Zé Geraldo (PTPA) mantém a disposição de votar para continuar o processo e Valmir Prascidelli (PT-SP), quer esperar o relatório, mas diz que entende que há elementos para aprofundar as investigações.

— Não houve gestão sobre o voto. Vamos avaliar o processo — afirmou Prascidelli.

O líder do PT, Sibá Machado (AC) insiste que os conselheiros terão liberdade para votar:

— Acho errado pressionar os membros do Conselho de Ética. Eles vão agir conforme suas convicções.
Além de ratificar o apoio a Cunha, o manifesto defendeu a continuidade das votações na Câmara, o que é a principal preocupação do governo. Segundo o texto, mais importante que “eventuais disputas políticas” neste momento de crise econômica, é a Câmara votar.

— A oposição mudou de posição porque Cunha mudou o posicionamento em relação ao impeachment. O PR assina a nota, mas dará a seus membros no conselho toda autonomia — garantiu o líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL).

— Respeito o posicionamento do PSDB, mas se todo mundo romper com ele, o que será dessa Casa? Vamos tirar do presidente o direito de se defender? — justificou Rogério Rosso (DF), líder do PSD.

A decisão do PSDB de romper com Cunha foi tomada em reunião na noite da última segunda-feira, na qual a maioria foi a favor do afastamento de Cunha.

— Não elegemos o Eduardo Cunha. Ele nos ofereceu, às claras, um espaço legítimo que cabia à oposição, relatorias da reforma política e nas comissões. Veio a denúncia, demos o tempo para que viessem as provas e que ele se defendesse. Mas a defesa foi absolutamente insatisfatória e nós não seremos sócios desses delitos — disse o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).

Na Câmara, de forma meio envergonhada, sem citar enfaticamente a defesa do afastamento de Cunha da presidência da Câmara, o PSDB focou suas críticas ao peemedebista nas explicações apresentadas por ele para os recursos que mantém no exterior.

Cunha minimiza rompimento e lembra que PSDB não o apoiou para cargo

Débora Álvares – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Ao se posicionar publicamente sobre o distanciamento do PSDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou, ao fim da tarde desta quarta-feira (11), irritação e defendeu o direito de cada sigla "se posicionar como quer", contestando ainda o fato de tucanos serem seus aliados. Contra isso, argumentou que o partido apoiou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) nas eleições para a Presidência da Câmara no início deste ano.

"O PSDB não me apoiou na minha eleição de presidente. Inclusive teve um candidato, o Júlio Delgado, que está investigado na Lava Jato. Cada um tem o direito de se posicionar como quer. Não me cabe criticar", afirmou em entrevista à imprensa e completou: "Se eu tiver que criticar quem ficar contra mim, também vou ter que aplaudir cada um que ficar a meu favor".

Além de destacar o fato de o PSDB ter apoiado Júlio, Cunha alegou impedimento do deputado de participar de seu processo de cassação no Conselho de Ética. Delgado é membro da comissão que julga ilícitos de parlamentares e já declarou voto em desfavor do peemedebista.

"O candidato que o PSDB apoiou para presidente da Câmara, investigado na Lava Jato, é autor da representação contra mim e também é julgador, que é uma coisa que também deve ser questionada, não pode ser autor e julgador. Provavelmente os advogados irão fazê-lo (questioná-lo). O PSDB deveria falar do seu candidato", afirmou Cunha.

O presidente da Câmara se refere ao pedido de cassação apoiado por Delgado protocolado na Corregedoria da Câmara.

Cunha afirmou ainda que sua posição em relação ao impeachment de Dilma Rousseff não muda em nada com a postura do PSDB. "Não tenho prazo para fazê-lo. Minha decisão vai ser dada de forma técnica, baseada em razões técnicas".

Os tucanos já haviam manifestado, em nota divulgada há algumas semanas, posicionamento pelo afastamento do peemedebista da presidência da Casa. Contudo, nesta quarta, foram mais incisivos. Eles evitavam um embate direto com Cunha para não inviabilizar o impeachment. A avaliação, contudo, é que, para se salvar da cassação do mandato, o presidente acabou se aliando ao governo.

Em jantar, Levy 'foi massacrado', diz senador Jucá

Por Vandson Lima, Andrea Jubé e Fábio Pupo – Valor Econômico

BRASÍLIA - O ministro Joaquim Levy insistiu anteontem, em jantar com senadores, que as medidas de ajuste fiscal formam o "caminho natural" para a retomada do crescimento da economia e defendeu a recriação da CPMF. O encontro, organizado na casa do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), foi duro para o ministro. Levy ouviu calado quase duas horas de críticas de senadores da base aliada e da oposição à política econômica. Nenhum deles - nem mesmo os cinco petistas presentes - saiu em sua defesa. "Levy foi massacrado", disse Romero Jucá (PMDB-RR).

Governistas se calam em jantar de ataques a Levy
Em sua peregrinação pela aprovação de medidas do ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy insistiu anteontem, em jantar com senadores, que estas formam o "caminho natural" para a retomada do crescimento da economia e afirmou que a recriação da CPMF é a "âncora fiscal" para garantir o reequilíbrio das contas públicas.

O encontro, organizado na casa do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), foi árduo para o ministro. Levy ouviu calado quase duas horas de críticas de senadores da base aliada e da oposição à política econômica. Nenhum senador, nem mesmo os cinco petistas presentes, saiu em sua defesa. Ele não quis responder se poderia deixar o cargo em um futuro próximo.

"Levy foi massacrado", definiu o senador Romero Jucá (PMDB-RR). "Ele ficou ouvindo duas horas de massacre e no final defendeu o ajuste fiscal. Os senadores disseram a ele que a CPMF não passa porque só aumento de imposto não adianta, são necessárias medidas estruturantes", relatou. Segundo outros senadores presentes, partiram de Tasso Jereissati (PSDB-CE), Blairo Maggi (PR-MT) e Roberto Requião (PMDB-PR) as críticas mais contundentes ao ministro.

Em linhas gerais, os senadores reclamaram que a política restringe-se a "cortes e impostos", sem expectativa de futuro.

Em sua manifestação, Maggi ponderou que todas as medidas que Levy pediu ao Congresso na primeira fase do ajuste foram entregues, mas a economia não respondeu e ele fez novas demandas. Num complemento à fala de Maggi, o senador Reguffe (PDT-DF) observou que "não adianta vento bom se a nau não tem rumo". Roberto Requião disse que gosta "pessoalmente" de Levy, mas que detesta a sua política econômica.

Nenhuma liderança governista, nem senadores do PT, saíram em defesa de Levy. Compareceram o líder do governo, Delcídio Amaral (PT-MS), o líder do PT, Humberto Costa (PE), e os senadores Walter Pinheiro (BA), Gleisi Hoffmann (PR), Jorge Viana (AC) e Lindbergh Farias (RJ), da bancada petista.

Após ouvir as intervenções, Levy disse que a CPMF é necessária para garantir uma receita extra de R$ 32 bilhões, e que também poderá reforçar os cofres de Estados e municípios. Observou que o nível de endividamento das famílias brasileiras é baixo e que após completado o ajuste nos moldes que defende, a economia responderá "naturalmente".

Convidado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), optou por um jantar com o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. Estiveram presentes 40 dos 81 senadores, sendo 11 do PMDB, que também levou o ex-presidente da República José Sarney.

Logo após circularem notícias sobre as dificuldades enfrentadas por Levy no jantar, o Ministério da Fazenda emitiu nota oficial em que o ministro agradece aos senadores pelos comentários feitos no jantar. "Obrigado pela oportunidade de ouvir o sentimento e avaliação de cada um e especialmente a receptividade com que fui brindado. O compromisso com o Brasil e o espírito de cooperação entre a mais alta liderança do país na busca de soluções nesse momento de tantas incógnitas foram as principais impressões que levei daqueles momentos", afirma o texto do ministro.

Ele aproveita para fazer mais uma defesa da segurança fiscal. Diz que é preciso garantia no curto prazo de receitas necessárias para o equilíbrio das contas públicas. Além disso, Levy cita a necessidade de reformas estruturais. "Os instrumentos mais habituais de estímulo à economia já foram usados à exaustão. Portanto, teremos que trabalhar para enfrentar questões estruturais, de forma a dar competitividade ao país", afirma o ministro, que defendeu ainda o enfrentamento da burocracia relacionada a impostos e ao ambiente de negócios que propicie a "modicidade dos juros".

Rumor faz dólar cair, mas Levy continua

O rumor de que Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, substituiria Joaquim Levy no Ministério da Fazenda agradou ao mercado e fez o dólar cair. O PT pressiona pela troca, mas a presidente Dilma resiste.

• Dilma resiste à pressão do PT por Henrique Meirelles

Duelo pela Fazenda

• Levy Reage em meio a rumores de que deixaria ministério. Dilma resiste ao nome de Meirelles

Martha Beck, Catarina Alencastro, Gabriela Valente, Eliane Oliveira, Simone Iglesias e João Sorima Neto - O Globo

BRASÍLIA e SÃO PAULO- Em meio a rumores de que a presidente Dilma Rousseff poderia trocar o comando do Ministério da Fazenda, o ministro Joaquim Levy acabou se envolvendo num duelo velado com o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, candidato de Lula e do PT para assumir a pasta. E o encontro entre os dois ocorreu justamente num evento de empresários, que, da plateia, mostraram seu favoritismo por Meirelles. Além do setor produtivo, também no mercado financeiro cresce uma espécie de torcida pelo nome de Meirelles para ocupar a Fazenda. Os rumores de uma substituição fizeram o dólar cair ontem. Meirelles atualmente é presidente do conselho da J&F Investimentos, holding que controla entre outras empresas a JBS.

Levy, que na véspera ouvira críticas de senadores da oposição e da base aliada num jantar oferecido pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), ontem acabou dividindo com Meirelles um mesmo painel no Encontro Nacional da Indústria (Enai). Levy, que trabalha para permanecer no cargo, defendeu o ajuste fiscal no evento dos empresários e fez questão de ressaltar que tem visões parecidas com as de Meirelles, indicando que uma troca no comando da Fazenda não mudaria a política econômica. Meirelles, contudo, ganhou pontos com o empresariado ao se manifestar contra a CPMF, defender o emprego e o crescimento.

Saída inevitável, mas não imediata
Fontes do Palácio do Planalto já admitem que a situação de Levy se deteriorou muito e consideram sua saída inevitável, mas não seria imediata, pois o ministro ainda teria como missão trabalhar pela aprovação da segunda etapa do ajuste fiscal no Congresso. Segundo fontes, a presidente Dilma não tem dado sinais de que irá substituí-lo antes desse prazo, mas cresce a pressão em torno do nome de Meirelles.

Ao discursar no encontro do Enai, Levy destacou que o primeiro passo para que a atividade econômica se recupere é o ajuste fiscal:

— A gente precisa de segurança fiscal. Ninguém vai colocar dinheiro se acha que a gente vai ter mais problema.

Já Meirelles, em discurso feito sob medida para agradar o setor produtivo e também o mercaLogo do, defendeu a necessidade do ajuste fiscal por meio do corte de gastos, mas disse que a CPMF “não é necessariamente um imposto positivo”, lembrando que existem diversas formas de tributação que são produtivas para a economia. Ele também ressaltou a importância de uma agenda para o crescimento e mostrou preocupação com o aumento do desemprego:

— Cada posto de trabalho perdido é gravíssimo — afirmou Meirelles.

Empresários que participaram do evento afirmaram ter preferido o discurso de Meirelles e disseram que, devido a sua experiência e passado político, preferiam vê-lo da Fazenda. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, fez duras críticas à política conduzida por Levy. O dirigente fez questão de dizer que não defende a saída do ministro, mas disse que o empresariado não quer apenas o ajuste fiscal e sim medidas para a retomada do crescimento. Ele foi aplaudido quando criticou a recriação da CPMF, proposta considerada essencial pela equipe econômica para o reequilíbrio das contas públicas:

— Não tenho comentário algum contra o Joaquim Levy como ministro da Fazenda. (...) Mas o que nós precisamos hoje é de alguém que mostre que o Brasil tem uma política econômica suficientemente boa para permitir o crescimento do país. E isso nós não temos visto no Ministério da Fazenda — afirmou Andrade.

Desde cedo, o grande assunto do Enai foi o possível embate entre o atual e o possível futuro ministro da Fazenda. Levy, que deveria discursar pela manhã, comunicou que não poderia comparecer no horário previsto, porque tinha uma reunião com parlamentares da Comissão Mista de Orçamento. Com isso, sua participação teve que passar para a tarde e acabou coincidindo com a de Meirelles. Levy chegou na hora do almoço e acabou sendo convidado a sentar numa mesa com o ex-presidente do BC e Robson Andrade. Como não havia mais tempo para a palestra de Levy, Meirelles cedeu parte de seu tempo para que o ministro dissesse algumas palavras iniciais.no começo da fala, Levy destacou as afinidades com Meirelles.

— Temos afinidades de pensamento. Concordo com tudo o que ele vai dizer (Meirelles). Trabalhamos juntos — disse, se referindo ao tempo em que ocupava a secretaria do Tesouro e Meirelles chefiava o BC.

Perguntado se havia recebido algum convite para assumir a Fazenda, Meirelles disse que não recebeu nada “concreto”:

— Não há convite concreto e eu, como disse, não comento especulações, nenhum tipo de hipótese. Eu não sei o que as pessoas estão pensando ou decidindo.

Dilma é contra articulações
Meirelles disse que segue a vida normalmente e procura colaborar com todos os setores como teria feito com a palestra para a indústria. Questionado se faria algo diferente de Levy, ele se esquivou:
— Por causa desse barulho todo que está acontecendo, eu prefiro não responder. Uma postura adequada e correta é que eu evite comentários específicos.

Segundo fontes do governo, a presidente Dilma Rousseff não gosta das articulações em torno do nome de Meirelles e atribui, em conversas reservadas, esses movimentos ao próprio ex-presidente do BC. Assessores da presidente citaram as conversas com o mercado e as demonstrações de que ele seria o candidato de Lula como motivo de constrangimento. Outra crítica é em relação a notícias de que Meirelles estaria condicionando seu ingresso no governo a superpoderes.Um ministro atribuiu os boatos da saída de Levy ao próprio Meirelles:

— Marola. Meirelles fica espalhando boato para colar e Levy se desgastar e sair.

No encontro da indústria, Meirelles reagiu com tranquilidade a uma pergunta sobre a resistência da presidente Dilma ao seu nome. Disse que a relação com a presidente é boa e lembrou que trabalhou com Dilma quanto ela comandava a pasta de Minas e Energia e da Casa Civil.

— Sempre tivemos uma relação cordial e tranquila com convergência e divergências de ponto de vista, o que é normal.

Procurada, a assessoria de imprensa de Meirelles negou que ele esteja fazendo qualquer tipo de articulação política. Segundo a assessoria, Meirelles sempre tem e teve bons contatos com políticos.

Marina diz que Brasil elegeu presidente sem plano de governo

Bela Megale – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva, idealizadora do partido Rede Sustentabilidade, fez críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff destacando que não há um plano definido para tirar o Brasil crise econômica e defendeu a necessidade de definir uma agenda para o país.

"O governo tem um plano, o partido da presidente tem outro e o partido do vice-presidente (Michel Temer) tem outro plano. São três planos econômicos em curso", disse ela em entrevista ao jornalista Roberto D´Avila no canal GloboNews nesta quarta-feira (11).

"E o (plano) do governo não é do governo, é apenas do ministro da Fazenda. Como se ele tivesse se autonomeado", emendou Marina, referindo-se ao ministro Joaquim Levy que, apesar de permanecer no cargo, enfrenta grande resistência do PT e suas principais lideranças, como o ex-presidente Lula.

Marina, que foi candidata à presidência em 2014 ficando em terceiro lugar, também criticou o que chamou de "partidarização e fulanização de conquistas" ao defender que o Brasil não estaria vivendo a crise em que se encontra hoje se tivesse passado por uma alternância de poder.

"Não posso ter um projeto de país que só funciona comigo. Isso é partidarização e fulanização da conquistas". A ex-senadora comparou a situação atual com o final do segundo mandado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o primeiro ano de governo de Lula (PT), em 2002.

"Ali tivemos uma sinalização interessante. Não vamos fulanizar o Plano Real, ele é uma conquista da sociedade brasileira. Qual era o próximo passo? Não vamos fulanizar o Bolsa Família, ele é uma conquista da sociedade brasileira".

A ex-senadora também afirmou que o país elegeu uma presidente "sem plano de governo", que tinha "apenas peças de marketing".

Marina defendeu os ex-presidentes "Fernando Henrique sociólogo" e "Lula operário" devem dialogar no sentido de demonstrarem que estão preocupados não só "em apenas promover seus partidos" e "liderança pessoal". "Às vezes aquilo que nós processamos em palavras precisa ser concretizado em atos de humildade", disse ela.

Questionada se aceitaria assumir o papel de fazer um elo entre PT e PSDB por transitar entre lideranças das duas siglas, a ex-senadora afirmou não ter essa pretensão. "As coisas estão muito polarizadas. Por isso, acho que o empoderamento correto seria o da sociedade", enfatizou.

Marina lembrou que a última vez que se encontrou com Lula foi quando ele estava fazendo um tratamento de quimioterapia para se curar de um câncer de laringe. No entanto, disse que "esse é o momento que que ninguém tem o direito de dizer que não se dispõe ao diálogo".

Mais uma vez a ex-senadora criticou o atual sistema político brasileiro dizendo que não há mais condições de "continuamos com esse esse presidencialismo de coalizão que virou de confusão e agora já é de desmoralização".

Marina Silva defende o diálogo entre FH e Lula

• Em entrevista, líder da Rede critica desencontro entre Dilma, PT e PMDB

- O Globo

A ex-senadora Marina Silva, líder da Rede, saiu em defesa do diálogo entre os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva para buscar soluções para a crise econômica. Marina foi entrevistada pelo jornalista Roberto D’Ávila, em seu programa que foi ao ar ontem na GloboNews.

— As lideranças políticas do país têm que ter uma curva de aprendizagem. Se foi possível ao Fernando Henrique manter diálogo com o Antônio Carlos Magalhães, e o Lula manter diálogo com o Sarney, com o Collor, com o Renan Calheiros, com o Eduardo Cunha, por que não é possível o diálogo entre o Fernando Henrique sociólogo e o Lula operário? Esse é o momento de cada um daqueles que já cumpriram a sua função darem as mãos ao Brasil. Esse não é o momento de apenas promover o nosso partido, a nossa liderança pessoal — disse Marina. 

"É preciso uma agenda clara"
A líder da Rede também criticou a falta de entendimento entre a presidente Dilma Rousseff, o PT e o PMDB, partido do vicepresidente Michel Temer, sobre o melhor programa econômico capaz de tirar o Brasil da crise.

— É preciso uma agenda clara para que as pessoas digam: nós vamos pagar um preço por um certo tempo, mas aqui tem uma agenda. Nós vamos sair da crise maiores e melhores — afirmou Marina. — Não podemos ter uma situação em que o Brasil já perdeu o índice de investimento por uma agência, corre o risco de perder outro, e enquanto isso, o governo tem um plano, o partido da presidente tem outro plano, e o partido do vice tem outro plano. São três planos econômicos que estão em curso. E o plano do governo é apenas do ministro da Fazenda, como se ele tivesse se autonomeado.

Segundo Marina, a falta de credibilidade da classe política dificulta o apoio popular às medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo.

— Onde está a preocupação de recuperar a credibilidade do país? Primeiro, se você está no governo, seja o partido da presidente ou do vice, não tem que ficar fazendo manifesto. Você tem que discutir e apresentar projetos.

PSDB diz que cartilha do PT é 'vergonhosa'

• Publicação afirma que esquema de corrupção revelado na Lava Jato teve origem no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso

Valmar Hupsel Filho - O Estado de S. Paulo

A Executiva Nacional do PSDB afirmou ser “vergonhosa” a iniciativa do PT de, a pretexto de “defender o indefensável”, atacar instituições e a oposição na cartilha distribuída a partir desta quarta-feira à militância. “Chega a ser vergonhosa mais essa iniciativa do PT que, a pretexto de se defender do indefensável, acusa e afronta a própria democracia brasileira ao atacar nossas instituições, seus representantes, e a oposição”, afirmou o PSDB em nota divulgada na noite desta quarta-feira, 11.

No documento elaborado para fundamentar militantes petistas com argumentos de defesa às denúncias de coprrupção contra integrantes do partido, o PT acusa a força-tarefa da Operação Lava Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e setores da imprensa de agirem deliberadamente, com base em mentiras, para “eliminar o partido da vida política brasileira”.

Com 34 páginas, a cartilha afirma que o esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato teve origem no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. E acusa o ex-presidente de “engavetar” as denúncias.

O PT incluiu na publicação tabelas mostrando valores de doações de empresas investigadas pela Lavga Jato ao PSDB. Segundo o PT, as 17 empreiteiras investigadas doaram R$ 619 milhões ao PT e às campanha de Dilma Rousseff e R$ 601 milhões ao PSDB e à campanha de Aécio Neves em 2014.

“Se a origem das doações é a mesma, por que criminalizar apenas as contribuições ao PT?”, questiona o documento.

“As 17 empresas investigadas na Operação Lava Jato não têm contratos apenas com o governo federal, mas com governos estaduais e prefeituras controladas pelo PSDB e outros partidos. Por que investigar e criminalizar somente e relações dessas empresas com o PT?”. A cartilha cita ainda que outros partidos “incluindo os moralistas mais hipóicritas: PPS, DEM e Solidariedade” também receberam recursos destas empresas.

O texto cita como contraponto o caso de São Paulo. “Governado há 22 anos pelos tucanos, São Paulo é o paraíso das doações empresariais. Diferentemente do que ocorre em nível nacional, em que as contribuições são equilibradas entre PT e PSDB, em São Paulo os tucanos receberam 2 vezes mais dinheiro do que os candidatos do PT nas eleições de 2010 e 2014”.

Na nota divulgada nesta quarta, assinada pela Executiva Nacional, o PSDB afirma que melhor faria o PT se concentrasse suas energias em explicar à sociedade brasileira o conjunto de delitos e responsabilidades que lhe são imputados. “O PSDB se posiciona em defesa do aprofundamento das investigações da operação Lava Jato que, inclusive, já levou à condenação do tesoureiro do PT, conclui a nota.

PT atiça o formigueiro

Fernando Canzian – Folha de S. Paulo

O jogo duplo entre o PT de Dilma e Eduardo Cunha, visto como necessário para barrar um processo de impeachment no Congresso, está embaralhando a sociedade, os movimentos sociais e partidos que ainda dão sustentação à presidente pior avaliada do país.

A liderança do governo Dilma no Congresso patrocinou nesta quarta (11.nov.), dentro de seu próprio gabinete, a redação de documento dos partidos governistas ratificando "total apoio e confiança" a Eduardo Cunha. Até ontem, vale lembrar, o PSDB também sustentava Cunha.

No domingo, o presidente da Câmara foi alvo central, em nove Estados, de manifestações comandadas por entidades ligadas ou simpáticas ao PT (como CUT e MTST). As lideranças também criticaram a própria Dilma ao demandar a saída de seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Nos últimos dias, caminhoneiros bloquearam estradas em 14 Estados pedindo a saída imediata de Dilma da Presidência.

Houve também manifestações de mulheres (e homens) contra Eduardo Cunha em várias cidades (há outra prevista para esta quinta, às 17h, no Masp).

Nesse caldo, CUT, MTST e movimentos espontâneos como dos caminhoneiros e das mulheres podem acrescentar o que faltou neste 2015 à "tempestade perfeita" prevista por analistas no início do ano.

A partir de uma reivindicação específica (o não aumento das tarifas de ônibus), o Brasil perdeu completamente a paciência em junho de 2013 e colocou para fora todas as suas frustrações. A ponto de tentar invadir o Congresso, sede de governos e de literalmente pôr fogo no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

Em 2013 a situação econômica era muito melhor do que a atual. O país fechou aquele ano com a menor taxa de desemprego da série histórica (4,3%) e o PIB cresceu 2,3%. A inflação foi de 5,9%, abaixo do teto da meta do Banco Central.

Os protestos vieram mesmo com recordes no total de empregos com carteira assinada e aumentos na renda dos trabalhadores. Sintoma de que havia um mal estar profundo e difuso em relação a fatores inseparáveis do modo como o Estado toma e presta conta de suas ações perante a sociedade.

Agora, o PIB está caindo 3%, a inflação é de 10% e o desemprego caminha rapidamente para os dois dígitos. A renda média dos brasileiros sofre a maior queda desde 2003 e o varejo tem seu pior resultado em 15 anos.

2016 já está praticamente encomendado. E pode não ser muito diferente disso.

O comando do Brasil, de memória curta, parece simplesmente ter esquecido do que se passou há pouco mais de dois anos. Quando o Congresso foi sitiado e todos os políticos tiveram que se mexer rapidamente para aplacar um movimento que fugia completamente ao controle.

Com seus últimos movimentos, PT, CUT e MTST podem estar "dando ideias". E acendendo o fósforo que falta.

Protesto contra demissões termina em confronto com a PM

• Ato era contra desativação de unidade da Usiminas em Cubatão

Jaqueline Falcão - O Globo

-SÃO PAULO- Trabalhadores e policiais militares entraram em confronto ontem durante um protesto em frente à unidade da Usiminas, em Cubatão, na Baixada Santista, em São Paulo. A manifestação foi convocada por sindicatos para protestar contra a decisão da empresa de paralisar a produção de placas de aços planos na unidade. A desativação total das atividades na fábrica pode levar à demissão de até 8 mil empregados.

Em 29 de outubro, junto com o balanço do terceiro trimestre, a Usiminas anunciou que irá desativar gradualmente a produção da sua usina siderúrgica de Cubatão, a antiga Cosipa, como “medida de adequação à condição de mercado”. Um dos altos-fornos da unidade já havia sido desligado em maio. Em setembro, a empresa suspendeu a produção de chapas grossas usadas na produção de navios e máquinas pesadas. A previsão para a conclusão do processo de desativação da unidade é de três a quatro meses.

Grupo bloqueia entrada da fábrica
A Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) foi inaugurada em 1963 pelo presidente João Goulart. Em 1993, foi privatizada e passou a integrar o conglomerado da Usiminas.

A Usiminas vive uma acirrada disputa entre seus acionistas controladores — a japonesa Nippon Steel & Sumitomo e a ítalo-argentina Terniun. O anúncio da intenção de suspender a produção aconteceu no mesmo dia em que a companhia divulgou um prejuízo de R$ 1,04 bilhão no terceiro trimestre, depois de já ter registrado perdas de R$ 780,8 milhões no trimestre anterior. De acordo com a empresa, a queda nas receitas e as perdas decorreram de um declínio de 1,6% nas vendas de aço no mercado interno, e de uma retração de 35,8% nas vendas de minério de ferro.

Na manifestação de ontem, houve confusão quando um grupo de sindicalistas tentou impedir a entrada de ônibus que chegavam com funcionários para o trabalho. Eles tentavam convencer os trabalhadores a aderirem ao movimento.

A Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e até balas de borracha para dispersar as cerca de 300 pessoas que estavam no local. A cavalaria da PM também foi acionada. Dois sindicalistas foram detidos. Participaram do ato representantes de cerca de 50 sindicatos.

Após o confronto, houve um ato nas ruas da cidade com a presença da prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), que criticou a ação da PM. A prefeitura chegou a decretar ponto facultativo a partir das 11h para incentivar os moradores a participarem da manifestação.

A siderúrgica é uma das maiores empresas da cidade, com forte peso na arrecadação — só no ano passado, a Usiminas foi responsável pela entrada de mais de R$ 100 milhões nos cofres municipais. A empresa emprega trabalhadores de diversas cidades da Baixada Santista. Em nota, a empresa declarou que lamentava o descumprimento pelos sindicalistas de decisão da Justiça do Trabalho que, na véspera dera garantia de livre manifestação aos sindicalistas, desde que estes não impedissem o acesso dos empregados à fábrica.

Números

R$1 BI DE PREJUÍZO Resultado da Usiminas no 3º trimestre

8 MIL DEMISSÕES É o total de trabalhadores que podem ir para a rua se a fábrica de Cubatão fechar

Petrobrás faz 'última proposta' de acordo trabalhista a sindicatos

• Reajuste proposto, de 9,53%, é maior que os 5,73% da primeira proposta, apresentada em setembro

Antonio Pita - O Estado de S. Paulo

RIO - A Petrobrás informou nesta quarta-feira, 11, que, em reunião com as federações de petroleiros responsáveis pela greve da categoria, apresentou uma "proposta definitiva" para acordo trabalhista. A estatal ofereceu reajuste de 9,53% nos salários e remunerações, além de manter benefícios e vantagens vigentes. A petroleira também indicou que aguarda "posicionamento favorável e encerramento das mobilizações."

"A companhia também se comprometeu a criar um grupo técnico, com representantes da Petrobrás, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos, para elaborar um relatório sobre itens constantes na Pauta pelo Brasil. O grupo deverá elaborar um relatório para análise da direção da empresa", afirmou a estatal em comunicado divulgado há pouco sobre a pauta política da Federação, que é contrária à venda de ativos e corte de investimentos.

A primeira proposta para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), apresentada em setembro, previa um reajuste de 5,73%. A empresa também propunha não rever os valores pagos para benefícios de alimentação e outros adicionais. No mês seguinte, a companhia propôs novo porcentual, de 8,11%. O valor da nova oferta apresentada hoje é equivalente à inflação acumulada em doze meses, segundo os sindicatos.

"Essa é a proposta definitiva da companhia e traduz o empenho máximo da empresa para atender às reivindicações dos empregados e seus representantes. A Petrobrás, diante dos avanços na proposta, aguarda um posicionamento favorável dos empregados e seus representantes e o encerramento das mobilizações promovidas pelas entidades sindicais", concluiu a nota da empresa.

Segundo a estatal, a proposta foi apresentada também à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne cinco sindicatos dissidentes da FUP. Ambas as federações informaram que ainda estão estudando os termos propostos pela Petrobrás para, então, emitir um parecer sobre a continuidade do movimento.

Portugal: PS terá de agradar a opostos

• Partido deverá conciliar expectativas de aliados radicais de esquerda, mercado e UE

Carolina Jardim - Globo

Após derrubar o governo de centro-direita do conservador Pedro Passos Coelho, o Partido Socialista (PS) enfrenta a difícil tarefa de agradar, ao mesmo tempo, a seus aliados da esquerda radical, ao mercado financeiro e à União Europeia (UE), provando ser possível romper com a política de austeridade sem pôr em risco a frágil recuperação econômica do país.

Liderados por António Costa, os socialistas se uniram ao Partido Comunista (PCP) e ao Bloco de Esquerda (BE) e, pela primeira vez em mais de 40 anos, conseguiram derrubar no Parlamento um governo de centro-direita recém-eleito. A coalizão de esquerda espera que o presidente Aníbal Cavaco Silva lhe dê o aval para a formação de um novo Executivo em breve, embora o conservador não tenha prazo determinado para fazê-lo.

Se Costa assumir como primeiro-ministro, ele terá rapidamente que apresentar o Orçamento de 2016 a Bruxelas, depois de Portugal perder o prazo no mês passado. Apesar de a aliança de esquerda prometer honrar os compromissos orçamentários assumidos com a UE, os investidores reagiram com desconfiança à queda de Passos Coelho — ontem, a agência de classificação de risco Fitch admitiu que poderia rebaixar a nota do país, citando a “instabilidade política”.

PS tenta barrar venda da TAP
O programa que põe fim à rota da austeridade será um teste para Portugal, que saiu somente no ano passado da crise da dívida e do programa de resgate internacional, após quatro anos de profundos cortes nos gastos públicos. Entre as prioridades dos socialistas estão restaurar os salários do setor público aos valores de antes dos cortes feitos durante a crise, aumentar as pensões públicas mais baixas, reintroduzir quatro feriados e aumentar o salário-mínimo.

Em uma medida que reafirma o compromisso com os comunistas de travar as privatizações, o PS moveu-se ontem para tentar reverter a venda da companhia aérea TAP — prevista para ser concluída em 12 de novembro — afirmando que a ação “seria contrária à posição da maioria do Parlamento”.

A aliança entre os três partidos de esquerda demandou concessões que, segundo o analista político Pedro Magalhães, da Universidade de Lisboa, resultaram num acordo mais sólido do que o esperado, apesar das diferenças ideológicas. A coalizão, no entanto, ficaria potencialmente ameaçada se os objetivos econômicos não forem alcançados, de acordo com o especialista.

— Do ponto de vista político, os partidos fizeram um acordo firme, sem esbarrar em assuntos que são incompatíveis para as legendas, como a continuação na zona do euro. Mas o principal risco é que, se o governo não conseguir alcançar o crescimento esperado, poderia ser forçado a aumentar os impostos, e dificilmente contaria com o apoio do PC e do Bloco de Esquerda, gerando um impasse — afirmou Magalhães ao GLOBO.

Presidente resiste a Costa
Boaventura Sousa Santos, professor da Universidade de Coimbra, destacou a proposta socialista como a ruptura de uma política de cortes “extremamente violenta que, nos últimos quatro anos, destruiu a classe média”. Ele chamou atenção, ainda, para uma mudança de perspectiva do próprio bloco europeu sobre o tema.

— A UE está passando por uma transformação no sentido de aliviar a política de austeridade — ressaltou Santos.

Para viabilizar um programa que visa, basicamente, a gastar mais sem prejudicar as finanças, o PS desistiu, por exemplo, de diminuir as contribuições para seguridade social, segundo Magalhães. O partido sustenta que medidas como o aumento do salário terão impacto nas receitas fiscais e no PIB.

Resistente à nomeação de um governo de esquerda, Cavaco Silva poderia exigir garantias adicionais aos dirigentes socialistas. Outra possibilidade é manter a coalizão de centro-direita no comando, limitada a um governo de gestão, até que novas eleições sejam convocadas. A realização de um pleito antecipado caberá ao próximo presidente, cuja eleição está prevista para janeiro.

Em referência velada à rasteira contra Passos Coelho — que amargou o governo mais curto da História do país, mas ainda não renunciou oficialmente — Cavaco Silva afirmou ontem durante uma premiação que, “no espírito científico, as disputas não são resolvidas pela força, mas pelo diálogo”.

Roberto Freire: O apagão científico do Brasil

- Diário do Poder

A grave crise econômica que abate o Brasil, agravada pela tremenda incompetência do PT e pelo desmantelo da corrupção, também afeta um setor determinante para o futuro de qualquer nação, mas que não parece atrair a atenção do governo de Dilma Rousseff. A área científica, capaz de mudar a realidade do país, é uma das que mais vem sendo penalizadas pela irresponsabilidade que marca a atual administração.

No intervalo de apenas um ano, entre 2013 e 2014, houve uma drástica redução no investimento destinado à ciência por meio dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, de R$ 2 bilhões para R$ 1,4 bilhão. Para piorar, enquanto a média mundial de investimento no setor é de 2,1% do Produto Interno Bruto, segundo dados de 2011 da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do Banco Mundial, o Brasil reserva apenas 1,2% de seu PIB à pesquisa e à inovação científica, ocupando um modesto 30º lugar em uma lista de países encabeçada pela Coreia do Sul (4%).

O descaso com que o governo lulopetista trata uma área tão crucial fica evidenciado quando se observa com atenção alguns dos maiores problemas enfrentados pelos profissionais da ciência nos últimos anos. Houve, por exemplo, redução de recursos dos fundos setoriais, voltados a áreas mais específicas, com transferência irrisória de recursos para a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), uma empresa pública criada com o objetivo de investir em ciência, mas que tem repassado verba cada vez mais escassa para a pesquisa científica.

Os novos editais que deveriam garantir o pleno funcionamento dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), criados em 2008 para desenvolver da pesquisa básica até os estudos mais avançados, não vêm sendo honrados porque é justamente a área científica aquela primeiramente atingida pelos cortes do governo em tempos de crise. Outro drama é vivenciado nos órgãos estaduais de ciência, duramente atingidos pela crise. No Rio de Janeiro, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado interrompeu momentaneamente a liberação de novos recursos, enquanto em São Paulo, apesar de não haver cortes, os institutos operam com apenas metade do número necessário de pesquisadores.

Infelizmente, há amplos setores do PT e do atual governo incapazes de enxergar a importância estratégica de o Brasil estar bem posicionado nesse campo. Prevalece entre eles uma visão dogmática, muitas vezes contaminada por matizes ideológicos, que encara o desenvolvimento tecnológico como uma ameaça aos trabalhadores, cujos empregos estariam em risco. Essa leitura anacrônica do mundo contemporâneo pode ser interpretada quase como uma espécie de “ludismo do século 21” – o que nos remete ao movimento ludista, datado do início da Revolução Industrial, quando trabalhadores quebravam as máquinas como forma de protesto contra a mecanização de suas atividades. Nos dias de hoje, trata-se, evidentemente, de uma visão obscurantista, infelizmente compartilhada por alguns setores mais reacionários e atrasados da esquerda, que se prendem ao passado e atuam contra o avanço da sociedade.

Se o Brasil quiser sair da crise e se desenvolver como nação, abrindo as portas para o desenvolvimento e se lançando com autonomia ao futuro, devemos enfrentar com urgência o apagão científico que o governo do PT deixa como um de seus mais perversos legados. Só nos libertaremos do atraso e nos firmaremos como uma sociedade plena de conhecimento, pronta para alcançar um novo patamar no cenário mundial, quando a ciência se transformar em absoluta prioridade. O futuro é agora e não pode mais esperar.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

José Serra: Bengalada no bom senso

- O Estado de S. Paulo

Há seis meses apresentei no Senado um projeto de lei complementar sobre servidores públicos. Qualifiquei-o de projeto ganha-ganha, pois, se fosse aprovado, seriam beneficiados os servidores, o governo e o País no seu conjunto. Caso interessante para os estudiosos da teoria dos jogos.

Meu objetivo foi ampliar os efeitos da chamada “PEC da Bengala”, iniciativa do senador Pedro Simon que foi aprovada pelo Senado em 2006 e finalmente ratificada pela Câmara dos Deputados em maio de 2015. Em essência, essa emenda aumentou de 70 para 75 anos a idade para aposentadoria compulsória dos servidores públicos. Ela previu que a medida se aplicaria de imediato aos ministros do STF, dos tribunais superiores e do TCU. Para os demais servidores, sua aplicação se daria na forma de lei complementar, cuja aprovação exige maioria absoluta das duas Casas do Congresso.
A ideia de Simon foi correta. Por que obrigar um ministro do STF, altamente qualificado e experiente, a aposentar-se aos 70 anos? Se ele prefere continuar no tribunal, apesar da possibilidade de ganhar como aposentado o mesmo que no serviço ativo, que continue.

No mesmo dia da promulgação da emenda Simon, apresentei o projeto de lei complementar (PLS 274/2015-Complementar) acima referido prevendo o aumento da idade para aposentadoria compulsória para todos os servidores públicos, nos três níveis de governo (União, Estados e municípios) e nas três esferas de poder (Executivo, Legislativo e Judiciário). O relator, senador Lindbergh Farias (PT), defendeu o projeto nas comissões e no plenário, mantendo o texto intacto. A aprovação foi tranquila e o PLS seguiu para a Câmara, onde foi ratificado por 9/10 dos votos.

Os deputados acrescentaram dois dispositivos aceitáveis, o Senado recebeu o projeto de volta, acolheu os acréscimos e o remeteu, então, à sanção da presidente da República.

Na exposição de motivos do projeto e nos debates que se seguiram, mostrei que o PLS 274 favoreceria os servidores públicos de duas formas. Primeiro, permitindo àqueles que, ao chegar aos 70 anos, não tivessem ainda completado os anos de serviço necessários à aposentadoria integral, pudessem avançar nessa direção. Segundo, permitindo que os servidores escolhessem entre se aposentar aos 70 anos ou continuar no exercício de suas funções até os 75. O desejo de continuar é frequente entre professores, pesquisadores, juízes, procuradores e várias outras categorias de profissionais do serviço público.

É evidente que o projeto beneficiaria, também duplamente, a administração governamental, pois reteria por cinco anos adicionais muitos servidores experientes, altamente qualificados, e permitiria economizar nas despesas com novos funcionários: segundo estimativas nossas, a economia seria de R$ 800 milhões a R$ 1,4 bilhão por ano ao longo dos próximos 55 anos. Isso somente no caso da União.

Só faltava, portanto, converter essa boa ideia em lei e correr para o abraço. Mas a presidente Dilma estragou a comemoração: segurou por um mês a sanção e, em vez de promovê-la, recorreu, na última hora, ao veto.

O veto presidencial alegou uma suposta apropriação pelo Legislativo de prerrogativas do Executivo, o único que poderia tomar iniciativa de leis sobre seu próprio quadro de funcionários. Um argumento beócio, pois 1) a partir da “PEC da Bengala” a aposentadoria aos 75 anos passou a fazer parte do sistema da Constituição; 2) o projeto de lei complementar, previsto pela PEC, em nada inovou, pois meramente estendeu aos demais servidores o que a Constituição já havia fixado; 3) o STF já havia reconhecido, em sessão administrativa de 7/10, que o PLS 274 não tinha vício formal, ou seja, de iniciativa; 4) finalmente, acredite se quiser: em 2014, a presidente Dilma sancionou sem vetos a Lei Complementar 144, iniciada no Congresso, que trata da aposentadoria do servidor policial.

É evidente que, dada a má qualidade do veto, ele deve ter tido outro motivo, não explicitado. Talvez fosse o argumento, também beócio, atribuído ao Ministério do Planejamento, de que o PLS 274 aumentaria as despesas do governo com a folha de salários. Temeram que durasse mais cinco anos o abono hoje oferecido a funcionários que já podem aposentar-se por tempo de serviço a fim de incentivar sua permanência.

Como consta do “pacote” fiscal apresentado em outubro, o governo pretende extinguir esse abono. Ora, ainda poderia fazê-lo mesmo que o PLS 274 tivesse sido sancionado, e não vetado. Ou, se fosse o caso, poderia ter solicitado a seus líderes no Congresso que fizessem emendas ao projeto durante sua tramitação. Nada mais comum: quando ocupei cargos no Executivo sempre acompanhei os projetos de interesse da minha área, procurando esclarecer e negociar soluções para eventuais divergências. Quase sempre deu certo.

Pode parecer surpreendente que a tramitação do PLS 274 tenha durado 142 dias e em nenhum momento o governo tenha criado qualquer óbice, sugerido qualquer ideia, por intermédio dos seus líderes no Congresso, como condição para a aprovação do projeto ou para que não exercesse o direito ao veto. Ao contrário, esses líderes, incluindo os petistas de carteirinha e de coração, apoiaram o PL274-Complementar em todas as suas etapas.

Convém esclarecer: só é “surpreendente” para quem não leva em conta uma das solenes e importantes antileis que norteiam o governo Dilma: “as facilidades devem ser transformadas em dificuldades; as soluções, em problemas; jamais perder a chance de dar um tiro no próprio pé”. A propósito, minha previsão é de que o veto será derrubado pelo Congresso até dezembro ou, no pior dos casos, no início do próximo ano.

Por fim, vai aqui uma hipótese psicológica simples para explicar o veto: a tentativa da presidente Dilma de mostrar que seu governo ainda existe ou que faz algo mais do que esforços frenéticos para evitar o impeachment. Além, é claro, da valentia épica (!) de derrubar, mesmo temporariamente, um projeto vindo da oposição que só faria bem a todos.

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José Serra é senador (PSDB-SP)

Jarbas de Holanda: Economia é que passa a turbinar cobrança para troca de governo

O desencadeamento de um impeachment presidencial – demanda unitária dos movimentos responsáveis por grandes manifestações de rua, refletindo reclamo semelhante da maioria do eleitorado conforme as pesquisas de opinião pública – foi posto em banho-maria. Por duas razões básicas. Primeira, o acerto antioperação Lava-Jato entre Lula e parte significativa do PMDB (os caciques do Senado, à frente Renan e Sarney, e a maioria da bancada fluminense na Câmara, envolvendo o chamado baixo clero também de outras legendas). Acerto que articulou reações para proteção, mútua, contra a Lava-Jato, bem como seus desdobramentos, com uma “reforma ministerial” destinada a preservar um governo Dilma recomposto sob o comando político do ex-presidente. E segunda razão, o avanço das investigações sobre recursos ilegais existentes no exterior (vinculados ao megaescândalo do petrolão) do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. As quais, incluindo a abertura de processo contra ele no Conselho de Ética da Casa, converteram-no de aliado do impeachment em refém do lulismo nesse processo.

Nesse contexto, são a extrema precariedade dos vários indicadores da economia em 2015 e, sobretudo, o cenário de reprodução deles por todo o ano de 2016, com risco de extensão em 2017, as variáveis que passam a afirmar os meios empresariais como maiores demandantes de uma troca de governo. Em face das evidências de que o atual – seja com a recuperação do controle pela presidente, seja com sua tutela por Lula – não tem, nem terá, condições de dar respostas, conjunturais ou estruturais, às crises fiscal e econômica, aos seus agudos efeitos sociais e às inevitáveis consequências políticas. E, muito menos, credibilidade junto aos investidores e demais agentes da iniciativa privada. Crises e efeitos a se agravarem ao longo do próximo ano, com o desemprego atingindo o patamar dos dois dígitos e a persistência da pressão inflacionária (que vai ampliando a reindexação dos preços em geral); com mais um PIB negativo, reprojetado entre -1,8% e -2%, após o deste ano que pode chegar a -3,5%; ademais de uma já esperada perda do grau de investimento do Brasil pelas duas restantes agências internacionais de risco.

3) E consequências políticas, puxadas pela da falta de credibilidade diante do conjunto dos agentes econômicos, que explicam a pauta de respostas a essas crises apresentada como proposta de novo programa do PMDB. De fato, não uma proposta para as disputas eleitorais de 2016 e 2018 (com um conteúdo de reformismo antiestatizante e liberal mais explícito que o do PSDB da campanha de Aécio Neves). Mas, a rigor, tendo em vista que o vice Michel Temer seja reforçado pelos diversos segmentos do empresariado como protagonista de novo comando do Palácio do Planalto, alternativo à ingovernabilidade (ou “desgovernança”, na expressão de Marina Silva) e a completa incapacidade da afilhada de Lula para tais respostas. Colocando-se como “a ponte para o futuro” próximo do país. A ser viabilizada via impeachment ou renúncia de Dilma. O que vem ganhando crescente respaldo de articulações e de manifestações empresariais explícitas. Que passam a pressionar o PSDB para apoiá-la.

Enquanto isso, na outra ponta do tabuleiro, de um lado a presidente trata centralmente de defender o mandato (da ameaça de que o Congresso confirme a rejeição das contas proposta unanimemente pelo TCU), e enredada por extrema dificuldade de aprovação de medidas básicas do mutilado ajuste fiscal, assim como para fechar as do enorme déficit fiscal deste ano, com o pagamento total ou parcelado de antigas e novas bilionárias pedaladas, entre outros sufocos administrativos e institucionais. E, de outro lado, Lula retoma o empenho para esvaziamento e substituição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Cujo curto “prazo de validade” (previsto em outubro pelo ex-presidente) está condicionado agora a uma avaliação do Planalto sobre o impacto que seu afastamento terá no mercado e nas agências de risco. Cálculo feito com a expectativa de que esse impacto já esteja “precificado”, e possa ser compensado pela escolha de um substituto com imagem semelhante. Mas que abra espaço para progressiva, e mais rápida possível, retomada dos estímulos ao populismo consumista do lulopetismo.

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Jarbas de Holanda, jornalista

Merval Pereira: De volta ao começo

- O Globo

O PSDB parece que voltou a fazer política de maneira mais consequente. Passada a fase de buscar a qualquer custo apressar o impeachment, agora vai retomar o seu caminho natural.

O rompimento com Eduardo Cunha e a negociação para pontos importantes do ajuste fiscal fazem parte dessa nova postura de oposição consciente. Ser a favor do impeachment da presidente Dilma — e há motivos claros para isso — não significa que se deva trabalhar para inviabilizar seu governo naquilo que concerne a questões do Estado brasileiro.

Aprovar a DRU (Desvinculação de Receitas da União), instrumento fundamental para o governo ter margem de manobra dentro do Orçamento e que foi criado pelo próprio PSDB para contornar a rigidez das verbas vinculadas, é perfeitamente aceitável. Aprovar a volta da CPMF, não.

O PSDB errou muito ao jogar todas as suas fichas no impeachment e, mais que isso, apostar que poderia encontrar atalhos para chegar a ele sem respeitar os prazos, pulando etapas.

Pressionado pelos movimentos de rua, os jovens deputados do PSDB — eles chamam “cabeças negras” contra “cabeças brancas” — foram muito afoitos achando que poderiam apressar o processo de impeachment da presidente Dilma, não entendendo que, com isso, estavam dando condições ao governo de denunciar um golpe.

Não há golpe, porque o instrumento democrático está previsto na Constituição, mas a partir do momento em que se quer encontrar caminhos mais curtos para chegar ao impeachment e, para isso, conta-se com o apoio de um político como Eduardo Cunha, completamente desacreditado mesmo antes de aparecerem as provas das contas ilegais na Suíça, é claramente um equívoco político.

Estava evidente desde o início que não valia a pena se aproximar tão efusivamente de Cunha, mesmo para alcançar um objetivo político maior, que é o afastamento da presidente Dilma.

Pouparam Eduardo Cunha imaginando que através dele poderiam chegar ao impeachment, e agora entenderam que ele apenas faz chantagem com o governo e com a oposição para tudo ficar como sempre esteve, enquanto ele tiver esse poder na mão, está garantido.

Até agora, quem se salvou foi só ele, e, em consequência, a presidente Dilma. Na sua atuação oposicionista, o PSDB fez um trabalho retórico correto. Não houve uma decisão do governo que merecesse crítica que não recebesse do presidente do partido, senador Aécio Neves, a devida contestação, em notas oficiais, entrevistas coletivas ou discursos no Senado.

A atuação parlamentar do PSDB melhorou muito de intensidade e qualidade neste ano, tanto no Senado quanto na Câmara. Mas errou na questão propositiva. A proposta de governo apresentada pelo PMDB, elaborada pelo Instituto Ulysses Guimarães, é uma peça muito bem feita que deveria ter sido produzida pelo PSDB, que teoricamente tem mais condições estruturais para apresentar à sociedade propostas alternativas, e está na oposição, ao contrário do PMDB, que é governo.

Mas foi o PMDB que saiu na frente, graças a um trabalho coordenado pelo presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o ex-ministro Moreira Franco. A tarefa da oposição é essa, apresentar alternativas ao governo que critica, e não ficar apenas pensando no fim do governo.

No afã de encurtar o mandato de Dilma, o PSDB ajudou a aprovar medidas que são verdadeiras bombas no Orçamento do país, medidas que os tucanos não podiam apoiar, como o fim do fator previdenciário. O paradoxo é evidente: enquanto o PSDB apoiou o fim do fator previdenciário, o PMDB em seu documento fez a proposta de idade mínima para a aposentadoria.

Todo o conjunto de ações para minar o governo da presidente Dilma acabou minando também a credibilidade do PSDB. Agora, o maior partido da oposição, que aparece em todas as pesquisas como o favorito para eleger o próximo presidente da República, tem que refazer seu caminho e começar tudo de novo.