segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Petistas cobram ‘agenda positiva’ e admitem falta de diálogo com a sociedade

• Aliados defendem que medidas do governo devem ser explicadas

Tatiana Farah – O Globo

SÃO PAULO — Sob o impacto da forte queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff, o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preparam uma ofensiva do partido na defesa do governo. A bancada petista deve ainda cobrar de Dilma uma “agenda positiva” e o empenho na interlocução com os partidos no Congresso e com movimentos sociais. O tema deve ser discutido em reunião da direção executiva do PT, na próxima semana, e pela bancada, nos próximos dias.

A direção quer que o partido e o próprio governo estabeleçam um diálogo com os eleitores, principalmente com os setores próximos da legenda, ressentidos com medidas, como o ajuste fiscal e as mudanças nas regras de obtenção de direitos, como o seguro-desemprego.

— Vamos intensificar a campanha de defesa do governo nas redes sociais e abrir cada vez mais o diálogo com os setores populares, os movimentos sociais. Precisamos explicar as medidas do governo — avalia Alberto Cantalice, vice-presidente nacional do PT.

Para o dirigente, a queda da popularidade de Dilma, de 43% para 23% (de ótimo e bom, entre dezembro e fevereiro), só será “dissipada com o esclarecimento da população”:

— Não adianta dar uma de avestruz.

Durante a reunião do diretório nacional e nos discursos de festejo dos 35 anos do PT, na última sexta-feira, a ordem já era de reação. Nos bastidores, os petistas criticam muito a incapacidade de diálogo do governo Dilma com os diversos setores da sociedade e com o Congresso. Debitam aos ministros de Dilma a derrota acachapante de Arlindo Chinaglia na disputa pela presidência da Câmara.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) critica o encastelamento presidencial:

— Falta uma boa comunicação das coisas que estão sendo feitas. O ajuste que Dilma está fazendo é bem menos forte que o de Lula, mas isso não fica claro. Tem que dizer de forma franca que são medidas necessárias, mas transitórias.

Dilma, por sua vez, não consegue agradar aos petistas mesmo quando participa das atividades do partido. Chegou a errar a idade do PT (de 35 para 37 anos), na última sexta-feira, e seu discurso, longo e sem apelo emocional, foi criticado pelos dirigentes.

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