sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

BC reduz previsão de crescimento do PIB em 2012 de 1,6% para 1%

A expectativa para o crescimento da produção industrial contribuiu para a piora da estimativa para o PIB geral, já que o setor deve registrar queda de 0,5% neste ano

Célia Froufe e Eduardo Cucolo

BRASÍLIA - O Banco Central revisou para baixo sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, de 1,6% para 1,0%. A informação foi divulgada há pouco pela autoridade monetária por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). De acordo com o BC, a nova estimativa incorpora os resultados divulgados pelo IBGE para os três primeiros trimestres deste ano e as estatísticas disponíveis sobre o terceiro trimestre do ano.

A expectativa para o crescimento da produção industrial contribuiu para a piora da estimativa para o PIB geral, já que o setor deve registrar queda de 0,5% neste ano, ante previsão anterior de recuou 0,1%. Dentro desse item, vale destacar construção civil, que deverá crescer 1,9% ante expectativa anterior de expansão de 2,5%; e a indústria extrativa, que deve cair 0,5% de uma projeção de alta de 0,8% antes.

O BC reduziu também sua previsão para o crescimento do setor de serviços neste ano de 2,2% no relatório anterior para 1,6%, no documento divulgado há pouco. Nessa área, as principais revisões foram para as atividades de intermediação financeira (queda de 2,1 ponto porcentual entre um relatório e outro), comércio (-0,8pp) e transportes (-0,8pp).

Apesar de ter melhorado a projeção para o setor agrícola em relação a setembro, o BC projeta um recuo de 1% em 2012 para este ramo de atividade - a estimativa anterior era de queda de 1,4%. A melhora, conforme a autoridade monetária, está associada, principalmente, ao desempenho das culturas de café e milho no terceiro trimestre.

O relatório apontou ainda uma redução de 1,3pp, para -3,5%, para a formação bruta de capital fixo (FBCF). A alegação para a diminuição da projeção foi a constatação da contração do indicador no terceiro trimestre deste ano. As projeções para o consumo das famílias passaram de 3,3% para 3,0%, enquanto as para o consumo do governo, de 3,7% para 3,2%.

Já a variação anual das exportações foi revista em -0,6pp, para 0,3%, enquanto a expansão das importações foi revisada de 2,7% para 0,3%. Segundo o BC, a mudança é reflexo da moderação da demanda doméstica e do impacto, maior que o inicialmente avaliado, da mudança na forma da contabilização das importações de petróleo.

A contribuição da demanda interna para a expansão do PIB neste ano foi estimada pelo BC em 1 ponto porcentual, enquanto a do setor deverá ser nula.

Semestre

O ritmo de atividade doméstica neste segundo semestre tem se mostrado menos intenso do que se antecipava. Citando os dados das contas nacionais divulgados pelo IBGE, relativos ao terceiro trimestre, o BC diz que indústria e agropecuária, em certa medida, mostraram reação aos estímulos introduzidos na economia, e a estabilidade do setor de serviços refletiu eventos que tendem a não se repetir.

"A demanda doméstica continuou sendo o principal suporte da economia, com o consumo das famílias sendo estimulado pela expansão moderada do crédito, pela geração de empregos e de renda", diz o BC. "Por outro lado, a lenta recuperação da confiança contribuiu para que os investimentos ainda não mostrassem reação aos estímulos introduzidos na economia."

O BC diz ainda que a demanda doméstica tende a se apresentar robusta, especialmente o consumo das famílias. "Esse ambiente tende a prevalecer nos próximos semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política recentemente implementadas, que, de resto, são defasados e cumulativos."

12 meses

O Banco Central previu que o crescimento do PIB será de 3,3% nos 12 meses encerrados em setembro do ano que vem, segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado há pouco. O documento ressaltou que essa estimativa é 2,4 ponto porcentual maior que o registrado, pela mesma forma de comparação, no terceiro trimestre deste ano.

Um dos setores que puxarão o crescimento do período, conforme essa análise, é a agricultura, que deve ter expansão de 4,8% ante alta de 0,8% verificada no acumulado de quatro trimestres até setembro deste ano. A projeção está "em linha com as perspectivas de crescimento das safras de grãos, em especial as de soja e feijão".

Para a indústria, o BC prevê crescimento de 2,8%, ante retração de 0,9% no intervalo de quatro trimestres terminado em setembro de 2012. O relatório destaca a reversão, de -3,2% para +1,9%, no resultado da indústria de transformação, e o crescimento mais robusto da indústria extrativa mineral, 4,0%.

No caso de serviços, o Banco Central estima uma expansão de 3,2%, resultado 1,7 ponto porcentual superior ao registrado, no mesmo tipo de comparação, no terceiro trimestre de 2012. "Nesse cenário, destacam-se as perspectivas de maior dinamismo nas atividades intermediação financeira (3,4 pp); comércio, 2,9 pp; e transporte, 3,1 pp, em linha com as perspectivas de crescimento moderado do crédito e de melhor desempenho dos setores primário e secundário.

Em relação aos componentes domésticos, o BC espera uma expansão de 4,0% para o consumo das famílias, ante 2,6% no intervalo de quatro trimestres finalizado em setembro deste ano. A evolução, conforme a autoridade monetária, é consistente com as perspectivas relacionadas às trajetórias dos mercados de trabalho e de crédito.

O consumo do governo deverá aumentar 2,9% e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), 3,1%. As exportações devem subir 3,2% no período, enquanto as importações devem aumentar 4,8%. A contribuição da demanda interna para o crescimento do PIB nos quatro trimestres considerados está estimada em 3,5pp e a do setor externo, em -0,2pp.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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