segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Rio de Janeiro - Tropas federais ocupam 28 favelas para eleições


Três mil homens do Exército e da Marinha começam hoje a entrar nas favelas da Zona Oeste do Rio e também do Complexo da Maré, para dar apoio às equipes do Tribunal Regional Eleitoral. A operação terá início nas favelas Gardênia Azul, em Jacarepaguá, Muquiço, em Deodoro, e Fogo Cruzado, na Maré. A ação abrangerá 28 comunidades sob influência do tráfico e de milicianos. Para o presidente do TRE, Luiz Zveiter, a última semana é a mais crítica. Os militares permanecerão nesses locais das 8h às 18h

Tropas chegam ao Rio

Três mil militares ocuparão, até o final das eleições, 28 favelas na capital

Marcio Beck

A partir de hoje, três mil homens do Exército e da Marinha, além de 500 agentes e delegados da Polícia Federal, ocuparão, das 8h às 18h, um total de 28 favelas não pacificadas no Rio, até o próximo sábado, véspera das eleições. Por dia, dois mil homens do Exército ocuparão quatro favelas da Zona Oeste em que há presença de milícias, segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), desembargador Luiz Zveiter; e mil da Marinha se concentrarão em uma comunidade, sempre no Complexo da Maré. Já no domingo, dia da votação, todas as 28 comunidades serão ocupadas pelas tropas federais. Sexta-feira, o TRE inaugura um centro de controle informatizado, por meio do qual será monitorada a movimentação das tropas.

O anúncio foi feito pelo presidente do TRE-RJ após reunião, na tarde de ontem, com representantes das forças federais e estaduais. Os representantes militares não quiseram falar com a imprensa. Apesar de a programação para a data da votação não estar totalmente definida - o que ocorrerá ao longo da semana, em novas reuniões -, ele não descarta a possibilidade de mais reforços para a capital, além do efetivo que será enviado a Magé, Campos, Itaboraí, Cabo Frio, Rio das Ostras, Macaé e São Gonçalo. O comandante da Polícia Militar, Erir Ribeiro Costa Filho, adiantou que a corporação atuará com 15 mil homens no dia da votação.

- Vai ter sempre um juiz, junto com os fiscais (do TRE), e vamos fazer a limpeza dessas áreas, das propagandas irregulares, deixando bem claro que o Exército e a Marinha não estão vindo para ocupar espaço da segurança pública do estado. O objetivo é focado exclusivamente na área do Tribunal Regional Eleitoral - afirmou Zveiter.

Ainda que o propósito principal das ações durante a semana seja o combate à propaganda irregular, os militares poderão prender pessoas por outros crimes, se houver flagrante. Já no dia das eleições, disse Zveiter, a preocupação das tropas federais será, sobretudo, inibir a boca de urna:

- Todo os que estiverem tentando fazer boca de urna serão presos. Queremos dar tranquilidade à população, com maior amplitude em alguns municípios, e no restante do estado pelas forças estaduais, para o eleitor poder votar sem problema. A última semana é a mais crítica. É quando eles (os candidatos) farão as maiores irregularidades para obter o voto no dia 7.

O primeiro contingente do Exército, composto por militares de quartéis do estado do Rio, sairá da 1ª Divisão da Vila Militar às 10h, em direção à Gardênia Azul, em Jacarepaguá, e à favela do Muquiço, em Deodoro. Também participarão dois helicópteros vindos do Comando de Aviação do Exército, em Taubaté, São Paulo. O efetivo da Marinha partirá às 13h do Batalhão Riachuelo, na Ilha do Governador, com destino ao Complexo da Maré, para ocupar a favela Fogo Cruzado. Zveiter informou que acompanhará pessoalmente o início da operação.

O presidente do TRE-RJ não quis comparar o aparato de segurança para esta disputa ao empregado na eleição municipal passada, e criticou o planejamento feito há quatro anos:

- Não quero falar de 2008, porque o projeto foi, para mim, desagradável. O Exército e a Marinha têm uma previsão constitucional muito mais importante do que ir a evento para garantir (a segurança de) candidato que vai fazer comício. Então, vamos esquecer (a eleição de) 2008, tirar do papel essa tal de Operação Guanabara. Vamos a esta operação, de 2012, eleições limpas e tranquilas.

Na quinta-feira, ao saber que os demais municípios do estado teriam reforço apenas no dia da eleição, Zveiter cogitou dispensar as tropas federais. A presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, minimizou o episódio e disse que Zveiter é "um bom parceiro".

Fonte: O Globo

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