domingo, 19 de fevereiro de 2012

PT monta estratégia para tirar PSD da órbita tucana

Negociação envolve alianças na região metropolitana e sucessão estadual

Apesar da indefinição na capital, partidos articulam dobradinhas contra o PSDB em cidades ao redor de São Paulo

Vera Magalhães

SÃO PAULO - A indefinição das negociações na capital não deverá interferir nas articulações para alianças entre PT e PSD em cidades-chave do Estado de São Paulo.

Os dois partidos estavam negociando uma estratégia "casada", que incluía o apoio do PSD do prefeito Gilberto Kassab a Fernando Haddad (PT) e que se replicaria em locais estratégicos, principalmente na Grande São Paulo.

O objetivo da aproximação entre as duas legendas não se esgota nas disputas municipais deste ano.

O plano do PT é tirar definitivamente o PSD da órbita do PSDB e ter o partido como aliado na estratégia de derrotar o governador Geraldo Alckmin na eleição de 2014.

A mudança de cenário verificada na semana passada, quando articulações comandadas por Alckmin tornaram mais provável a candidatura de José Serra à prefeitura paulistana, não mudou o projeto maior de PT e PSD.

"Não congela nada. Estão em curso construções de convergência em várias cidades", disse à Folha o presidente da Câmara de São Paulo, José Police Neto (PSD), que coordena a política de alianças do partido de Kassab.

Lula

Os dois partidos já fecharam alianças em São Bernardo e Santo André e estão muito próximos de selar compromisso em outras cidades do ABC e da Grande São Paulo.

O fato de o ABC ser a base de lançamento dos acordos é simbólico: é ali que a mão do ex-presidente Lula se faz sentir de forma mais nítida.

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, é um dos idealizadores da aproximação do PT com o partido de Kassab -o que é estratégico para seu próprio projeto de se cacifar como o candidato do PT ao governo do Estado.

"As negociações em Santo André estão bem avançadas. Temos que primeiro passar por 2012 para depois articular 2014, mas isso está no horizonte", diz o pré-candidato do PT em Santo André, Carlos Alberto Grana.

No mundo ideal traçado por Lula, o ensaio de aliança entre PT e PSD agora levará o partido de Kassab a entrar oficialmente no governo Dilma Rousseff, com cargos no primeiro escalão.

A partir daí, ele espera costurar um acordo para as eleições de 2014 em que o PT dê suporte a uma candidatura majoritária de Kassab, possivelmente ao Senado.

Em troca, o prefeito usará a estrutura do PSD para tentar derrotar o PSDB no Estado em que é mais forte.

Estratégia

Para tonificar a máquina, o PSD dividiu São Paulo em regiões geográficas e traçou um objetivo de votos a alcançar em cada uma delas.

A única exigência do partido para selar alianças é que tenha alguma posição de destaque na chapa.

Se não tiver a vice, o PSD tenta apoio do PT para fazer uma chapa de vereadores forte, que lhe dê boas condições de ocupar a presidência da Câmara Municipal.

"Se você não tem o prefeito, o vice ou o presidente da Câmara em uma região você não existe politicamente", afirma Police Neto.

A meta é ter posições que permitam ao partido fazer entre 7 e 8 milhões de votos para a Câmara dos Deputados em 2014, o que, nas projeções dos aliados de Kassab, daria ao PSD a maior bancada paulista em Brasília.

"Passou o tempo em que dava para fazer política na base do cafezinho, do tapinha nas costas, romanticamente. Se você não planeja onde quer chegar, não firma um partido", afirma Police.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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