terça-feira, 6 de abril de 2010

PT leva a aliança, mas não o partido

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Em São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, Temer encontra dificuldades em colocar o PMDB no palanque de Dilma

Josie Jerônimo

O PT ganhou a aliança com o PMDB, mas corre o risco de não levar o apoio maciço prometido pelo partido. Nem mesmo após a saída do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, do páreo pela vaga de vice na candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, o deputado Michel Temer (SP) consegue reunir o partido. O PMDB está rachado: pelo menos cinco importantes diretórios estaduais — que reúnem 40% do eleitorado — anunciaram posição contrária à aliança do PMDB com o PT e negam apoio ao nome de Temer como vice.

Se Temer for confirmado como vice de Dilma, o PT ficará sem a prometida adesão de “porteira fechada” à candidatura petista. Até agora, três correntes despontam no partido.

Nomes da cúpula do PMDB que foram contemplados com ministérios ou receberam auxílio direto do governo federal mostram-se fiéis a Dilma, mas peemedebistas que sempre tiveram proximidade ou governaram com líderes tucanos não vão mudar de lado e já desembarcam na campanha de José Serra (PSDB-SP). Em São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina, os peemedebistas Orestes Quércia (presidente do PMDB de São Paulo), o senador Jarbas Vasconcelos e o ex-governador Luiz Henrique da Silveira anunciam apoio a Serra (veja quadro ao lado).

Votação interna

No caso do Paraná e do Rio Grande do Sul, os peemedebistas que não querem fechar com os tucanos e não apoiam Temer saíram pela tangente da candidatura própria, engrossando fileiras na aventura de Roberto Requião (PMDB-PR). Os “rebeldes” do partido afirmam que a convenção pode desgastar Temer, demonstrando que ele não tem maioria na sigla para se cacifar como vice de Dilma.

De acordo com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos defensores da candidatura própria, a cúpula da legenda vai “empurrar com a barriga” para que a votação interna só se realize no fim de junho. “Os ministros do PMDB vão pressionar. A cúpula do partido apoia, mas a realidade é nos diretórios. É como dizia o Tancredo Neves, voto secreto dá uma vontade de trair”, disse Simon.

Levantamento interno realizado pela Fundação Ulysses Guimarães indicou que 531 dos 800 delegados não apoiam o nome de Temer para vice de Dilma. O racha do PMDB, para o ex-ministro e pré-candidato ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima, não será um problema para o PT. Os petistas contam com a atuação interna do próprio Michel Temer para resolver os impasses regionais que minam a aliança nacional. “O Temer já era o vice antes da saída do Meirelles, ele tem papel de balizador nas questões regionais. Os rebeldes não têm tamanho na convenção e não existe unanimidade em nenhum partido”, afirmou Geddel.

Os cenários

Confira as três opções de alianças do PMDB para as eleições de outubro


Com Dilma

O PT anuncia como alianças já estabelecidas os cenários do Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso. O governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), no entanto, está chateado com o flerte de Dilma com o PR do arqui-inimigo Anthony Garotinho. Os ex-ministros Hélio Costa (Minas Gerais) e Geddel Vieira Lima (Bahia) acenam como aliados fiéis de Dilma para a disputa deste ano, pois não têm chance de aproximação com tucanos em seus estados.

Com Serra

Em pelo menos três estados, a ala rebelde do PMDB já anunciou que não cederá à aliança nacional do partido com o PT e oferecerá palanque a José Serra. Luiz Henrique Silveira deixou o governo de Santa Catarina e entregou o cargo ao vice, o tucano Leonel Pavan. O PMDB de Santa Catarina é Serra. Em São Paulo, o presidente do PMDB no estado, Orestes Quércia, reforça a ala serrista do partido. O senador Jarbas Vasconcelos comanda em Pernambuco a corrente a favor do tucano.

Candidatura própria

Os peemedebistas que não concordam com o nome de Temer para vice de Dilma encontraram na defesa da candidatura própria o mote para evitar escolher entre apoiar o presidente da sigla ou o candidato tucano. Os diretórios do Rio Grande do Sul e do Paraná levam a sério o desejo de Roberto Requião para que seu nome seja analisado como possível candidato do PMDB à Presidência da República na convenção do partido. Os defensores da candidatura própria afirmam que os delegados do partido podem surpreender e rejeitar aliança com o PT. Requião deixou o governo do Paraná para concorrer ao Senado.

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