sexta-feira, 2 de abril de 2010

Em discurso, Dilma infla número de empregos formais em 1,6 milhão

DEU EM O GLOBO

Ex-ministra usou dados equivocados em sua despedida da Casa Civil

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Mais uma vez a pré-candidata petista à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, se equivocou ao exaltar as conquistas da gestão do presidente Lula. Em seu discurso de despedida da chefia da Casa Civil, anteontem, Dilma acabou inflando o número de empregos formais criados pelo governo, que, segundo ela, teriam chegado a “quase 12 milhões de postos”.

Mas dados apresentados pela própria ministra e pelo presidente durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC-2) mostram que o governo vai fechar 2010 com um total de 10,31 milhões de empregos formais. Isso, caso se confirme a previsão de geração de mais 1,6 milhão de empregos este ano.

A fonte desses dados é o Ministério do Trabalho, com base no Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged).

A tabela com a evolução a cada ano do emprego no país consta do documento do PAC-2, na página 13. Em 2009, foram 995 mil empregos. A tabela destaca em verde e branco a frase “10 milhões de empregos formais” de 2003 a 2010. Assim, Dilma infla os dados em mais de 1,6 milhão.

Sem contar a previsão de 2010, o Caged estabelece que de 2003 a outubro de 2009 foram criadas 8,88 milhões de vagas com carteira.

— Temos orgulho de termos tirado quase 30 milhões de uma situação de pobreza para as classes médias, de tirarmos mais de 20 milhões da pobreza, de termos empregado com carteira assinada quase 12 milhões de brasileiros — disse Dilma, anteontem.

No caso da pobreza, esses dados já vêm sendo divulgados até em programas partidários do PT. Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008, 31 milhões de pessoas, de 2003 a 2008, subiram de classe social, sendo que 19,4 milhões saíram da classe E, que marca a linha da pobreza no país.

Essa não é a primeira vez que Dilma infla dados do governo.

Na última segunda-feira, na cerimônia de lançamento do PAC-2, a ainda ministra disse que os recursos da poupança aplicados em habitação saltaram de R$ 5,7 bilhões em 2002, último ano de governo Fernando Henrique, para R$ 44 bilhões em 2009. Mas, segundo a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, o montante destinado ao setor foi de R$ 34 bilhões em 2009.

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