quinta-feira, 29 de abril de 2010

Aécio diz que pode intermediar aliança de Serra com o PP

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Dornelles é citado como possível plano B no caso de o ex-governador de Minas não aceitar posto de vice do tucano

Aécio nega ter tratado do assunto com senador, mas diz que, se incumbido, pode articular negociação; PP está dividido entre PSDB e PT

BRENO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A UBERLÂNDIA (MG)
GABRIELA GUERREIRO
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) se disse à disposição, ontem, para intermediar uma aproximação entre a campanha de José Serra à Presidência e o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

Aécio é primo de Dornelles, que é citado entre os tucanos como um eventual plano B no caso de efetiva recusa do próprio Aécio Neves em aceitar o posto de vice na chapa de Serra.Aliado do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o PP está dividido sobre o apoio a Dilma Rousseff (PT) em outubro.

Apesar de negar que trata do assunto em conversas que mantém com Dornelles, Aécio disse que, se incumbido pelo partido de articular algo nesse sentido, estará disponível.

"Não é minha missão [intermediar uma aproximação com Dornelles]. No dia em que me delegarem alguma missão para ajudar, eu estarei à disposição. Mas essa não é uma missão minha. Hoje é uma responsabilidade do candidato e da coligação", disse Aécio.

A Folha apurou com tucanos que a ideia é deixar o assunto em banho-maria até junho, como forma de evitar um contra-ataque do governo federal. O PP hoje controla o Ministério das Cidades, e a cúpula do partido admite que o embarque na candidatura petista não tem maioria entre seus membros.

A Executiva Nacional do PP, reunida ontem, fixou o final de maio como prazo para que os diretórios regionais apresentem relatório com detalhes sobre os impasses numa eventual aliança com PT ou PSDB. "Queremos que tragam os problemas de alianças para decidir", disse Dornelles.

No início do ano, a maioria da legenda era favorável à coligação com Dilma. Agora, integrantes do PP estimam que um terço dos seus filiados apoie a aliança com o PT, enquanto outro terço se mostra favorável a Serra. O resto do partido se posiciona pela neutralidade, dando liberdade aos Estados para decidir as suas coligações.

Deputados do PP admitiram que o convite para uma eventual chapa com Serra pode influenciar na decisão do partido, mas a ala governista insiste que a aliança com Dilma ainda pode crescer até outubro.

A Folha apurou que, durante a reunião, o deputado Nelson Meurer (PP-PR) tentou aprovar uma moção declarando que o PP não aceitaria nenhum convite para a Vice-Presidência. A proposta foi rechaçada pela maioria dos integrantes da Executiva, que nos bastidores aguarda o convite formal do PSDB, para então se decidir.

Serra

Aécio, pré-candidato ao Senado, participou, ao lado de Serra e do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), do Encontro de Lideranças do Triângulo, em Uberlândia.

Cerca de 500 pessoas compareceram ao evento, que funcionou como extensão da cerimônia que lançou a pré-candidatura de Serra em MG, na semana passada, em Belo Horizonte. A exemplo de BH, Serra recebeu uma lista de reivindicações produzida por cerca de 40 prefeitos da região.

Na prática, o evento serviu para exaltar a candidatura de Serra e de Anastasia, com a intermediação de Aécio, dono de alta aprovação no Estado. Serra foi chamado por Aécio, pelo presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, e pelo prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP), de "futuro presidente".

O apoio a Serra chegou a ser diretamente estimulado por Aécio, em seu discurso.

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