quinta-feira, 18 de março de 2010

Serra teme ruína de RJ e ES

DEU EM O GLOBO

O governador José Serra quebrou o silêncio sobre a polêmica redistribuição de royalties do petróleo. Segundo ele, é correta a preocupação de dividir os benefícios do petróleo por todo o país, mas a emenda de Ibsen Pinheiro pode "arruinar o Rio e o Espírito Santo". Para Serra, a proposta é inaceitável também porque muitas prefeituras podem fechar. "Espero que o Senado reconsidere o assunto", disse.

Serra quebra o silêncio e critica emenda Ibsen

Para governador de São Paulo, proposta é inaceitável porque arruinaria os estados do Rio e do Espírito Santo

Flávio Freire

SÃO PAULO. Diante de pressões políticas, o governador de São Paulo, José Serra, quebrou ontem o silêncio sobre a polêmica relativa à distribuição de royalties do petróleo do pré-sal. Segundo o tucano, a emenda apresentada pelo deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) pode “arruinar o Rio e o Espírito Santo”.

“É correta (...) a preocupação de beneficiar todo o país com o petróleo, mas não se pode arruinar o Rio e o Espírito Santo”, escreveu Serra em sua página no Twitter, em resposta ao deputado Paulo Roberto (PMN-ES), que cobrava do governador paulista uma posição sobre o tema.

A mensagem foi publicada por volta das 3h de ontem. À tarde, durante evento no Palácio dos Bandeirantes, Serra avançou nas críticas ao ser provocado pelos jornalistas. Dessa vez, Serra disse que considerava a proposta inaceitável não só porque arruinaria economicamente os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas por acreditar que a emenda levaria ao fechamento de muitas prefeituras nesses dois estados: — Acho uma preocupação correta ter os benefícios do petróleo (distribuídos) para todo o Brasil, mas acho que o projeto, do jeito que está, arruína o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Portanto, é inaceitável nesses termos — disse Serra. — Espero que o Senado reconsidere o assunto.

Em 30 de agosto, Serra chegou a participar com os governadores do Rio, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a questão.

Também participaram do encontro, à época, os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Dilma Rousseff (Casa Civil).

Na ocasião, a oposição distribuiu um comunicado contra as medidas consideradas de cunho eleitoral. “O oba-oba palaciano tem o objetivo explícito de transformar o tema em plataforma eleitoral para 2010. No entanto, ao apresentar o modelo que considera mais conveniente para suas pretensões eleitorais de curto prazo, o governo também abre espaço para uma grande discussão nacional, que deveria estar acima de partidos e candidaturas”, disse o documento.

Desde então, Serra tem fugido da polêmica em que se transformou a divisão dos recursos.

O tucano evitou nos últimos dias comentar tanto a possível diminuição na arrecadação de estados produtores como a proposta do deputado Ibsen Pinheiro para que a União assumisse a responsabilidade sobre a queda da receita nesses dois estados.

Ontem, para responder aos jornalistas, o governador paulista disse ter pedido para que o projeto lhe fosse enviado de Brasília para tomar conhecimento de todos os detalhes da polêmica que o envolve.

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