sábado, 10 de outubro de 2009

Decisão acertada, prematura ou errada?

DEU EM O GLOBO

Reações internacionais variam de elogios, como os de Lula e Ban Ki-moon, até a revolta de Hamas e Talibã

OSLO. Há anos a escolha de um ganhador do Prêmio Nobel da Paz não surpreendia tanta gente nem provocava tamanha gama de reações à notícia, que variaram entre o apoio entusiasmado à decisão da Comissão do Nobel até a revolta, passando por muitos que gostaram da decisão, mas a consideraram prematura.

BAN KI-MOON, secretáriogeral da ONU: “É uma ótima notícia para o presidente Obama, para o povo dos EUA, e para a ONU. O presidente Obama incorpora o novo espírito de diálogo e engajamento em relação aos maiores problemas do mundo: as mudanças climáticas, o desarmamento nuclear e um vasto leque de desafios à paz e à segurança.”

LECH WALESA, ex-presidente da Polônia e Nobel da Paz de 1983: “Quem? Obama?! Tão rápido?! Rápido demais.

Ele não teve tempo para fazer nada ainda. Até agora, Obama só fez propostas. Mas algumas vezes a Comissão do Nobel dá o prêmio para encorajar ações responsáveis. Vamos dar uma chance a Obama.”

DESMOND TUTU, arcebispo anglicano e Nobel da Paz de 1984: “É um prêmio que vem perto do começo do primeiro mandato de um presidente relativamente jovem, que antecipa uma contribuição ainda maior para fazer do nosso mundo um lugar mais seguro para todos. É um prêmio que fala sobre a promessa da mensagem de esperança do presidente Obama.”

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA: “É uma conquista de um presidente que anunciou medidas importantes para o desarmamento nuclear. Acho que o prêmio está em boas mãos. Espero que a paz aconteça definitivamente no mundo e que a gente não tenha bomba nuclear.

Acho que Obama certamente vai partilhar o prêmio que ganhou com o grande gesto do povo americano nas eleições, quando elegeu pela primeira vez um negro para ser presidente.

Esse é um feito extraordinário que precisa ser premiado de todas as formas.”

MAIREAD CORRIGAN MAGUIRE, pacifista irlandesa ganhadora do Nobel de 1976: “Dizem que isso se deve a seus extraordinários esforços para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos. Mas ele continua a política do militarismo e da ocupação do Afeganistão, em vez de dialogar com todas as partes do conflito. A Comissão do Nobel não obedeceu as condições do testamento de Alfred Nobel.”

MARTTI AHTISAARI, ex-presidente finlandês e Nobel de 2008: “Claro que esta premiação põe pressão sobre Barack Obama. O mundo espera que ele também conquiste alguma coisa.”

ISMAIL HANIYEH, líder do Hamas em Gaza: “Uma vez que não há nenhuma mudança fundamental e verdadeira nas políticas americanas em relação ao reconhecimento dos direitos do povo palestino, acho que este prêmio não nos fará avançar nem recuar.”

MOHAMED ElBARADEI, diretor da Agência Atômica da ONU e Nobel da Paz de 2005: “Em menos de um ano no cargo, ele transformou a forma como vemos a nós mesmos e o mundo em que vivemos e reacendeu a esperança por um mundo em paz consigo mesmo. Ele mostrou um compromisso inabalável com a diplomacia, o respeito mútuo e o diálogo.”

ZABIHULLAH MUJAHID, porta-voz do Talibã no Afeganistão: “O Prêmio Nobel da Paz? Obama deveria ter ganhado o prêmio Nobel por ter feito uma escalada da violência e da morte de civis.”

NILS BUTENSCHON, diretor do Centro Norueguês de Direitos Humanos: “Parece-me prematuro.

Acho que a comissão deveria tomar cuidado com a integridade do prêmio, e neste caso não penso que estamos numa posição de realmente avaliar o impacto total do que este candidato já conseguiu.

Às vezes o prêmio é concedido a pessoas que estão em processo de fazer história. Mas, neste caso, acho que é muito cedo para saber isso.”


O CARA DA PAZ


Devemos buscar um novo começo entre pessoas de diferentes fés, raças e religiões, baseados em interesses e respeito mútuos

Enquanto buscamos um mundo em que conflitos são resolvidos pacificamente, temos que encarar o mundo tal como ele é hoje

Estes desafios podem ser resolvidos. Para isso deve-se reconhecer que eles não serão solucionados por uma pessoa ou por um país sozinhos BARACK OBAMA

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