sábado, 26 de setembro de 2009

Dilma: “Homens não assumem suas posições”

Tatiana Farah
DEU EM O GLOBO

Pré-candidata do Planalto para 2010, a ministra Dilma Rousseff ironizou sua fama de durona com uma crítica aos colegas do sexo masculino no governo Lula: “Participo de um governo no qual nenhum homem é assertivo; não assumem suas posições”.

"No governo, eles não têm posição"

Dilma diz que ganhou fama de durona porque no Planalto nenhum homem é assertivo

Aministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem que os homens do governo não assumem suas posições e, com isso, seu jeito "assertivo" acaba lhe rendendo uma fama de durona e "ranzinza". Em uma entrevista coletiva apenas para correspondentes estrangeiros em São Paulo, a ministra queixou-se da forma como as mulheres são tratadas na política.

- Participo de um governo no qual nenhum homem é assertivo; não assumem suas posições. Sou uma mulher dura, cercada de homens meigos, mas já me conformei - disse a ministra, segundo a agência Associated Press, que participou da entrevista.

Comparada pelos jornalistas a uma versão sul-americana de dama de ferro, simbolizada na imagem da ex-primeira-ministra britânica Margaret Tatcher e na secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton, Dilma afirmou:

- Elas são mulheres que assumiram a liderança em seus países, com posições que vão do conservadorismo ao liberalismo, mas, por serem mulheres, são tratadas de maneira tendenciosa.

Dilma evitou falar como candidata à sucessão presidencial e, durante toda a entrevista, falou em "candidato do governo", mas disse confiar que o nome escolhido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá aproveitar os índices de popularidade do presidente e do governo, de 80% e 70%, respectivamente, segundo as últimas pesquisas.

- Qualquer que seja o candidato, tem grandes perspectivas para mostrar que fizemos um excelente trabalho - disse ela.

Ministra defende compras para as Forças Armadas

Sobre as pesquisas de intenção de voto, que esta semana a colocam em terceiro lugar na preferência dos eleitores, Dilma disse não estar preocupada.

- O melhor das eleições é que ninguém pode antecipar o resultado. É prudente aguardar que as urnas sejam abertas e os votos, contados - disse ela.

Ainda de acordo com os jornalistas estrangeiros, a ministra defendeu a compra de equipamentos para as Forças Armadas brasileiras como uma política "defensiva" do território continental e marítimo do país.

- O Brasil é um país pacífico e com a cultura de resolver os conflitos sempre através do diálogo, não com guerras, mas há uma modificação da situação do Brasil no cenário internacional. Toda a política de rearmamento tem esse caráter defensivo. Temos a Amazônia e agora uma riqueza inequívoca que é o pré-sal - disse Dilma.

A entrevista da ministra durou cerca de uma hora. Ainda no gabinete da Presidência, em São Paulo, Dilma recebeu o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e depois seguiu para Brasília.

- Não vou falar nada de eleições com ela. É que na segunda-feira é o encontro da Indústria e quero convidá-la - comentou Skaf, que pode tentar a vaga ao governo paulista, mas ainda não decidiu o partido de filiação.

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