domingo, 23 de agosto de 2009

Se eleito, Dutra assumirá nos bastidores

Clarissa Oliveira
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Plano é não esperar posse para incluir novo presidente do PT na campanha

Preocupados em garantir o melhor palanque possível para a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto e a cúpula do PT traçaram um plano para fortalecer a ministra nos Estados e evitar que a eleição interna da sigla, agendada para novembro, dificulte esse trabalho. Depois de um encontro na última quarta-feira, ficou acertado que, assim que for eleita, a nova direção petista vai assumir nos bastidores todas as negociações relacionadas à candidatura presidencial.

Grupo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de nomes como o ex-ministro José Dirceu, a corrente petista Construindo um Novo Brasil já dá como praticamente certo que o ex-senador José Eduardo Dutra vai suceder o atual presidente Ricardo Berzoini (SP). Isso apesar de outros cinco candidatos terem se apresentado para a disputa.

O plano traçado na quarta-feira pretende incluir Dutra em todos os encontros com potenciais aliados, por exemplo, sempre monitorado por petistas escalados pelo presidente Lula para liderar esse trabalho, como é o caso de Dirceu. O primeiro desafio será desatar nós na negociação em Estados como Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Santa Catarina e Paraná. Ao fim desse processo, acreditam dirigentes do partido, Dutra chegará em 2010 credenciado para ajudar nos acertos finais da política de alianças e na coordenação da campanha.

SOLUÇÃO

A estratégia foi a solução encontrada para evitar um "vácuo" na direção petista entre os meses de novembro deste ano e janeiro do ano que vem, considerados cruciais para a definição dos últimos detalhes antes da largada do ano eleitoral. Petistas avaliam que a atual direção perderá automaticamente poder, assim que for anunciado o resultado da eleição interna.

Desta vez, em especial, a preocupação de petistas com a renovação do comando partidário é ainda maior. Isso porque praticamente todos os integrantes da Executiva Nacional da sigla estão impedidos, pelo estatuto, de permanecer na direção. Há no regulamento do partido um item que proíbe de continuar na comissão quem tiver exercido dois mandatos consecutivos no mesmo cargo ou três mandatos em qualquer posto.

A estratégia acaba também com a polêmica sobre a antecipação da posse da nova direção, que começou a circular nas conversas petistas nos últimos meses. Parte da cúpula partidária, incluindo a própria Dilma, vinha cogitando a possibilidade de remover Berzoini do cargo e substituí-lo pelo novo presidente assim que fosse concluída a contagem dos votos da eleição interna. Além de não agradar a setores ligados à atual direção, a ideia esbarraria no regulamento interno da legenda.

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