domingo, 23 de agosto de 2009

Racha expõe desconforto de petistas com aliança

Vera Rosa, Brasília
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O acordo que rachou o PT e pôs na berlinda o pragmatismo do presidente Lula escancarou o desconforto petista com o protagonismo do PMDB no governo. Mais que isso, a operação para salvar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), expôs com todas as letras a crise do casamento entre os dois partidos.

Em conversas reservadas, deputados, senadores e até dirigentes do PT dizem que o partido de Sarney tem uma "montanha de cargos" no governo, mas a qualquer sobressalto faz chantagem no Congresso. Agora, para obter o apoio do PT a Sarney, o PMDB ameaçou criar dificuldades na CPI da Petrobrás.

Apesar da convicção de Lula de que tudo deve ser feito para atrair o PMDB para a campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, muitos petistas querem discutir a relação. Além disso, em São Paulo, Rio, Bahia, Minas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a briga entre os dois partidos está cada vez pior.

"O PMDB tem de compreender que não se pode pôr panos quentes sobre assuntos que ferem a ética", afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Em entrevista à revista Veja, em julho, o senador Tião Viana (PT-AC) classificou o PMDB de "a essência do fisiologismo". Levou um pito de Lula

"Quem critica tem de propor alternativas e dizer como vamos governar", diz o presidente do PT, Ricardo Berzoini. "Fazer política na teoria é o mesmo que contratar um arquiteto e não chamar o engenheiro para o cálculo de estrutura. Tudo pode ser muito bonito, mas, se não fica de pé, não resolve."

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