quinta-feira, 9 de julho de 2009

Honduras: Arias pede paciência a ambas as partes

DEU EM O GLOBO

TSE não deseja adiantar eleições e Zelaya dá prazo para golpistas

SAN JOSÉ. A casa do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, nos arredores de San José, converte-se hoje no cenário da primeira tentativa de diálogo para solucionar a crise gerada pelo golpe em Honduras. Mas, pelos indícios de ontem, Arias terá que usar toda a experiência que lhe valeu o prêmio Nobel da Paz para contornar obstáculos. Em Honduras, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disse que não pretende antecipar as eleições, enquanto o Ministério Público discorda sobre uma possível anistia para o presidente deposto, Manuel Zelaya. Este, por sua vez, chamou o líder do novo governo, Roberto Micheletti, de "gorila" e disse que pedirá a remoção do governo golpista em 24 horas na reunião de hoje:

- Esperamos que nas próximas 24 horas tenhamos uma resposta clara da contraparte golpista - disse Zelaya.

O fato de os dois lados terem concordado com a mediação de Arias, na terça-feira, foi visto como um progresso. Mas ontem, enquanto Zelaya voava para a Costa Rica, Micheletti não confirmava se iria. Micheletti afirmou que a reunião era "para dialogar, não para negociar", enquanto o presidente deposto afirmava haver "pontos inegociáveis". Arias pediu paciência:

- Uma vez sentados à mesa, tem que se produzir o milagre de gerar muita confiança, ter humildade para entender que numa negociação nem sempre se consegue o que se quer - disse Arias, que ganhou o Nobel da Paz de 1987 por mediar o fim de conflitos na América Central.

Venezuela formaliza o corte de petróleo

Mas em Tegucigalpa, juízes do TSE se manifestaram contra a ideia de adiantar as eleições presidenciais de 29 de novembro como um mecanismo para solucionar a crise. Para os juízes Enrique Ortez Sequeira e David Matamoros, para modificar a data é preciso ouvir o Congresso e o próprio TSE e, se a medida for aprovada, demandaria mais dinheiro, pois o trabalho se duplicaria com o adiantamento.

- É preciso separar o que é desejável e o que é viável - disse Matamoros.

Além disso, o Ministério Público considera remota a possibilidade de uma anistia, afirmando que dará continuidade aos processos contra Zelaya, acusado de delitos como abuso de poder e traição ao tentar convocar uma consulta sobre reforma constitucional, abrindo caminho para uma reeleição. Congressistas também se mostraram contrários a uma anistia.

Já Zelaya afirmou que Micheletti é "um gorila", que cometeu "assassinatos, violações de direitos humanos e traição", "delitos que não prescrevem".

Em novas sanções, a Venezuela formalizou a suspensão do envio de 20 mil barris de petróleo por dia. E o governo cubano decidiu retirar 120 assessores que integravam o programa de alfabetização no país.

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