sábado, 21 de março de 2009

Ibope: erros na crise afetam governo

Chico de Góis
DEU EM O GLOBO


A crise econômica causou estragos na popularidade do presidente Lula e de seu governo que, pela primeira vez no segundo do mandato, caiu além da margem de erro das pesquisas de opinião. Segundo o Ibope, o índice dos que acham ótimo ou bom o desempenho do governo caiu de 73%, em dezembro, para 64% este mês. Na pesquisa atual, 47% dizem que o Planalto tem uma ação positiva diante da crise, uma queda de 15 pontos. O índice dos que desaprovam as medidas contra o desemprego cresceu de 40% para 50%

Crise afeta aprovação ao governo

EFEITOS DA MAROLINHA

Pesquisas Ibope e Datafolha mostram queda na popularidade e temor de desemprego

Acrise econômica mundial provocou queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que caiu pela primeira vez desde setembro de 2007. Pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem, mostra que os efeitos da crise derrubaram em nove pontos percentuais a avaliação positiva do governo. Em dezembro de 2008, 73% classificavam como ótimo/bom o desempenho do governo. No levantamento de março, esse índice caiu para 64%. Todos os indicadores positivos do governo e do presidente Lula registraram queda em praticamente todas as regiões do país e classes sociais.

Também pesquisa do Datafolha divulgada ontem mostrou queda na aprovação ao governo, neste caso de cinco pontos percentuais - o primeiro recuo desde o início do segundo mandato de Lula, nos levantamentos do instituto.

O Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 144 municípios, entre 11 e 15 de março. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais. Considerando as oscilações acima dessa margem de erro, é a primeira vez que a popularidade de Lula e do governo caem no segundo mandato. O próprio Lula, que sempre teve uma imagem mais positiva do que seu próprio governo, sofreu arranhões, embora menos profundos do que a avaliação de sua administração. De acordo com a pesquisa, em dezembro do ano passado, Lula era aprovado por 84% dos eleitores; agora, esse número caiu para 78% - queda de seis pontos percentuais. Os que o desaprovavam somavam 14% no ano passado e, agora, esse universo subiu para 19%.

Melhor no Nordeste; e pior, no Sul

A confiança no presidente também sofreu queda de seis pontos percentuais: de 80% para 74%.

Os que não confiavam eram 18% e, atualmente, são 23%. A nota média do governo, porém, não se alterou muito: 7,4, contra 7,8 em dezembro. A nota é a mesma de setembro passado e continua entre as mais altas desde março de 2003, no primeiro mandato de Lula.

O Nordeste continua a ser o lugar onde Lula é mais popular: 79% de ótimo ou bom. No Sul, esse índice cai para 54%, e no Sudeste, para 60%. Os entrevistados que concluíram até a 4ª série do ensino fundamental mantêm uma alta aprovação ao presidente: 69% de ótimo e bom. Já entre os que têm formação universitária, 56% o avaliaram como ótimo e bom.

O combate ao desemprego é um dos itens mais criticados. Perguntados se aprovam ou não a atuação do governo no combate ao desemprego, 46% dos entrevistados opinaram favoravelmente, contra 57% em dezembro. Hoje, 50% desaprovam as medidas - em dezembro, eram 40%. Os que consideram que o desemprego vai aumentar e que vai aumentar muito somam 68% dos entrevistados. Em dezembro, eles eram 63%.

O combate à inflação é outro item que causa descrença na população. Agora 52% desaprovam as ações do governo nessa área, e 43% dizem concordar. Em dezembro, a desaprovação era menor (44%), e 49% eram favoráveis. A pesquisa mostra que os brasileiros estão bem informados sobre a crise econômica. Segundo o levantamento, 81% disseram ter conhecimento do assunto, e 83% avaliaram que a crise é muito grave ou grave. Para 44%, o Brasil será pouco prejudicado - quase o mesmo índice da pesquisa anterior, 46%.

Mas caiu a crença de que o país está mais preparado para enfrentar o problema. Em dezembro, 43% pensavam assim; atualmente, 39%. E há pessimismo quanto às ações do governo diante da crise - 47% avaliam que o Planalto tem uma ação positiva para enfrentar a crise, mas, em dezembro, esse grupo representava 62%, uma queda de 15 pontos percentuais.

Os brasileiros também avaliaram os efeitos práticos da crise. Para 47%, haverá aumento de preços dos produtos (em dezembro, eram 48%); 32% consideram que terão dificuldades para pagar dívidas (26% em dezembro); 27% temem perder o emprego (16% em dezembro). A pesquisa também mostrou pessimismo sobre o fim da crise.

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