quinta-feira, 31 de julho de 2014

Opinião do dia: Raimundo Santos

O tema da democracia representativa como meio para as mudanças e aperfeiçoamento da sociedade, sob constante dúvida durante toda a Era Lula, permeia estas eleições, esperando vir à superfície da campanha eleitoral com mais nitidez. Teria de ser trazido pelas candidaturas oposicionistas e seus partidos coligados, principalmente se a candidatura de Aécio decidir desencadear discussão sobre esta questão incontornável.

Raimundo Santos é professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Democracia representativa e as eleições. Blog Democracia Política e novo Reformismo, 30 de julho de 2014

CNI apresenta ideias e ouve propostas de presidenciaveis

• Entidade quer reajuste do salário minímo e fim da cumulatividade de impostos sobre circulação de mercadorias

- O Estado de S. Paulo

A CNI (Confederação Nacional das Indústrias) aproveitou o início da campanha presidencial para apresentar aos três principais candidatos, Dilma Rousseff, do PT, Aécio Neves, do PSDB e Eduardo Campos, do PSB, as propostas para o setor durante os próximos quatro anos. 

No total, 42 documentos foram expostos aos candidatos (que não chegaram a se encontrar) durante o evento desta quarta-feira, chamado de Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência. Entre os temas de destaque estavam alguns polêmicos como o reajuste do salário mínimo com base na inflação do ano anterior e na variação do PIB per capita de dois anos anteriores.

Outro assuntos de interesse da CNI é a tributação. Segunda a entidade, os impostos aumentam em 10,6% o valor dos investimentos no País. A entidade pediu o fim da cumulatividade de impostos sobre circulação de mercadorias e serviços, a unificação de tributação de IPI, PIS/Pasep, ICMS Cofins, ISS e Cide-Combustíveis.

Na área de infraestrutura foram 13 sugestões aos presidenciáveis, entre elas o aumento da participação do setor privado por concessões e parcerias público-privadas e a construção de um banco de projetos.

Com empresários, Campos ataca Dilma e o PMDB, e promete não elevar carga tributária

Gabriela Guerreiro, Ranier Bragon e Renata Agostini – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Na abertura do encontro dos principais candidatos ao Palácio do Planalto com a elite industrial brasileira, Eduardo Campos (PSB) listou na manhã desta quarta-feira (30) uma série de propostas para o setor. Entre outros pontos, prometeu não elevar a pesada carga tributária nacional e enviar na primeira semana de sua gestão uma reforma tributária ao Congresso.

Aliado da gestão do PT por mais de 11 anos –o rompimento só se deu em setembro do ano passado–, o pessebista também criticou bastante o governo Dilma Rousseff e o PMDB, principal aliado da coalizão da petista, dizendo que o Brasil não aguenta mais quatro anos dessa aliança.

Sobraram farpas até a Luiz Inácio Lula da Silva, a quem Campos sempre evitou atacar. No discurso desta quarta, ele afirmou que o ex-presidente errou ao não promover concessões e parcerias com o setor privado na área de infraestrutura.

"Atrasamos o processo de concessões e parcerias público-privadas. Essa foi uma falha do governo do presidente Lula. E quando fomos fazer, já sob o comando da presidente Dilma, fizemos de uma maneira atravessada (...), parecia que se fazia contragosto."

O evento está sendo realizado na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília. Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) também participarão.

"Respeito a presidente Dilma e o candidato Aécio, conheço a trajetória de vida de todos dois. Mas as circunstancias que cercam a presidente Dilma e cercam Aécio são as de conservar a velha política que já faliu e não pode falir o sonho dos brasileiros. (...) O Brasil não aguenta mais quatro anos acompanhado de Sarney, de Collor, de Renan, não é possível. Se você acha se é possível, você tem uma atitude, se você acha que não é possível, você tem uma escolha, Eduardo Campos e Marina Silva", discursou Campos, se referindo a dois dos principais caciques do PMDB (José Sarney e Renan Calheiros), além do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB).

Mirando nos interesses da plateia, Campos listou promessas em torno de dez temas. Entre eles, o de dar caráter técnico às direções das agências reguladoras, aumentar a segurança para os investidores –a proposta de dar independência ao Banco Central vai nessa linha–, "colocar o foco na produtividade", valorizar a educação com o incremento do ensino em tempo integral e investir na inovação, entre outros pontos.

Um dos temas destacados pelo candidato foi a relação externa. Campos defende que o Brasil fortaleça as negociações com "parceiros mais maduros" como os Estados Unidos, A Europa e a China.

"O Brasil precisa de política de relações exteriores que não seja de partido, mas de Estado. Nós não podemos ter preconceitos de nenhuma ordem com o mundo. Essa inserção tem que ter uma estratégia ativa a partir dos nossos interesses. Precisamos voltar a discutir a nossa pauta de relação com os parceiros mais maduros do Brasil, como EUA, Europa, China. Essas relações não são excludentes", afirmou.

Campos também prometeu investir em Parceiras Público-Privadas e concessões, além de afirmar que aceitará discutir as regras da terceirização e das negociações coletivas de trabalho. Apesar disso, ressaltou que não será um presidente da República que tirará direito dos trabalhadores.

Em relação à reforma tributária e a carga de impostos, afirmou que a reforma não será feita da noite para o dia, mas que cuidará pessoalmente da aprovação das novas regras no Congresso.

"Serei o presidente da República que vai enviar a reforma na primeira semana de governo ao Congresso, vou tomar conta da articulação pessoalmente. Ela em alguns aspectos entrará em vigor imediatamente, outros de formas sequenciada, para que possamos superar sistema que não tem mais nada a ver como a economia que roda no mundo. Também serei o primeiro presidente da República que não vai aumentar a carga tributária nesse país", afirmou.

Ao final, ele prometeu também estabelecer prazos para licenciamentos. "O Estado tem que ser colocado a serviço da sociedade, não pode ser atrapalhe, entrave, complicador." O pessebista foi bastante aplaudido no final

Na CNI, Aécio promete 'ambiente seguro' e 'regras claras' na economia

Gabriela Guerreiro, Ranier Bragon e Renata Agostini – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em encontro com empresários realizado nesta quarta-feira (30) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, prometeu um "ambiente seguro" para os investidores, com regras claras na economia para os investidores internos e externos do país.

"Esperem regras claras, atrações seguras para o investimento, regulação clara dos mercados e ação que aumente a produtividade e qualidade dos serviços", disse. "Haverá uma coisa clara: Estabilidade nas regras.

Assistimos hoje a algo extremamente nocivo, é a Receita Federal fazendo interpretações a cada dia, o que causa absoluta insegurança a quem produz hoje", completou.

Segundo Aécio, uma das principais marcas do governo Dilma Rousseff é um "nefasto intervencionismo" na economia. Ao afirmar que o atual governo desperta a "desconfiança" internacional, Aécio disse que a crise econômica se tornou mais grave no Brasil porque a gestão do PT não sinaliza ao mercado quais suas ações para o futuro.

"É hora do governo ter humildade para reconhecer que fez as escolhas erradas, pelo menos sinalizar mudança de posição que poderia permitir que a arrogância e o unilateralismo das decisões pudesse ser substituído por um diálogo maior de quem ajuda o governo a crescer", afirmou.

Na conversa com os empresários, Aécio poupou os governos dos ex-presidentes FHC e Lula de ações "temerárias" na economia, mas disse que os resultados "pífios" dos últimos anos são consequência de "opções erradas" que o governo fez nos últimos anos.

"No governo do presidente Fernando Henrique, tivemos um crescimento, com todas as dificuldades, próximos à América Latina. No período Lula também, ajudado pela bonança da economia internacional e das reformas herdadas por Fernando Henrique. No período da presidente Dilma, vamos crescer em média 2,5% a menos do que crescerá a América Latina."

Ao atacar uma das principais bandeiras de Dilma –sua eficiência como gestora –Aécio disse que o seu governo "falhou" na gestão do Estado que se transformou em um "cemitério de obras inacabadas".

O tucano prometeu aos empresários retomar a competitividade do Brasil, caso eleito, com medidas como melhorias na educação, investimentos em infraestrutura e recuperação da confiança do país.

Aécio fez uma comparação com o placar de 7 x 1 para a Alemanha contra o Brasil na Copa do Mundo ao afirmar que o governo Dilma vai deixar "7% de inflação e 1% de crescimento" para o país. "Esse 7 a 1 foi muito trise, mas não é o que me preocupa. O 7 a 1 que nos preocupa é o que deixarão para a gente."

O tucano ainda prometeu aos empresários ampliar dos atuais 18% para 24% o investimento total da economia em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), numa "grande articulação do governo com o setor privado".

Em um recado ao empresariado, Aécio disse que terá "coragem" para tomar no início do seu governo "todas as medidas para encerrar esse ciclo perverso de governo", sem detalhar quais seriam essas medidas.

Reforma tributária
A exemplo do candidato Eduardo Campos (PSB), que foi sabatinado pelos empresários antes de Aécio, o candidato do PSDB prometeu encaminhar proposta de reforma tributária ao Congresso na primeira semana do seu governo.

Aécio defendeu foco na incidência de impostos indiretos, com a criação de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) em substituição a diversos impostos "que infernizam quem produz hoje no Brasil".

O tucano também defendeu mudanças na política externa do país, sem "alinhamentos políticos" como ele diz ocorrer no governo Dilma. Uma das prioridades do tucano será reforçar acordos bilaterais, em especial com a União Europeia. Aécio disse que o Mercosul vem "amarrando" nas negociações externas do país, por isso o bloco econômico precisa passar por mudanças.

"Não é destruir o Mercosul, mas sua transformação de União Aduaneira para Área de Livre Comércio", defendeu. "O primeiro compromisso é o realinhamento da nossa política externa a uma agenda comercial e não ideológica. Até porque política comercial internacional e política partidária não se misturam e, quando se misturam, dá errado", completou.

Dilma nega 'tarifaço' caso seja reeleita e atribui 'boato' à disputa eleitoral

Gabriela Guerreiro, Ranier Bragon, Renata Agostini e Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff negou nesta quarta-feira (30) a possibilidade de um "tarifaço" nos preços caso seja reeleita de outubro. Em entrevista após sabatina na CNI (Confederação Nacional da Indústria) com os presidenciáveis, Dilma negou que seu governo esteja segurando preços numa estratégia para alavancar sua campanha, promovendo posteriormente um aumento em grande escala dos preços no país.

"O que justifica essa hipótese do tarifaço? Significa a determinação em criar expectativas negativas no momento pré-eleitoral. Pregar esse tarifaço agora é para assustar as pessoas e as empresas", disse."Essa história do tarifaço é mais um movimento no sentido de instaurar pessimismo, comprometer o crescimento do país", completou.

Candidata à reeleição, Dilma comparou o que chama de "boato" do tarifaço ao suposto racionamento de energia que ocorreria em seu governo. "O que você acha que uma empresa pensa quando passam a falar que haverá racionamento? Pensa que não haverá energia elétrica para ela mesma e para os seus clientes, então eu restrinjo a minha produção. É o primo-irmão do racionamento perfeito. São profecias que não se realizarão."

Dilma também comentou a proposta de seus adversários de reduzir à metade seu atual número de ministérios (39). A presidente defendeu nominalmente algumas pastas, como Igualdade Racial e direitos Humanos, e questionou: "qual é o ministério que eles querem acabar? Quando eles disserem, a gente discute".

No debate na CNI, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) defenderam a redução no número de ministérios, mas não revelam quais seriam as pastas extintas, caso eleitos. Aécio prometeu reduzir à metade, além de diminuir em um terço o número de servidores comissionados do governo. Campos criticou o "aparelhamento" do Estado e o número excessivos de cargos no primeiro escalão do governo.

Reforma tributária
Sobre a reforma tributária, Dilma defendeu a sua aprovação fatiada, como tramita no Legislativo. A presidente disse esperar que o Congresso discuta o tema no primeiro ano do novo governo, em 2015, quando considera que há "força política" para a discussão do tema.

"Eu acredito que é muito mais difícil você passar uma reforma integral, completa, porque o processo de negociação fica muito complexo. No primeiro ano de governo, os governos têm maior força política. É possível fazer essa tentativa", afirmou.

Dilma disse esperar a aprovação de propostas que já tramitam no Legislativo, como a que reduz alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Em relação à reforma política, a presidente voltou a defender a aprovação de plebiscito pelo Congresso questionando a população sobre as mudanças que devem ser implementadas no sistema político.

"Só acredito que o Brasil fará reforma política por meio de uma ampla participação popular que dê a legitimidade dessa transformação, daí porque definimos como sendo prioritário o plebiscito", afirmou

Empresários saem de encontro na CNI em posição 'neutra'

Nivaldo Souza, Erich Decat e Daiene Cardoso – O Estado de S. Paulo

O encontro entre empresários e os três principais presidenciáveis, durante sabatina com Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB), promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), não serviu para que os industriais declarassem publicamente em qual deles poderiam votar em outubro.

O conselheiro do Conselho de Administração e ex-presidente do Grupo Ultrapar, Pedro Wongtschowski, foi um dos industriais que saíram das sabatinas preferindo não definir um apoio claro a nenhum do candidatos. Segundo o conselheiro do grupo dono de empresas como Ipiranga, Ultragaz e Oxiteno, a campanha será uma longa disputa de pugilistas até o segundo turno do pleito, no final de outubro. "Acho que é um longo caminho e cada candidato procurou tomar sua posição. Essa é uma luta de boxe de 12 rounds", considerou.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, foi outro industrial que saiu da sabatina evitando declarar preferência por um dos três principais postulantes ao Palácio do Planalto. "Acredito que os três candidatos se apresentaram de forma positiva para o setor produtivo", avaliou. "Vamos avaliar as condições das propostas para ver qual a que melhor se adapta para o setor automotivo. Mas a Anfavea não é uma entidade que declara apoio formal", afirmou.

O setor automotivo vive um momento de crise, segundo Moan, atingindo "o fundo do poço" das vendas em junho. Apesar dos estoques altos, o presidente da Anfavea se disse confiante em um segundo semestre positivo para as vendas de automóveis, indicando queda nos estoques e uma previsão de PIB de 1,8% para o ano até dezembro. "Eu não vejo os indicadores com a visão pessimista que o mercado tem", considerou. "Acredito que o PIB deste ano será mais perto de 1,8% do que de 0,9%", comparou, em relação à previsão de analistas de mercado medida pelo Boletim Focus, do Banco Central.

Sistema tributário
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, defendeu que o próximo presidente da República deveria adotar, como principal prioridade para o setor industrial, a adoção de um sistema tributário que não seja cumulativo. Questionado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, se o caminho seria adotar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), como defenderam na sabatina os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), Gerdau disse que não precisaria nem adotar o IVA.

"É fazer todo o sistema tributário ser não cumulativo, e isso vale para a indústria, para o IPI, para o PIS/Cofins, para o ICMS e o imposto de serviços", disse Gerdau, ao final da sabatina de Dilma Rousseff.

O empresário disse que o cenário internacional exige desafios importantes ao setor, especialmente na competitividade da indústria nacional. Segundo ele, o empresariado "se desdobra" com a produção para competir. Gerdau disse ainda que a presidente "colocou bem" a questão da competitividade, com dificuldades em impostos e na logística, como grande desafio para a área.

Para Gerdau, embora considere que não haja uma opinião comum do setor industrial sobre qual a demanda principal, o sistema tributário é o "maior fator" da falta de competitividade atual.

Dilma não conseguiria arrumar setor elétrico, diz Serra

Elizabeth Lopes – O Estado de S. Paulo

O candidato do PSDB ao Senado Federal, José Serra, disse no início da noite desta quarta-feira que a presidente Dilma Rousseff não tem credibilidade para consertar o que seu governo fez de errado na área elétrica. "Metade do setor (elétrico) está quebrado e pra consertar tudo isso, o mesmo governo não vai conseguir", disse o tucano, em palestra no Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, na capital.

Nas críticas ao PT, Serra disse que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "de um homem que foi operário", prejudicou o setor industrial, com reflexos negativos para a economia do País. E frisou que a era petista, que não tem capacidade executiva, "arrebentou" um dos patrimônios da classe trabalhadora brasileira, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Serra lembrou que foi ele quem apresentou a emenda à Constituição que instituiu o que viria a ser o FAT.

Ao falar de sua candidatura ao Senado, o ex-governador disse que dentre as suas bandeiras, está "a batalha para consertar a questão do FAT" e garantir que genéricos sejam destinados também aos pacientes com câncer. Ele disse que a aprovação para um medicamento genérico entrar no mercado era de cerca de cinco meses quando ele esteve à frente do Ministério da Saúde, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Hoje, na gestão do PT, leva quase 30 meses, afirma.

O tucano falou também que pretende defender a bandeira da segurança, principalmente o combate às drogas e a vigilância nas fronteiras. "Hoje não há campanha educacional contra as drogas", disse.

No início de sua exposição, Serra disse que quando optou pela faculdade que iria cursar, havia duas profissões nobres, engenharia e medicina. "Escolhi engenharia porque pagava mais, tinha 17 anos", contou. No início dos anos 60, o Brasil estava em processo de industrialização e por isso a procura por engenheiros era grande.

Serra lamentou que da década de 80 para cá, o ritmo da economia brasileira tenha caído. "Estamos há praticamente 34 anos sem encontrar o caminho do desenvolvimento sustentável, com salto de galinha, cresce mas cai", afirmou.
Serra também lembrou, na palestra, sua participação na gestão do falecido governador de São Paulo Franco Montoro.

"Vocês não têm ideia da terra arrasada que encontramos ao assumir o governo de São Paulo, após a administração de Paulo Maluf", criticou.

Em São Paulo, Geraldo Alckmin venceria eleições com 50% dos votos

- O Globo

SÃO PAULO- Pesquisa Ibope divulgada ontem mostra que o governador de São Paulo , Geraldo Alckmin (PSDB), seria reeleito no primeiro turno . O tucano tem 50% das intenções de voto . Paulo Skaf (PMDB) aparece em segundo, com 11%. Alexandre Padilha (PT) fica em terceiro, com 5%. Essa é a primeira pesquisa do Ibope para o governo de São Paulo, por isso não é possível avaliar a evolução dos candidatos na disputa. Gilberto Natalini (PV), Laércio Benko (PHS), Raimundo Sena (P CO), Wagner Farias (PCB) e Gilberto Maringoni (PSOL) tiveram 1% cada. A pesquisa mostrou ainda que 29% dos eleitores não têm candidato, já que 15% responderam que votarão em branco ou nulo , e outros 14% declararam não saber em quem votar .

O levantamento mediu também a rejeião . Padilha aparece em primeiro, com 19%. Alckmin, em segundo, com 18%, e Skaf, em terceiro, com 13% de rejeição . Na mesma pesquisa, os eleitores avaliaram o governo Alckmin. Para 40% dos entrevistados, a gestão do tucano é "ótima ou boa". Outros 38% avaliaram o governo como "regular". Os que classificam a administração como "ruim ou péssima" somaram 19%. Encomendado pela TV Globo, o levantamento foi feito entre os dias 26 e 28 de julho com 1.512 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) sob o número SP- 00013/2014.

Na briga pelo Senado, Serra aparece à frente de Suplicy em pesquisa

• Ex-governador de São Paulo teria 30% das intenções de voto contra 23% do candidato do PT

Daniel Galvão – O Estado de S. Paulo

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) está em primeiro na corrida eleitoral para o Senado, com 30% das intenções de voto, segundo pesquisa do Ibope divulgada nesta quarta-feira pelo site de notícias G1, da Rede Globo. O senador Eduardo Suplicy (PT) aparece em segundo lugar, com 23%, e o ex-prefeito da capital paulista Gilberto Kassab (PSD), em terceiro, com 5%.

A candidata Ana Luiza (PSTU) tem 3%. Atingiram 1% de intenções de voto os candidatos Fernando Lucas (PRP), Juraci Garcia (PCO), Kaka Wera (PV), Marlene Campos Machado (PTB) e Senador Fláquer (PRTB). Foi mencionado, mas não teve o porcentual mínimo, o candidato Edmilson Costa (PC). Os indecisos totalizam 20% e os que afirmam que vão votar em branco ou anular são 14%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 28 de julho. Foram entrevistados 1.512 eleitores em 78 municípios do Estado. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) sob o protocolo Nº SP- 00013/2014.

Rio tem empate técnico entre Garotinho, Crivella e Pezão

• Candidatos do PR, PRB e PMDB estão respectivamente com 21%, 16% e 15%, com margem de erro máxima de 3 pontos percentuais

Fernanda Nunes – O Estado de S. Paulo

RIO – Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira no RJTV da TV Globo aponta que o deputado federal Anthony Garotinho (PR) tem 21% das intenções de voto para a disputa do governo do Rio de Janeiro. O senador Marcelo Crivella (PRB) aparece com 16%, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), com 15%, e Lindbergh Faria (PT), com 11%. Tecnicamente, Garotinho, Crivella e Pezão estão empatados, já que a margem de erro máxima do levantamento é de 3 pontos porcentuais.

A candidata Dayse Oliveira (PSTU) soma 2% das intenções de voto. Tarcísio Motta (PSOL) e Ney Nunes (PCB) têm 1% cada. Os votos em branco ou nulos somam 21% e 12% não souberam informar ou não responderam.

O Ibope ouviu 1.204 eleitores de 26 a 28 de julho, em 37 municípios. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) sob número RJ-00011/2014.

Taxa de rejeição
Garotinho tem a com maior rejeição entre os eleitores: 44% dos entrevistados não votariam nele de jeito nenhum. Pezão e Lindbergh têm taxa de rejeição de 17%. A de Crivella é 15%.

Avaliação do governo
A pesquisa também avaliou a gestão de Pezão, que assumiu o governo do Rio em abril, substituindo Sérgio Cabral (PMDB), que renunciou. Sua administração é considerada ótima ou boa por 18% dos consultados; regular, por 40%; e ruim ou péssima por 31%. Outros 11% não souberam ou não quiseram responder.

Ibope mostra empate técnico entre PT e PSDB em Minas

• Petista Fernando Pimentel tem 25% das intenções de voto, enquanto que o tucano Pimenta da Veiga tem 21%, margem de erro é de 3 pontos percentuais

Marcelo Portela, Angela Lacerda, Daniel Galvão e Fernanda Nunes – O Estado de S. Paulo

Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira, 30, mostrou empate técnico entre o candidato do PT ao governo de Minas Gerais, o ex-ministro Fernando Pimentel, e o também ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB). Pelo levantamento, que tem margem de erro de três pontos porcentuais para mais ou para menos, o petista tem 25% das intenções de voto, contra 21% do tucano.

Pimenta é apoiado pelo ex-governador Antonio Anastasia e pelo presidenciável Aécio Neves, ambos do PSDB.

Além de Minas Gerais e São Paulo, o Ibope fez pesquisas sobre as eleições para governador no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Distrito Federal, todas divulgadas em telejornais locais da Rede Globo.

No Rio, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) tem 21% das intenções de voto. Ele está empatado tecnicamente com o senador Marcelo Crivella (PRB), que tem 16%, e com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), com 15%. O senador Lindbergh Farias (PT) aparece com 11%.

No DF,José Roberto Arruda (PR), que chegou a ser preso quando ocupava o governo do Distrito Federal, em 2010, por causa do escândalo conhecido por mensalão do DEM, lidera a disputa pelo cargo, com 30% das intenções de voto. O atual governador, Agnelo Queiroz (PT), tem 16%, em empate técnico com Rodrigo Rollemberg (PSB), que tem 14%.

Em Pernambuco, o senador Armando Monteiro Neto, do PTB e com apoio do PT, lidera na preferência do eleitorado, com 43%. O segundo colocado é Paulo Câmara (PSB), candidato governista e afilhado do presidenciável Eduardo Campos, que aparece com 11%.

Senado. Nas disputas pelo Senado, o ex-jogador de futebol e deputado Romário (PSB) tem 24% das preferências no Rio, contra 17% para o ex-prefeito Cesar Maia. Em Minas, o ex-governador Anastasia aparece com larga vantagem sobre o segundo colocado, Josué Gomes (PMDB): 38% a 7%. Em Pernambuco, o petista João Paulo tem 37% e está à frente de Fernando Bezerra (PSB), com 16%. O deputado Reguffe (PDT) lidera a disputa pelo Senado no Distrito Federal, com 31%, à frente de Magela (PT), com 16%.

O Ibope ouviu 1.512 eleitores em Minas, 1.204 no Distrito Federal, 1.204 no Rio e 1.204 em Pernambuco. A margem de erro máxima das pesquisas é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos, em um nível de confiança de 95%.

PSDB vai questionar 'Claque Ministerial' em sabatina da CNI

• Para tucanos, evento foi em 'horário de trabalho' de ministros de Dilma Rousseff

Débora Bergamasco, João Domingos, Ricardo Brito, Ricardo Della Colletta, E.D, Nivaldo Souza, Daiene Cardoso e Bernardo Caram - O Estado de S. Paulo

A disputa entre a candidatura governista à Presidência da República e os dois principais postulantes de oposição na sabatina realizada na última quarta-feira pela Confederação Nacional da Indústria, em Brasília, foi além dos argumentos, da defesa da posição de cada candidato e das críticas aos adversários. O PSDB anunciou que vai entrar com uma ação para questionar a presença de sete ministros em um ato de campanha durante o horário de trabalho.

A presidente Dilma Rousseff (PT) levou com ela para o evento da CNI os ministros da Fazenda, Guido Mantega, da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Comunicação Social, Thomas Traumann, da Previdência Social, Garibaldi Alves, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, da Ciência e Tecnologia, Clélio Campolina, e da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos.

"Estou fazendo um levantamento dos ministros do governo federal e de todos os funcionários públicos que estavam no ato de campanha durante horário de trabalho", afirmou o candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves.

Protagonista
O candidato tucano, por sua vez, também surpreendeu. Ele estava acompanhado pelo ex-governador e ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB), um dos protagonistas do escândalo do mensalão mineiro.

Numa rápida entrevista, Azeredo afirmou que está animado com a candidatura de Aécio. Ele assistiu às apresentações de Aécio e do candidato do PSB, Eduardo Campos, realizadas no auditório da CNI.

"Sinceramente, estou animado sim. Acho que a coisa está caminhando bem, sabe?", afirmou Azeredo, ao final da sabatina de Aécio. Ele renunciou em fevereiro ao mandato de deputado federal. Era réu no Supremo Tribunal Federal em ação penal do mensalão mineiro, que estava pronta para ser julgada. Com a renúncia, o processo contra ele seguiu para a 1ª instância.

Já Eduardo Campos levou consigo a candidata a vice pelo PSB, Marina Silva, que ficou ao lado do presidenciável durante a sabatina e a entrevista coletiva e não se pronunciou sobre nenhum assunto.

Ao se retirar do prédio da CNI, Marina Silva criticou o governo de Dilma Rousseff. A ex-ministra da gestão Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que alguns ministros, como Edison Lobão (Minas e Energia) e Ideli Salvatti (Direitos Humanos) não entendem nada de suas pastas.

Propostas para tentar seduzir empresários

• Em sabatina na CNI, os três principais presidenciáveis defendem a competitividade na indústria, a necessidade de uma reforma tributária e de revisões na legislação trabalhista

Paulo de Tarso Lyra, Amanda Almeida, Andre Shalders e Antonio Temoteo – Correio Braziliense

No primeiro ato conjunto de campanha — embora em momentos de sabatina distintos na Confederação Nacional da Indústria (CNI) —, os três principais postulantes ao Palácio do Planalto tentaram seduzir o empresariado brasileiro com as propostas que implementarão caso sejam eleitos em outubro. Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) defenderam a competitividade na indústria, a necessidade de uma reforma tributária e de revisões na legislação trabalhista. Não apresentaram, contudo, propostas novas e pouco empolgaram os representantes do PIB nacional.

Tanto Aécio quanto Eduardo defenderam que o país está mergulhado em uma crise econômica que pode até ser influenciada por fatores externos, mas que tem como agravante a falta de liderança política do governo Dilma. "A crise atual não é causada por problemas internacionais, mas por brasileiros", resumiu o tucano. Eduardo seguiu na mesma linha: "O que falta são duas palavrinhas mágicas que conheço muito bem: gestão e liderança", completou o socialista.

A avaliação dos dois integrantes da oposição é de que a onda de pessimismo que assola o país, e obriga os empresários a atrasar investimentos, deriva da falta de pulso do governo. "Não vou sequer me ater à questão do Santander (uma analista do banco espanhol afirmou que os fundamentos da economia brasileira vão piorar caso Dilma seja reeleita). Vou ficar apenas nos relatórios da Fundação Getulio Vargas", disse Aécio. "A nossa política de governança esclerosou", acusou Eduardo Campos.

A presidente Dilma Rousseff — a última a ser sabatinada pelos empresários — garantiu que não haverá um tarifaço nas contas de energia e nos combustíveis em 2015. "Essa história do tarifaço é prima-irmã de duas outras coisas. A primeira chama-se tempestade perfeita, e a outra chama-se racionamento de energia. Pregar esse tarifaço agora é para assustar, as pessoas e as empresas", reclamou a presidente.

A tempestade perfeita a que se refere a Dilma é um jargão dos economistas segundo o qual a saúde financeira e monetária de um país se deteriora rapidamente por conta da conjugação de erros na condução da política interna e fatores externos negativos. Dilma afirmou que, ao se alastrar as ideias de tarifaço ou racionamento, os empresários desistem de investir com medo de não ter energia para suprir as demandas. "Vocês sabem perfeitamente que quando houve o racionamento em 2000 e 2001, o PIB do país caiu dois pontos percentuais", lembrou a presidente.

Obras públicas
Aécio e Eduardo também reforçaram a necessidade de um aumento na taxa de investimentos em infraestrutura no país. O percentual atual representa 2,5% do PIB. Ambos defendem um valor próximo dos 5%. O tucano também prometeu que o nível de investimento total, em 2018, subirá dos atuais 18% do PIB para 24%. Dilma rebateu, em sua intervenção, dizendo que herdou um país sem projetos, sem engenheiros e acrescentou que tentou acelerar o ritmo das obras públicas com o Regime Diferenciado de Contratação (RDC). "Fui acusada de afrouxar os mecanismos de fiscalização e controle, o que é um tolice", declarou a presidente.

Sobre a redução da carga tributária — uma das principais demandas feitas pelos empresários no documento com 42 pontos feito pela CNI —, Eduardo e Aécio prometeram enviar, logo nas primeiras semanas de governo uma proposta de reforma tributária ao Congresso. "Eu serei o primeiro presidente eleito desde a redemocratização que vai reduzir a carga tributária", afirmou Eduardo. "Com a experiência que tenho de parlamentar e governador de Minas, negociarei diretamente com o Congresso o processo de simplificação da estrutura de impostos no país", disse Aécio.

Dilma lembrou a série de desonerações que o seu governo e o do antecessor, Lula, promoveu desde 2008. "Imagina qual seria a situação da indústria hoje se, lá atrás, não tivéssemos tomados as medidas anticíclicas necessárias para o país continuar crescendo", indagou a presidente.

Repercussão
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, comentou que o evento foi importante para que o setor industrial ouvisse as diferentes propostas dos candidatos. Ele explicou que fará uma avaliação detalhada do que foi apresentado pelos três e, após esse processo, identificará quais são as melhores para o setor. "Somos uma entidade apolítica e não declaramos apoio a nenhum candidato. Esse é um momento de reflexão", detalhou.

Para o integrante do Conselho de Administração do grupo Ultra Pedro Wongtschowski, os três ainda não detalharam quais medidas serão tomadas para impulsionar os negócios do setor industrial. "Ainda precisamos aguardar a entrega formal dos programas de governo para entender as reais intenções de cada um", disse.

Na opinião do presidente da Alupar, Paulo Godoy, o presidente eleito não terá uma tarefa fácil para enfrentar o desafio de diminuir a burocracia existente no país. Conforme ele, será necessária uma grande articulação política também para fazer uma reforma tributária. "O que terá um peso maior nesse processo é a capacidade colocar em prática as propostas apresentadas", detalhou.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, afirmou que o governo Dilma Rousseff tem dificuldades em firmar parcerias comerciais com outros países. "Aécio e Eduardo têm boas propostas para esse tema, sem viés ideológico", concluiu.

Ponto a ponto
O que os presidenciáveis prometeram em sabatina da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Eduardo Campos (PSB)
» Entregar proposta de reforma tributária ao Congresso na primeira semana de governo.
» Não aumentar a atual carga tributária.
» Criar um marco regulatório da terceirização do trabalho.
» Dar caráter técnico às direções das agências reguladoras.
» Investir em parcerias público-privadas (PPPs) e concessões.

Aécio Neves (PSDB)
» Encaminhar proposta de reforma tributária ao Congresso na primeira semana de governo.
» Aumentar o nível de investimentos de 18% para 24% do PIB até 2018.
» Cortar cerca de metade dos 39 ministérios e um terço dos 22 mil cargos comissionados.
» Retomar competitividade da indústria brasileira, com ações como investimento em infraestrutura.
» Reforçar acordo bilaterais, em especial com a União Europeia.

Dilma Rousseff (PT)
» Apoiar reforma tributária, fatiada ou completa, no Congresso.
» Defender reforma política por meio de plebiscito.
» Simplificar as regras trabalhistas e valorizar as negociações coletivas.
» Aumentar investimentos em infraestrutura.
» Manter diálogo com os empresários.

Para empresários, Campos saiu-se melhor

Eduardo Campos, Bruno Peres, Lucas Marchesini e Raphael Di Cunto - Valor Econômico

BRASÍLIA - Na avaliação dos empresários presentes na sabatina com os três principais candidatos à Presidência, promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Eduardo Campos (PSB) teve o melhor desempenho. A empatia com a plateia foi grande, não por acaso ele foi aplaudido mais vezes, mas faltaram alguns "fundamentos", principalmente na área econômica, e foi cobrada uma postura mais clara do candidato em algumas áreas como reforma trabalhista.

O candidato do PSDB, Aécio Neves, foi considerado bem preparado e sua "equipe forte" - que conta com nomes como Armínio Fraga - foi citada como um bom diferencial em diversas ocasiões. O tucano pecou, no entanto, por utilizar a maior parte de seu tempo para "bater" no governo e apresentou poucas propostas que já não fossem conhecidas da plateia. A postura crítica não agradou. Segundo um empresário, "não estamos no Congresso. A visão tem que ser sempre para frente".

A presidente Dilma discursou com uma clareza notável, listando detalhadamente as medidas que tomou para proteger e estimular a indústria no pós-crise internacional de 2008/2009. Isso foi interpretado por dirigentes empresariais como uma espécie de "apresentação da fatura" do governo ao setor.

Quando questionada, conseguiu colocar bem que conhece os desafios que o setor enfrenta, mas não convenceu a plateia de que um segundo mandato será mais do que a mera continuidade do atual.

Um empresário que acompanhou todas as sabatinas, atento às reações de seus pares, observou que Campos surpreendeu positivamente com um discurso "muito redondo", ainda que o rosário de promessas tenha sido considerado de difícil execução, principalmente porque o candidato nunca dizia de onde viria o dinheiro. Ao prometer uma reforma tributária tão logo seja empossado, seu governo teria menos recursos ainda mais à frente.

Aécio pareceu pouco inspirado, na visão desse empresário, "muitas vezes vago ou repetitivo", só melhorando no fim, quando fez uma aplaudida explanação sobre o aparelhamento das empresas estatais.

A fala de Dilma foi vista por um empresário, um parlamentar do PT e um ministro do governo ouvidos pelo Valor de maneira similar. Para eles, a presidente optou por um discurso com menos concessões, como quem apresentasse a "conta" ao empresariado. Dilma elencou todas as medidas do governo, destacando os R$ 500 bilhões em crédito subsidiado do BNDES, a desoneração permanente para 56 setores e os programas de qualificação profissional, e alertou para a plateia o risco de que, se ela não for reeleita, eles perderão todas essas benesses.

O parlamentar petista disse, ainda, que a fala de Dilma foi a forma de a presidente retrucar os pedidos para que mude sua relação com o setor privado. Ele salientou a avaliação corrente no Palácio do Planalto de que o empresariado está sendo constantemente agraciado mas pouco tem retribuído em apoio ao governo.

Apesar do apelo para que os representantes do setor produtivo nacional não se deixem "arrastar pelas avaliações pessimistas" do cenário econômico, parte dos empresários ouvidos pelo Valor afirmou que Dilma não foi convincente e deu sinais de que o eventual segundo mandato "não será mais do que uma continuidade do atual".

Um empresário observou que a própria postura de Dilma durante a sabatina foi de alguém que não pretende mudar de comportamento, abrir-se ao diálogo nem tampouco reconhecer erros.

Todos os que tinham alguma posição mais crítica à presidente Dilma preferiram falar sob a condição do anonimato.

Para o presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, Dilma "tomou posicionamento muito forte para o futuro" e ela "colocou bem" questões relativas aos impostos e à logística, que são fatores de não competitividade. Para Gerdau, o tema mais importante de todos os debates foi a reforma tributária. "Essa é a prioridade número um do próximo governo", relatou, mas não comentou por que não houve grande empenho deste governo em fazê-la nos primeiros quatro anos.

O vice-presidente da CNI e presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Roberto Macedo, disse que o debate ressaltou os estilos diferentes dos três presidenciáveis. "O Eduardo Campos foi muito otimista, dizendo sempre 'Eu vou fazer isso, vou fazer aquilo'. O Aécio partiu muito para a crítica ao governo, apontando problemas e afirmando o que consertaria. E a presidente Dilma ficou numa posição mais defensiva, citando o que fez, mas sem apresentar grandes saídas para a economia. Acho que ela está se sentindo muito cobrada e quis dar a resposta", afirmou, sem querer opinar sobre quem se saiu melhor.

Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, os três candidatos apresentaram propostas diferenciadas de atuação, mas todos convergem à busca de um Brasil melhor para o setor industrial.

O presidente da Vivo, Antônio Carlos Valente, acredita que quem ganhou com o debate foi o Brasil. "Acho que o processo está muito no início e cada um, dentro do seu estilo, deu sua mensagem", disse.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade, classificou como muito bom o resultado da rodada de sabatinas. Segundo ele, o evento marcou o posicionamento da CNI e as propostas que a entidade está fazendo. "Deixamos claro que o empresariado da indústria está comprometido com o desenvolvimento do Brasil", disse.

Indagado se houve predominância de algum dos candidatos e por que uns foram mais aplaudidos que outros, Andrade disse que "aqui não é um fórum para dar apoio para candidato. Foi um fórum para discutir propostas dos candidatos".

Merval Pereira: Quadro em mutação

- O Globo

No chamado Triângulo das Bermudas — Rio, São Paulo e Minas — que reúne 42% do eleitorado nacional, a situação revelada pela primeira pesquisa do Ibope encomendada pela TV Globo mostra um quadro em mutação desfavorável à presidente Dilma Rousseff, embora ela esteja numericamente na frente em dois dos três estados.

Mas o candidato oposicionista Aécio Neves caminha para vencer em Minas, onde os candidatos petistas sempre ganharam nas últimas eleições, e está em empate técnico com Dilma em São Paulo, onde o PSDB tem o predomínio político.

Nos dois estados, é provável que o maior partido de oposição vença as eleições para os governos locais e para o Senado, mostrando que a chapa oposicionista tem força suficiente para se impor ao PT.

Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin pode vencer no primeiro turno, e o candidato petista, Alexandre Padilha, patina nos 5%. Para o Senado, o ex-governador José Serra continua na frente. O PSDB tem vencido regularmente a eleição para presidente em São Paulo, mas a diferença a seu favor vem diminuindo: Fernando Henrique abriu cerca de 5 milhões de votos frente a Lula em 1994 e 1998, em 2006, Alckmin venceu por uma margem de 3,8 milhões de votos, e Serra, em 2010, por cerca de 1,8 milhão.

Esta será a primeira eleição presidencial desde 1994 em que não há candidatos paulistas na disputa e, por enquanto, a performance de Aécio Neves tem sido boa, mostrando que o eleitorado tucano e a máquina partidária está engajada na campanha.

O candidato do PSB, Eduardo Campos, em que pese a boa votação que sua vice, Marina Silva, teve em 2010 no estado e ser ele aliado de Alckmin, não tem boa aceitação, com 6% das intenções de voto.

Em Minas, o candidato tucano, Pimenta da Veiga, já está em empate técnico com Fernando Pimentel do PT, que até pouco atrás liderava com folga a corrida para o governo. Quando identificado como o candidato de Aécio, Pimenta da Veiga sobe nas pesquisas.

O ex-governador Antonio Anastasia lidera a corrida para o Senado, com vantagem sobre o candidato do PMDB, Josué de Alencar.

Provavelmente, portando, a presidente não repetirá a vitória que teve em 2010, quando venceu em Minas por diferença de 1,7 milhão de votos.

Se, além de impedir essa diferença a favor de Dilma, o candidato tucano confirmar uma vitória com cerca de 3 milhões de votos na frente, estará compensando a eventual diferença que a presidente possa ter no Nordeste, que continua sendo sua fortaleza.

Mas a situação da presidente no Nordeste também não será a mesma de 2010, quando tirou cerca de 11 milhões de votos de diferença no primeiro turno. Só em Pernambuco, ela perderá a diferença de quase 2 milhões de votos que teve, pois o ex-governador Eduardo Campos já está empatado com ela na pesquisa, e tudo indica que deve reverter essa diferença a seu favor. Em Pernambuco, a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, aparece com 41% das intenções de voto, tecnicamente empatada, mas numericamente à frente do candidato Eduardo Campos, que tem 37% das menções.

Enquanto em Minas Eduardo Campos aparece com meros 5% de intenção de votos, em Pernambuco é Aécio que tem apenas 5%. No Estado do Rio de Janeiro, onde a presidente Dilma teve votação expressiva em 2010, ela continua muito à frente de seus adversários, com 35% dos votos contra 15% para Aécio e apenas 5% para Campos. Mas a máquina do PMDB, que está trabalhando para o candidato tucano, começa a se mexer, colocando o governador Pezão, com 15% dos votos, em virtual empate técnico com o candidato

Garotinho, do PR, que aparece com 21% das intenções de voto, e Marcelo Crivella (PRB) com 16%. Lindberg Farias, do PT está empacado nos 11%. Garotinho, porém, tem um problema que coloca um teto em suas pretensões: ele é também o candidato com maior rejeição, citado por 44% dos eleitores.

Dora Kramer: Sinuca de bico

- O Estado de S. Paulo

O vice-presidente Michel Temer teve uma ideia. Compartilhou com a presidente Dilma Rousseff, que achou ótima a receita para conduzir a eleição de São Paulo ao segundo turno a fim de juntar forças na etapa final para, aí então, interromper os 20 anos do PSDB no poder.

Ficou acertado que o Planalto teria dois candidatos ao governo do Estado. Alexandre Padilha, petista, o oficial. Paulo Skaf entraria na disputa como linha auxiliar do PT. Temer se empenhou pessoalmente na candidatura, em articulação que tinha a vantagem ainda de afastar o PMDB da área de influência dos tucanos.

Tudo bem organizado, só faltou combinar com Paulo Skaf que seu papel era de figurante. Disposto a disputar para valer, o empresário adaptou o roteiro original e aquilo que era para ser uma solução virou um problemão para Dilma, Temer e o PT em São Paulo.

Ele simplesmente se recusa a fazer a dobradinha que Michel Temer prometeu a Dilma. E diz isso sem a menor cerimônia. Para ele o jogo não é de dois contra um, mas de três contra três. Vale dizer, considera-se tão adversário do PT quanto do PSDB.

Por isso não apenas se recusa a fazer campanha para a presidente Dilma Rousseff como declina nem sempre de maneira gentil o seu apoio. A razão está nas pesquisas: rejeição à presidente de 35% no âmbito nacional; 47% no Estado de São Paulo e 49% na capital.

Dá a entender que prefere andar só que mal acompanhado. E assim parece ter entendido o PT ao reagir com raiva e ameaças, com seus dirigentes regionais chamando o candidato de ingênuo e equivocado. O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, avisou: "Ele vai arcar com as consequências".

O vice Michel Temer cobra fidelidade de Skaf, lembra que deve a ele sua candidatura e mostra a faca.

Diz que o PMDB de São Paulo estará com Dilma de qualquer maneira e acena até com uma possível intervenção na seção regional do partido se houver resistência.

A intenção declarada é a de "isolar" o candidato do partido a fim de forçá-lo a mudar de posição. Muito bem: com todo o respeito que uma articulação atrapalhada oposicionista não merece ninguém provou que a força do porrete é a forma mais convincente de atrair o opositor.

Dê motivo. Razões metodológicas à parte, o motivo da expressiva queda (30%) no número de eleitores com idade entre 16 e 17 anos é o simples fato de o voto não ser obrigatório nessa faixa etária.

Segundo os dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral, divulgados nesta terça-feira, eles eram 2,4 milhões em 2010 e agora são 1,6 milhão. Pela Constituição, votam se quiserem, sendo obrigados apenas a partir dos 18 e até os 70 anos.

Fosse o voto facultativo para todos, os políticos não teriam mercado garantido nas demais faixas de idade e precisariam necessariamente estimular o eleitorado a participar. Como não têm essa necessidade, não se preocupam especialmente com o jovem, que poderia ser incentivado desde cedo a ir às urnas espontaneamente.

Para isso, porém, precisaria ter bons e substantivos motivos.

Efeito colateral. A reação do governo ao cenário do Banco Santander pode de fato inibir analistas de mercado de traçar perspectivas da economia ligadas ao resultado das eleições.

Mas poderá também ter despertado a percepção geral sobre a vocação intervencionista e o gosto pelo autoritarismo dos atuais ocupantes do Palácio do Planalto e adjacências.

'Palmômetro'. Pelo critério das palmas dos empresários, a presidente Dilma Rousseff saiu em desvantagem da sabatina de Confederação Nacional da Indústria em relação aos adversários.

Eliane Cantanhêde: Profecias e realidade

- Folha de S. Paulo

Ou a presidente Dilma Rousseff deu azar, ou houve uma conspiração. Enquanto ela dizia que a economia vai muito bem, obrigada, e fazia um apelo na CNI para que empresários não se deixem levar por "profecias pessimistas", novas notícias que minam esse discurso viravam manchetes nos jornais online.

Logo ontem, quando Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos faziam contorcionismos para impressionar bem o empresariado, veio a informação de que a recuperação econômica dos EUA está sendo mais forte do que previsto. A potência cresceu a uma taxa anual de 4% no segundo trimestre, o que pode levar o crescimento a 2% no ano. A expectativa para o Brasil é em torno de mísero 1%.

No discurso de Dilma, o Brasil amarga esse pibinho por causa das potências, das influências externas, da crise de 2008 e, afinal, gente, porque todo mundo está crescendo pouquinho mesmo. A novidade dos EUA mostra que não é bem assim. E isso, claro, embaralha os pretextos da presidente candidata para os resultados pífios da economia. É preciso arranjar outros pretextos rapidinho.

E foi justamente durante o discurso de Dilma na CNI que o Tesouro Nacional --veja bem, que é do governo, chefiado pela presidente-- deu uma outra má notícia, pior ainda para ela e para o empresariado: o saldo entre receitas e despesas do governo federal no primeiro semestre foi o pior dos últimos 14 anos. Ou seja, com crescimento tão raquítico, a arrecadação cai; com o ano eleitoral, a gastança pública sobe.

Daí que o governo promete, promete, mas não tem como cumprir o compromisso de poupar R$ 80,8 bilhões em 2014, simplesmente porque, na metade do ano, só conseguiu atingir 21% dessa meta. E não porque seja bonzinho, porque sacrifique índices para favorecer os pobres da nação, mas porque não está gerindo adequadamente a economia, nem os gastos.

O empresário sabe distinguir "profecia pessimista" de constatação.

Luiz Carlos Azedo: A culpa é dos outros

- Correio Braziliense

Dilma responsabilizou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelos problemas de infraestrutura e saiu pela tangente quando falou sobre a correção da defasagem das tarifas públicas

Os que esperavam um mea-culpa e o anúncio de mudanças de rumos na política econômica de parte da presidente Dilma Rousseff(PT), candidata à reeleição, saíram frustrados da sabatina promovida ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com participação dos principais candidatos a presidente da República.

Se depender dos aplausos, saíram-se melhor com os empresários o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que bateram duro na gestão da economia, embora a presidente da República, acompanhada do vice, Michel Temer, e de seus principais ministros, tenha mobilizado grande atenção.

Dilma fez um balanço róseo das atuação de seu governo na economia, mas pegou carona nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se defender das críticas que vem sofrendo dos agentes econômicos e da oposição.

Mesmo com a industria nacional à bancarrota, defendeu enfaticamente a sua política industrial, Citou como exemplo a polêmica política de financiamento do BNDES, que é muito criticada por favorecer grandes grupos econômicos escolhidos a dedo pelo governo, e a indústria naval, que passou a receber encomendas da Petrobras.

A maioria dos empresários presentes, apesar dos elogios formais de alguns diretores da CNI, até achou graça das loas de Dilma à desoneração de tributos e o aumento das compras governamentais, à formação técnica com foco na inovação, ao estabelecimento de marcos regulatórios e dos investimentos em infraestrutura. É que a indústria brasileira está no maior sufoco.

A presidente da República voltou a atacar os críticos do governo: "A pior coisa que pode acontecer com a pessoa, empresário, quando tem que enfrentar desafio ou uma crise, em qualquer atividade, em especial na atividade econômica, a pior coisa é ficar pessimista. O pessimismo tem o condão de ter consequências graves. Expectativas pessimistas bloqueiam as realizações", disse.

Culpou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelos problemas de infraestrutura e saiu pela tangente quando foi obrigada a falar sobre as medidas que precisarão ser adotadas após as eleições para corrigir a defasagem das tarifas públicas. "Essa história do tarifaço é mais um movimento no sentido de instaurar pessimismo, expectativas negativas, comprometendo o crescimento do país. O que uma empresa pensa quando passam a falar que vai haver racionamento? Eu não posso investir porque vai ter restrição da energia, então eu restrinjo a produção", declarou.

Alternativas para a crise
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, durante a sabatina, anunciou que, se eleito, vai propor logo na "largada" do governo um projeto de simplificação do sistema tributário. Segundo ele, a simplificação é necessária para garantir maior competitividade da indústria brasileira, com a redução dos encargos tributários. Para Aécio, é preciso avançar em políticas que incentivem o investimento privado em obras, principalmente de infraestrutura.

O tucano desceu o sarrafo na gestão do PT na economia. Chamou de "pífios" os resultados obtidos pelo governo, em consequência de escolhas erradas. "A grande verdade é que, ao longo dos últimos 12 anos, o atual governo demonizou as privatizações, as concessões e as parcerias com o setor privado. Mas eu aprendi muito cedo que o ativo mais valioso da política é o tempo. E o aprendizado do PT no governo vem custando muito caro ao Brasil", disse.

Eduardo Campos (PSB) também defendeu uma reforma tributária, cujo projeto apresentaria na primeira semana de governo, caso seja eleito. Foi duro contra o "presidencialismo de coalizão", numa referência às alianças do governo com vários partidos, numa espécie de loteamento. Prometeu por fim à relação do governo federal com os partidos com base na troca de ministérios por apoio político no Congresso.

"É fundamental que possamos ter no Brasil a produtividade do setor público, do setor privado, que hoje é baixíssima, e a produtividade não é chegar distribuindo ministérios para uma porção de partidos políticos", disse.

Jarbas de Holanda: A batalha de 5 de outubro e o preparo da verdadeira guerra no 2º turno

As pesquisas do início de agosto vão mostrar, às vésperas do desencadeamento do horário eleitoral “gratuito”, as vantagens, a competitividade e as limitações, superáveis ou não, dos principais concorrentes ao pleito presidencial e aos pleitos nos estados, bem como dos demais participantes das disputas de voto majoritário. Tais pesquisas desdobrarão, reorientarão ou substituirão propostas e posturas (afirmativas, defensivas e de ataque) das diversas campanhas, desencadeando também ou reforçando as ações dos palanques eleitorais montados nos vários estados. Boa parte deles em torno de composições que relativizam, ignoram e até contrariam as alianças partidárias federais. E os levantamentos específicos sobre o principal embate certamente confirmarão a tendência de 2º turno.

Como era previsível, deixados para trás os jogos da Copa da Fifa e a mobilização popular em favor da (frustrada) conquista do hexa pelo time brasileiro, os sérios problemas da economia ganham centralidade nas manchetes da mídia e no debate político. O que se reforça com a progressiva piora dos indicadores correspondentes: das projeções do PIB de 2014, já reduzidas para menos de 1%, e sobre uma recessão da indústria, até as relativas à oferta de empregos, em queda, e à inflação (a da taxa oficial, no limite de tolerância máxima da meta, e a mais alta das feiras e dos supermercados). Sem contar o que ocorrerá mais à frente: a correção de preços (represados pelo populismo eleitoral) de combustíveis, energia elétrica e de tarifas de transporte público.

Empenhada em reverter, ou ao menos conter, os elevados índices de avaliação negativa do governo e de rejeição à sua campanha reeleitoral, a presidente-candidata Dilma Rousseff partiu para uma sucessão de medidas, pontuais e seletivas, novas e repetidas, de resposta a tais problemas. Combinadas com a atribuição deles a fatores externos e com promessas à sociedade e aos agentes produtivos de ações de vulto para resolvê-los se for reeleita. As medidas mais recentes foram adotadas através do Banco Central: manter a taxa de juros básicos em 11% até o final do ano, para combate à inflação, e, dois dias depois, restabelecer e ampliar estímulos ao consumo, sobretudo para produtos da indústria automobilística, reduzindo a margem das reservas compulsórias dos bancos no BC na tentativa de que, assim, sejam injetados R$ 45 bilhões na economia. Medidas cujas incoerência e qualidade foram bem resumidas no título e no lead de editorial de ontem da Folha de S. Paulo: “Contradição econômica. Ao incentivar crédito após ter preferido não cortar juros, Banco Central reforça o capítulo das confusões na atual administração”.

Por seu turno, os adversários Aécio Neves e Eduardo Campos são desafiados a articular o combate à política econômica (populista, estatizante e centralizadora) responsável por tais “confusões”. O que precisam ser capazes de fazer com propostas de alternativas consistentes num próximo governo dirigido por um ou pelo outro. E ambos, sobretudo Aécio, passando a defrontar-se com um agressivo e perigoso obstáculo que está sendo montado pela campanha governista: para forçar a queda da rejeição à Dilma e de seus efeitos, estendê-la aos adversários por meio de uma bateria de denúncias de caráter moral (e não apenas de que poderão esvaziar ou acabar com os programas assistencialistas ), na nova fase da disputa pelo Palácio do Planalto, especialmente a da guerra do 2º turno.

Quanto às relações entre os pleitos nacional e estaduais, os maiores desafios da campanha de Dilma são os do enfrentamento de Aécio, Geraldo Alckmin e José Serra, em São Paulo (para o que precisa de um bom palanque, que ainda não tem) e o de reproduzir boa parte da enorme vantagem que conseguiu no Nordeste em 2010. Agora ameaçada pela força da candidatura de Campos em Pernambuco (com desdobramentos em Alagoas e Paraíba), bem como por expressiva votação que Aécio deverá receber na Bahia e no Ceará. Já num outro colégio eleitoral importante – o Rio de Janeiro – um possível 2º turno estadual entre Garotinho e Pezão poderá, na mesma etapa do embate presidencial, vincular o primeiro a Dilma e o segundo a Aécio.

Jarbas de Holanda é jornalista

Míriam Leitão: Vítima e culpada

- O Globo

Abre-se agora para a Argentina um cenário de incertezas. Essa é uma moratória diferente de todas as outras. O país está pagando aos governos credores através do Clube de Paris, pagou ao FMI, tentou pagar aos credores da dívida reestruturada e está sendo impedida pela Justiça americana. A Argentina é vítima e culpada de seu próprio drama e hoje é uma economia em calote externo.

A solução desesperada apresentada pelos bancos, de comprar 100% da dívida dos fundos chamados abutres, dá um enganoso alívio. Esses fundos que ganharam na Justiça são apenas 10% dos que estão de fora. Têm a receber US$ 1,3 bilhão. Mas existem outros investidores só esperando o momento para requerer a mesma coisa na Justiça. Os bancos não têm fôlego para tanto.

A Argentina é culpada porque hostilizou os credores, politizou o que deveria ser técnica e habilmente conduzido, criou arestas desnecessárias e abriu o caminho para uma decisão contra ela. É vítima porque ficou prisioneira de um sentença inflexível de um juiz distrital americano e de especuladores bem sucedidos. 

Não houve recursos a uma corte de apelação intermediária, o governo argentino foi direto à Suprema Corte, que decidiu que não era seu assunto. O ministro da economia, Axel Kicillof, ainda tentava convencer que, apesar de não haver acordo, o país não está em default. Quer, pelo visto, uma prorrogação ao fim do tempo regulamentar da partida.

Sem o acordo da dívida com os fundos, todos perdem. A Argentina já está em recessão e com inflação alta, a crise vai se aprofundar porque ela terá mais dificuldades de captação no exterior. E não apenas o setor público terá problemas, mas também as empresas e os bancos argentinos. A classificação de risco de calote técnico emitida pela S&P afastará qualquer emprestador do país.

Perdem também os credores da dívida reestruturada, que sofreram o golpe com o calote em 2001, decretado pelo presidente relâmpago Adolfo Rodriguez Saá, que ficou apenas uma semana no cargo. Eles foram hostilizados em 2005, na primeira etapa de negociação com o então presidente Néstor Kirchner, e acabaram entrando num acordo, que foi ampliado em 2010. Ao fim, já haviam concedido um desconto que oscilou entre 40% e 73% dependendo do título. Estão, agora, na esquisita situação de ter a receber, o devedor tentar pagar, e a Justiça impedir que o dinheiro chegue a eles.

Perde a Justiça americana sobre a qual pesa agora uma enorme dúvida. O foro de Nova York pode ser a jurisdição arbitral escolhida nas negociações de dívida soberana? Como, se a decisão de um único Juiz encurrala um país?

A Argentina em calote não é um bom cenário para o Brasil. Não haverá contágio financeiro e cambial, como em outras crises de dívida, mas todos os efeitos vão piorar um pouco mais a fraca conjuntura brasileira. O comércio entre os dois países foi de US$ 14 bilhões no primeiro semestre, uma queda de 20% sobre o mesmo período do ano passado, ou US$ 3,6 bilhões a menos. O Brasil exporta principalmente automóveis, máquinas e equipamentos, manufaturados, em geral. Nada disso eles comprarão em período de dificuldades.

As reservas cambiais da Argentina são de US$ 27 bilhões. Em julho de 2011 estavam em US$ 52 bilhões. A péssima administração das reservas produziu uma forte redução de dólares em caixa e deixou-os mais vulneráveis no pior momento. Por isso, com as portas do mundo fechadas, e um processo de fuga de capitais, a tendência será importar menos e colocar barreiras ao comércio. Como o Brasil tem negociado acordos comerciais com outros países e blocos através do Mercosul, a crise de um dos parceiros torna ainda mais difícil qualquer avanço.

Armando Castelar: A economia e as eleições

- Correio Braziliense

Passada a Copa, a eleição vai aos poucos tomando conta da cena nacional. Esta promete ser uma eleição mais disputada que as últimas. Uma evidência disso é que a líder nas pesquisas chega a esta etapa em posição menos favorável do que em 2006 e 2010, em termos das taxas de preferência e rejeição do eleitorado. A simulação de segundo turno também mostra um quadro mais competitivo.

Em que medida o acirramento da disputa eleitoral apontado pelas pesquisas pode ser atribuído ao quadro econômico, menos positivo em 2014 do que há quatro anos? Minha visão é que essa influência é significativa.

Em 2010, quando a presidente foi eleita, suas intenções de voto oscilavam em torno de 50%. Nesse ano, o PIB cresceu 7,5%, com alta de 10,1% no setor da indústria de transformação e expansão de 21,3% do investimento. O consumo das famílias aumentou 6,9%. Na média de agosto a outubro de 2010, o salário médio ficou 6,7% acima do registrado um ano antes, já descontada a inflação. Na mesma comparação, o crédito às pessoas físicas teve expansão real de 16%, enquanto a inflação em 12 meses foi de 4,8%. Não surpreende, assim, que, em outubro de 2010, a confiança do consumidor estivesse próxima do pico da série histórica.

A economia se aproxima das eleições de 2014 com uma dinâmica bem menos favorável. Tudo indica que este ano o PIB vai crescer 1% ou menos, a indústria de transformação vai sofrer forte contração, assim como o investimento, e o consumo das famílias expandirá menos de 2%. O salário real deve chegar às eleições aumentando, mas em ritmo bem menor do que em 2010. O crédito às famílias também cresce bem menos, especialmente se descontado o crédito imobiliário. A inflação à época das eleições estará girando próxima a 6,5%. Mais endividado e menos animado com as perspectivas da economia, o consumidor chegará às eleições com nível de confiança bem mais baixo do que há quatro anos.

Igualmente importante é que o mal-estar associado a essa deterioração é profundo e disseminado. Isso porque o estrago não resulta de um choque pontual. Pelo contrário, é contínuo: este é o quarto ano seguido de crescimento baixo e inflação alta, que só não é maior devido ao represamento de preços administrados, como os de combustíveis e energia elétrica. O Brasil foi aos poucos para uma inflação de 7% e 1% de crescimento. Não é um quadro que evoque boas lembranças. Não à toa os eleitores querem mudanças, mostram as pesquisas.

Por seu lado, a economia também joga a favor da reeleição, explicando em parte a liderança da presidente nas pesquisas. Isso porque, apesar da dinâmica ruim, a situação econômica, fora da indústria de transformação, ainda apresenta alguns indicadores positivos.

O baixo desemprego e os salários elevados são os fatores mais positivos. Na média do primeiro semestre de 2014, a taxa de desocupação foi mais de dois pontos percentuais inferior à de quatro anos antes. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, essa taxa caiu para apenas 3,6%. Os eleitores veem um risco baixo de ficarem sem emprego. Enquanto isso, o salário por hora trabalhada subiu 13% acima da inflação. Nas regiões metropolitanas de Recife e Rio de Janeiro, a alta dos salários superou 20%; em São Paulo, porém, foi de %u201Capenas%u201D 9%.

Em parte, alguns desses bons resultados são fruto das distorções que tornam a dinâmica da economia tão ruim. Por exemplo, a alta do rendimento real e a queda do desemprego refletem parcialmente a defasagem dos preços administrados e a expansão do crédito público, esta alcançada à custa do aumento da dívida pública bruta.

Parte da explicação para alguns desses bons indicadores advém do cenário externo ainda benigno. Refiro-me aqui ao baixíssimo custo de financiamento externo viabilizado pelas políticas de afrouxamento monetário dos bancos centrais dos EUA, da Europa e do Japão, e os preços de exportação em patamar bastante elevados: em dólares, 18% mais altos do que quatro anos atrás. Não fossem esses fatores, o real estaria mais desvalorizado, os salários reais seriam mais baixos e o nível de consumo teria piorado.

A economia vai continuar influindo na eleição, talvez se tornando o tema principal. Mas não é claro se vai prevalecer a preocupação com a dinâmica ruim ou os indicadores ainda bons. Em parte, isso dependerá da capacidade de cada lado construir uma narrativa que realce o ângulo que lhe é mais favorável.

Coordenador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ)

Panorama Político :: Ilimar Franco

- O Globo

A omissão
O meio ambiente foi ignorado pelos candidatos e seus inquisidores na sabatina da CNI. A produção de energia farta e barata é tão relevante quanto a redução de impostos para a competitividade . A maior bacia hidrográfica do mundo fica na Amazônia e a construção de usinas na região , como as do Rio Madeira, é polêmica. O tema é espinhoso e costuma ser tratado ao gosto da plateia . Ontem , ela silenciou

As duas táticas da oposição
O tratamento dado ao ex-presidente Lula diferenciou Aécio Neves e Eduardo Campos, na CNI. Aécio fez apenas uma menção breve e positiva. Candidato anti-PT, não quis provocar a fera. Preferiu criticar a gestão da presidente Dilma. Campos fez duas críticas ligeiras à gestão do ex-presidente . Ex-ministro de Lula , mesmo que comedido , quis se vender como alternativa de mudança para os industriais . Já a presidente Dilma só o citou para criticar o baixo crescimento na gestão do ex-presidente Fernando Henrique . Herdeira política do ex-presidente , foi econômica para se apresentar como uma gestora preparada, que pilotou o país com autonomia de vôo.
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"Alterar a regra de reajuste do salário mínimo, que deve passar a ser a inflação do ano anterior mais a variação do PIB per capita de dois anos atrás"
Propostas da Indústria para as eleições de 2014
Documento que a CNI entregou aos candidatos à Presidência em defesa de um reajuste mitigado pelo crescimento da população
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Chamou a atenção
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Ultra, Pedro Wongtschowski, ao questionar um dos candidatos, na CNI, apontou como entrave à competitividade o crescimento dos salários, de cerca de 100%, nos últimos anos.

Na onda
Armando Monteiro (PTB-PE) decidiu adotar uma "campanha limpa " e recolher 1,4 mil cavaletes distribuídos com seu material por Recife e região metropolitana. A partir de hoje, passarão a circular 50 barcos nos canais e rios da cidade, cujas velas terão o nome do candidato. Com isso, vai deixar as calçadas livres para circulação de pedestres.

Ecos da sabatina na CNI
A turma de Eduardo Campos avalia que ele passou uma imagem de competência. A de Aécio Neves, que ele vendeu bem a tese de que a crise decorre de erros internos. A de Dilma, que ela mostrou consistência e distribuiu simpatia.

A bancada da maconha
Candidatos à reeleição, os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Eurico Junior (PV-RJ) promovem o debate "Domingos Cannabicos". Eles se somam aos ex-presidentes Fernando Henrique e Bill Clinton (EU A), ao presidente do Uruguai José Mujica e à candidata Luciana Genro (PSOL) na defesa da liberação do consumo da maconha.

A promessa
Os candidatos a presidente , independentemente de quem vença as eleições, assumiram compromisso de promover uma reforma política. A promessa será cobrada dos partidos que os apoiam. Até hoje, a reforma não saiu por falta de acordo.

Padilha x Skaf
O candidato Alexandre Padilha (PT) cita 12 vezes o nome da presidente Dilma e outras seis a expressão "governo federal" em seu programa de governo. Paulo Skaf (PMDB) não a menciona.
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O MERCOSUL, no caso de vitória de Eduardo Campos ou de Aécio Neves, vai para o espaço. Ambos deixaram isso claro ontem na sabatina da CNI.