quinta-feira, 22 de maio de 2014

Opinião do dia: Antonio Gramsci

Esqueceu-se assim que, se o “economicismo” é ou presume ser também um cânone objetivo de interpretação (objetivo-científico), a pesquisa no sentido dos interesses imediatos deveria ser válida para todos os aspectos da história, tanto para os homens que representam a “tese” como para aqueles que representam a “antítese. Ignorou-se, além disso, uma outra proposição da filosofia da práxis: a de que as “crenças populares”ou as crenças do tipo das crenças populares tem a validade das forças materiais.

Antonio Gramsci. Cadernos do cárcere, v. 3 p.53. “Alguns aspectos teóricos e práticos do “economicismo”. Civilização Brasileira, 2007.

A encenação de uma CPI chapa branca

• Oposição promete boicotar a sessão de hoje e critica a decisão que libertou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

A oposição vai manter a estratégia do boicote à CPI da Petrobras e não comparecerá hoje ao depoimento do ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró. "Nós queremos constranger o governo e mostrar que essa CPI é chapa-branca e não quer investigar nada", disse o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN). Sem a presença dos oposicionistas, o relator da CPI, senador José Pimentel (PT-CE), vai colocar em votação o requerimento para convocar o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Agripino garante que, mesmo se Paulo Roberto Costa for convocado à CPI do Senado, nem assim a oposição estará presente. "Se ele for lá, terá que vir à comissão mista. Na melhor das hipóteses, estaremos pautando a CPI governista, pois eles terão de ser mais duros com os depoentes", disse o senador do DEM, que afirmou não entender por que Paulo Roberto Costa está solto. "Essa é uma resposta que deve ser dada ao Brasil, não apenas à oposição", cobrou.

Confirmado como um dos integrantes da CPI Mista da Petrobras, o deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que o ministro do STF Teori Zavascki tomou uma atitude questionável ao permitir a liberdade de alguém como Paulo Roberto Costa, suspeito de envolvimento em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. "O ministro simplesmente libera, única e exclusivamente, um dos baluartes do esquema de corrupção protagonizado pelo PT e seus comparsas", criticou Ônix.

Projeções
O governo acredita que, dentro das investigações envolvendo a Petrobras, apenas quatro pessoas têm peso para alterar o rumo dos eventos: a atual presidente da estatal, Maria das Graças Foster; o antecessor, Sérgio Gabrielli; e os ex-diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa. Para aliados de Dilma, os três primeiros já falaram no Congresso tudo o que pensam sobre as operações realizadas pela empresa. E Paulo Roberto tende a não dizer nada, caso seja convocado, para evitar se incriminar mais ainda nas investigações da Operação Lava-Jato.

Existe, contudo, um receio de que o ex-diretor resolva expor as atividades como lobista logo após a exoneração da estatal, em março de 2012. Essa seria a única maneira, entendem aliados do Planalto, de Costa constranger o governo. A avaliação é de que a margem de manobra do ex-diretor quando ainda integrava o comando da estatal era limitado, pois as decisões precisavam ser colegiadas. Depois que deixou a Petrobras, contudo, ele poderia ter tentado agir diretamente com alguns antigos subordinados, o que traria problemas à imagem da empresa.

Relatório da Polícia Federal encaminhado ontem ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, entretanto, afirma que há suspeitas da existência de uma "organização criminosa no seio da empresa Petrobras" que patrocinaria desvio de recursos públicos para o exterior e o consequente "retorno de numerário via empresas offshore".

Ainda de acordo com a PF, esse esquema, do qual Costa fazia parte desde o tempo em que ajudou nas negociações da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, serviria de base para "pagamento de propinas e abastecimento financeiro de grupos criminosos envolvidos no ramo petroleiro".

Doleiro
Se Costa está solto, a Justiça Federal do Paraná decretou um novo pedido de prisão contra o doleiro Alberto Youssef, desta vez, pelo envolvimento no caso Banestado, um esquema semelhante ao atual de remessa de recursos ilegais para o exterior por intermédio das contas CC5.

Youssef responde as acusações de gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e corrupção ativa. Na época, ele teve as punições suspensas por ter negociado um esquema de delação premiada. Mas a Justiça entendeu que a reincidência do doleiro na prática criminosa faz com que ele perca o direito ao benefício adquirido.

STF suspende resolução do TSE que limitava poder de investigação do MP

• Com a decisão, o Ministério Público poderá apurar irregularidades nas campanhas eleitorais sem precisar de autorização prévia de juiz

Carolina Brígido – O Globo

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quarta-feira resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que limitava o poder de investigação do Ministério Público diante de fraudes eleitorais. A regra condicionava a investigação de suspeita de ilegalidade à autorização prévia de um juiz eleitoral. Agora, fica valendo a norma anterior, que dá autonomia a procuradores e promotores de todo o Brasil para apurar esses casos e, se for detectado crime, é aberto processo na Justiça. Com a decisão da mais alta corte do país, o Ministério Público poderá fiscalizar livremente as campanhas deste ano.

A decisão foi tomada por nove votos a dois. O primeiro a condenar a resolução foi o relator, ministro Luís Roberto Barroso. Ele ponderou que uma resolução do TSE não poderia tirar poderes dados ao Ministério Público pela Constituição Federal. O relator lembrou que, pela Constituição, a investigação deve ser de iniciativa do Ministério Público, e não do Judiciário.

- A iniciativa de investigação eleitoral é do Ministério Público. A independência do Ministério Público ficaria significativamente esvaziada caso as apurações dependesse de uma anuência judicial - disse.

O ministro acrescentou que, segundo as leis processuais do país, não se pode dar ao juiz a condução de investigações, sob pena de ele perder a isenção na hora de julgar. Para Barroso, o TSE não está autorizado a “introduzir inovações substantivas no princípio acusatório”.

- Não parece válida previsão de que o juiz fará requisições para a instauração de inquérito. Não é admissível que a autoridade judicial determine o rumo das investigações, em prejuízo de sua própria e desejada neutralidade - argumentou Barroso.

O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, concordou com o relator. Ele ressaltou que não cabe ao TSE mudar a regra processual penal brasileira. Essa seria uma atribuição do Congresso Nacional.

- O regramento relativo à instauração de inquérito não provém do sistema normativo eleitoral, mas sim do sistema processual penal. A fixação de regras para a tramitação do inquérito policial eleitoral extrapola o poder regulamentar complementar conferido à Justiça Eleitoral. Não se pode admitir que um ato normativo infraconstitucional, como é a resolução, restrinja os poderes constitucionalmente atribuídos ao parquet (Ministério Público).

Para Barbosa, se a resolução fosse mantida, tornaria mais lenta a investigação de crimes eleitorais:
- A resolução cria uma fase judicial de apreciação preliminar da notícia-crime não prevista para outras infrações de natureza penal. Ela tem a função de retardar, impedir que se imprima a celeridade desejada às investigações criminais.

O presidente do STF defendeu que as fraudes eleitorais sejam investigadas por vários órgãos, e não centralizada pela Justiça Eleitoral. Com a pluralidade de agentes investigativos, a fiscalização de eventuais fraudes ficaria mais efetiva.

- Não verifico razões ou benefícios para se conferir essa centralidade à Justiça Eleitoral, ou melhor, a exclusividade para determinar abertura de inquérito policial. Pelo contrário. Quanto maior o número de legitimados para a apuração, mais elementos haverá para garantir o êxito das apurações - disse Barbosa.

O ministro Dias Toffoli, hoje presidente do TSE, foi o primeiro a defender a resolução. Ele foi o relator da norma quando ela foi aprovada na corte eleitoral, em dezembro do ano passado. O único a concordar com Toffoli foi Gilmar Mendes. Segundo ele, o Ministério Público e a Polícia Federal não são isentos para conduzir investigações. A resolução solucionaria o problema ao transferia para o juiz eleitoral essa atribuição. Segundo o ministro, a nova regra existe em resposta aos “mal feitos dessa área, às leis casuísticas”.

- É uma área sujeita a partidarização, cooptação. Ou a gente não sabe disso? - disse, referindo-se à polícia e ao Ministério Público.

No início do julgamento, a vice-procuradora-geral, Ela Wiecko, rebateu o argumento de que, sem um juiz à frente das investigações, faltaria transparência.

- Considerando que o Ministério Público e a Polícia Federal operam com sistemas informatizados e têm mecanismos de controle internos e externos, não se compreende como a prévia autorização judicial para apuração de fatos tornará a apuração mais transparente - argumentou.

A ação que questiona a resolução do TSE foi apresentada em março deste ano pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A decisão de ontem foi tomada em liminar – ou seja, é provisória, até o julgamento de mérito pelo plenário da Corte. Como os ministros deram votos longos e fundamentados, a tendência é de que a decisão definitiva tenha o mesmo teor.

PF diz haver suspeita de atuação de 'organização criminosa' na Petrobras

Andréia Sadi, Severino Motta – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Relatório da Polícia Federal que faz parte do inquérito que apura a compra da refinaria de Pasadena (EUA) afirma haver a suspeita da existência de uma "organização criminosa no seio da empresa Petrobras" que patrocinaria desvio de recursos públicos para o exterior e consequente "retorno de numerário via empresas offshore".

Encaminhado ao juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, o documento informa que o suposto esquema serviria de base para "pagamento de propinas e abastecimento financeiro de grupos criminosos envolvidos no ramo petroleiro".

Segundo o texto, de 22 de abril, apura-se a possível participação do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em irregularidades na compra da refinaria do Texas.

Ex-diretor da Petrobras, ele foi preso na Operação Lava Jato em março. Nesta segunda, ele foi solto após decisão do Supremo Tribunal Federal. Costa também foi representante da Petrobras no comitê interno da refinaria de Pasadena.

Adquirida pela Petrobras em 2006, Pasadena se tornou o centro de uma crise política após a presidente Dilma Rousseff afirmar que a aprovação do negócio se deu com base em um documento técnica e juridicamente falho. Dilma era a presidente do Conselho de Administração da estatal na época da aquisição.

Até agora não havia surgido detalhes sobre a investigação da PF sobre o negócio.

O documento da Polícia Federal será lido no plenário pelo líder do Solidariedade na Câmara, Fernando Franceschini (PR), nesta quarta-feira (21).

Outro lado
Procurada pela reportagem, a Petrobras ainda não se manifestou.

Polícia Federal investigou filho de Lula por enriquecimento ilícito

• Relatório afirma que Lulinha manteve encontros com diretores de Itaipu, mas não menciona crime

Francisco Leali – O Globo

BRASÍLIA - Relatório da Polícia Federal relata as andanças de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná. Produzido pelo Núcleo de Inteligência da PF, o documento afirma que Lulinha, como é conhecido, manteve encontros em janeiro de 2008 com diretores de Itaipu, a empresa binacional de energia. Na época, Lula era presidente da República. O relatório ganhou selo de confidencial e foi classificado pela PF como um caso de “enriquecimento ilícito”, apesar de não haver menção explícita ao crime no texto.

Segundo o documento, Fábio Luiz chegou a Foz em 22 de janeiro de 2008. O Núcleo de Inteligência Policial diz que ele teria ido à cidade em viagem de negócios. Foi acompanhado por três agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), como é a praxe da segurança da Presidência que protege familiares do chefe do Executivo federal. Os agentes da PF foram encarregados de apoiar o GSI; o trabalho foi registrado no relatório 7/08. O caráter confidencial do documento foi desclassificado. A referência ao relatório está exposta no site da PF numa lista de 77 documentos com sigilo revogado.

O Núcleo de Inteligência fala de encontro entre Lulinha e o diretor-executivo de Itaipu, o brasileiro Jorge Samek. “Após uma reunião com diretores de Itaipu Binacional na data de 22 de janeiro de 2008, que se encerrou aproximadamente às 22 horas, Fábio Luiz dirigiu-se o hotel para um banho e aguardar o presidente de Itaipu Jorge Samek, o qual o acompanharia até a Argentina”, diz o relatório.

Após visita à usina de Itaipu, os dois foram jantar no país vizinho. Um agente da PF ficou de prontidão na ponte que liga os dois países. O fim da noite foi em Puerto Iguazu, no “El Quincho del Tio Querido”, restaurante que serve carnes. Segundo o documento, como eles retornaram na madrugada para o Brasil, o auxílio do agente da PF não foi necessário.

Desde o final de 2013, O GLOBO vem apurando detalhes da história. Itaipu Binacional confirmou a visita de Lulinha, mas negou que ela tenha sido de caráter comercial. Segundo a assessoria de Itaipu, Fábio Luís esteve em Foz do Iguaçu entre 21 e 23 de janeiro de 2008, e visitou a Usina Hidrelétrica de Itaipu, “a passeio, sendo recepcionado pelo diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek”.

“Fábio fez uma visita institucional, também conhecida como visita técnica, que costuma ser mais demorada e diferente da visita turística pelo interior da usina, que tem duração de duas horas, em média. A visita foi conduzida pelo próprio Samek e passou pelas cotas 144 (condutos forçados) e 225 (topo da barragem), hall do Edifício da Produção, sala de comando central (CCR), sala de despacho de carga, catedrais, eixo de uma unidade geradora em funcionamento, estação blindada a gás hexafluoreto de enxofre (SF6), e cota 40 (antigo leito do Rio Paraná), dentre outros pontos estratégicos”. A assessoria informou que “Fábio nunca fez qualquer negócio com a Itaipu Binacional, seja direta ou indiretamente, por meio de nossos fornecedores. Portanto, inexistem contratos, convênios ou patrocínios da Itaipu com empresas de Fábio Luís Lula da Silva. Existe, sim, uma relação de amizade entre ambos (Samek e Fábio Luís)”, informou Itaipu.

Procurada pelo GLOBO, a PF disse que a resposta deveria ser buscada na delegacia de Foz do Iguaçu da própria PF. A delegacia da PF não respondeu às perguntas. O Instituto Lula não retornou até o fechamento da edição.

Operação da Polícia Federal no Mato Grosso é 'retaliação', avalia Planalto

• Ação da polícia resultou na prisão do governador do Estado, Silval Barbosa (PMDB)

Tânia Monteiro - O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - As ações da Polícia Federal que atingiram nesta terça-feira, 20, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), e o deputado estadual José Riva (PSD), foram consideradas pelo Palácio do Planalto uma retaliação da PF ao governo devido a uma disputa de poder entre os policiais e o Ministério da Justiça. A avaliação já existia quando foi desencadeada a Operação Lava a Jato, e o governo entendeu que a insistência em vazar informações especialmente do deputado petista André Vargas e do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, tinham a ver com esta disputa e que era uma atitude "orquestrada".

A avaliação se repetiu neste caso, uma vez que a operação atingiu em cheio partidos aliados do governo, como o PMDB do vice-presidente Michel Temer, o PSD de Gilberto Kassab e o próprio senador Blairo Maggi (PR-MT), muito próximo de Dilma. O próprio Silval Barbosa esteve anteontem no Planalto e foi cumprimentado por Dilma, na cerimônia de lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2014-2015. A operação tem ainda efeitos diretos sobre a política local, uma vez que Silval tem três pré-candidatos de sua base ao governo do Estado: o vice-governador Chico Daltro (PSD), o ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva (PMDB) e o ex-vereador em Cuiabá Lúdio Cabral (PT). O pré-candidato da oposição, Pedro Taques (PDT-MT), também pode ser atingido, pois seu principal financiador de campanha, o empresários Fernando Mendonça, foi alvo de busca e apreensão em sua residência em outra fase da operação.

Delegados dizem que ‘censura’ foi maior violência contra a PF desde a ditadura

• Procurador rebate e diz que polícia tem que cumprir ordens do STF

Jailton de Carvalho – O Globo

BRASÍLIA - A Polícia Federal reagiu com veemência contra a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir que a instituição se abstenha de fornecer qualquer tipo de informação à imprensa sobre a Operação Ararath. A investigação, que teve a quinta etapa lançada na terça-feira, tem entre seus alvos o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), o senador Blairo Maggi (PR) e integrantes do Ministério Público. Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Associação Nacional dos Delegados (ADPF) diz que o pedido de Janot, acolhido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi a maior violência sobre sofrida contra a PF desde a ditadura militar.

"Para os delegados federais, essa foi a mais contundente violência sofrida pela instituição desde a redemocratização do Brasil. A sociedade brasileira merece saber o que tornou tão singular a execução da quinta fase dessa operação com relação a tantas outras operações em tramitação no Supremo Tribunal Federal", afirmam os dirigentes da ADPF. Para os delegados, a medida transformou Janot numa espécie de "censor geral da República". Os delegados também cobraram explicações do ministro Dias Toffoli, relator do caso no STF, que acolheu o pedido de Janot.

"Ao que parece, a lei da mordaça, tão combatida pelo próprio Ministério Público, passa a ser defensável quando a vítima é a Polícia Federal do Brasil, uma instituição republicana, que sempre busca desenvolver suas missões com seriedade, eficiência e transparência, independente de quem esteja envolvido, direta ou indiretamente, com o crime", protestam os delegados. A ADPF é a principal entidade sindical dos delegados da Polícia Federal.

A entidade tem independência administrativa, mas quase sempre vocaliza as ideias consensuais da cúpula da Polícia Federal.

Procurador rebate delegados
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho, rebateu às críticas dos delegados da Polícia Federal . O procurador sustenta ainda que o sigilo foi decretado pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

- A Polícia Federal tem apenas que cumprir as determinações do STF sem reclamar. O papel da polícia é esse : cumprir o que determina o STF e não reclamar, muito menos por nota - disse Camanho.

O presidente da ANPR disse ainda que não faz o menor sentido as insinuações de que o procurador-geral estaria tentando proteger eventuais integrantes do Ministério Público, também investigados. Na divulgada divulgada no início da tarde, os delegados dizem que " é preciso ficar mais claro, os reais motivos que levam um Ministro da mais alta corte brasileira aceitar os argumentos do Ministério Público Federal e impedir que a imprensa, seja devidamente informada sobre o trabalho da Polícia Federal, uma instituição respeitada e admirada por todos os brasileiros".

Petrobras desmente Gabrielli sobre aditivo e contratos de Abreu e Lima

André Borges – Valor Econômico

BRASÍLIA - A Petrobras desmentiu nesta quarta-feira as informações dadas ontem pelo ex-presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, sobre o processo de aprovação de contratos e aditivos realizados na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Durante seu depoimento feito à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras Gabrielli foi claro e objetivo ao relatar que a Rnest, como também é conhecida a refinaria Abreu e Lima, tinha um conselho de administração próprio que tomava decisões sobre a assinatura de novos contratos e aditivos sem ter de submetê-los ao conselho e à diretoria da Petrobras.

Depois da audiência Gabrielli voltou a detalhar o assunto a jornalistas. “A refinaria funcionava como uma empresa subsidiária da Petrobras. Ela é que tinha a competência de tomar essas decisões. Da mesma forma que a BR Distribuidora toma decisões sem a diretoria da Petrobras tomar conhecimento”, disse o ex-presidente da estatal. E completou: “A diretoria e o conselho da Petrobras acompanham os resultados finais. É uma refinaria que tinha decisões no âmbito na Rnest (Abreu e Lima), e que não chegava à diretoria da Petrobras.”

Por meio de nota publicada hoje, a Petrobras desmente a declaração dada por seu ex-presidente. “Esclarecemos que todos os contratos e aditivos da Rnest, inclusive os assinados até 16/12/2013 por ocasião de sua incorporação, foram submetidos previamente aos nossos órgãos competentes para autorização interna e recomendação para aprovação da Rnest, observadas as análises técnicas, comerciais, tributárias e jurídicas pertinentes, conforme modelo de governança do Sistema Petrobras. Sendo assim, está equivocada a informação de que não analisamos os contratos e aditivos da Rnest”.

Reportagem publicada hoje pelo Valor detalha a atuação do ex-diretor da área de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que entre março de 2008 e dezembro de 2013 foi o presidente do conselho de administração da Petrobras.

Os gastos de Abreu e Lima que constam das atas do conselho de administração da refinaria apontam gastos superiores a R$ 6,5 bilhões assinados por Paulo Roberto Costa e por seu sucessor no posto, José Carlos Cosenza. Então gerente-executivo de refino da Petrobras, Cosenza já era membro do conselho desde junho de 2008.

Mais de 150 aditivos foram realizados nesse período, totalizando em mais de R$ 4,1 bilhões em aumento de custos. A maioria deles está vinculada a contratos firmados originalmente pela própria Petrobras, ou seja, antes da constituição do conselho de Abreu e Lima. Além dos aditivos, vieram os novos contratos assinados com empreiteiras, prestadores de serviços e fornecedores de equipamentos, um conjunto de novas contratações que ultrapassa a marca de R$ 2,5 bilhões.

Ontem Gabrielli minimizou o fato de o conselho de Abreu e Lima ter assinado mais de 150 termos aditivos. “Não é tanto aditivo. Sabe quantos contratos tem a refinaria Abreu e Lima? 260 contratos. Não sei quantos aditivos têm por contrato”, disse Gabrielli.

Ontem, depois das declarações feitas por Gabrielli, a Petrobras foi procurada pela reportagem para esclarecer como acompanhava o processo de liberação de contratos da refinaria e de seus aditivos. A companhia foi questionada sobre como passou a serem administrado os pedidos de aditivos contratuais atrelados às obras da refinaria Abreu e Lima, após a incorporação da Rnest S/A pela Petrobras.

A estatal também foi perguntada se o conselho administrativo e a diretoria colegiada da Petrobras passaram a analisar esses pedidos de aditivos, se o conselho de administração e a diretoria da Rnest foram extintos ou incorporados pela Petrobras, qual é a estrutura atual responsável pela avaliação de aditivos e celebração de contratos e quem são os integrantes dessa estrutura. A Petrobras informou que não iria comentar o assunto.

TSE suspende propaganda do PT que fala em ‘fantasmas do passado’

• A representação contra a propaganda petista foi apresentada pelo PSDB

Eduardo Barretto e Cristiane Jungblut - O Globo

BRASÍLIA - A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Laurita Vaz determinou nesta quarta-feira que a propaganda nacional do PT que fala em "fantasmas do passado" e que "não podemos voltar atrás", veiculada na rádio e na televisão, seja suspendida imediatamente. A inserção, que foi ao ar em 13 de maio, teria se destinado a fazer "propaganda negativa dos opositores do governo". A representação contra a propaganda petista foi apresentada pelo PSDB.

Para a ministra, a propaganda sinaliza, "ainda que de forma dissimulada, para a continuidade do atual governo, com associação de imagens e ideias negativas ao passado, a incutir no espectador que isso ocorreria caso se desse ouvidos a falsas promessas". Laurita Vaz já havia determinado suspensão de outra propaganda petista, veiculada no dia 6 de maio, uma semana antes da inserção dos "fantasmas do passado", e afirmou que o ato fere as normas previstas na Lei dos Partidos Políticos.

O vídeo, assinado pelo marqueteiro João Santana, que além de campanhas petistas também fez campanha para Nicolás Maduro na Venezuela, mostra pessoas com boas condições financeiras confrontadas com elas mesmas em roupas maltrapilhas e em dificuldades. A inserção é finalizada com a frase: "Não podemos voltar atrás". No filmete, famílias no campo, nas cidades, um trabalhador e também uma criança, que chora, ficam chocados ao olhar para o que seria o passado.

Segundo a ministra, foi feita uma associação de imagens negativas. A "miséria, o desemprego e a penúria" foram relacionados a um passado político antecedente ao do governo do PT. A decisão da ministra do TSE é válida até que haja um novo pronunciamento da Corte Eleitoral sobre o caso.

O vice-presidente do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), disse que a decisão deve ser comemorada.

- A decisão é pedagógica. Dá um limite para o PT e ainda servirá como limite para os partidos na (elaboração) da propaganda. Diria que é uma decisão que tem que ser comemorada - disse Bruno Araújo.

Índice baixo de Dilma desmobiliza militâncias e afeta alianças regionais

João Bosco Rabello – O Estado de S. Paulo

Os índices descendentes de aprovação da presidente Dilma Rousseff cuidam de ampliar a distância entre os acordos regionais e a aliança nacional, no vácuo produzido pelo fim da verticalização nas eleições.

A bola da vez, agora, é Santa Catarina, onde o governador Raimundo Colombo, que construiu uma parceria sólida com a presidente, foi apresentado a uma pesquisa interna registrando a queda da candidata governista para 24% no Estado, ficando atrás do oponente Aécio Neves.

Colombo passou a ser aconselhado a manter distância da presidente e a reavaliar o apoio ao PT no plano nacional, pelo menos nos discursos. Está mergulhado estudando os próximos passos. Não deve adotar reação ostensiva, o que o insere no contexto do aliado que não irá contra a militância regional.

Tem sido frequente esse tipo de cenário desde que as pesquisas indicaram uma consistência na queda da presidente nas pesquisas, apesar de a última registrar o que poderá se consolidar como um piso, na casa dos 34%.

No Rio, esse quadro está mais bem definido com a permanência do conflito gerado pela candidatura do petista Lindbergh Farias, que levou à ostensiva retirada do apoio do partido, no âmbito regional, à candidatura do Planalto.

Formalmente, o apoio está mantido, mas a máquina partidária do PMDB não se engajará na campanha presidencial. Segue rachada, com o governador Luiz Fernando Pezão sustentando a aliança com Dilma ma contramão do partido.

Os recentes movimentos do PSD em São Paulo na direção de uma aliança com o PSDB, com o ex-prefeito Gilberto Kassab alimentando a possibilidade de repactuação com os tucanos, indicam que a candidatura do petista Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, tem dificuldades para decolar.

Atingido pela denúncia de um contrato do ministério da Saúde, à época de sua gestão, com o laboratório de fachada Labogen, do doleiro Alberto Youssef, o ex-ministro parece ter optado por um período de silêncio para fugir à visibilidade subitamente negativa.

No Rio Grande do Sul, PMDB e PP se dividem entre as candidaturas de Aécio Neves e Eduardo Campos, este beneficiado pela popularidade da senadora Ana Amélia (PP), que voa em céu de brigadeiro ante a alta desaprovação do governo de Tarso Genro (PT).

Em Fortaleza, a presidente paga o preço da aliança com Cid Gomes, para quem assinou uma promissória de resgate difícil ao encomendar o rompimento do governador com o PSB quando este assumiu a candidatura de oposição ao governo.

O senador Eunício de Oliveira (PMDB) mantém-se à frente nas pesquisas e é dado como candidato sólido. A resistência de Dilma em desagradar aos irmãos Gomes – além de Cid, há o ex-ministro Ciro -, abre a possibilidade de uma aliança do senador com Tasso Jereissati, tucano de linhagem que também figura como favorito se decidir concorrer ao Senado.

O ex-presidente Lula entrou em campo e, fiel ao pragmatismo político que o caracteriza, iniciou uma operação para consolidar a aliança com Eunício sob o argumento de que o projeto de reeleição de Dilma a submete à lógica regional que lhe for mais favorável.
Na Paraíba, Lula também entra com a mesma visão no processo, tentando acertar uma chapa com o PMDB na cabeça, enquadrando o PT no cenário com mais chance de vitória.

Em nenhum Estado parece prevalecer a influência da aliança nacional nas regionais, o que pode ser considerado natural em consequência do fim da verticalização, que desobrigou o alinhamento dos partidos à eleição presidencial.

No entanto, uma candidatura oficial com índices de aprovação popular altos, como já teve a presidente, certamente influiria nas alianças regionais com mais força para impor os interesses do governo.

Não sendo o caso, o fosso entre os cenários regionais e o nacional aumenta e provoca a desmobilização da militância, que passa a se concentrar nas ações locais.

Campos: Sarney e Maluf mandam no governo de Dilma

Adelson Barbosa dos Santos, - Agência Estado

JOÃO PESSOA (PB) - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, disse na tarde desta quarta-feira em João Pessoa que a presidente Dilma Rousseff entregou o centro do governo às forças políticas mais atrasadas que existem no País e que sempre foram combatidas pelo PT. Em entrevista à rádio Correio da Paraíba FM, Campos citou como forças políticas do atraso os senadores José Sarney, Fernando Collor de Mello e Renan Calheiros e o deputado federal Paulo Maluf.

"Eu vi o que o PT dizia do Sarney. E hoje, o Sarney está lá. Do Collor, o Collor está lá. Do Renan, o Renan está lá. Do Maluf, o Maluf está lá. E cada vez mais poderosos, mandando e tirando as forças que poderiam efetivamente levar o governo à preocupação com rumo certo", disse Campos, acrescentando: "A gente tem o direito de errar. Só não tem o direito de permanecer no erro quando constata que está errado. Constatamos que o Brasil está no caminho errado. Nós saímos (do governo) para ficar com o povo e mostrar que o Brasil vai mudar para melhor".

No final da manhã, Campos cumpriu agenda política em Campina Grande, o segundo maior colégio eleitoral da Paraíba e forte reduto do PSDB. E não amenizou as críticas ao governo federal, falando da falta de investimentos na segurança. Disse que, como governador de Pernambuco, ele tirou Recife do primeiro lugar no ranking da violência no País em menos de sete anos. Afirmou que o governador João Lyra Neto enfrentou a primeira greve na PM e resolveu o problema em 24 horas.

Em João Pessoa, ele disse que o Brasil precisa de mudanças e olhar para o futuro. "Vamos conciliar a boa governança da economia, contendo a inflação e botando o Brasil para crescer", afirmou. O presidenciável disse que, por outro lado, se eleito, vai preservar programas sociais como o Bolsa Família e ampliar a escola em tempo integral e a qualificação profissional. "Temos que cuidar das desigualdades. O Brasil tem desigualdades muito fortes e o Nordeste as conhece de perto", declarou.

Segundo Campos, falta ao Brasil um rumo estratégico e diálogo federativo. "Álertamos que falta ao Brasil um rumo estratégico e diálogo federativo. A presidenta retirou os recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e do FPE (Fundo de Participação dos Estados), que atinge os municípios e Estados nordestinos e da região Norte. Os municípios tinham 14% de tudo o que se arrecada no País. Hoje, só têm 11%", disse.

Ele responsabilizou a presidente Dilma pela redução do efetivo da Polícia Federal em 3 mil homens, deixando as fronteiras do País livres para a entrada de drogas. "Por isso, o crack está aí, por toda parte onde a gente anda".

Para Campos, Dilma não ajudou o Nordeste

- Correio Braziliense

O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, criticou ontem a atuação da presidente Dilma Rousseff no Nordeste do país. Em visita a Campina Grande, segundo maior colégio eleitoral da Paraíba, o ex-aliado do governo disse que o Planalto não se voltou para a região. "O atual governo foi eleito, sobretudo, com votos dos nordestinos e não olhou para nós", disse Campos. 

O presidenciável viajou ao estado para "escutar a sociedade" e, na manhã de ontem, tomou café da manhã em uma padaria no centro da cidade. Por volta do meio-dia, o ex-governador de Pernambuco retornou à capital paraibana para participar de outros compromissos eleitorais.

Campos ressaltou que Dilma entregou o centro do governo às forças políticas mais atrasadas que atuam no país, antes combatidas pelo PT. Em entrevista à rádio Paraíba FM, ele citou os senadores José Sarney, Fernando Collor de Mello e Renan Calheiros, e o deputado federal Paulo Maluf, como forças políticas do atraso. "Estão cada vez mais poderosos, mandando e tirando as forças que poderiam efetivamente levar o governo à preocupação com rumo certo", enfatizou. 

Ele destacou que sabe que erros existem, mas não se pode permanecer no erro. "Constatamos que o Brasil está no caminho errado. Nós saímos (do governo) para ficar com o povo e mostrar que o Brasil vai mudar para melhor."

Parlamentares reagem a Carvalho, que disse que emenda da reeleição de FH foi comprada

• Para Aécio Neves, o PT precisa procurar encontrar suas próprias virtudes

- O Globo

BRASÍLIA - Parlamentares da oposição e da base consideraram indevidas e levianas, para um ministro de Estado, as acusações feitas pelo ministro da secretaria geral da presidência, Gilberto Carvalho, de que a aprovação da emenda que permitiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi comprada. O ministro petista pediu ainda que a população desconfie da "pregação moralista" de quem se passa por vestal denunciando corrupção no governo federal. O candidato a presidente pelo PSDB, senador Aécio Neves (MG), reagiu dizendo que, antes de buscar defeitos nos adversários, o PT precisa procurar encontrar suas próprias virtudes.

- A população vai saber em quem confiar. Ao contrário do PT, o PSDB, nessa campanha, será o futuro e a esperança. Está cada dia mais claro, para a sociedade como um todo, que o passado é o PT, inclusive na pregação de suas principais lideranças. O Brasil quer muito mais do que só atacar pessoas - respondeu Aécio Neves.

Em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Carvalho criticou o governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, dizendo que a proposta aprovada pelo Congresso Nacional permitindo a sua reeleição foi comprada.

- Trata-se de um caluniador! É inacreditável que um ministro de Estado tenha descido a esse grau de leviandade! - devolveu o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP).

O senador mineiro Clésio Andrade (PMDB) criticou duramente as acusações feitas por Carvalho.

Ele lembrou que, além de Fernando Henrique estar fora do governo há 12 anos, foi ele quem lançou as bases da estabilidade econômica para que o ex-presidente Lula fizesse um bom governo. Mas que a presidente Dilma não aproveitou o legado deixado para fazer as obras de infraestrutura que o Brasil precisa.

- Acho que isso não é papel de um ministro de Estado. Ele deveria guardar as posições pessoais somente para ele. Isso não ajuda em nada a democracia - reagiu Clésio Andrade.

Dilma exalta Getúlio ao selar apoio do PTB à sua reeleição

Flávia Foreque – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em evento que selou o apoio do PTB à sua campanha à reeleição, a presidente Dilma Rousseff destacou a figura de Getúlio Vargas (1882-1954) e a "inequívoca herança" do partido aos trabalhadores brasileiros.

Ao discursar, Dilma cometeu um ato falho e citou o PDT em vez do PTB, o que a levou a contar uma história pessoal até então desconhecida.

"Teve um período entre a criação do PDT e a do PTB no qual eu fui do PTB. Se não me engano, foram dois ou três meses. Depois houve a separação entre o Brizola e o PTB e aí se formou o PDT", narrou nesta quarta-feira (21).

O ex-presidente e senador Fernando Collor (AL) teve lugar de destaque no almoço --foi acomodado na mesa em que Dilma estava.

Em sua fala, a presidente adotou tom elogioso ao mencionar Vargas e agradeceu a fidelidade do PTB em votações no Congresso. O partido ganhou recentemente cargos na Caixa Econômica e no Banco do Brasil.

"A nós, interessa que o PTB tenha uma bancada forte no plano federal (...) e estaremos atentos para dar suporte para que isso ocorra." Em 2010, a legenda apoiou o então candidato tucano, José Serra.

Com o apoio, Dilma ganha cerca de 40 segundos em cada bloco de 25 minutos na sua propaganda eleitoral na TV.

Marco Aurélio Nogueira: O medo como subterfúgio

• Propaganda petista convida eleitor a decidir por reação emotiva – e não pela deliberação racional

Teve quem se confundiu, ao assistir à propaganda televisiva do PT que, em tom sombrio, invocou os “fantasmas do passado” para passar um recado eleitoral. Não fosse a coreografia subliminar e a estrela vermelha ao final, a impressão é que se tratava de uma reencarnação do “eu estou com medo” protagonizado por Regina Duarte em 2002.

Foi, no entanto, algo diferente, ainda que da mesma espécie. Em 2002, o alerta era contra o desconhecido. Explorava-se o fato de que não eram nítidas as pretensões do PT. Agora, teme-se o ontem, aquilo que se supõe ser bem conhecido: o tempo do PSDB no governo, o do “neoliberalismo”, com seu cortejo de desgraças: desemprego, miséria, fome, doença, falta de oportunidades. Como “a esperança venceu o medo”e o PT chegou ao governo, não há como pensar em retroceder. É hora de amaldiçoar as “falsas promessas”. A população precisa temer a perda do que conquistou para que, amedrontada, decida defender o governo que a teria beneficiado.

São dois tipos de medo. Pouco realistas, acabam por se equivaler: medo do futuro e medo do passado. Objetivamente falando, não há como retornar aos tempos neoliberais, seja lá o que se entenda por isso. O mundo mudou, as exigências e possibilidades são outras. Não se entra duas vezes no mesmo rio. Assim como não dava, em 2002, para temer um futuro que, como todo futuro, dependia de variáveis que não se podiam prever. Governos são sempre operadores racionais, que modificam as circunstâncias e são modificados por elas. Não são senhores da vida, da história ou do destino das pessoas.

Como em ano de disputa política acirrada o importante é derrotar os adversários, o recurso ao voto defensivo pode ajudar a que se vença uma eleição. Mas não fará com que se governe bem depois, nem transferirá apoios ao vencedor.

Ao realçar o risco que poderia vir com uma volta aos tempos da miséria e da “desesperança”, a tática do medo oculta o que virá pela frente. Pretende “tirar sua poesia do passado” (Marx), aprisionando-se a ele. Combina-se com o silêncio sobre o que se pretende fazer. No lugar da esperança, entra a resistência.

Que garantia o discurso do medo pode nos dar, por exemplo, de que o presente não está grávido de possibilidades nefastas, postergando medidas amargas que terão de ser tomadas à frente? Administrado com vistas ao sucesso eleitoral, o presente é um espaço estagnado: exclui tudo aquilo que possa ter impacto negativo nas urnas.

Isso vale para o PT e para os demais partidos. Se comprimo artificialmente o preço das tarifas de energia e do combustível para não desagradar ao eleitorado, em algum momento do ano seguinte terei de promover reajustes, sob pena de inviabilizar as finanças governamentais e de quebrar as empresas fornecedoras.

A hipótese de um “tarifaço” futuro não é terrorismo eleitoral, mas algo perfeitamente razoável, quem sabe até mesmo provável, vença quem vencer. Pode-se utilizar todo o volume morto do sistema Cantareira para não ter de racionar água em São Paulo no ano das eleições, mas a conta de tal operação será cobrada em algum ponto futuro. Poderá não ser em dinheiro, mas em qualidade da água e, portanto, em saúde.

O discurso do medo é um expediente de baixa política. Um subterfúgio. Traz consigo a exacerbação dos espíritos, a caça a bruxas e fantasmas, algo estranho em partidos progressistas. Bloqueia entendimentos democráticos, como se só houvesse um caminho para o céu. Implica uma vitimização: nunca se teria “batido tanto” num presidente da República, pontificou Lula, acrescentando que isso se deve ao fato de Dilma ser mulher, ser “uma de nós” e, por isso, desagradar às elites. Esqueceu-se de observar que parte ponderável das elites está no mesmo barco do governo, o apoia e defende. Dizer que as “elites” conspiram (incentivadas pela “mídia golpista”) para acabar com as conquistas sociais do governo é fazer vistas grossas para o que há de insuficiência política e de frouxidão reformadora no governo. A culpa seria dos outros. A insatisfação social não passaria de ficção.

Este padrão de discurso impõe ao eleitor um cenário de incerteza e angústia, convidando-o a decidir com base numa reação emotiva e não na deliberação racional, a fugir do experimento democrático, a demonizar a mudança a partir de uma apologia da continuidade.

Não é razoável que se façam ameaças quando se sabe que problemas e tensões haverá pela frente, seja quem for o governo. Fechadas as urnas, algo terá de ser feito com a inflação, a irritação das ruas, a saúde e a educação. Nada disso poderá ocorrer sem sofrimento, sem uma“transição dolorosa” (Guido Mantega). Ao dizer que uma vitória das oposições anunciará o apocalipse, o PT quer sugerir que o segundo governo Dilma será o paraíso na terra.

O discurso petista do medo poderá ser entendido como reação a um discurso semelhante das oposições. Dado o baixo nível reinante, não é uma explicação imprecisa. Empregado no estilo olho por olho, porém, convida o eleitor ao retrocesso mental: leva-o de volta ao obscurantismo, tratando-o como se ele não fosse capaz de avaliar o quadro e fazer escolhas por si só.

Marco Aurélio Nogueira, professor titular de Teoria Política e diretor do Instituto de Políticas Publicas e Relações Internacionais de Unesp. Alias / O Estado de S. Paulo, 18 de maio de 2014.

Jarbas de Holanda: agressiva retórica política

• O acirramento da disputa pelo Planalto agrava a bomba fiscal a ser legada

• Kassab, converteu-se numa figura das mais disputadas

As respostas da presidente/candidata Dilma Rousseff à afirmação do cenário de 2º turno combinam a guinada de uma agressiva retórica política (vitória da oposição associada ao “retrocesso social”) com um salto dos gastos da União (prometidos e realizados) nos programas assistencialistas e em investimentos em obras e serviços – novos, ou ligados a projetos com anos de atrasos na execução por causa do mal gerenciamento. A guinada da retórica de palanque – adotada para a contenção do “volta Lula” e para frear tendência constatada nas últimas pesquisas de capitalização por Aécio Neves já de parte da demanda por mudança de governo – centra-se na mobilização dos pobres contra os ricos ou as elites, em torno do “medo” de extinção ou esvaziamento de tais programas por Aécio ou por Eduardo Campos. Esse tipo de retórica, negativa para o pluralismo democrático do país, constitui, um recurso costumeiro, agora exacerbado, do marketing de campanhas populistas. Cabendo aos candidatos alvejados por ele um discurso e outras ações capazes de neutralizá-lo.

Já a outra dimensão dessas respostas, a do salto dos gastos federais, além das implicações no processo eleitoral, amplia o desequilíbrio fiscal deste ano e agrava o legado de sérios problemas econômicos que o próximo governo receberá. Do peso inflacionário que terá o desmonte do represamento dos preços de energia elétrica, de combustíveis e tarifas de transporte público, e da persistência da precariedade da infraestrutura e da logística (com a má aplicação dos recursos governamentais e a inibição dos investidores privados gerada pelo intervencionismo estatal). Até os efeitos da política externa terceiro-mundista em vigor – o crescente déficit da balança comercial (que seria muito maior sem as exportações do agronegócio), o isolamento do Brasil das cadeias produtivas globais (e a consequente piora da competitividade industrial). Bem como a omissão populista diante do desafio do crescimento do déficit da Previdência e o arquivamento de reformas essenciais, como a tributária. Sem esquecer os enormes prejuízos de Petrobras e da Eletrobras e o custo para Tesouro dos vultosos repasses de recursos ao BNDES para o financiamento de desonerações e subsídios seletivos.

Kassab e os preciosos minutos do PSD no horário “gratuito”
Usando a pré-candidatura ao governo paulista como instrumento de negociação nos planos estadual e federal, o ex-presidente da capital, Gilberto Kassab, converteu-se numa figura das mais disputadas pelos dois polos políticos do país – o PT e o PSDB. Em face do seu próprio peso no pleito local e, principalmente, pelo tempo de mais de 1 minuto e meio a que o PSD terá direito no horário eleitoral “gratuito”. Em São Paulo, os parlamentares que se filiaram à legenda, empenhados em reeleger-se, defendem aliança com Geraldo Alckmin, com o nome de Kassab como vice, o que tem o respaldo do governador. Enquanto o candidato do PMDB, Paulo Skaf, tenta atraí-lo também para companheiro de chapa. E no plano federal, setores do PSD, a partir dos diretórios de Minas e do Estado do Rio, propõem uma articulação com o presidenciável oposicionista Aécio Neves, que incluiria a candidatura de Henrique Meirel-les (vinculado ao partido) como vice na chapa encabeçada por este.

Mas a recomposição das relações entre Kassab e Alckmin e, sobretudo, a proposta de uma guinada do PSD em direção a Aécio suscitam fortes pressões contrárias do Palácio do Planalto e do ex-presidente Lula. Que teve papel relevante na viabilização da montagem do novo partido e avalizou a presença dele no governo Dilma por meio da nomeação de Guilherme Afif como ministro e do acesso a verbas federais. E, agora, Lula cobra pessoalmente o cumprimento de reiteradas manifestações de Kassab de apoio à reeleição da presiden-te. Cumprimento que o ex-prefeito tende a assegurar, o que exclui a guinada pró-Aécio, mas que poderá ser combinado, pragmaticamente, com uma possível candidatura a vice de Alckmin. Reproduzindo em São Paulo a contraposição entre o PSD e o PT predominante na maioria dos estados.

Jarbas de Holanda é jornalista

Merval Pereira: As razões de Zavascki

- O Globo

Dizendo-se “um pouco espantado” com a repercussão da sua decisão de suspender o processo sobre a Operação Lava-Jato, que resultou na libertação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, envolvido em acusações de lavagem de dinheiro e corrupção, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki afirma que não houve decisões contraditórias, mas complementares.

A suspensão, adverte, é em benefício da investigação, para que ela não continue num juízo incompetente, por razão muito simples: qualquer prova nessas condições pode ser anulada. “Muitas vezes o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo anularam provas por isso, e interceptações telefônicas, por exemplo, não se recuperam mais”.

Para Zavascki, “é preciso ter muito cuidado, preservar o máximo possível a investigação penal, mas tudo feito por um juízo competente”. O ministro explica que, segundo a legislação do instrumento de reclamação, previsto na Constituição, os processos têm que ser suspensos até que o Supremo decida se vai haver o desmembramento do caso.

Não há nada de mais, para ele, o autor da reclamação ter sido o advogado do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, e não algum dos deputados envolvidos, pois “quem acha que alguém está usurpando a competência do Supremo pode reclamar”.

O que Zavascki ressalta como importante em sua primeira decisão é que ele ressalvou que deveriam ser libertados os envolvidos que não estivessem presos por “outro motivo” que não a Operação Lava-Jato.

“Eu não mandei liberar ninguém. O juiz mesmo poderia não ter libertado desde logo esses envolvidos em tráfico internacional de drogas, porque estava autorizado por mim. Tanto que ele liberou apenas o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa”, comenta Zavascki.

“O que me chateou um pouco foram comentários de que o Tribunal tomou uma decisão imprudente”, diz ele. “Acho que, ao contrário, agi com extrema prudência”. Ele desconhece a jurisprudência no STF relativizando a questão da prisão decretada por juízo incompetente, citada por mim na coluna de ontem. “Não vou dizer que não existe essa jurisprudência, mas não conheço. E, se existir, é uma jurisprudência minoritária, porque prisão decretada por juiz incompetente é inválida, não se pode manter nem um minuto uma pessoa ilegitimamente em uma cadeia, independentemente de qualquer coisa”.

O ministro Teori Zavascki diz que a manutenção de Paulo Roberto Costa na cadeia ou não “vai depender de meu exame do processo, mas em tese o fato de ele destruir provas, por si só, não é motivo para mantê-lo na cadeia”.

Ele esclarece que, ao contrário do que muitos alegam, a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, no início do ano, de desmembrar o processo sobre o cartel de trens em São Paulo — ficando no Supremo apenas os casos envolvendo os acusados com foro privilegiado — não é comparável com a que tomou, pois não poderia decidir o desmembramento sem estudar os processos.

Zavascki garante que não houve nem contradição nem recuo, e que quando os processos chegarem a ele os analisará e encaminhará o caso para o parecer do Ministério Público. “Em cinco dias ele se manifesta, e depois eu decido. Em tese posso tomar a decisão sozinho, é claro que o interessado ou o Ministério Público pode entrar com um agravo, e eu submeto ao pleno”.

Ele explica que não tomou a decisão imediatamente porque não leu os processos, mas acredita que a tendência é desmembrá-los, ficando no STF apenas as investigações relacionadas aos deputados federais envolvidos no caso: o ex-petista André Vargas, Luiz Argôlo, do Solidariedade, e Cândido Vaccarezza, do PT. O que era preciso ficar claro é que cabe ao STF, e não ao juiz da primeira instância, decidir pelo desmembramento.

“Tenho procurado ser fiel à jurisprudência do Supremo, até, às vezes, contra o meu entendimento pessoal, é assim que tem que funcionar. O próprio STF tem variado em suas decisões, depende do fato, depende da prova, há o processo que é possível desmembrar, há o que não permite desmembramento. É preciso analisar caso a caso”.

Dora Kramer: Imagina na eleição

• Não é pequeno o risco de a intolerância geral contaminar as campanhas eleitorais

- O Estado de S. Paulo

O cenário não é desejável, mas nem de longe pode ser deixado de lado. A hipótese de que a atmosfera de violência venha a contaminar o ambiente durante o auge das campanhas eleitorais País afora está no horizonte. E bem próximo.

É evidente que o clima de furor urbano extrapola a insatisfação com os gastos da Copa do Mundo. Não é crível que os saques, as greves de policiais, as depredações, os linchamentos, os incêndios, a ultrapassagem de todos os limites, o desrespeito generalizado tenha relação exclusiva com o Mundial de futebol.

O ódio está no ar. E não vai passar. Durante o mês de campeonato, asseguram as autoridades, a balbúrdia cotidiana será contida mediante a ocupação de território pelas forças de segurança. E deve ser isso mesmo. Forçosamente alguma paz de fato estará garantida.

Pois bem, e depois? Depois as campanhas eleitorais estarão efetiva e legalmente nas ruas, mas nada autoriza a crença de que a calma reinará. Não que a pasmaceira dos últimos tempos pré-junho de 2013 seja o ideal. Aquela indiferença, aquela apatia diante de determinadas barbaridades realmente uma hora tinha de acabar.

Nota-se nitidamente neste ano eleitoral um interesse muito maior pela política. Em toda parte as pessoas comentam o assunto, até para desqualificá-lo. Essa parte, o debate é extremamente salutar.

O problema é o ambiente de intolerância geral, com tendência à delinquência. Se, como se alega, a Copa foi uma oportunidade para as cobranças virem à tona e degenerarem para situações de completo caos, não parece que seja um exercício de pessimismo à deriva supor com grande chance de acerto que a proximidade das eleições seja vista da mesma forma.

Com agravantes: oportunismo de corporações irresponsáveis, conflitos entre militantes partidários cuja virulência na internet é algo assustador, incitação de grupos políticos interessados em criar dificuldades para adversários que estejam no poder (federal, estaduais ou municipais) ou em imputar-lhes falsas acusações. O terreno é fértil para exageros inadmissíveis.

Caso as altas autoridades ainda não tenham se dado conta, quem está na labuta do dia a dia trabalhando direto com isso percebe perfeitamente bem do que se trata. Na terça-feira, durante a greve-surpresa de ônibus - muito bem qualificada pelo prefeito Fernando Haddad como "sabotagem" (é esse o nome) - uma senhora perguntou a um policial o que estava acontecendo. Resposta: "Protesto, o que vai acontecer até o dia 5 de outubro".

Se houver protesto, manifestações, reclamos, cobranças, tanto melhor. É do jogo. Anarquia, destruição, selvageria, devastação são outras de natureza muito diferente. Portanto, péssimo. Ainda mais que estaremos vivendo um dos momentos (não o único) mais nobres da democracia: a escolha dos governantes.

Por democracia entenda-se regime de legitimidade das leis, o que é autoexplicativo em termos de potencial de prejuízo para o próprio processo, em caso de descontrole.

Tanto o poder público constituído quanto os candidatos de oposição a ele - em todos os níveis - têm uma responsabilidade que ainda não se vê expressa nas agendas dos que disputarão as eleições. Fácil, a tarefa não é.

Fazer o quê, reprimir? Ninguém quer. É complicado até mesmo defender a tese, dado que além de todos desejarem o voto dos manifestantes, os brutos também votam.

Dose tripla. Em fevereiro de 2012, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, perguntou ao ministro inglês que coordenava os trabalhos da Olimpíada de Londres quais eram as três preocupações que ele deveria ter em relação aos jogos de 2016, no Rio.

"COI, COI, COI", respondeu o colega, referindo-se ao Comitê Olímpico Internacional, a Fifa da Olimpíada.

Eliane Cantanhêde: Só não vê quem não quer

- Folha de S. Paulo

"O Brasil de muitas colunas políticas e o do dia a dia do povo é outra coisa."

A frase, do ministro Gilberto Carvalho para blogueiros (Lula faz escola...), veio na hora errada. Tanto o Brasil de muitas colunas políticas quanto o do dia a dia do povo está vivendo de manifestação em manifestação e de greve em greve, com saques daqui, assaltos e linchamentos dali. É mentira, Terta?

O ministro deveria perguntar ao seu João e à dona Maria que enfrentam o caos com a paralisação de ônibus e os congestionamentos em São Paulo e já conviveram com o caos das greves de rodoviários no Rio, assistiram aos saques em Pernambuco e ao pico de assassinatos na Bahia com as polícias de braços cruzados.

Segundo Carvalho aos blogueiros, diante de uma plateia de jornalistas (que cena!), a grande imprensa estaria gerando "mau humor" e "envenenando" a população contra a Copa.

Ninguém sabe ao certo o que veio primeiro, o ovo ou a galinha, mas todo mundo sabe que as manifestações contra a Copa, usando o aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus, surpreenderam o país inteiro em junho de 2013 --inclusive os jornalistas.

Logo, a imprensa não está criando o clima contra a Copa, está apenas reportando os protestos e as manifestações contra tudo e todos, até a Copa. Pelo que se sabe, esse é um dos papéis da imprensa. Por mais que os poderosos gostassem de manter tudo debaixo dos panos.

Carvalho, porém, tem razão pelo menos num ponto do seu papo amigo com blogueiros: quando ele disse que as greves-surpresa dos motoristas e cobradores de ônibus são uma "irresponsabilidade" e que haverá uma "grande reprovação popular" aos que tentam tirar proveito da Copa para obter benefício.

Só tem um probleminha: eles, os que tentam tirar proveito, são milhares, talvez milhões, espalhados por toda parte. O país vai se dividir entre os que fazem e os que reprovam?

Raquel Ulhôa: Uma vice com luz própria

• Campos pode se afirmar em São Paulo

- Valor Econômico

A esta altura da pré-campanha e sem solução para o impasse com o grupo Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, uma aliança do PSB com o governador Geraldo Alckmin parece a única alternativa em São Paulo para a campanha de Eduardo Campos à Presidência da República. E pode ser um gesto de afirmação do presidenciável, criticado por certa inibição diante do protagonismo de sua vice.

O lançamento de candidato próprio ao governo de São Paulo, como defende Marina e seu grupo, sem aliados e com cerca de 50 segundos de tempo de televisão para a propaganda gratuita, não ajudaria a alavancar Campos no maior colégio eleitoral do país. Já uma aliança com Paulo Skaf (PMDB) é considerada inviável, por ser palanque da presidente Dilma Rousseff e Michel Temer.

O apoio (ou, ao menos, a não oposição) de Alckmin no interior é fundamental, já que o governo do Estado controla mais de 500 das 645 prefeituras. Um presidenciável com expectativa de vitória não pode se dar ao luxo de lançar um candidato a governador de "mentirinha".

Uma aliança com o PSB poderia dar a Alckmin argumento para não se envolver tanto na campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência. Seria uma espécie de troco para o que os tucanos paulistas consideram falta de empenho do senador em Minas, quando Alckmin e Serra disputaram a Presidência, em 2006 e 2010.

Na hipótese de candidatura própria, o mais cotado é o presidente do PSB no Estado, deputado Márcio França. Embora contrário a essa opção, França é o nome mais representativo do PSB e tem o controle do partido. Ele sofreu vetos do movimento Rede, que quis impor outros nomes, mas o grupo não tem voto na convenção. E Campos já deixou claro que não vai interferir.

Uma saída para o grupo Rede em São Paulo é deixar o PSB seguir seu caminho e a ex-ministra não apoiar nenhum candidato ao governo.

Marina interferiu diretamente nas alianças em pelo menos cinco Estados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas - mais de 40 milhões de eleitores, segundo faz questão de lembrar um dirigente do PSB.

O resultado é considerado positivo, mas a maioria lamenta o recuo no acordo com a senadora Ana Amélia (PP), no Rio Grande do Sul. Ligada ao setor ruralista, Ana Amélia é respeitada e tem sido assediada por vários partidos. Aliou-se ao PSDB.

"Fazer política não é uma arte simples. Requer alto grau de tolerância, paciência e habilidade. Numa aliança, é preciso respeitar as diferenças, conciliar as diferenças ideológicas e construir um programa de governo", diz a senadora, sobre a interferência de Marina nas conversas dela com Campos.

Por não ter conseguir o registro de criado do partido Rede Sustentabilidade a tempo de disputar as eleições de 2014, Marina filiou-se ao PSB. Mas o grupo funciona de forma independente. Acaba de realizar, em Brasília, seu primeiro congresso. Na estrutura da campanha, cada setor tem um coordenador do PSB e um do Rede. A elaboração do programa de governo é coordenada por Maurício Rands (PSB) e Neca Setúbal (Rede).

A participação da ex-ministra na chapa afastou o setor rural e gerou desconfiança no empresariado com relação a uma vitória de Campos. A presença dela ao lado do ex-governador no 13º Fórum de Comandatuba, na Bahia, foi apontada por empresários como razão para uma "inibição" dele. Aécio esteve mais à vontade para desenvolver seu programa de governo e afirmativo nas críticas à gestão petista.

Dirigente dizem que, apesar de desconfortos pontuais, as vantagens da aliança PSB-Rede (integrada ainda por PPS e PPL) são maiores e virão com o tempo. Afinal, Marina teve 20% dos votos na eleição presidencial de 2010 e combate a política tradicional, rejeitada hoje especialmente pela juventude.

Mesmo assim, se o protagonismo da ex-ministra divide opiniões no partido, fora dele há críticas abertas.

"Passa a imagem de duplo comando. No programa de televisão, ninguém sabia quem era candidato a presidente. Isso não é bom. Ninguém quer votar num candidato que não tem perfil de comando", afirma o presidente do DEM, senador José Agripino (RN). Setores do seu partido tendiam aderir a Campos, mas recuaram. O partido está fechado com Aécio.

"Marina está atrapalhando. Eduardo estava decolando, empolgando. De repente, travou os dois motores. Quando está junto com ela, é outra pessoa", diz o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), representante do setor rural. Ele estava próximo de Campos e foi afastado com a chegada de Marina.

Um entusiasta da união com Marina é o senador Rodrigo Rollemberg, pré-candidato do PSB a governador do Distrito Federal. Marina ficou em primeiro lugar na capital em 2010, com 611,3 mil votos (Dilma teve 462,4 mil e Serra, 354 mil).

Para Rollemberg, a união PSB-Rede restringiu alianças políticas tradicionais que o PSB faria, o que transforma o partido na principal opção para o eleitor que quer mudança, principalmente nas zonas urbanas.

"Esse encontro de Eduardo com Marina permite que a chapa seja a expressão da mudança, incorporando dois valores que estão fora da política tradicional: inovação e sustentabilidade."

Em Minas, o PSB rompeu acordo com o PSDB e vai lançar candidato, por pressão do Rede. Mas, sem força na convenção, o grupo não conseguirá impor um nome, segundo os mineiros. O pré-candidato é o deputado Júlio Delgado, presidente do PSB de Minas.

Na Bahia, o PSB lançou Lídice da Mata ao governo e abandonou as conversas com o PMDB. No Rio de Janeiro, o candidato é Miro Teixeira (Pros), que aderiu à tentativa de criar o novo partido. No Amazonas, o PSB ia apoiar um candidato do PPS, mas lançou Marcelo Ramos (PSB), ligado ao Rede - o que causou constrangimento quando Campos e Marina estiveram em Manaus, em abril.

Dirigentes do PSB negam que Campos esteja refém de Marina. Para um deles, "ele é um cara que tem luz própria. Só não adianta acender o farol antes de anoitecer".

“Terrorismo social”

- Instituto Teotônio Vilela

As recentes investidas eleitorais do PT e de seus aliados deixam clara qual será a principal arma usada por eles na disputa deste ano: o terror. Além da tentativa de disseminar o medo, mistificações e mentiras compõem o cardápio da estratégia desonesta. É este o terreno onde os petistas se sentem mais à vontade para jogar.

Episódio eloquente do vale-tudo a que petistas e aliados já estão se lançando aconteceu no início do mês em Barra do Corda, no Maranhão. Teve como protagonista o senador Edison Lobão Filho, que, o nome já revela, é filho do ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff. Deve agir, portanto, com carta branca oficial.

Diz ele – ou melhor, mente ele: “Estou preocupado porque o candidato a presidente da República Aécio Neves declarou, anteontem, que ele é contra o Bolsa Família. (…) Aécio Neves, que já disse, em todos os jornais, em todas as emissoras de jornal e de televisão, que é contra o Bolsa Família, e que é contra o aumento que a presidenta Dilma havia dado do Bolsa Família”. Enganada, a plateia reage com apupos, conforme se vê no vídeo.

Vale, a princípio, situar o protagonista. Lobão Filho tornou-se senador da República depois que seu pai se licenciou para integrar o ministério de Dilma. Como suplente, não recebeu um voto sequer para representar o povo maranhense no Senado.

Agora, busca eleger-se governador de seu estado com o apoio da família Sarney, que reina lá há mais de 50 anos – período no qual o Maranhão passou a ocupar sistematicamente as piores posições nos rankings sociais do país. Lobão Filho é apoiado pelo PT e enfrentará uma frente de partidos encabeçada pelo PC do B e integrada pelo PSDB. Estas são, portanto, suas credenciais.

O oligarca Lobão Filho segue ao pé da letra a cartilha petista: explora a ignorância das pessoas, manipula sentimentos, dissemina medo e propaga mentiras. Armas que buscam funcionar como cabresto imposto a eleitores. Nada, nada mesmo, diferente do que vêm fazendo militantes e também autoridades do governo na guerra para tentar se manter no poder.

Pelo seu alcance social, o Bolsa Família é uma das armas preferidas dos petistas e de seus aliados espúrios. Alcança cerca de 14 milhões de famílias – ou em torno de 50 milhões de pessoas – que o petismo quer ver tratadas como meras massas de manobra eleitorais. São os alvos prediletos de sua estratégia de terror.

O Bolsa Família é um direito dos brasileiros e não uma dádiva concedida por seres iluminados. O programa nada mais é do que iniciativa criada no governo Fernando Henrique Cardoso, o Bolsa Escola, que ganhou novo nome na gestão Lula. Não é, portanto, propriedade do PT. Menos ainda deveria servir de instrumento de manipulação.

Justamente para impedir o mau uso do programa, tramita no Congresso projeto de lei que torna os benefícios previstos no Bolsa Família – hoje tratados por mera lei ordinária – direitos resguardados pela Constituição. Assim tratado, o programa torna-se conquista assegurada dos brasileiros que dele dependem. É tudo o que o PT menos quer.

A proposta, de autoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG), enfrenta a resistência de senadores petistas. A presidente Dilma também se recusa a orientar sua base de apoio a apoiar a iniciativa tucana. O mesmo acontece em relação a outro projeto de lei do senador que garante o pagamento do benefício por período de, pelo menos, mais seis meses a quem conseguir empregar-se. À proposta, o PT deu parecer contrário.

O PSDB não apenas apoia o Bolsa Família – até porque o criou. Defende também que o programa pague benefícios compatíveis com os critérios monetários adotados pela ONU como necessários para superar a pobreza extrema. Hoje, este patamar resultaria em benefícios mínimos de R$ 83 e não nos R$ 77 que Dilma anunciou com alarde em fim de abril. O governo, infelizmente, também não concorda com isso.

O que o senador Lobão Filho entoou no interior do Maranhão é o mesmo mantra que o PT impele seus seguidores a propagar Brasil afora. Pessoas simples, gente humilde são suas principais vítimas. Pouco parece importar: para o petismo, o povo brasileiro, em especial o mais carente, só serve mesmo é para dar voto. Ao PT, e sua sanha pelo poder a qualquer custo, o que interessa mesmo é a miséria eterna.

Demétrio Magnoli: Um conto de dois partidos

• Declínio petista não foi replicado por recuperação dos tucanos. A curva histórica declinante do PSDB acentuou-se ao longo dos governos do PT

- O Globo

Vermelho ou azul? PT ou PSDB? O PT controla o governo federal há quase 12 anos; o PSDB o controlou durante os oito anos anteriores. Lula e FH polarizam paixões políticas conflitantes. Não por acaso, a análise política convencional, refratada pela imprensa e nas redes sociais, costuma retratar o sistema político brasileiro à luz do modelo bipartidário. A série histórica de pesquisas do Ibope evidencia que esse modelo chegou a funcionar como uma simplificação razoável ao longo dos mandatos de FH, mas se tornou completamente inadequado desde a ascensão de Lula ao Palácio do Planalto. Hoje, só existe um grande partido nacional, que é o PT. Entretanto, o partido dominante ingressou numa nítida, talvez irreversível, trajetória de declínio.

Uma pesquisa realizada em 1988, nos meses derradeiros da Assembleia Constituinte, revelou que o PSDB tinha a preferência de quase 25% dos eleitores, enquanto o PT contava com apenas 12%.

Contudo, os dois partidos percorriam trajetórias históricas inversas: em 1995, no início do primeiro governo FH, o PT assumiu a dianteira com 22% das preferências, e, em 1999, menos de um ano após a reeleição, a disputa estava igualada, com 18% para cada um. Três anos mais tarde, durante a campanha que conduziria Lula à Presidência e impulsionado pelas crises do segundo mandato tucano, o PT atingiu o seu apogeu, convertendo-se no partido de 34% do eleitorado.

Três governos petistas sucessivos inverteram o sentido da trajetória. A última pesquisa da série, realizada em março, mostrou o PT de volta a 1995: são 21% os que, hoje, preferem o partido.

Contudo, o retorno às taxas de duas décadas atrás é uma ilusão estatística. A base eleitoral petista sofreu mudanças dramáticas no plano etário. No período 1995-2002, tempos de oposição a FH, os jovens com até 24 anos representavam 27% dos eleitores do partido, mais que os 25% de eleitores com mais de 40 anos. Hoje, em contraste, entre os que declaram voto no PT, apenas 17% são jovens, enquanto 38% têm mais de 45 anos.

A distribuição etária do eleitorado petista é um espelho bastante fiel da pirâmide etária brasileira. De um lado, isso atesta o enraizamento social do partido, que é um traço marcante na paisagem política do país. De outro, indica que o PT não mais se identifica com a aspiração de mudança. O partido de Lula converteu-se em pilar da ordem — ou melhor, da “velha ordem’’. Sua mais recente peça de propaganda tenta atemorizar os espectadores contrapondo o presente (supostamente estável e próspero) ao passado (supostamente desastroso). A renúncia ao discurso sobre o futuro, mesmo se justificado pelas circunstâncias perigosas que cercam a campanha de reeleição de Dilma, atesta o encerramento de um ciclo. No fim, o medo derrotou a esperança.

A base eleitoral petista também se deslocou regionalmente. Em 1995, o Sudeste concentrava mais da metade do eleitorado do partido e o Nordeste, apenas 24%. Hoje, são 43% e 32%. No Sul, estão apenas 9% dos que declaram voto no PT. O partido de Lula nasceu em São Paulo e se consolidou com os triunfos eleitorais de Luiza Erundina, na capital paulista, e de Olívio Dutra, em Porto Alegre, ambos em 1988. Na última década, a preferência pelo partido tornou-se mais rarefeita na heterogênea classe média do Centro-Sul, que abrange os trabalhadores qualificados. Ao mesmo tempo, expandiu-se no Nordeste, região mais dependente das transferências de recursos do governo federal, sob o influxo tanto dos aumentos reais no salário mínimo e nas aposentadorias quanto no Bolsa Família. A relativa “nordestinização” do PT não indica força: eleitoralmente, o partido depende cada vez mais do controle da máquina de Estado.

O declínio petista não foi replicado por uma recuperação dos tucanos. Ao contrário do que sugeriria o modelo bipartidário, a curva histórica declinante do PSDB acentuou-se ao longo dos governos petistas. Dos 18% do eleitorado de 1999, o partido de FH recuou para 14%, em 2001, e 8%, em 2006, quando foi ultrapassado pelo PMDB, até atingir a melancólica marca dos atuais 5%. Em contraste com o PT, os tucanos fracassaram no imperativo de formular uma narrativa política oposicionista — um fracasso, aliás, patente durante as campanhas presidenciais de Geraldo Alckmin e José Serra. O eleitorado que debandou do PT não rumou para a esquerda, como atesta a crônica fraqueza do PSOL, mas dispersou-se e, em parte, dirigiu-se para a utopia gelatinosa de Marina Silva. Já o PSDB parece ter perdido simpatizantes para todos os demais partidos — e, em especial, para a aversão profunda ao sistema político-partidário tão bem exposta durante as “jornadas de junho” do ano passado.

O panorama político não pode ser descrito nos termos do modelo bipartidário, mas exibe notável polarização. O Brasil tem um único grande partido nacional, mas também uma disseminada resistência à hegemonia petista. FH se elegeu e se reelegeu no primeiro turno. Lula só carimbou a reeleição no segundo turno e Dilma, igualmente, precisou dele — apesar, nos dois casos, das conjunturas econômicas favoráveis que impulsionavam as candidaturas governistas e da notória ausência de um discurso oposicionista coerente. O projeto continuísta de Dilma enfrenta o desafio da reversão do ciclo econômico, mas, ainda assim, pode ter sucesso, pois o PSDB carrega o fardo da reiterada incompetência de fazer oposição.

As sondagens eleitorais descortinam um cenário atravessado pela aspiração de mudança. Diferentemente de 2006 e 2010, a derrota do governo seria um resultado mais normal que a vitória nas eleições que se avizinham. Contudo, um triunfo tucano depende crucialmente da capacidade de Aécio Neves produzir uma pequena mágica: o candidato precisaria conectar-se com as ruas, dizendo em poucos meses aquilo que seu partido não disse em tantos anos. Na TV, o PT acaba de desafiá-lo a fazer isso.

Demétrio Magnoli é sociólogo

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

O vice e o adversário
Depois de muitas idas e vindas, o deputado Márcio França (PSB) está a um passo de ser o candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) na campanha pela reeleição em São Paulo. Isso porque Eduardo Campos praticamente se convenceu da dificuldade de lançar um nome próprio do PSB e da Rede apenas para constar no estado mais populoso do país — além de caro, não dá para deixar o presidenciável Aécio Neves (PSDB) navegando em berço esplêndido ao lado de Geraldo Alckmin, que atualmente tem todas as chances de se reeleger.
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Aliás, os últimos movimentos do PSB demonstram que os socialistas estão cada vez mais convencidos de que o maior adversário é mesmo o tucano Aécio Neves. Desfizeram o acordo em Minas Gerais e, agora, preparam-se para ingressar no palanque aecista em São Paulo. Falta apenas convencer Marina Silva, que sempre defendeu candidatura própria ao governo paulista. O martelo será batido quando Marina voltar do exterior.

"Pegou"
A nova classe média avisa às excelências em Brasília que o "discurso do medo" de perder benefícios empreendido pelo PT até aqui deu certo. Garçons comentavam ontem num badalado restaurante da cidade que, no bairro dele, na periferia da capital, há o receio de perder o Bolsa Família e a capacidade de adquirir bens.

O embalo da pesquisa I
O resultado do Ibope a ser divulgado nas próximas horas será crucial para pautar o comportamento dos aliados do governo. Se a presidente Dilma Rousseff parar de cair nas pesquisas, estancará a sangria na base. Caso contrário, é só Aécio ou Eduardo Campos jogar a rede que a pesca será farta.

O embalo da pesquisa II
O sonho de Lula, de eleger um governador do PT em São Paulo, parece mais distante do que há alguns meses. Dos mais de 10 partidos que apoiam o governo Dilma Rousseff, apenas o PCdoB e o PP, de Paulo Maluf, vão acompanhar a candidatura de Alexandre Padilha ao governo estadual.

Saído
Xuxa falou com Eduardo Campos, e o partido prontamente retirou o deputado Pastor Eurico (PSB-PE) da Comissão de Constituição e Justiça depois das grosserias que ele dirigiu à apresentadora. O novo integrante é Júlio Delgado (PSB-MG).

"O senador sou eu"
Do ex-líder do PT na Câmara José Guimarães (CE), ao comentar que não há hipótese de ele não ser o candidato petista ao Senado no estado, seja em parceria com Eunício Oliveira, do PMDB, ou não.

A greve que preocupa
O governo passou a quarta-feira monitorando as greves de policiais país afora e a repercussão internacional da paralisação dos ônibus em São Paulo. Politicamente, a avaliação é a de que, até aqui, o movimento não atingiu a imagem da presidente Dilma, mas a dos governos estaduais e das prefeituras. Porém, há um consenso entre os petistas: se o movimento continuar, vai arranhar Dilma.

Três semanas.../ A pressa dos congressistas em limpar a pauta nos últimos dias tem um motivo especial: a partir de 12 de junho, abertura da Copa do Mundo, começa o recesso branco, para alegria do governo, do presidente do Senado, Renan Calheiros, do Tesouro e da Petrobras.

...para gastar/ Quem mais respira aliviado é o Tesouro Nacional. Nos últimos dias, há inclusive uma tabela de despesa conforme a reação da plateia. Quando aqueles que ocupam as galerias aplaudem, vêm aí gastos de R$ 1 milhão. Se o aplauso for mais efusivo e de pé, R$ 2 milhões. Se a gritaria e apitos acompanharem esses gestos, pode ter certeza de que o impacto será superior a R$ 4 milhões.

Queria enquadrar.../ O presidente do PMDB, Valdir Raupp (foto), telefonou para o deputado Raul Henry (PMDB-PE) cobrando apoio à presidente Dilma Rousseff na convenção nacional do PMDB, em 10 de junho. Henry negou. "Minha posição foi clara: defendi que o PMDB tenha outro projeto".

...terminou enquadrado?/ Raupp retrucou que em nenhum momento o partido tinha interferido nos caminhos decididos pelo diretório do PMDB pernambucano e que ele esperava que o deputado fosse correto com o partido. Foi a vez de Raul Henry entoar: "Estou sendo correto com o Brasil". O clima entre deputados e senadores no PMDB não está mesmo dos melhores.