sexta-feira, 18 de maio de 2018

Alckmin promete aumentar comércio exterior em 50%

Por Ricardo Mendonça | Valor Econômico

SÃO PAULO - Ao anunciar a incorporação de mais três economistas na equipe que elabora seu plano de governo - Edmar Bacha, José Roberto Mendonça de Barros e Alexandre Mendonça de Barros -, o tucano Geraldo Alckmin subscreveu três metas econômicas que promete perseguir caso seja eleito presidente: zerar o déficit fiscal em até dois anos, aumentar importações e exportações em 50% ao longo do mandato e, num período mais longo, dobrar a renda média da população.

O anúncio foi feito ontem em São Paulo durante uma entrevista coletiva organizada numa mansão vazia do Jardim Europa que pertence ao cientista político Luiz Felipe d'Avila, um dos coordenadores do documento em fase de confecção. O grupo estava acompanhado do também economista Persio Arida, apresentado dias atrás como coordenador do programa de governo.

A meta de aumento de 50% nas importações e exportações foi citada por Arida ao defender maior abertura da economia brasileira como estratégia para produzir ganhos de produtividade. "Se não abrir a economia, o país não vai dar o salto que precisa", afirmou.

Depois de lembrar que o Estado não tem condições de investir, pois precisa fazer o ajuste fiscal, o economista disse que aposta na atração de capitais nacional e estrangeiro para investimento em infraestrutura. Ele afirmou que é necessário acabar com o que chamou de "mito" da existência de setores estratégicos, como petróleo e energia. Lembrou que aço, fertilizantes e telecomunicações, entre outros, já foram considerados estratégicos, mas que esse tipo de classificação não faz sentido.

A meta de zerar o déficit fiscal em até dois anos também foi mencionada por Arida. Assim como a de dobrar a renda dos brasileiros. Depois que Alckmin mencionou esse objetivo, Arida afirmou que "não é algo que se consiga nem em um mandato nem em dois mandatos". Ninguém citou, porém, qual seria o tempo necessário para tal.

José Roberto e Alexandre Mendonça de Barros (pai e filho) destacaram a importância da agricultura para o desenvolvimento do Brasil. O setor foi classificado como "polo dinâmico que tem sido mal compreendido".

No início, Alckmin disse que foi apresentado a um estudo que mostrou distribuição de renda melhor em áreas de agronegócio. "Nas cidades de agro forte, o índice de Gini melhorou", disse. Mais adiante, Alexandre Mendonça de Barrou voltou ao assunto, mas com uma abordagem diferente: "Todos os Estados com melhor distribuição de renda são Estados agrícolas", afirmou. Em seguida, citou Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina como exemplos disso.

Provocado a falar sobre a adesão de ruralistas à pré-campanha do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), seu rival na disputa pela Presidência, Alckmin respondeu com uma provocação: "O Bolsonaro disse que vai dar um fuzil para cada agricultor. Ah, se eu pudesse, eu dava um trator para cada agricultor".

Afirmou então que é preciso dar segurança jurídica para quem atua no campo ("Invadiu, desinvadiu; em São Paulo é regra") e oferecer segurança pública. Segundo sua avaliação, isso passa pelo controle de fronteiras e pelo combate ao tráfico de drogas e de armas. "Temos que tirar a arma da mão do criminoso, do bandido", afirmou.

O ex-governador de São Paulo titubeou, porém, ao falar sobre a hipótese de flexibilização do estatuto do desarmamento. "Claro que porte de arma pode ter... Na área rual até deve ser facilitado, porque as pessoas estão mais distantes", disse. Instado a explicar se iria mexer na legislação, tentou desconversar. "Não, já existe. Eu morei na zona rural até os 16 anos de idade, é natural que tenha. Agora, isso não é caminho para você trazer segurança no campo."

Ante a insistência de repórteres, recuou. "Eu não estudei em detalhes. Nós vamos anunciar na semana que vem nosso setor da área de segurança pública. Vamos estudar tudo isso em detalhe. Não quero entrar nessa miudeza eleitoral."

Alckmin também fez comentários sobre a corrida eleitoral. Sob pressão de aliados preocupados com a estagnação de seu desempenho nas pesquisas, disse que só haverá mudanças nas intenções de voto quando começar a propaganda eleitoral na TV.

À noite, em palestra a alunos do Insper, Alckmin afirmou que o presidente Michel Temer (MDB) não tentará se reeleger. O presidente disse ontem que ainda está refletindo se disputará. (Com Folhapress)

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