sábado, 1 de julho de 2017

Opinião do dia – O Estado de S. Paulo

Em primeiro lugar, Michel Temer não tinha obrigação de escolher nenhum dos nomes da lista apresentada pelo tal sindicato de procuradores, muito menos o primeiro da lista. Inventou-se uma assim denominada “tradição segundo a qual o presidente da República simplesmente abre mão de sua prerrogativa constitucional de escolher quem considera ser o mais apto para chefiar a Procuradoria-Geral e se submete a uma imposição corporativa, chancelando o primeiro nome da lista.

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Editorial, “A nova procuradora-geral”, O Estado de S. Paulo, 1/7/2017

Fachin manda soltar Rocha Loures, ex-assessor de Temer

Fachin manda soltar ex-deputado Rocha Loures

Ex-assessor especial do presidente Temer estava preso desde 3 de junho por suspeita de recebimento de propinas da JBS

Rafael Moraes Moura e Julia Lindner, de Brasília, Fausto Macedo e Julia Affonso, O Estado de S. Paulo

Relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin mandou soltar nesta sexta-feira, 30, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o homem da mala preta, e determinou o cumprimento de medidas cautelares alternativas. Loures, ex-assessor especial de Michel Temer, e o presidente foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva.

Rocha Loures estava preso desde 3 de junho por suspeita de recebimento de propinas da JBS. O ex-assessor estava detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A defesa, entretanto, alegava que o local apresentava condições insalubres e que a prisão preventiva era uma forma de a Procuradoria-Geral da República tentar forçar um eventual acordo de colaboração premiada.

Ministro do STF devolve mandato ao senador e nega pedido de prisão

Aécio pode retomar atividades parlamentares e falar com a irmã, decide Marco Aurélio

Afastado desde maio da Casa, senador é acusado pelos crimes de corrupção e obstrução de Justiça; ministro negou, também, pedido de prisão contra tucano

Julia Lindner e Rafael Moraes Moura, O Estado de S.Paulo

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na manhã desta sexta-feira, 30, o restabelecimento da situação jurídico-parlamentar do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), que voltará a exercer as funções de senador. O ministro também decidiu que o tucano poderá entrar em contato com outros investigados do caso JBS - incluindo a sua irmã - e até deixar o País.

O afastamento do tucano da função parlamentar ou "de qualquer outra função pública" foi determinado pelo ministro Edson Fachin, relator da delação da JBS, no dia 17 de maio.

Fachin impôs no mês passado outras duas medidas cautelares ao tucano: a proibição de contatar qualquer outro investigado ou réu no conjunto de fatos revelados na delação da JBS; e a proibição de se ausentar do País, devendo entregar seu passaporte. Marco Aurélio afastou todas essas medidas cautelares.

Aécio pode voltar à presidência do PSDB a qualquer momento, dizem tucanos

Secretário-geral do partido afirma que cabe ao senador mineiro decidir, uma vez que não há impedimento formal para ele reassumir função

Renan Truffi e Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir ao senador Aécio Neves (MG) retomar as atividades parlamentares criou uma situação embaraçosa no PSDB. O partido já discutia há algum tempo a antecipação de uma convenção nacional, com o objetivo de eleger uma nova Executiva para retirar o mineiro do posto. Agora, dizem os tucanos, Aécio tem condições de reassumir a presidência do partido a qualquer momento.

"O afastamento do senador foi uma decisão voluntária. Ele que indicou o Tasso (Jeiressati) para o lugar dele. Portanto, se ele quiser voltar, essa é uma decisão pessoal", explicou o secretário-geral do PSDB, o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP).

STF demonstra tendência a moderar uso da preventiva | Vera Magalhães

- O Estado de S. Paulo

As decisões simultâneas dos ministros Edson Fachin e Marco Aurélio Mello, respectivamente revogando a prisão preventiva de Rodrigo Rocha Loures e negando o pedido reiterado do Ministério Público de prisão do senador Aécio Neves mostram uma tendência crescente do Supremo Tribunal Federal de moderar o uso deste expediente.

O recurso às prisões preventivas como forma de sustar as condutas criminosas e de demonstrar a gravidade dos fatos apurados tem sido uma das peças-chaves da Lava-Jato, um divisor de águas de como se tratavam os crimes de colarinho branco antes da operação e depois dela.

Os críticos de seu uso veem abusos por parte da força-tarefa de Curitiba na decretação, concessão e manutenção dessas prisões por tempo “alongado”, como classificou o ministro Gilmar Mendes.

PT é o partido mais associado à Lava Jato, diz pesquisa

Estudo realizado pela Ipsos em junho revela ainda que 96% dos entrevistados desejam que operação siga até o fim, custe o que custar

Adriana Ferraz, O Estado de S.Paulo

Levantamento realizado neste mês pela empresa Ipsos, especialista em pesquisa de mercado, aponta que o PT é o partido mais associado à corrupção no âmbito da Operação Lava Jato. De acordo com o estudo, a legenda foi lembrada por 64% dos entrevistados de forma espontânea. O PMDB foi o segundo mais citado, com 12%, e o PSDB somou 3% das respostas. Outros 17% não souberam opinar sobre o tema. A grande maioria (82%), no entanto, afirmou que as investigações estão mostrando que todas as siglas são corruptas.

A pesquisa também revelou que para 96% dos entrevistados a operação deve continuar até o fim, custe o que custar. Mas o resultado final ainda é uma incógnita – 50% das pessoas acreditam que a “Lava Jato não vai acabar em pizza”, 32% que vai e outros 18% disseram que não é possível responder a essa pergunta. Realizada entre os dias 1º e 13 de junho, a pesquisa Ipsos ouviu 1.200 pessoas de forma presencial em 72 municípios brasileiros. A margem de erro é de 3%.

STF tira Loures da prisão e devolve Aécio ao Senado

STF solta Rocha Loures e iguala tratamento de outros investigados

Mônica Bergamo, Letícia Casado, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Edson Fachin decidiu nesta sexta-feira (30) que o ex-deputado e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) seja solto. Determinou também que ele use tornozeleira eletrônica.

A informação foi antecipada pela colunista da FolhaMônica Bergamo.

Familiares de Loures, que foi preso após a delação da JBS, já haviam feito nesta sexta-feira novo apelo para que o ministro Fachin decidisse sobre pedido de transferência da carceragem da Polícia Federal, onde ele está atualmente.

Visivelmente nervosos, afirmaram que todos os personagens que foram encarcerados ou submetidos a algum tipo de punição após o acordo dos irmãos Batista estão em condições diferentes da de Rocha Loures.

Em sua decisão, Fachin comparou a situação da prisão de Rocha Loures com a de investigados ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), que recentemente tiveram a prisão afrouxada.

Preso desde 3 de junho, Rocha Loures terá que cumprir medidas alternativas.

Ministro do STF devolve mandato de Aécio e nega prisão do senador

Letícia Casado, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Marco Aurélio, do STF (Supremo Tribunal Federal), devolveu nesta sexta (30) o mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e negou pedido de prisão feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

Basicamente, o magistrado usou três argumentos para tomar sua decisão: o princípio da separação dos Poderes; o artigo da Constituição que determina que parlamentar só pode ser preso em caso de flagrante; e que medidas cautelares contra parlamentares só podem ser aplicadas pelo Congresso.

"A controvérsia reveste-se de importância maior, envolvendo, sob a óptica da atuação parlamentar, a separação, independência e harmonia de poderes reveladas na Constituição Federal", escreveu ele na decisão.

Na decisão, Marco Aurélio informa que restabelece "a situação jurídico-parlamentar então detida, afastando as demais restrições implementadas".

Com isso, ele retirou as medidas cautelares que haviam sido impostas ao tucano, tais como restrição de contatar investigados ou proibição de deixar o país, assim como a retenção de seu passaporte.

Ao negar o pedido de prisão, Marco Aurélio afirmou que o voto do eleitor deve ser respeitado.

"A liminar de afastamento é, de regra, incabível, sobretudo se considerado o fato de o desempenho parlamentar estar vinculado a mandato que se exaure no tempo", escreveu o magistrado.

"Em síntese, o afastamento do exercício do mandato implica esvaziamento irreparável e irreversível da representação democrática conferida pelo voto popular."

Alckmin quer Aécio fora da presidência do PSDB

Bernardo Mello Franco, Folha de S. Paulo

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é contrário à volta de Aécio Neves à presidência do PSDB. Ele defende que o partido efetive Tasso Jereissati, que exerce o cargo interinamente há um mês.

"É importante que o partido defina isso logo. Tasso deve ficar na presidência de forma efetiva, até o ano que vem", disse o governador à Folha.

Aécio se licenciou da presidência do partido ao ser afastado do mandato de senador por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

Nesta sexta (30), o ministro Marco Aurélio Mello derrubou a decisão. Com isso, ele também estaria livre para reassumir o comando do PSDB.

Com mandato de volta, Aécio pode reassumir comando do PSDB

Presidente interino, Tasso diz que votos do tucano ‘precisam ser respeitados’

Maria Lima, Cristiane Jungblut, O Globo

Agora com os poderes plenos do mandato retomados, caberá ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) a decisão de reassumir ou não a presidência do PSDB, da qual está licenciado desde que suas funções parlamentares foram suspensas por uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, no dia 18 de maio.

Embora caciques tucanos como o governador Geraldo Alckmin, o prefeito de São Paulo, João Doria, e a maioria da Executiva nacional reunida no início do mês tenham se posicionado a favor da antecipação da convenção nacional para trocar o comando do partido e oficializar o senador Tasso Jeiressati (PSDB-CE) no cargo, o presidente interino deverá conversar nos próximos dias com Aécio para definir que rumo tomar.

Tasso divulgou uma nota de solidariedade a Aécio na qual diz que o afastamento foi inconstitucional. Tasso também escreveu que os votos de Aécio para senador “precisam ser respeitados” e elogiou a decisão do ministro Marco Aurélio Mello de lhe devolver o mandato, mas não fez referência à situação interna do partido.

Decisões do STF são comemoradas no Planalto

Soltura de Rocha Loures e retorno de Aécio representam alívio para Temer

Leticia Fernandes, Eduardo Barretto, O Globo

Em meio ao terremoto provocado pelo envio da denúncia da Procuradoria-Geral da República à Câmara, o presidente Michel Temer encerrou a semana comemorando um alivio. A decisão de libertar o exassessor especial de Michel Temer Rodrigo Rocha Loures foi recebida com silêncio pelos principais aliados do presidente, mas houve quem comemorasse no Palácio do Planalto.

A decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), reduz a pressão sobre o presidente e pode enfraquecer a narrativa do empresário Joesley Batista, dono da JBS, que gravou Temer. O que, consequentemente, fortalece o discurso de Temer, que tem prazo de até dez sessões para se defender na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Na última semana, o presidente adotou a máxima de que a melhor defesa é o ataque e subiu o tom contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Um passo atrás: STF devolve mandato a Aécio e liberta Rocha Loures

STF solta Rocha Loures e devolve mandato a Aécio

André de Souza e Maria Lima

BRASÍLIA - Decisões de ministros beneficiam dois dos principais alvos da delação da JBS

Marco Aurélio. Ao assumir os processos de Aécio, ele disse inicialmente que não tomaria sozinho decisões em recursos contra determinações de Fachin, levando-os para julgamento da Primeira Turma, composta por cinco dos 11 ministros do STF. Mas, com a chegada do recesso de julho, quando o tribunal para de funcionar, ele mudou de opinião e resolver decidir sozinho.

Na Primeira Turma, foram julgados alguns recursos de outros investigados, como Andrea Neves, irmã de Aécio; Frederico Pacheco, primo deles; e o exassessor parlamentar Mendherson Souza Lima. Os três tiveram a prisão preventiva — que havia sido determinada por Fachin — convertida em domiciliar. Rocha Loures, quando foi transferido em Brasília Houve um pedido da defesa de Aécio para as questões relacionadas a ele fossem analisadas pelo plenário do STF, composto por todos os 11 ministros, e não pela Primeira Turma. Isso atrasou a tramitação dos recursos, impedindo a análise antes do recesso. O STF volta a funcionar em agosto.

Desemprego recua pelo 3º mês seguido

Número de desempregados, que chegou a 14,1 milhões; Taxa ficou em 13,3, segundo IBGE

Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo

RIO - O mercado de trabalho voltou a dar sinais de que parou de piorar. A taxa de desemprego do trimestre terminado em maio ficou em 13,3%, com estabilidade tanto no número total de desempregados quanto de empregados, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), abaixo do registrado em março (13,7%) e abril (13,6%).

Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, sugeriu cautela ao analisar os dados, porque houve queda nos postos de trabalho com carteira e aumento nos sem carteira. Para ele, a estabilidade no desemprego acompanhada de redução nas vagas registradas “coloca uma dúvida”.

Desemprego dá sinais de estabilidade

Vagas com carteira assinada, porém, vêm caindo: só no trimestre findo em maio, foram 500 mil a menos

Daiane Costa, Lucianne Carneiro, O Globo

Após mais de dois anos de deterioração contínua, o mercado de trabalho dá sinais de estabilização, como redução do ritmo de queda da população empregada e aumento da renda — mas a recuperação será lenta, com queda na qualidade dos empregos gerados. Essa é a avaliação dos economistas a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada ontem pelo IBGE. No período de três meses encerrado em maio, o desemprego atingia 13,8 milhões de pessoas, ou 13,3% da força de trabalho. Não houve alteração frente ao trimestre findo em fevereiro, que serve como base de comparação. No entanto, o emprego com carteira continua a cair: foram destruídas quase 500 mil vagas na comparação com o trimestre anterior e 1,2 milhão em relação ao mesmo período de 2016. Já o emprego sem carteira registrou aumento de 220 mil e 410 mil postos, na mesma comparação.

Para o economista João Saboia, especialista em mercado de trabalho da UFRJ, a combinação desses dois dados preocupa:

— O desemprego está se estabilizando com 3 milhões de pessoas a menos ocupadas em vagas com carteira (em relação a 2014, período anterior à crise). Isso é muito negativo. Mesmo que o mercado se estabilize, há uma tendência de continuidade do movimento de informalização, à medida que o mercado não dê conta de criar empregos com carteira para atender a toda a demanda existente. O Caged mostrou que 34 mil vagas formais foram criadas em maio. Mas isso, num universo de quase 14 milhões de desempregados, é uma gota no oceano.

RENDA TEM GANHO DE 2,3%
Tiago Cabral Barreira, consultor de mercado de trabalho do Ibre/FGV, também destacou que, apesar de a ocupação ter crescido na margem pelo segundo mês consecutivo, o emprego com carteira continua em queda:

A Temer o que é de Temer | *Bolívar Lamounier

- O Estado de S.Paulo

Estamos sentados num barril de pólvora, sem forças para levantar nem ter para onde correr

Se vivesse nesta era feminista em que vivemos, Calpúrnia, a mulher de Caio Júlio César, com certeza inverteria a antiga recomendação machista: diria que também a César não basta ser casto, ele precisa manter as aparências da castidade. Essa inversão parece-me captar o cerne do imbróglio político e jurídico que se formou desde 17 de março, data da tristemente famosa gravação mediante a qual Joesley Batista começou a pôr em prática sua obscura trama contra o presidente Michel Temer.

Joesley, claro está, não é flor que se cheire, muito menos que se receba na residência oficial do presidente às 11 horas da noite e sem registro na portaria. É uma figura de destaque entre aquelas supostas sumidades empresariais que Lula e Dilma Rousseff escolheram para se abarrotarem com dinheiro do BNDES – ou, para ser mais exato, para posarem de “campeões empresariais” à custa do meu, do seu, do nosso.

Um procurador fora de lugar | Demétrio Magnoli

- Folha de S. Paulo

Ao falar na ‘putrefação do sistema’ Janot dá a senha de combate para procuradores messiânicos

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima cumpre dupla jornada, na força-tarefa da Lava Jato e nas redes sociais. Dias atrás, na sua encarnação de agitador de Facebook, postou uma réplica à coluna na qual apontei violações legais cometidas por Janot na "operação Joesley" (Folha, 17/6). Ele nem mesmo tenta refutar minhas críticas –mas, excitado, decreta que a "única motivação" do texto seria "amedrontar as pessoas com ameaças sobre o caos que virá se não nos contentarmos com as migalhas de mudança conseguidas até agora". A técnica de polêmica selecionada evidencia que Carlos Fernando está no lugar errado "" e, aqui, refiro-me ao Ministério Público, não ao Facebook.

Carlos Fernandos povoam as redes sociais do mundo. Nos EUA, diante de uma contestação à proibição de entrada de muçulmanos, sua versão trumpiana retruca que o crítico deseja facilitar o terrorismo. Na Venezuela, face à descrição do caos social vigente, sua versão chavista assegura que o dissidente almeja o triunfo do "imperialismo ianque". Incidentalmente, nosso procurador conhece, por experiência própria, a técnica de atribuição de motivações ocultas: os Carlos Fernandos das guerrilhas virtuais petistas garantem que, ao falar sobre a corrupção na Petrobras, Carlos Fernando tem como "única motivação" a entrega do pré-sal ao "Império".

Dissintonia fina | Merval Pereira

- O Globo

O combate à corrupção no país entra em uma fase crucial de discussão jurídica sobre o poder de atuação de cada uma das partes envolvidas nas investigações e condenações dos réus dos diversos processos da Operação Lava Jato. A regulamentação das delações premiadas como instrumento novo e decisivo nesse combate está em curso nos tribunais, e tivemos nessa semana dois exemplos disso.Tudo indica que esteja havendo a busca de uma sintonia fina entre os vários atores, mas o que há no momento é uma dissintonia.

O Supremo Tribunal Federal (STF) discutiu pela primeira vez o papel do colegiado no julgamento dos envolvidos em delações premiadas, e decidiu que os acordos feitos na Procuradoria-Geral da República só podem ser alterados em caso de ilegalidades detectadas no decorrer do processo, e o Tribunal Regional Federal da 4 Região absolveu o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que havia sido condenado pelo Juiz Sérgio Moro a 15 anos de detenção por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O grito do silêncio | João Domingos

- O Estado de S.Paulo

Greve geral que não ocupa a Esplanada dos Ministérios não é greve geral

Qualquer análise que se faça sobre a greve geral convocada para ontem por centrais sindicais e movimentos sociais contra o governo de Michel Temer e suas reformas nos leva a concluir que o fracasso foi retumbante. Uma greve geral contra o governo que não se propõe a ocupar a Esplanada dos Ministérios, como a de ontem, não pode ser considerada uma greve geral. Nem para registro histórico serve.

Os organizadores tiveram medo de que só aparecessem uns milhares de gatos pingados, como na greve do dia 28 de abril, que nas contas deles registrou 10 mil na Esplanada, mas na da Polícia Militar, 3 mil. Dez mil ou 50 mil na imensidão do espaço de cerrado que fica entre os ministérios é o mesmo que nada.

Pode-se dizer que no País houve bloqueio de ruas e rodovias e paralisação de categorias inteiras, principalmente de servidores públicos. Tudo bem. Mas não configura uma greve geral. Até porque em São Paulo metrô, trem e ônibus circularam como em um dia comum. Greve geral sem paralisação do transporte de massas não pode receber esse nome em nenhum país do mundo.

O emprego em crise | Míriam Leitão

- O Globo

O desemprego é a face mais dolorosa da recessão que o Brasil atravessa, e seu peso é maior para jovens, negros e mulheres, o que aprofunda desigualdades. Além disso, é um problema que permanecerá presente, mesmo após a retomada do crescimento. É preciso uma aguda preocupação com o tema, porque há uma geração com seu destino ameaçado pela falta de emprego.

Não é só no Brasil. Mas aqui há uma crise conjuntural que elevou a dramaticidade dos números. O Brasil tem quase 14 milhões de desempregados, e desses, como mostrou o especial multimídia do GLOBO, ontem, 30% são jovens.

Na União Europeia, enquanto o desemprego médio é de 7,8%, entre jovens, é mais do que o dobro, 16,7%. Na Espanha, o percentual de desempregados abaixo de 25 anos chega a 39,3%. Na Itália, 34%, em Portugal, 23,7%. Na Grécia, onde a crise ainda é intensa, o número sobe para 47,9%. Na Alemanha, o desemprego total é de 3,8% e entre os jovens sobe para 6,8%.

O gato subiu no telhado | Adriana Fernandes

- O Estado de S.Paulo

A arrecadação continua a desafiar previsões, apesar do crescimento no 1.º trimestre

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fez na última semana um alerta geral do tipo “o gato subiu no telhado” para a alta de tributos. Essa alternativa, aventada desde o primeiro dia de governo Michel Temer, está mais próxima do que nunca de se concretizar num cenário em que a situação das contas públicas continua gravíssima, como fez questão de alardear o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, na Comissão Mista do Orçamento (CMO).

A elevação do PIS/Cofins cobrado sobre combustíveis é a alternativa mais viável de ser lançada, apesar das resistências generalizadas contra a elevação da carga tributária no momento atual, ainda de gradual retomada econômica. O tributo pode entrar logo em vigor, não precisa passar pelo Congresso para entrar em vigor, nem tem que ser compartilhado com Estados e municípios.

O fortalecimento da delação premiada – Editorial | O Globo

Durante quatro sessões, o Supremo Tribunal debateu com intensidade o acordo de delação premiada do grupo JBS — Joesley e Wesley Batista, principalmente o primeiro. Por ter resultado na denúncia do presidente Michel Temer, este acordo ganhou relevância. Justificava que o julgamento fosse acompanhado de perto, pois, na verdade, o que estava em questão era o instrumento da delação premiada, que tanto incomoda políticos de todos os grandes partidos, os acusados Lula, Aécio e Temer que o digam. Além de advogados e juízes.

Até agora, este julgamento representou o maior risco que a Lava-Jato e todo o combate à corrupção, também ao crime comum, baseados em colaborações premiadas, correram. Nem o projeto de lei contra abuso de autoridade, em tramitação no Senado, chegou tão próximo de invalidar tudo o que as instituições conseguiram até agora, desde 2013, contra corruptos. Quanto ao crime comum, registre-se que o importante desbaratamento de uma quadrilha de PMs que se associaram a traficantes, em São Gonçalo, só foi possível devido a uma delação premiada de um participante do grupo. Para que a Lava-Jato desmoronasse, bastaria que o Supremo aceitasse a tese do ministro Gilmar Mendes, seguido por Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, de que os termos do acordo firmado entre Ministério Público e denunciado pudessem ser revistos pela Justiça tão logo assinado.

A nova procuradora-geral – Editorial | O Estado de S. Paulo

A decisão do presidente Michel Temer de escolher Raquel Dodge para chefiar a Procuradoria-Geral da República, em substituição a Rodrigo Janot, seguramente será interpretada pelos cruzados da luta anticorrupção como uma forma de interferir no andamento da Lava Jato.

Nem bem a escolha foi anunciada e já se procura antecipar como a futura procuradora-geral irá se comportar assim que assumir o cargo, especulando-se se ela, em respeito a seus supostos padrinhos, atuará para proteger o presidente da República e outros políticos sobre os quais pesam acusações de corrupção.

Graças a essa histeria, todos os seus movimentos e pronunciamentos serão medidos milimetricamente conforme a régua da Lava Jato, que há algum tempo monopoliza o debate nacional. Pouco importa seu currículo, muito menos a evidente necessidade de moderar a atuação do Ministério Público no sentido de fazer o órgão voltar a ser o fiscal da lei e não, como vem ocorrendo, um legislador e um formulador de políticas públicas. O que interessa, para aqueles que veem inimigos da Lava Jato por todos os lados, é que Raquel Dodge não era a primeira da lista tríplice encaminhada ao presidente da República pela Associação Nacional dos Procuradores da República. E isso basta para lançar sobre seu nome e sobre a escolha de Temer suspeitas e ilações características dos espíritos autoritários.

Limites da acusação – Editorial | Folha de S. Paulo

Vão-se acentuando com clareza, no Supremo Tribunal Federal, os cuidados com os limites a observar nas ações em curso contra a corrupção. Duas decisões de ministros da corte, nesta sexta-feira (30), apontam nesse sentido.

Embora possam causar estranheza à primeira vista, uma vez que envolvem casos fragorosamente suspeitos, as determinações em relação ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e ao senador Aécio Neves(PSDB-MG) tinham bons fundamentos jurídicos.

No primeiro caso, o ministro Edson Fachin considerou desnecessário prolongar a prisão preventiva, substituindo-a por um regime de liberdade controlada, com uso de tornozeleira eletrônica.

Já o tucano, a quem desde o início Fachin não impusera medidas de tal rigor, poderá reassumir seu mandato legislativo, por decisão do ministro Marco Aurélio Mello.

Poema triste | Graziela Melo

Que sentimentos
são estes
que se apoderam
de minha alma?

Que certezas
tão cruéis
dos intransponíveis
limites
do tempo?

Do quando
ir embora
do... se não foi ontem

seria hoje
ou agora?

Do quando irei
aonde estarei

como estará
minha alma
ferida

desse outro lado
tão estranho

que seria
o outro lado
da fronteira
desta vida?

Frustrada
porque não fiz
tudo
que sempre quis

saudades dos que
sempre amei
e conviví!

Saudades dos que
sempre amei
mas nem sequer
conheci
nem perto
cheguei

nem nunca
me aproximei....

Leila Pinheiro e OSRJ - Catavento e Girassol (Guinga & Aldir Blanc)