quinta-feira, 18 de maio de 2017

Opinião do dia – Antonio Gramsci

Importância das utopias e das ideologias confusas e racionalistas na fase inicial dos processos históricos de formação das vontades coletivas: as utopias, o racionalismo abstrato têm a mesma importâncias das velhas concepções do mundo historicamente elaboradas por acumulação de experiências sucessivas. O que importa é a crítica a qual este complexo ideológico é submetido pelos primeiros representantes da nova fase história: através desta crítica têm-se um processo de distinção e de modificação no peso relativo que os elementos das velhas ideologias possuíam: aquilo que era secundário e subordinado, ou mesmo acessório, é considerado principal, torna-se o núcleo de um novo complexo ideológico e doutrinário. A velha vontade coletiva desagrega-se em seus elementos contraditórios, porque os elementos subordinados destes últimos se desenvolvem socialmente, etc.
Depois da formação do regime dos partidos, fase histórica ligada à estandardização de grandes massas da população (comunicações, jornais, grandes cidades, etc.), os processos moleculares se manifestam com mais rapidez do que no passado, etc.
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Antonio Gramsci (22/1/1891-27/4/1937). “Caderno do Cárcere”, p. 288-9, v. 3. Civilização Brasileira, 2007.

Temer deu aval para compra de silêncio de Cunha, acusa JBS; presidente nega

Temer deu aval para ‘comprar’ Cunha, diz JBS

Donos da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista, que fecharam delação, teriam gravado conversa; presidente diz que ‘jamais solicitou pagamentos’ a empresário

Andreza Matais | O Estado de S. Paulo 

BRASÍLIA - O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, relatou em sua delação premiada que o presidente Michel Temer deu aval a uma operação para comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato. Joesley teria gravado o diálogo com Temer, ocorrido no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu. A informação foi divulgada na noite desta quarta-feira, 17, pelo site do jornal O Globo e confirmada pelo Estado.

Segundo o jornal, o empresário disse ao presidente que estava pagando mesada a Cunha e a Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara, para que ambos ficassem em silêncio sobre irregularidades envolvendo aliados. “Tem que manter isso, viu?”, teria afirmado Temer ao empresário. Joesley e seu irmão Wesley Batista firmaram um acordo de delação premiada. As gravações foram entregues à Procuradoria-Geral da República.

Marina Silva diz que Temer 'não está em condições de governar' e pede eleições diretas

Líder da Rede diz que a sociedade deve escolher o novo governante

Paulo Beraldo | O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - A ex-ministra e ex-senadora Marina Silva, líder da Rede Sustentabilidade, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais na madrugada desta quinta-feira, 18, que o presidente Michel Temer "não está em condições de governar o Brasil".

Marina diz que a crise política está se agravando "de forma dramática" e que o País está em "estado de choque" com as denúncias. "O que aconteceu é que, mais uma vez, sabotaram os fundamentos da República e da democracia."

STF afasta Aécio Neves do mandato de senador

Senador ficará afastado do cargo por decisão do ministro Edson Fachin. Ex-assessor de Temer e atual deputado, Rodrigo Rocha Loures (PMDB) também deixará cargo na Câmara

Fabio Serapião, Fábio Fabrini, Beatriz Bulla, Julia Affonso e Fausto Macedo | O Estado de S. Paulo

O Supremo Tribunal Federal afastou o senador Aécio Neves (PSDB) e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) de seus cargos no Congresso Nacional após pedido da Procuradoria-geral da República com base na delação de Joesley Batista e pessoas ligadas ao grupo J&F. Aécio foi gravado solicitando R$ 2 milhões ao empresário e Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo valores do empresário.

Áudio de conversa de Temer e empresário encurrala governo

Áudio sugere aval de Temer à compra do silêncio de Cunha

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, BRASÍLIA - O presidente Michel Temer foi gravado por um dos donos do grupo J&F, proprietário do frigorífico JBS, falando sobre a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A informação foi dada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", e confirmada pela Folha.

Temer ouviu do empresário Joesley Batista, da JBS, que ele estava dando a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, um dos operadores da Operação Lava Jato, uma mesada na prisão para que ficassem em silêncio.

O presidente disse: "Tem que manter isso, viu?

De acordo com o jornal "O Globo", Joesley levou um gravador para registrar o encontro, no Palácio do Jaburu, ocorrido em março deste ano. Funaro está preso, assim como Cunha, que manteve por anos relação próxima ao atual presidente dentro do PMDB.

Joesley diz que Mantega ‘intermediava’ propinas ao PT

Executivo afirmou que ex-ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma era responsável por mediar junto ao BNDES aportes ao Grupo JBS

Da Redação | O Estado de S. Paulo

No acordo de delação que firmou com a Procuradoria-Geral da República, o empresário Joesley Batista afirmou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega intermediava pagamentos de propina a parlamentares do PT. Segundo o jornal O Globo, executivos da JBS afirmaram em depoimento que o então ministro era uma espécie de operador do grupo no BNDES.

Joesley disse aos procuradores que Luciano Coutinho, então presidente do banco público de fomento, era duro nas negociações, mas que, muitas vezes, Mantega participava das reuniões e os negócios fluíam de forma mais fácil.

Ex-ministro Guido Mantega era contato com o PT, diz dono da JBS

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O sócio do grupo JBS Joesley Batista disse, em proposta de delação premiada, que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega também recebeu propina da empresa. Segundo o empresário, Mantega era seu contato com o PT e operava em favor do grupo empresarial dentro do BNDES.

Joesley Batista disse que tratava diretamente com Mantega os aportes do banco ao grupo J&F. Ele disse, porém, que o ex-ministro da Fazenda não arrecadava para si próprio, mas sim para o partido.

A negociação do acordo de delação premiada da JBS está em fase adiantada.

Joesley disse que havia na JBS uma espécie de conta corrente para o partido dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Era dessa conta, segundo ele, que saíam propinas para parlamentares petistas com a intermediação de Guido Mantega, o mais longevo ministro a comandar a economia do país, de 2006 a 2014.

Em gravação, Temer apoiou compra de silêncio de Cunha

- Valor Econômico

SÃO PAULO - O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, empresa líder do mercado global de carnes, entregou ao Supremo Tribunal Federal gravação em que o presidente Michel Temer dá aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A gravação foi feita com autorização judicial depois de o deputado ter sido preso na Operação Lava-Jato.

Essa informação, divulgada no início da noite de ontem, assinada pelo colunista de "O Globo" Lauro Jardim, teve grande impacto em Brasília. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, encerrou sessão em andamento e o presidente Temer se reuniu com assessores e divulgou nota na qual admite ter se encontrado com o empresário, mas diz que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha".

Temer é gravado em ação controlada

Por Lauro Jardim | Agência O Globo

RIO - Por volta de 22h30m do dia 7 de março, Joesley Batista entrou no Palácio do Jaburu. Michel Temer estava à sua espera. Joesley chegou à residência oficial do presidente com o máximo de discrição: foi dirigindo o próprio carro para uma reunião a dois, fora de agenda. Escondia no bolso uma arma poderosa - um gravador. Temer havia chegado pouco antes em casa, logo depois do seu último compromisso do dia: uma passada rápida na comemoração dos 50 anos de carreira do jornalista Ricardo Noblat.

O presidente e o empresário conversaram por cerca de 40 minutos a sós. Poderiam, por exemplo, ter discutido a queda de 3,6% do PIB em 2016, um terrível dado econômico divulgado justamente naquele dia. Mas eram outros os assuntos da pauta. Todo o diálogo foi gravado por Joesley, em uma ação controlada autorizada pelo ministro relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin.

O PAÍS NA INCERTEZA

Temer é gravado ao dar aval a compra de silêncio de Cunha

Num acordo de delação feito de forma inédita na Lava-Jato e revelado ontem à noite por
LAURO JARDIM e GUILHERME AMADO no site do GLOBO, Joesley Batista, dono da JBS, entregou ao Ministério Público gravação em que o presidente Temer, numa conversa em março, dá aval para o empresário comprar, com mesadas, o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e do operador Lúcio Funaro, presos em Curitiba. “Tem de manter isso, viu?”, incentiva Temer. O presidente ainda indicou a Joesley o deputado Rocha Loures para resolver um assunto da JBF. Depois, o aliado do presidente foi filmado recebendo R$ 500 mil enviados pelo empresário. A Lava-Jato fez “ações controladas”, um meio de obtenção de provas em flagrante que possibilitou gravações de conversas e a filmagem, pela PF, de entregas de dinheiro. Malas e mochilas enviados por Joesley tinham chips, e os números de série das cédulas foram registrados antes. Em nota, Temer negou as acusações. Houve manifestações contra o governo no Congresso, em Brasília e em São Paulo.

‘TEM QUE MANTER ISSO, VIU?

Temer avaliza mesada a Cunha

Dono da JBS grava presidente aprovando pagamentos pelo silêncio do ex-presidente da Câmara

Lauro Jardim | O Globo

Na tarde de quarta-feira retrasada, Joesley Batista e o seu irmão Wesley entraram apressados no Supremo Tribunal Federal e seguiram direto para o gabinete do ministro Edson Fachin. Os donos da JBS, a maior produtora de proteína animal do planeta, estavam acompanhados de mais cinco pessoas, todas da empresa. Foram lá para o ato final de uma bomba atômica que explodiria sobre o país — a delação premiada que fizeram, com poder de destruição igual ou maior que a da Odebrecht. Diante de Fachin, a quem cabe homologar a delação, os sete presentes ao encontro confirmaram: tudo o que contaram à Procuradoria-Geral da República em abril foi por livre e espontânea vontade, sem coação. É uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato:

O HOMEM DO PT

Ex-ministro Mantega seria elo para distribuir propina

Segundo delação, intermediário não se beneficiava de dinheiro, que era entregue a parlamentares petistas. Ele faria também ponte com o BNDES

Lauro Jardim | O Globo

Nem Antonio Palocci, nem Lula. De acordo com o que Joesley Batista contou em sua delação, o ex-ministro Guido Mantega era o seu elo com o PT. Ele relatou que havia uma espécie de conta-corrente para o partido na JBS. Por meio dela, e tendo sempre o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff como intermediário, a empresa irrigava os bolsos de parlamentares petistas.

Ao falar de Mantega, os delatores afirmaram que era ele quem operava para o grupo junto ao BNDES. Portanto as tratativas para aportes de dinheiro na empresa eram negociadas diretamente com o ex-ministro. Os delatores ressaltaram, no entanto, que Mantega não pegava o dinheiro para si próprio, mas sim para o partido.

Ministros do PPS avaliam entregar cargos a Temer

Após divulgação das denúncias contra o presidente, Roberto Freire, da Cultura, e Raul Jungmann, da Defesa, debatem sobre a decisão de exoneração

Igor Gadelha | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Os ministros da Cultura, Roberto Freire, e da Defesa, Raul Jungmann, avaliam entregar os cargos ao presidente Michel Temer, após a divulgação da denúncia de que o presidente teria sido gravado dando aval para compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dois ministros são do PPS, partido que tem nove deputados e um senador.

Jungmann e Freire se reúnem com outros integrantes da direção do partido para bater o martelo sobre a decisão de pedir exoneração. Na noite desta quarta-feira, 17, logo após a divulgação da denúncia contra Temer pela imprensa, integrantes do partido se reuniram na Câmara e avaliaram a situação do governo Temer como muito grave.

Procurado pelo Broadcast Político, o ministro da Cultura desconversou e evitou responder se entregará ou não o cargo. "Ainda não conversei com o Jungmann. Não vou ficar especulando", disse. Ele afirmou, porém, que as denúncias contra o presidente Temer são "graves".

"Agora é discutir os desdobramentos de tudo isso. Hoje vou conversar com todo mundo. Não sou igual ao PT para quem a denúncia só vale para os adversários. Tem que valer para todos", afirmou Freire, que é presidente nacional do PPS. A reportagem não conseguiu contato com o ministro da Defesa.

Santana acusa Cardozo de mentir de forma 'deslavada' para defender Dilma

- Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O marqueteiro João Santana divulgou nota nesta quarta-feira (17) afirmando que o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo mente de forma 'deslavada" no intuito de defender a ex-presidente Dilma Rousseff.

Na nota, Santana reafirma ter sido avisado pela então presidente, em fevereiro de 2016, que havia contra ele e sua mulher, Monica Moura, um mandado de prisão relativo às investigações da Operação Lava Jato.

Santana classifica como "grotesca e absurda" a entrevista dada por Cardozo ao jornal "O Globo", em que ele rebate as acusações do casal contra a ex-presidente.

O ex-ministro, que chefiou a defesa de Dilma durante o processo de impeachment, já havia feito manifestação idêntica em entrevista à Folhapublicada na última sexta-feira (12).

"A grotesca e absurda entrevista do advogado José Eduardo Cardozo ao Globo faz-me romper o compromisso, que tinha comigo mesmo, de somente tratar dos termos das colaborações, minha e de Monica, no âmbito da Justiça", diz Santana no início da nota, afirmando que já mentiu para defender Dilma, jamais para acusá-la.

Cardozo deu versão ‘grotesca e absurda’ sobre prisão e caixa 2, diz João Santana

Marqueteiro nega qualquer contradição em depoimento dele e da mulher, Monica Moura

Mariana Sanches e Sérgio Roxo | O Globo

SÃO PAULO - Contrariando seu próprio “compromisso” de restringir ao âmbito da Justiça declarações sobre sua delação premiada, o marqueteiro João Santana quebrou o silêncio em que estava desde sua prisão e divulgou nesta quarta-feira nota repudiando a entrevista do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo ao GLOBO.

Classificando a entrevista de Cardozo como “grotesca e absurda”, Santana negou haver qualquer contradição nos depoimentos de colaboração dele e de sua mulher, Monica Moura. O marqueteiro sustenta que soube, pela ex-presidente Dilma Rouseff, que “a prisão seria iminente” e reafirmou a versão de que se comunicava por e-mail com senha compartilhada com a ex-presidente Dilma Rousseff e que teria sido por meio de uma mensagem que ele e a mulher tinham sido alertados da operação contra ambos. Na entrevista ao GLOBO, Cardozo, ministro da Justiça de Dilma, negou ter repassado informações da Operação Lava-Jato à ex-presidente.

João Santana diz que Cardozo é ‘cínico’: “Pra cima de mim, José Eduardo?”

Em nota, marqueteiro eleitoral do PT respondeu declaração de ex-ministro da Justiça do Governo Dilma, que disse não ter havido caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014

Julia Affonso e Fausto Macedo | O Estado de S. Paulo

O marqueteiro de campanhas eleitorais do PT João Santana divulgou nota nesta quarta-feira, 17, em que afirma que o ex-ministro José Eduardo Cardozo diz de forma ‘cínica’ que não houve caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014. O marqueteiro trabalhou nas campanhas eleitoral de Dilma Rousseff (PT) à Presidência nos dois anos.

“O advogado Cardoso insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma, de que o “altíssimo custo” oficial da campanha seria uma prova vigorosa de que não houvera “pagamentos não contabilizados”. Este argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas”, afirma.

“De forma cínica diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014. Pra cima de mim, José Eduardo?”

Segundo o marqueteiro, ‘as únicas vezes’ que mentiu sobre a presidente Dilma ‘foi para defendê-la’.

“E isso já faz algum tempo”, pontuou. “Jamais para acusá-la. Lamento por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando. A vida nos impõe momentos e verdades cruéis.”

Dilma sabia de caixa 2, diz ex-executivo

Fernando Migliaccio afirmou que Mônica Moura contou ter avisado presidente cassada sobre depósitos feitos pela Odebrecht no exterior

Breno Pires, Fábio Fabrini e Rafael Moraes Moura | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ex-executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio afirmou, em sua delação premiada, que a empresária Mônica Moura informou a então presidente Dilma Rousseff sobre pagamentos de serviços da campanha eleitoral de 2014 via caixa 2. Segundo ele, a mulher do ex-marqueteiro do PT João Santana afirmou ter “avisado a moça”, em referência a Dilma, sobre depósitos feitos pela empreiteira em contas do casal no exterior. Migliaccio disse ter feito repasses a Mônica por campanhas em seis países.

O acordo de colaboração premiada do ex-executivo firmado com o Ministério Público Federal (MPF) perdeu o sigilo anteontem por decisão do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Câmara instala comissão para tratar de sistema eleitoral e financiamento

Proposta defende voto em lista fechada e campanha política com fundo público

Daiene Cardoso | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A Câmara dos Deputados instalou nesta manhã de quarta-feira, 17, a segunda comissão que tratará de reforma política. A Proposta de Emenda à Constituição 77, que originalmente propunha mudança de tempo e coincidência de mandato, receberá um novo texto estabelecendo um novo sistema eleitoral - voto em lista fechada preordenada - e financiamento público de campanhas.

Os membros da comissão elegeram para presidência Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que já comanda os trabalhos da comissão de estudos da reforma política. Vicente Cândido (PT-SP) acumulará a relatoria da comissão já em andamento e o colegiado instalado nesta quarta. Os trabalhos da nova comissão se basearão no relatório já em discussão no grupo de estudos. O prazo de dez sessões para apresentação de emendas começa a contar a partir de quinta-feira, 18.

Já a instalação da comissão da PEC que trata de cláusula de desempenho e fim das coligações, agendada para a manhã desta quarta, foi cancelada. Oficialmente, o cancelamento se deveu à falta de plenário disponível para a realização da sessão, mas nos bastidores os partidos ainda discutem procedimentos para os trabalhos e os pontos que efetivamente serão trabalhos na PEC 282. Essa será a terceira comissão para elaborar propostas de reforma política.

Descrédito em países democráticos favorece populismo, diz pesquisador

Ivan Martínez-Vargas | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Para o cientista político americano Larry Diamond, professor da Universidade Stanford, o panorama atual para a democracia e suas perspectivas no curto e médio prazos não é nada bom.

Segundo Diamond, populismos e posições extremistas à direita e à esquerda têm ganhado força como resultado do descrédito dos regimes democráticos ao redor do mundo. Para ele, Putin, Trump, Maduro, Le Pen e Erdogan têm em comum uma verve autoritária e intolerante.

A falta de fé na democracia, segundo o especialista, nasce e se dissemina somente quando há mau governo, abuso de poder ou instituições frágeis. Porém, as alternativas autoritárias têm vida curta porque não são capazes de atender aos anseios populares de mais liberdade e menos corrupção.

O caminho, diz o americano, passa pelo aprofundamento das instituições e pela criação de regimes democráticos que consigam ir além da transparência nas eleições e consigam, também, garantir justiça social e representatividade.

Diamond esteve no Brasil na semana passada para uma série de eventos de lançamento da Coletânea da Democracia, obra editada pelo Instituto Atuação e que inclui textos de sua autoria.

Leia a entrevista:

O começo do fim | Merval Pereira

- O Globo

A delação mais completa de todas as da Operação Lava-Jato, e por isso mesmo mais bombástica, terá conseqüências formidáveis para a vida do país, embora à primeira vista elas sejam negativas. A médio prazo, porém, poderão provocar uma reviravolta tão grande no país que permitirão que a renovação necessária se promova.

A começar pelo presidente Michel Temer, que já não tem condições de permanecer no cargo diante das gravações. É exemplar o caso do senador Aécio Neves, presidente do PSDB, flagrado achacando R$ 2 milhões do dono da JBS ainda em março deste ano, para, segundo alegou, pagar um advogado para defendê-lo das acusações da Operação Lava-Jato.

E ainda pode piorar muito... | Eliane Cantanhêde

O presidente Temer despenca no escuro, deixando o País sem presente e sem futuro

- O Estado de S. Paulo

O Brasil, pobre Brasil, acaba de dar mais uma cambalhota mortal. Após uma semana de boas notícias na economia, com as reformas andando e justamente a 20 dias do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer despenca no escuro, deixando o País sem presente e sem futuro,

Temer foi estupidamente flagrado estimulando a compra do silêncio do ex-deputado e atual preso Eduardo Cunha e favorecendo a JBS com benesses de governo, enquanto um assessor direto, o deputado Rocha Loures, é filmado recolhendo uma mala com dinheiro vivo.

Nem a ‘imunidade temporária’ salva | Vera Magalhães

A pressa em julgar a ação da chapa Dilma-Temer no TSE desaparece com essa bomba

- O Estado de S.Paulo

Na minha coluna de ontem, informei que a mudança de estratégia da defesa de Michel Temer no processo de cassação da chapa em que era vice de Dilma Rousseff se devia a duas razões: de um lado, a percepção de que haveria um placar favorável à tese de separação das responsabilidades de ambos pela campanha, e, de outro, a ideia de “tirar o problema da frente” dado o temor com o que estaria por vir nas delações premiadas de Joesley Batista e demais executivos do grupo JBS.

Havia informações de interlocutores do presidente de que o conteúdo desses acordos de colaboração implicaria não apenas o peemedebista quanto seu entorno político e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

2018 chegou | José Roberto de Toledo

- O Estado de S.Paulo

As delações da Odebrecht e o crescimento de Lula anteciparam a campanha; a de Joesley Batista tornou-a urgente

Na véspera do terremoto, João Doria virou candidato assumido à Presidência. 2018 começou, e ele percebeu. As delações da Odebrecht e o crescimento de Lula anteciparam a campanha; a de Joesley Batista tornou-a urgente. Se os outros presidenciáveis tucanos já perdiam voto antes das gravações de Aécio e Temer virem a público, agora, só sobrou o prefeito paulistano no PSDB.

Doria não aparece na Lava Jato, não se colou às reformas de Temer e projeta-se como antípoda do establishment político.

Fora da Constituição, nada! | Ricardo Noblat

- O Globo

Há na Constituição dois artigos que se aplicam à situação que o presidente Michel Temer começou a viver desde o início da noite de ontem: se ele renunciar, o Congresso elegerá em 30 dias um novo presidente (artigo 81, inciso 1). Do contrário, ele poderá responder a processo de impeachment, se assim quiser o Congresso (artigo 85, incisos 2 e 5).

Nos dois casos, o sucessor de Temer deverá ser brasileiro nato, com 35 anos ou mais de idade. Uma vez eleito, o novo presidente completará o mandato que já foi de Dilma e que caiu no colo de Temer. Pelo voto direto, em outubro do próximo ano, os brasileiros elegeriam o próximo presidente para um mandato de quatro anos.

O governo Temer foi ao chão | José Casado

- O Globo

Lava-Jato exibe o fim de um ciclo do sistema político. Michel Temer era um presidente impopular, com dois terços de rejeição do eleitorado, amparado por uma base parlamentar majoritária, com fidelidade de até 80% em votações a favor do governo. O que podia parecer sólido virou líquido às 19h30m de ontem, quando os repórteres Lauro Jardim e Guilherme Amado revelaram na edição eletrônica do GLOBO a informação de que o dono do grupo JBS havia documentado o presidente da República em março — em pleno exercício do mandato — dando aval à compra do silêncio de uma testemunha, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, atualmente preso em Curitiba.

Turbulência no Planalto era prenúncio de bomba | Jorge Bastos Moreno

- O Globo

Nos últimos dias, Temer abriu saco de bondades, o que pode ter sido aposta para melhorar popularidade ou iminência de denúncia

Temer já sabia que seria vítima de um petardo. Há 15 dias, um sussurro começou a rondar a Esplanada dos Ministérios: uma bomba cairia sobre o presidente Michel Temer. Começou a surgir então todo o tipo de especulação, mas nenhuma na dimensão relatada ontem pelo colunista Lauro Jardim.

Quem anda com porcos farelo come... | Ancelmo Gois

- O Globo

PSDB e PT, forjados na luta contra a ditadura e na defesa de valores sociais e éticos, ao chegarem ao poder, a partir de 2002, aliaram-se a esta ratatuia

Corrupção, a tragédia de uma geração. Eduardo Cunha sempre foi um salteador dos cofres públicos. Duvideodó que alguém que milite no andar de cima da política brasileira não soubesse desta verdade desde 2003, quando ele assumiu o primeiro mandato de deputado federal. Portanto, quem acoitou Cunha em Brasília — Temer foi só um deles — vendeu sua alma a um capo de uma organização criminosa.

O tempo fechou | Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Há algumas semanas, num jantar com militares, Janot havia revelado que algo muito grave ainda estava por acontecer na Operação Lava-Jato

Enquanto um temporal atípico desabava de nuvens negras sobre Brasília, os irmãos Joesley e Wesley Batista, alvos mais recentes da Operação Lava-Jato, lançaram uma bomba que ameaça implodir o atual governo. Entregaram ao ministro Edson Fachin, em seu gabinete no Supremo Tribunal Federal (STF), a gravação de diálogo comprometedor com o presidente Michel Temer, no qual ele avalizaria o pagamento de uma mesada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que permanecesse em silêncio quanto à Operação Lava-Jato. A notícia deixou o mundo político perplexo. Senadores e deputados esvaziaram as sessões do Congresso em busca de mais informações.

A ponte caiu | Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

Temer se agarrará à condição de fiador de interesses

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) protagonizou a cena mais emblemática da noite de ontem. Andando apressado pelos corredores do Senado, disse, sem fixar os olhos nos jornalistas que o cercavam, que a agenda de reformas estava mantida. Não são reformas deste governo, disse o senador, mas do Brasil. Por mais patética que pudesse parecer, a cena resume a situação em que se encontra o governo depois da denúncia revelada pelo jornalista Lauro Jardim, de "O Globo", de que o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, havia gravado o presidente Michel Temer pedindo mesada para o então deputado Eduardo Cunha, que, àquela época, conduzia o processo de impeachment.

A JBS e nosso capitalismo policial | Roberto Dias

- Folha de S. Paulo

Completam-se nesta semana 20 anos que uma empresa com nome de rio brasileiro abriu seu capital na bolsa em Nova York. Batizada originalmente com uma alusão mágica (Cadabra Inc.), ela recebeu antes da oferta de ações o registro que ficaria famoso: Amazon.

À época, a firma não dava um centavo de lucro e acumulava receita de apenas US$ 16 milhões. Seu grande ativo era um fundador obcecado por detalhes competitivos. Jeff Bezos levantou o equivalente a R$ 255 milhões nos dias de hoje. A vida a seguir não teve nada de fácil, mas duas décadas depois a Amazon vale US$ 460 bilhões —o dobro do Walmart, maior varejista do mundo.

O raio caiu sobre Temer | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

O ato falho do apresentador William Bonner, que chamou Michel Temer de ex-presidente na abertura do "Jornal Nacional", reflete a gravidade da nova crise que se instalou sobre o Planalto.

A notícia de que Temer deu aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha deu início a conversas sobre o que parecia quase impossível: a segunda queda de governo em um ano.

A hipótese de afastamento do presidente passou a dominar as rodas no Congresso poucos minutos depois de o jornal "O Globo" revelar a gravação feita pelo empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu.

Risco Temer em nível máximo | Miriam Leitão

- O Globo

Mercado terá hoje dia de estresse agudo, porque tudo o que estava estabelecido no cenário, como aprovação das reformas, cai em absoluta incerteza

Risco de queda de Temer vai ao nível máximo. Há vários cenários possíveis para o desenrolar da crise que estourou ontem com a divulgação das informações, apuradas pelo jornalista Lauro Jardim, de que o empresário Joesley Batista gravou o próprio presidente Michel Temer em diálogo suspeito. Um deles é o da renúncia do presidente, outro é o de que o julgamento no TSE mude de tendência e casse toda a chapa. A governabilidade como argumento para separar a chapa não se sustenta.

‘Pra cima de mim?’ – Editorial | O Estado de S. Paulo

Os petistas, há muito tempo, especializaram-se em insultar a inteligência alheia, seja quando garantiam ser o baluarte da ética na política, enquanto seus dirigentes já tramavam o assalto ao erário assim que chegassem ao poder, seja ao louvar as “conquistas” dos governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, no momento em que o País tenta a duras penas recolher o que restou da economia depois de estraçalhada pela dupla. Nos últimos tempos, os petistas levaram essa expertise a níveis inéditos para defender, contra carradas de evidências, a inocência de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.

O último a fazê-lo foi o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que, em entrevista ao jornal O Globo, tentou desmentir a delação do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, responsável pelas campanhas eleitorais de Lula em 2006 e de Dilma em 2010 e 2014. Como se sabe, Santana e Mônica disseram à Justiça que Dilma não apenas sabia do uso de dinheiro proveniente de caixa 2 em sua campanha, como tratou pessoalmente do assunto com eles. Na versão de Cardozo, essa informação é “totalmente inverossímil”, porque “a orientação da Dilma era muito clara” para que se recusasse dinheiro de caixa 2. Ao que João Santana, em nota, respondeu: “Pra cima de mim, José Eduardo?”.

E agora, Brasil? | Alan Gripp

- O Globo

Os possíveis impactos da delação bombástica de Joesley na política e na economia brasileiras

Futuro de Temer dependerá das ruas, sempre elas. As últimas da Lava-Jato, reveladas com exclusividade por Lauro Jardim, nos levam a questões automáticas que dizem respeito ao futuro de um país já combalido pela corrupção. O governo Temer sobreviverá a tais revelações? As reformas podem ser sepultadas? O que acontecerá com a economia? Como fica o cenário político?

Grandes momentos pedem análises cautelosas, porém necessárias. É arriscado prever o destino de Temer, mas é fato que num contexto de baixíssima popularidade ele precisará mais do que nunca de sua conhecida habilidade política para se equilibrar no poder. Mas seu futuro provavelmente dependerá das ruas, sempre elas.

Recuperação econômica precisa de sustentação – Editorial | O Globo

Otimismo com a economia começa a crescer, mas, para se manter o rumo, é preciso persistir na política econômica e, por óbvio, aprovar as reformas

Há algum tempo surgem sinais de vida na economia. Um ano de virtual estagnação, 2014, e dois consecutivos que somam a maior recessão já registrada nas estatísticas nacionais — algo próximo dos 7,5%, com grande queda na renda per capita — têm efeito devastador. Há vários ineditismos nesta crise.

Um deles, ser gerada internamente, por erros de política econômica (de Lula e Dilma), e não por impactos externos. O choque sofrido pelo país, a partir de 2009, com o estouro da bolha imobiliária americana, serviu de pretexto para Lula e Dilma executarem o programa do “novo marco macroeconômico”, causa da maior crise fiscal de que se tem notícia, com exceção da em curso na Grécia. Outro fato pouco visto no Brasil é ser uma crise sem disparada da inflação — que escamoteia gastos públicos. Daí, governos terem de ajustar suas contas.

Trump na berlinda – Editorial | Folha de S. Paulo

A crise política gerada pela demissão do diretor do FBI, James Comey, deixou o presidente Donald Trump na situação mais difícil de seu curto mandato.

Na sequência de uma avalanche de críticas por parte da oposição democrata e de parcela expressiva da imprensa, novas suspeitas intensificaram os debates acerca de um possível processo de impeachment contra o republicano.

A mais grave delas veio de reportagem publicada nesta terça-feira (16) pelo jornal "The New York Times", na qual se afirma que o mandatário norte-americano teria pressionado Comey, durante uma conversa, a "deixar de lado" investigações sobre o ex-conselheiro de Segurança Michael Flynn.

Trump se arrisca ao desafiar as instituições americanas – Editorial | Valor Econômico

Donald Trump é o pior inimigo de si mesmo. Está fazendo o que pode para encurtar o seu mandato, sofrer um inacreditável impeachment ou arruinar a possibilidade de aprovar no Congresso as propostas do Partido Republicano, com o qual tem afinidades passageiras. Suas últimas estripulias mostraram mais uma vez duas coisas: que ele é uma pessoa despreparada para o cargo e que há algo de muito errado em suas relações com o governo russo. Sua "conexão russa" pode lhe trazer a perda do cargo ou amputar radicalmente suas iniciativas no Congresso e seu poder. As bolsas americanas tiveram ontem seu pior desempenho em oito meses.

Trump queima rapidamente seu capital político, estressando o apoio que obtêm das maiorias republicanas na Câmara e no Senado e tornando mais difícil ou remota a chance de aprovação da reforma tributária, que dará mais alívio nos impostos aos ricos e à classe média alta. O apoio popular ao magnata está se erodindo, segundo pesquisa do site Politico, corroborada por outras enquetes. Entre os partidários de Trump, 42% estão de acordo com o que ele faz no governo, ante 56% que achavam a mesma coisa em abril. Esse movimento de fundo pode tirar o chão dos republicanos e levar ao cisma da base parlamentar.

Soneto de contrição | Vinicius de Moraes

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma…

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

Dori Caymmi - Voz de Mágoa