terça-feira, 16 de maio de 2017

Opinião do dia – Cristovam Buarque

A disputa de interesses corporativos não traz projeto nacional; traz a repartição do pouco que aí temos, cada um dos grupos querendo puxar mais para si. E aí vem a necessidade de se endividar para atender a todos, que foi o que os últimos governos fizeram. Para não dizer que os recursos não davam, para não escolher lados, ou para não conciliar, criando uma coesão nacional, os governos daquele momento preferiram prometer tudo para cada categoria, para cada grupo

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Cristovam Buarque é senador (PPS-DF) em discurso no Senado

Moro fixa prazos para julgar Lula

O juiz Sergio Moro fixou em 20 de junho o prazo para que a defesa do ex-presidente Lula apresente as alegações finais no processo sobre o tríplex no Guarujá. É o último passo antes da sentença. A PF indiciou Lula e mais 12 pessoas na Operação Zelotes por suposta venda de MP.

Gustavo Schmitt, Cleide Carvalho | O Globo

O primeiro veredicto de Lula

Moro estipula prazos para alegações finais e encaminha decisão sobre tríplex no Guarujá

-SÃO PAULO- A partir do dia 20 de junho, o juiz federal Sergio Moro estará apto a proferir sentença na ação aberta para apontar se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu crimes relacionados ao triplex no Guarujá, que, de acordo com a acusação, pertence a ele. Este é o prazo para que a defesa do petista apresente as alegações finais no processo. No processo, Lula é acusado de ter recebido vantagens da empreiteira OAS na reforma e instalação de mobília no apartamento e no armazenamento do acervo presidencial, pago pela construtora entre 2011 e 2016.

Segundo a acusação, as vantagens indevidas na ação somariam R$ 3,7 milhões e tiveram origem em contratos da Petrobras. Ontem, o juiz também estabeleceu os prazos para as alegações finais para o Ministério Público Federal, que vence no dia 2 de junho, e para a Petrobras, no dia 6.

Moro nega a Lula e à Procuradoria mais testemunhas no caso triplex

Depois do interrogatório do ex-presidente na quarta-feira, 10, defesa e força-tarefa da Lava Jato pediram a inclusão de mais depoimentos

Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt | O Estado de S. Paulo

O juiz federal Sérgio Moro negou nesta segunda-feira, 15, à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Ministério Público Federal ouvir mais testemunhas na ação penal do caso triplex. Os advogados do petista e a força-tarefa da Operação Lava Jato solicitaram em comum o depoimento da arquiteta da OAS Jessica Monteiro Malzone.

Moro negou ‘a oitiva de Jessica Malzone por não reputar a prova relevante’.

Na mesma decisão, de 11 páginas, Moro fixou prazo das alegações finais. Para a Procuradoria da República, 2 de junho, para a Petrobrás, assistente de acusação, 6 de junho, e para as defesas, 20 de junho.

Moro advertiu Lula sobre intimidação a autoridades

Juiz da Lava Jato classificou de 'bastante agressivas' as 'atitudes e afirmações' do ex-presidente, que publicamente disse que mandaria prender procuradores, ameaçou delegados e tem processado testemunhas, investigadores e até o magistrado

Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Julia Affonso e Luiz Vassallo | O Estado de S. Paulo

Nos 15 minutos finais do interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feito pelo juiz federal Sérgio Moro, nesta quarta-feira, 10, em Curitiba, o magistrado questionou o petista sobre cinco fatos que podem caracterizar tentativa de intimidação às autoridades da Operação Lava Jato e advertiu o réu sobre a conduta “inadequada”.

São episódios de declarações públicas, em que Lula disse que poderia um dia “mandar prender” os procuradores da República que o investigam, que “lembraria dos delegados” que o conduziram coercitivamente, em março de 2016, que só ele poderia “brigar” com a Lava Jato, além de processos movidos contra testemunhas, investigadores e até “o próprio juiz”.

O interrogatório começou às 14 horas do dia 10, com um frio de 13 graus e uma leve garoa. A sede da Justiça Federal, no bairro Ahú, sitiada por um exército de policiais militares acionados para evitar protestos dos cerca de 20 mil manifestantes – a maior parte, membros do MST e de centrais sindicais – que foram a Curitiba, em defesa do petista.

‘Agressivas’. Depois de três horas de audiência, Moro colocou Lula contra a parede para falar sobre “atitudes e informações” descritas por ele como “bastante agressivas”. “Indo para a parte final das minhas indagações, são algumas perguntas sobre a atitudes e afirmações do senhor ex-presidente no curso desse processo.”

“Senhor ex-presidente durante as investigações da Operação Lava Jato, o senhor tem efetuado afirmações bastante agressivas contra os agentes da apuração dos fatos”, afirmou o juiz, que passou a elencar os supostos atos de intimidação.

“O senhor ainda promoveu ação de indenização contra uma testemunha, o senador Delcídio do Amaral Gomes, que foi julgada improcedentes; o senhor promoveu ação de indenização contra um delegado, que ainda tramita; o senhor ex-presidente promoveu ação contra um procurador da República, que ainda tramita; o senhor ex-presidente chegou até a propor ação criminal contra mim, por supostos abusos de autoridades e por unanimidade foi reputada inviável por oito desembargadores do TRF-4.”

Ao final, Moro quis saber: “Essas iniciativas foram mesmo de sua escolha senhor ex-presidente?”

Réu na Operação Zelotes, Lula é alvo de novo indiciamento pela PF

Por André Guilherme Vieira e Murillo Camarotto | Valor Econômico

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva relacionada à venda de medidas provisórias. A investigação é parte da Operação Zelotes, na qual ele já é réu por suposto tráfico de influência.

Recém-concluído, um relatório da PF apontou que os crimes envolvem a Medida Provisória 471, editada em 2009, que prorrogou os incentivos fiscais às montadoras de veículos instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Além de Lula, foram indiciados o ex-ministros petistas Gilberto Carvalho e Erenice Guerra, bem como o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do grupo Caoa, e o ex-presidente da MMC Motors, representante da Mitsubishi Motors no Brasil, Paulo Ferraz.

Alckmin diz estar maduro para disputa em 2018

Por Juliano Basile | Valor Econômico

NOVA YORK - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que está preparado para uma eventual candidatura à Presidência da República, em 2018. "Acho que amadureci mais do que em 2006, quando disputei a eleição", completou ele, após participar de um evento na Bolsa de Valores de Nova York.

Alckmin reiterou que a sucessão presidencial é um assunto para o ano que vem. "Esse é um tema para ano par e estamos em ano ímpar. Mas a preparação é importante. Tudo o que é improvisado não é bom." Segundo o governador, é preciso ter "vontade, agenda, projeto, aliança, e conhecimento" para se candidatar. "Agora, tudo tem o seu tempo."

Alckmin avaliou que a disputa de 2006 foi "muito desigual", pois ele enfrentou Lula quando esse último estava na Presidência. "Lula era presidente da Republica num país que tem reeleição. Os americanos dizem que o mandato é de oito anos podendo interromper", comparou.

Candidato do PSDB será quem estiver melhor, diz Doria, em Nova York

Catia Seabra, Marcos Augusto Gonçalves | Folha de S. Paulo

NOVA YORK - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), fugiu do tom até então habitual em suas declarações quando questionado sobre a sucessão de 2018, e disse, em Nova York, que o candidato de seu partido à Presidência será "aquele que a população desejar".

"O PSDB não vai fugir dessa missão. Será candidato do PSDB aquele que tiver melhor posição perante a opinião pública. Aquele que representa o interesse popular. Para ser competitivo, para vencer as eleições, vencer o PT, vencer o Lula", afirmou.

Habitualmente, Doria vinha sempre defendendo a candidatura de Geraldo Alckmin, seu padrinho político, fragilizado após delatores da Odebrecht o acusarem de receber caixa 2.

Doria, que tem tido o nome cada vez mais citado como possível candidato ao Planalto, é o tucano mais bem posicionado, ainda que dentro da margem de erro, em pesquisa Datafolha divulgada em abril. Ele chega a 9% das intenções, contra 6% do governador.

Doria e Alckmin estão em Nova York para eventos com investidores e empresários.

Alckmin reage por candidatura em 2018

Tucano adota agenda positiva e rejeita ‘jogar a toalha’ após ser citado na Lava Jato

Adriana Ferraz | O Estado de S.Paulo

Nada está perdido, ao menos por enquanto. Esse é o recado que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem buscado passar a aliados um mês após ter seu nome incluído na lista de políticos suspeitos de receber doações da Odebrecht via caixa 2 e ficar na pior posição entre os tucanos em pesquisa Datafolha de intenção de votos para 2018. A ordem é mostrar que a disputa pela indicação do partido só começou, que Alckmin está vivo no jogo e não pretende “jogar a toalha”.

Como estratégia, o tucano lançou peças publicitárias que exaltam a capacidade de gerar empregos, adotou uma agenda positiva, com inaugurações e nomeações de servidores, e retomou o plano de viajar para fora do Estado – no sábado, participou de colheita de café no Espírito Santo, ao lado do governador Paulo Hartung (PMDB). Além disso, até a próxima quinta, tem compromissos nos Estados Unidos para divulgar seu programa de concessões.

Reforma política: Maia prevê mais comissões

Apesar da dificuldade, presidente da Câmara acredita em acordo para cláusula de barreira

Catarina Alencastro | O Globo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou ao GLOBO que deve instalar nesta semana duas comissões especiais para discutir Propostas de Emendas à Constituição (PECs) que mudam a legislação eleitoral. Uma para tratar do fim das coligações partidárias em eleições proporcionais (deputado federal e vereador) e a cláusula de barreira e outra para mudar o sistema eleitoral (voto em lista fechada, distrital ou misto) e do financiamento de campanhas. As duas comissões correrão em paralelo à comissão que já discute vários aspectos de uma reforma política.

Marina diz que votaria a favor das reformas da Previdência e trabalhista se fosse parlamentar

Ex-ministra afirmou concordar com itens como idades mínimas de 65 anos para homens e 62 para mulheres, mas disse que trabalharia para corrigir algumas arbitrariedades da proposta

Entrevista com
Marina Silva (Rede), ex-ministra do Meio Ambiente (2003-2008)

- O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A ex-ministra Marina Silva (Rede) afirmou em entrevista ao Broadcast/Estadão que, se fosse parlamentar, votaria a favor da admissibilidade das reformas trabalhista e da Previdência enviadas pelo governo Michel Temer ao Congresso Nacional e trabalharia para corrigir algumas "arbitrariedades" existentes nas propostas.

Ela disse concordar com as idades mínimas de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres estabelecidas pela reforma da Previdência em tramitação na Câmara. Mas se posicionou contra o tempo mínimo de contribuição de 25 anos exigido pela proposta para que um trabalhador possa se aposentar.

Na entrevista, Marina afirmou que PT, PMDB e PSDB estão juntos em um movimento para "arrefecer" a Operação Lava Jato. Ela evitou tecer comentários sobre o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz Sérgio Moro, na semana passada. Mas lamentou o fato de a ex-primeira dama Marisa Letícia não estar viva para contraditar o que disse o petista.

Veja os principais pontos da entrevista:

Índice de atividade do BC sobe 1,12%, após 8 trimestres de queda

Por Estevão Taiar e Eduardo Campos | Valor Econômico

SÃO PAULO E BRASÍLIA - Apesar do recuo de 0,44% na passagem de fevereiro para março, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) interrompeu no primeiro trimestre deste ano uma sequência de oito quedas na comparação com o trimestre imediatamente anterior. O indicador divulgado ontem subiu 1,12% na comparação com os últimos três meses do ano passado. O resultado, considerado uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), vai na mesma direção das projeções de crescimento para o PIB do período, a ser divulgado no próximo dia 1º de junho.

Dez anos em um

O caminho que o governo segue é essencialmente o correto para se conseguir gerar crescimento de longo prazo

Sérgio Vale | O Estado de S.Paulo

Em meio às lembranças de um ano de governo Temer, o número simbólico da retomada veio com a divulgação da estimativa do PIB feita pelo Banco Central. Em um ano, a reversão conseguida não foi trivial, dado que, no primeiro trimestre do ano passado, a economia estava caindo 6,2% e agora fechou o trimestre em alta de 0,3%, apenas reforçando nossa antiga projeção de crescimento de 1% este ano.

Economia avança no 1º trimestre

O país deu sinais de que saiu da recessão e cresceu 1,12% no primeiro trimestre, segundo índice do BC que estima a atividade econômica. O resultado oficial, do IBGE, será conhecido em junho.

Índice do BC mostra expansão de 1,12% na economia no 1º trimestre

Resultado veio acima do previsto e sinaliza que país saiu da recessão

Gabriela Valente | O Globo

-BRASÍLIA- Após a pior recessão da História, a economia brasileira começa a dar sinais de que o pior já foi superado. Nas contas do Banco Central (BC), o país cresceu 1,12% no primeiro trimestre deste ano, graças ao bom desempenho da agricultura. Apesar da surpresa positiva, os dados do IBC-Br — o índice construído pelo BC que tenta estimar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) — economistas destacam que a retomada de um crescimento vigoroso dependerá, porém, da aprovação da reforma da Previdência e da definição do cenário político do ano que vem.

Atos falhos | Merval Pereira

- O Globo

Muito interessante notar que o ex-presidente Lula, por mais treinado que seja, não conseguiu, ou não pode, escapar de alguns atos falhos durante seu depoimento ao juiz Sergio Moro, o que lhe valerá novos processos. O mais espontâneo deles foi quando admitiu que discutiu com Léo Pinheiro e o engenheiro Paulo Gordilho, em seu apartamento em São Bernardo do Campo, a cozinha do sítio de Atibaia.

Lula disse que nem se lembrava da visita do empreiteiro a seu apartamento, “mas se os dois disseram que foram, devem ter ido”. Para escapar do tríplex do Guarujá, Lula enrolou-se com a cozinha: “Eu acho que eles tinham ido discutir a cozinha, que também não é assunto para discutir agora, lá de Atibaia. Eu acho”, disse Lula. Como o procurador insistiu em saber o tema do encontro, o ex-presidente foi enfático: “Apenas a questão da cozinha”.

Rumo a 2018 | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Candidatos testam chances e colhem votos que caem de PT, PSDB e PMDB

Ainda não chega ao fim do mundo e os cenários ainda estão muito obscuros, mas há uma novidade: os pré-candidatos estão saindo da toca para testar possibilidades e buscar apoios. Ou melhor, colher os apoios que estão despencando das árvores do PT e do PSDB.

As três principais variáveis da eleição de 2018 são: Lula terá condições ou não de concorrer? O PSDB será ou não obrigado a engolir um novo nome? O presidente Michel Temer sobreviverá com força ou não para apadrinhar uma candidatura?

Por partes. Lula corre contra o tempo, especialmente quando o juiz Sérgio Moro começa a definir os prazos para o julgamento do triplex. Sem Lula na disputa, o PT, o PC do B e os movimentos aliados não têm um só nome.

A caixa-forte de Palocci | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

A iminente delação de Antônio Palocci não provoca calafrios apenas no mundo político. Banqueiros e empresários de renome estão preocupados com o que o ex-ministro pode contar à Lava Jato e a outras operações, como a Zelotes.

Palocci foi o petista mais próximo dos donos do dinheiro. Em 2002, ajudou a acalmar o mercado para a chegada do partido ao poder. Idealizou a "Carta ao Povo Brasileiro", na qual Lula se comprometeu com a responsabilidade fiscal e o controle da inflação. A receita deu certo, e o médico foi nomeado ministro da Fazenda.

A hora e a vez de Antonio Palocci | Raymundo Costa


- Valor Econômico

Santana era uma espécie de ministro sem pasta de Dilma

Os depoimentos de João Santana e Mônica Moura atingiram mais Dilma Rousseff, o que é natural, uma vez que a convivência do casal foi mais prolongada e íntima com a ex-presidente da República. O PT, no entanto, entende que agora é que vem muito chumbo grosso contra Lula, sobretudo a partir da delação do ex-ministro Antonio Palocci, talvez não o último, mas um elo fundamental entre o ex-presidente e as empreiteiras, segundo as delações divulgadas.

Não há expectativa de que Palocci possa desistir da anunciada delação. O criminalista José Roberto Batocchio, defensor do ex-ministro, já redigiu e está enviando para Curitiba os documentos relativos ao sub-estabelecimento da causa. Nem mesmo a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) mandar soltar o ex-ministro anima os militantes petistas.

A causa divide o Supremo. Nas contas de advogados próximos ao PT, Palocci contaria com quatro votos garantidos. Precisaria de mais dois para ganhar a liberdade. Mas o ambiente no STF não favorece muito as previsões. A rigor, o habeas-corpus de Palocci deveria ser julgado na 2ª Turma. Mas depois de negar - e perder - o pedido de liberdade de três outros acusados na Lava-Jato, o ministro Edson Fachin preferiu jogar a ação de Palocci direto para o plenário do tribunal.

Uma decisão heterodoxa que grudou em Fachin, relator dos processos da Lava-Jato, a pecha de mau perdedor e deixou o tribunal numa sinuca de bico - foi o plenário do STF que deu o poder para a Turma decidiu sobre pedidos de habeas-corpus.

Parece, mas não é | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

O presidente da República nunca dependeu tanto de sua base no Congresso. Por isso, procrastinar o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE pode não ser uma boa estratégia

O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, eleita em 2014, e a inelegibilidade da petista por oito anos, que deveria ter sido aprovada no julgamento do impeachment, mas não foi. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que presidia a sessão do Senado, resolveu apartar a votação do impeachment da perda dos direitos políticos, que foram mantidos pela maioria dos senadores. A tese de que as contas de Dilma e Temer devem ser separadas acabou refutada pelo vice-procurador geral eleitoral, Nicolau Dino, que vem a ser irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), aliado incondicional de Dilma contra o afastamento do Planalto.

Diálogo FHC/Lula, para devolver a esperança | Clóvis Rossi

- Folha de S. Paulo

No dia 2 de fevereiro, como todos os jornais noticiaram, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visitou seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, no hospital em que a mulher de Lula, Marisa Letícia, agonizava.

FHC estava acompanhando de José Gregori, que fora seu ministro da Justiça e sempre teve destacado papel na defesa dos direitos humanos. Lula, por sua vez, chamou para a conversa o seu ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.

Falaram sobre muitos assuntos, sobre a vida, sobre o papel das mulheres e, inevitavelmente, sobre política.

A certa altura, Amorim soltou uma frase que é corretíssima e deveria ter desdobramentos:

"Vocês dois têm a obrigação de devolver a esperança ao Brasil", rememorou o ex-chanceler à Folha nesta segunda-feira (15).

O jarro da viúva de Sarepta | *Almir Pazzianotto Pinto

- O Estado de S.Paulo

O Tesouro não dispõe de uma tigela sempre cheia de farinha por obra e graça de Deus

Era de esperar que sindicatos e centrais sindicais fossem às ruas para fazer barulho em torno das reformas trabalhista e da Previdência Social. Direitos sociais, adquiridos e incorporados ao patrimônio jurídico, tornam-se quase irreversíveis. Para haver mudanças são indispensáveis elevada dose de habilidade política e enorme esforço de convencimento dos envolvidos, sobretudo porque, no regime democrático, alterações da Constituição federal e das demais leis dependem da anuência do Poder Legislativo.

A questão previdenciária envolve aspectos eminentemente financeiros. É obrigatório convencer o povo, em linguagem acessível, de que o sistema em breve estará falido se os crescentes déficits não forem enfrentados com a racionalização da pesada máquina burocrática, acompanhada de regras adequadas às despesas com aposentadorias e pensões. O Tesouro Nacional não é a viúva de Sarepta, da parábola bíblica do Primeiro Livro dos Reis (capítulo 17, versículos 13-15), cuja tigela de farinha nunca estava vazia e o jarro de azeite continuava sempre cheio, por obra e graça de Deus.

Caminho de volta | Míriam Leitão

- O Globo

País começa a sair do buraco no qual foi jogado. O país começa, enfim, a sair do buraco no qual despencou em 2014, mas essa caminhada será com números positivos e negativos se alternando, e muita lenta. O PIB ficará um pouco abaixo da alta de 1,12% do índice de atividade que o Banco Central divulgou ontem, mas a taxa será positiva. O desemprego permanecerá alto e mesmo quando cair não voltará rapidamente ao patamar de antes da crise.

Esta é uma crise complexa e profunda. Ela mistura vários ingredientes que complicam o quadro, como a turbulência política, a investigação da Lava-Jato e a profundidade dos problemas fiscais. Mesmo assim, começam a aparecer sinais da mudança de ciclo. O IBC-Br de ontem teve a primeira alta depois de oito trimestres de encolhimento.

O legado de Temer – Editorial | O Estado de S. Paulo

Passado pouco mais de um ano desde que assumiu a Presidência da República – após o processo de impeachment que culminou na cassação do mandato de Dilma Rousseff –, o presidente Michel Temer compreende as circunstâncias excepcionais que o levaram ao poder e tem a exata dimensão do papel que a História lhe reservou. É o que se depreende da entrevista exclusiva concedida aos jornalistas João Caminoto, Carla Araújo, Marcelo Beraba e Eliane Cantanhêde, do Estado, publicada na edição de domingo passado.

Administrador da massa falida legada pela inépcia e pela incúria de sua antecessora – e também pela sanha criminosa que permeou sua gestão, a serem verdadeiras as acusações que lhe são feitas por dois de seus colaboradores próximos, os marqueteiros João Santana e Mônica Moura –, Temer elegeu o combate ao desemprego como a principal marca de seu governo. “Meu principal objetivo é combater o desemprego. Se não conseguir, aí sim você pode dizer que o governo não deu certo”, disse o presidente.

Cresce de importância papel de Dilma no petróleo – Editorial | O Globo

Delação de marqueteiros ajuda a se ter a dimensão real de como a ex-presidente participou do esquema de desvio de bilhões da Petrobras

Era inverossímil que Dilma Rousseff não soubesse do saque que diretores da Petrobras fizeram durante tanto tempo na estatal, para que parte do dinheiro financiasse o caixa 2 de campanhas eleitorais, principalmente do seu partido, o PT, incluindo as dela própria à Presidência da República.

Tanto quanto isso, sabe-se hoje, era dinheiro também para elevar o padrão de vida de dirigentes partidários e, em última análise, sustentar o projeto de poder lulopetista, para se perpetuar no Planalto. Aspectos que já ficaram visíveis nas investigações sobre o mensalão, um esquema muito menor que o petrolão. Na verdade, começaram a ser montados de forma paralela.

A imagem cultivada por Dilma de distanciamento do petrolão nunca se firmou, e acaba de ser demolida pelas delações do casal de marqueteiros, João Santana e Mônica Moura, o preferido do PT pelo histórico de vitórias: Lula em 2006 e com a própria Dilma.

Nem mesmo a ideia de uma pessoa de inabalável honestidade fica de pé com o relato de Mônica sobre gastos com a ex-presidente feitos também em período não eleitoral. Com o cabeleireiro Celso Kamura, teriam sido R$ 90 mil. Ao todo, R$ 170 mil em dinheiro do petrolão, surrupiado de obras da estatal, por meio do superfaturamento de contratos.

Discutir a relação – Editorial | Folha de S. Paulo

Um incauto que assistisse à propaganda televisiva do PSDB, na quinta-feira (11), poderia imaginar que testemunhava o início de um movimento de renovação da vida partidária brasileira, uma versão local do "En Marche" francês.

Em uma roda, sentados, jovens prefeitos, deputados e vereadores discutiam política com eleitores de idades variadas, a maioria aparentando pertencer aos diversos estratos da classe média.

"Nós, políticos, devemos pedir desculpas para vocês", diz-se, a certa altura da conversa editada para TV, "porque a classe política, de fato, faz por merecer tudo isso que vocês falaram da gente".

Fim do imposto sindical não carece de compensações – Editorial | Valor Econômico

Há sinais no ar de que o governo se inclina para compensar sindicatos patronais e de trabalhadores pelo fim do imposto sindical, ou a dar a ele uma indevida sobrevida. Criado pela Constituinte de 1937, batizada de "Polaca", no mesmo dia em que Getúlio Vargas implantou a ditadura do Estado Novo, o imposto existe há 80 anos. O espírito autoritário que o concebeu segue existindo discretamente sob o pano de fundo das tentativas dos que não querem abrir mão desses recursos. Os sindicatos, empresariais ou de empregados, são por lei delegações e apêndices do Estado. Nada melhor que um tributo para sustentá-los e dar-lhes perenidade, independentemente da conduta de seus dirigentes.

O efeito mais visível da "contribuição" obrigatória, correspondente a um dia de trabalho, no caso do empregado, e de 0,5% a 2,5% da folha salarial, no caso das empresas, foi manter entidades fantasmas representando os dois polos da produção. Em ambos, pelegos sobrevivem com esses recursos. Não só eles - há federações estaduais e, congregando-as, confederações que precisam ser sustentadas. Até a redemocratização de 1985, havia verdadeiras dinastias nessas entidades, uma prática que se perpetua, mesmo nas metrópoles do Sul e Sudeste.

As sem-razões do amor | Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Adoniran Barbosa - No Morro da Casa Verde