quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Vera Magalhães: Discurso pronto

- O Estado de S.Paulo

Aliados de Lula vão usar a marcação do julgamento do recurso do ex-presidente em segunda instância para 24 de janeiro e os movimentos combinados de enfraquecimento da Lava Jato para intensificar o discurso de que a operação se transformou exclusivamente numa perseguição política ao petista para inviabilizar sua candidatura.

Petistas e aliados vão martelar nas redes sociais, nas tribunas e nos diretórios do partido que o processo contra Lula foi o de mais rápida tramitação entre todos os da Lava Jato julgados pela 8.ª Turma do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4.ª Região, que analisa em segunda instância os processos de Curitiba.

A defesa de Lula também prepara recursos para questionar se houve quebra da ordem cronológica de tramitação das apelações na corte.

Enquanto isso, a ordem é apontar uma articulação do PMDB para “estancar a sangria”, como disse Romero Jucá na gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Entrarão nesse discurso a nomeação de Fernando Segovia para a direção-geral da Polícia Federal – e a paulatina troca de comando em postos-chave da PF – e a atuação de Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República.

“O objetivo da Lava Jato era inviabilizar o Lula. A ordem agora é tentar tirá-lo do jogo e depois passar a régua”, diz um aliado do ex-presidente, mostrando qual será a tônica do discurso daqui para a frente.

A ordem é fazer uma “mobilização permanente” até 24 de janeiro, data marcada para o julgamento de Lula no TRF-4.

ONDE PEGA
MPF diz que delação de Palocci carece de provas

Um dos fatores que empacam o fechamento e posterior homologação da delação de Antonio Palocci é o que procuradores descrevem como “anexos Google”: o ex-ministro estaria apenas apresentando a corroboração de histórias já conhecidas, sem provas que as endossem.

ANTIGO REGIME
Investigação sobre time de Janot não deve avançar

Não há na Procuradoria-Geral da República clima de revanchismo contra Rodrigo Janot e auxiliares. A tendência é que sejam abertos procedimentos disciplinares contra Janot e Eduardo Pelella, mas que não resultarão em sanções como recomendadas pela CPI da JBS.

PREVIDÊNCIA
Jucá defende votação já, mesmo que “para perder”

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), defende que a votação da reforma da Previdência mesmo sem garantia dos 308 votos na Câmara dos Deputados, para “mostrar quem está com o governo”. Em caso de derrota, ele admite que não haverá espaço para uma nova tentativa de votação em 2018. “Nesse caso, sugiro que o Michel embrulhe a reforma para presente e entregue aos candidatos a presidente no ano que vem.”

TUDO OU NADA
Sem reforma, aliados veem candidatura Meirelles ruir

Aliados de Temer estranham a “timidez” do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na fase decisiva da negociação da reforma – inclusive para pressionar pelo fechamento de questão de seu partido, o PSD. Dizem que ele deveria ter montado um gabinete na Câmara e trabalhar ativamente pelo texto porque, sem sua aprovação, sua pré-candidatura à Presidência não chega viva a 2018.

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