quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Vitória de Temer custa caro

Por Daniel Rittner, Raphael Di Cunto, Fábio Graner e Fernando Torres | Valor Econômico

Brasília e São Paulo - A vitória do presidente Michel Temer, ontem na Câmara, teve um custo alto para os cofres públicos e doerá no bolso do setor privado. O presidente obteve 263 votos favoráveis ao arquivamento do pedido de autorização para que o Supremo Tribunal Federal investigue se ele cometeu crime de corrupção passiva. Houve 227 votos contrários. Em sua maioria, as bancadas de São Paulo, Rio e Espírito Santo votaram contra o presidente, resultados que surpreenderam o governo. Temer é acusado pela Procuradoria-Geral da República de negociar favores para a JBS em troca de suborno, entregue em uma mala a um ex-auxiliar seu, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.

Apenas três iniciativas de um "pacote de bondades" recente para agradar aos parlamentares - a liberação de emendas, o refinanciamento de dívidas de produtores rurais e o aumento dos royalties da mineração - somam R$ 13,2 bilhões.


O enfraquecimento político do governo também pode gerar frustrações na arrecadação federal, pelo atraso na reoneração da folha de pagamento e mudanças no projeto do Refis. Mais de 95% dos R$ 4,15 bilhões em empenhos de emendas parlamentares ocorreram entre junho e julho. O período coincide com as vésperas da votação da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, logo em seguida, no plenário. Nos primeiros dois dias de agosto, o valor empenhado superou toda a liberação de janeiro a março.

O governo trabalhou até minutos antes da votação, para fazer o maior placar possível. O presidente recebeu ontem 18 deputados e ligou para vários outros para pedir que rejeitassem a denúncia ou ao menos se ausentassem. Em uma das conversas, com o deputado Zé Silva (SD-MG), que se dizia indeciso, Temer trouxe à mesa os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) para discutir a edição de um decreto. Silva votou pela rejeição da denúncia.

Dez ministros que são deputados voltaram à Câmara. Responsável pela articulação política, o ministro da Secretaria de Governo, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), ficou no fundo do plenário negociando emendas com parlamentares. Os ministros dos Transportes, Maurício Quintela (PR-AL), e de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB-PE), também passaram o dia no plenário.

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