sexta-feira, 4 de agosto de 2017

PSDB tenta definir nome para 2018 este ano

Por Vandson Lima, Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - O PSDB quer definir quem será seu candidato a presidente da República ainda este ano, em uma nova convenção nacional para renovar toda a direção do partido, prevista para ocorrer em dezembro, na hipótese de existir consenso partidário. Em caso de disputa, prévias poderão ser realizadas até março. Após mais de um mês de indefinição, os tucanos decidiram pela permanência do senador Tasso Jereissati (CE) no cargo de presidente interino da sigla até o encontro partidário.

Aécio Neves (MG) continuará como presidente afastado, cabendo a Tasso conduzir a sigla. Para os tucanos, a decisão acaba por contemplar, mais ou menos satisfatoriamente, todas as correntes do partido: a Aécio, que abdica do comando, mas sem a pecha de ter sido expurgado por conta de seus problemas com a justiça; a Tasso, que ganha legitimidade para tocar mudanças no PSDB, mas com prazo determinado; e até ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ávido por um horizonte para comandar a máquina partidária e viabilizar sua candidatura ao Planalto.

"Fiz um apelo para que ele continue presidente do PSDB. Tasso vai conduzir a rediscussão do programa partidário. É ele, Tasso, quem tem melhores condições para fazer a renovação do PSDB", anunciou Aécio.

A decisão foi uma reviravolta na legenda. A tendência, até anteontem, era que Tasso simplesmente devolvesse a presidência do partido a Aécio. O mineiro trabalhou fortemente nos últimos dias para aumentar os votos na sigla em favor do presidente Michel Temer, na denúncia rejeitada ontem pela Câmara. Tasso, que tem defendido o rompimento do PSDB com o governo, irritou-se com a ação de Aécio.

A pressão interna, contudo, fez Aécio recuar. Além do respaldo dos deputados "cabeças-pretas", Tasso recebeu apoio em carta aberta dos economistas tucanos Elena Landau, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Luiz Roberto Cunha.

A permanência do PSDB no governo a partir de agora, disseram Aécio e Tasso, é uma questão secundária. "Se Temer quiser tirar todos os nossos ministérios, não fazemos questão. É problema dele", disse Tasso.

O PSDB, contudo, continuará firme no apoio às reformas, asseguraram. "Nas questões programáticas, nenhum partido tem sido mais coeso que o PSDB", apontou Aécio. "Aquilo que é programático, vamos trabalhar para ter votos homogêneos e maciços em favor das reformas, como a Previdência", reforçou Tasso.

Em dezembro, será realizada a convenção nacional para escolha de uma nova direção partidária. Este processo deveria ocorrer apenas em maio, mas será adiantado. Se até lá houver consenso em torno de um nome para ser o candidato do PSDB à Presidência da República, ele já será anunciado. "Havendo mais de um candidato a presidente, realizaremos prévias em fevereiro ou março", disse Aécio.

A possibilidade de os dissidentes na votação da denúncia contra Temer deixarem a legenda está completamente descartada, afirmou o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE). O grupo agora vai apostar suas fichas em uma articulação, intitulada "Movimento Mário Covas", que prega o resgate de bandeiras como o parlamentarismo, a reformulação das teses partidárias e a independência em relação ao governo. "Para ser independente, acreditamos que o PSDB tenha que abrir mão dos cargos, como aconteceu no nascimento do partido em relação ao Sarney", disse.

O movimento, que engloba a ala mais jovem do partido, senadores como Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Tasso, além do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr, deve amadurecer sua pauta a partir de encontros semanais. Segundo o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), é uma iniciativa agregadora, que pretende receber até mesmo os deputados que votaram com o governo. "Aquela história de cabeças pretas era excludente".

O grupo não apresenta nenhuma resistência à tramitação das reformas e entende que elas são necessárias para a retomada da economia. Há, porém, questionamento em relação a uma parte do conteúdo da reforma da Previdência. "Defenderemos um governo reformista, que inclua uma reforma no custo da máquina pública", acrescentou Cunha Lima.

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