terça-feira, 20 de junho de 2017

Cunha: Joesley e Lula eram próximos

Em carta da prisão, o ex-deputado Eduardo Cunha disse que Joesley mentiu em entrevista à “Época” ao falar de Lula. Segundo ele, encontros de Joesley e Lula eram frequentes.

Da prisão, Cunha rebate acusações de Joesley

Ex-deputado diz que empresário discutiu queda de Dilma com Lula

Dimitrius Dantas*, O Globo

SÃO PAULO- Condenado a 15 anos de prisão na Lava-Jato, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha escreveu da prisão uma carta em que ataca o dono da JBS, Joesley Batista. No documento divulgado ontem e redigido a mão por Cunha, em uma cela do Complexo Médico Penal, em Pinhais, no Paraná, o ex-deputado nega as acusações, chama o empresário de “delinquente” e “meliante” e afirma que Joesley mentiu para conseguir benefícios com sua delação premiada.

O empresário entregou no mês passado à Justiça a gravação de uma conversa com o presidente Michel Temer. No áudio, Joesley menciona a compra do silêncio de Cunha.
Na carta, o ex-presidente da Câmara diz que o dono da JBS se encontrava frequentemente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário do afirmado pelo empresário. Segundo Cunha, ele e Joesley se encontraram com Lula em março de 2016 para discutir o impeachment de Dilma Rousseff.


“Ele fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013. Mentira! Ele apenas se esqueceu que promoveu um encontro que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência (...), entre eu, ele e Lula, a pedido do Lula, a fim de discutir o processo de impeachment, ocorrido em 17 de abril, onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham”, escreveu Cunha.

O ex-deputado “nega veementemente” as acusações feitas por Joesley, em entrevista à revista “Época”, de que receberia dinheiro da JBS por meio do doleiro Lúcio Funaro.

Cunha também é investigado por agilizar a liberação dos recursos do FGTS para financiar empresas e por ter recebido propinas por contratos na Petrobras e pelas obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.

Em nota, Joesley afirmou que Cunha atribuiu a ele afirmações que nunca fez. Na carta, o ex-deputado diz que utilizou reportagens de televisão para basear suas declarações.

“O empresário reafirma que destacou dois encontros com o ex-presidente Lula, um em 2006, quando assumiu o comando da empresa, e outro em 2013. A partir de então, como já relatado por ele, não apenas esteve em outras ocasiões com o ex-presidente Lula, como também intermediou encontros de dirigentes do PT com Eduardo Cunha”, disse Joesley. (*Estagiário sob supervisão de Mariana Timóteo da Costa)

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