terça-feira, 23 de maio de 2017

Perito contratado por Temer diz que áudio deveria ser 'jogado no lixo

Perito contratado por Temer diz ter certeza de que PF vai identificar falhas técnicas

Ricardo Molina afirma que espera que Polícia Federal siga 'rumo normal de uma conclusão pericial'

Carla Araujo e Renan Truffi | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O perito Ricardo Molina, contratado pela defesa do presidente Michel Temer para questionar os áudios gravados pelo executivo da JBS, Joesley Batista, e que respaldam o pedido de inquérito contra o presidente, disse na noite desta segunda-feira, 22, que tem certeza de que a Polícia Federal vai identificar falhas técnicas no material e que do ponto de vista técnico a gravação não pode ser considerada autêntica. “Eu tenho certeza de que a Polícia Federal vai ver isso.”

Segundo Molina, existem inúmeros pontos na gravação que poderiam ser efetuados cortes sem deixar nenhum vestígio. “Foram identificados ao menos seis pontos de possível edição”, afirmou. O perito destacou que o gravador “parece seletivo” em alguns pontos de corte e que não é possível afirmar que há uma sequência lógica na conversa.

O perito afirmou ainda que há pontos suspeitos e que “falhas são mais que suficientes para jogar gravação no lixo”. Molina, que usou exemplos técnicos mostrando que vogais e consoantes mostram cortes evidentes e disse que há pontos que são “sonhos de consumo de um fraudador”. “Há muitas evidentes descontinuidades que não têm explicação”, afirmou, ressaltando que é uma “porta-aberta” para quem quer fazer edição.

Molina afirmou que um perito honesto diria “não” sobre a autenticidade da gravação e questionou ainda que a razão de o material entregue não ser o original. “O que me deixa preocupado é por que não se pediu a gravação original?”, disse, ressaltando que o material só surgiu “instigado por toda essa confusão”.

O perito ponderou que conceito de originalidade de gravações digitais é muito sutil e que é complicado quando se fala em relações editais. “A posição técnica correta e até ética é desprezar (a gravação), assim como se despreza uma carne com pedaço podre”, afirmou.

De acordo com Molina, do ponto de vista técnico a gravação não pode ser considerada autêntica. Ao ser questionado se acredita que a Polícia Federal deve levar em conta suas analises feitas no material, Molina disse “esperar que sim”. “Espero que eles sigam o rumo normal de uma conclusão pericial”, afirmou.

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