segunda-feira, 3 de abril de 2017

O que aflige Renan | Leandro Colon

-Folha de S. Paulo

Renan Calheiros e Tasso Jereissati protagonizaram um bate-boca no plenário do Senado em 2009. Xingado de "cangaceiro de terceira categoria", Renan afirmou que Tasso, naquele momento oposição ao governo Lula, era "minoria com complexo de maioria".

Oito anos se passaram, e hoje Renan faz o papel de maioria com complexo de minoria. Fora da presidência do Senado, sob investigação da Lava Jato pelas acusações de receber propina e alvo de recentes delações da Odebrecht, o peemedebista tenta se manter relevante na política.

De volta à planície, tem usufruído do posto de líder da bancada de senadores do PMDB para criar uma oposição artificial ao governo de Michel Temer, seu colega de partido.

Em um vídeo divulgado neste domingo (2), classificou o governo de "errático". Durante a semana, disse que as medidas para cobrir o rombo no Orçamento mostram que a equipe econômica está "apressadamente" consertando um "erro tardiamente".

A reforma da Previdência, segundo o senador, é "exagerada". "Ela trata desiguais de forma igual. Não se faz para resolver o problema fiscal do Brasil, que é complexo", declarou.

O peemedebista surfou na onda da terceirização. Afirmou que o projeto aprovado na Câmara e sancionado por Temer na sexta (31) terá um impacto negativo na economia do país.

Um sobrevivente de escândalos no Congresso, Renan fala em Previdência, terceirização, economia, mas o que o aflige é o seu futuro pós-2018. Ele quer respaldo e apoio do Palácio do Planalto em Alagoas. É um contumaz estrategista: nos últimos dias, fez circular a informação de que estaria negociando uma aliança com o ex-presidente Lula para reeleger seu filho Renanzinho, também citado pela Odebrecht, ao governo do Estado.

Renan pode disputar vaga de deputado se a reeleição ao Senado perigar. O senador depende do foro no STF para não cair nas mãos de Sergio Moro. Seu temor é ter o mesmo destino de Eduardo Cunha: a prisão.

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