sexta-feira, 14 de abril de 2017

“Eu não vou rir nem vou chorar”, diz Lula sobre delação da Odebrecht

Por Agência O Globo e Folhapress | Valor Econômico

SÃO PAULO - Depois de virem a público vídeos das delações da Odebrecht, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (13) que a acusação contra ele é tão “inverossímil e irreal” que não vai rir nem chorar. Em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, o ex-presidente disse que não pode ficar nervoso ou perder a cabeça neste momento. Lula depõe ao juiz Sergio Moro, titular das operações da Lava-Jato em Curitiba, em 4 de maio.

“Um absurdo a delação do Marcelo Odebrecht. Eu até compreendo que o Marcelo já tá preso há dois anos, que ele tem família fora, que tá comendo o pão que o diabo amassou e talvez esteja tentando criar condição para sair da cadeia”, disse Lula. “Agora, é tão inverossímil a acusação, é tão irreal, que eu não vou rir nem vou chorar. Vou analisar corretamente, vou conversar com os advogados, vou ler cada peça do processo.”

O conteúdo das delações da Odebrecht revela a existência de um “fundo” de R$ 40 milhões para custear despesas de Lula e que os então ministros do petista, Antonio Palocci e Guido Mantega, receberam R$ 300 milhões da construtura para o PT. Além disso, a Odebrecht teria pago R$ 2,1 milhões para Luís Cláudio, filho de Lula.

Na entrevista nesta quinta-feira, Lula se disse tranquilo, lançou um desafio e fez uma promessa. “Continuo desafiando qualquer empresário brasileiro a dizer que o Lula pediu R$ 10 pra ele. Se alguém pediu em meu nome, essa pessoa tem que ser presa, porque eu nunca autorizei ninguém a pedir dinheiro em meu nome. Eu não posso ficar nervoso, perder a cabeça por uma coisa dessa nesse momento”, afirmou, e prometeu: “Vou continuar fazendo política. O dia que alguém que provar um erro meu ou R$ 10 ilícitos na minha vida, eu paro com a política.”

"A máscara está caindo"
Lula contou que não fica feliz com a implicação dos principais partidos do país, incluindo a oposição ao PT, nas delações. "Mas quando aparecem outros partidos que criminalizaram o PT, primeiro você tem um alívio. A máscara está caindo. Mas queria que não tivesse o PT nem ninguém.”

O ex-presidente exaltou o poder da política e falou em favor de um clima de menos “ódio”. “Política é para fazer coalização. Fora da política é o fascismo, o nazismo, não existe solução fora da política. Em 2018, tudo pode mudar, pode eleger só gente boa, tá na mão do povo eleger os melhores governadores, os melhores deputados estaduais. O que não pode é eleger um Congresso como esse que está aí, que tá destruindo tudo”, disse. “O país precisa encontrar seu caminho, voltar a ser alegre. Durante o jogo é uma coisa, acabou, vamos pro bar tomar uma cervejinha. É assim que eu penso a democracia.”

Mesada e depoimento
Lula comentou ainda sobre uma mesada que a Odebrecht pagaria a um dos irmãos dele, o Frei Chico. A afirmação foi feita pelo diretor do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas.

“Se a Odebrecht resolveu dar R$ 5 mil pro meu irmão, é problema da Odebrecht. Meu filho estava metido no futebol americano, tinha patrocínio, inventaram apartamento que não é meu, o triplo X, sou acusado de reforma em sítio em Atibaia e o sítio não é meu, tem dono e tudo.”

O ex-presidente falou também sobre seu primeiro depoimento a Moro, em Curitiba. “Parece que eles já estão com a tese pronta e querem só encontrar o conteúdo para colocar dentro da tese deles.

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