domingo, 2 de abril de 2017

Aécio pede abertura de sigilo de depoimentos

Senador quer ter acesso à delação de ex-executivo da Odebrecht

- O Globo

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deu entrevista coletiva ontem para negar a existência de uma conta no exterior que teria sido abastecida com propina da Odebrecht, segundo reportagem da “Veja”. De acordo com a revista, Benedito Junior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, teria dito em sua delação premiada que a empreiteira fez depósitos para Aécio numa conta em Nova York, operada pela irmã do tucano, a jornalista Andrea Neves.

Ainda segundo a revista, Benedito Junior teria dito que os valores foram pagos como “contrapartida” ao atendimento de interesses da construtora em empreendimentos como a obra da Cidade Administrativa do governo de Minas e a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia.

Aécio Neves informou que vai encaminhar uma petição ao ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para ter acesso imediato à delação de Benedito Junior. Ele também pedirá a Fachin “apuração rigorosa” dos vazamentos das delações premiadas de integrantes da empreiteira.

SENADOR QUER REPARAÇÃO
Ao lado de dois de seus advogados, o ex-ministro do Supremo Carlos Velloso e o ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira, o senador afirmou que, segundo o advogado de Benedito Junior, a informação sobre a existência da suposta conta no exterior não faz parte da delação dele.

Carlos Velloso leu nota redigida por Alberto Toron, também advogado de Aécio, na qual afirma que ouviu de Alexandre Wunderlich, que faz a defesa de Benedito Junior, a informação de que “não havia qualquer referência à irmã do senador Aécio Neves na delação de seu cliente e, tampouco, a nenhuma conta pretensamente mantida por ela em banco da cidade de Nova York”.

Ao fim da entrevista, perguntado se acredita que a divulgação poderia atrapalhar sua pretensão de ser candidato à Presidência em 2018, Aécio negou:

—Acho que não. Ano que vem é ano que vem, nós estamos ainda longe — afirmou.

O senador se disse indignado com a publicação.

— A matéria de capa da “Veja” é criminosa, e é preciso que haja reparação. Estou examinando com meus advogados que tipo de ação deveremos ter. Se a revista foi iludida pelas suas fontes ou se quem faltou com a verdade foi o advogado. É preciso ter o conjunto dessas informações para avaliarmos que tipo de reparação, mas eu pretendo que alguma seja buscada por essa edição — disse o tucano.

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