terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Rosso libera aliados, e Maia ganha força

• Disputa pela presidência da Câmara ocorrerá no dia 2 de fevereiro

Carolina Brígido e Isabel Braga | O Globo

-BRASÍLIA- Em carta endereçada ontem à sua própria bancada, o atual líder do PSD, Rogério Rosso (DF), diz que, apesar desejar presidir a Câmara, deixará os correligionários à vontade para avaliar o apoio a outros candidatos. Há duas semanas, integrantes da cúpula do PSD vêm admitindo, nos bastidores, apoio à candidatura do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-DF). Rosso diz que sua candidatura ainda está mantida, mas que ela estará sintonizada com os desejos da bancada e do PSD.

— A bancada e o partido (estão) à vontade para, se acharem melhor, encontrar outros caminhos que não a candidatura do partido — disse Rosso. — A minha candidatura nasceu com desprendimento, fruto da decisão da bancada e do partido. Estarei sempre ao lado dos meus eleitores, da bancada e do partido. A decisão será conjunta, seja para manter ou reavaliar a candidatura — acrescentou.

Segundo ele, quando seu nome foi lançado, não havia ainda a candidatura de Maia, inclusive porque em sua opinião ela é inconstitucional. Depois de receber a carta, deputados do PSD dizem esperar que Rosso desista de sua candidatura ainda hoje. O futuro líder do PSD, Marcos Montes (MG), classificou como “ato elegante” a decisão de liberar a bancada e o partido para conversar com outros candidatos.

— Ele nos dá tranquilidade para conversar um assunto diferente da candidatura dele. Rosso é um grande companheiro, se entusiasmou, mas não encontrou apoio. Nosso partido, não vendo esse acordo, ficou preocupado em ficar fora das conversas — disse Montes.

O futuro líder do PSD afirmou que hoje deve se encontrar com o ministro Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia) e outros deputados da bancada. Ele chamou Rosso para o encontro, mas este disse que talvez não estivesse em Brasília:

— O PSD, com a liberdade que Rosso nos proporciona, vai conversar com os candidatos da base aliada do presidente Temer que se interessem em conversar.

Na manhã de hoje, a Executiva do PDT se reúne para discutir a candidatura de André Figueiredo (CE). O próprio PT, que também tem reunião marcada para hoje, está atento para saber até que ponto a bancada pedetista apoiará Figueiredo. Segundo interlocutores, a candidatura dele esbarraria no apoio dentro da legenda. Também o PCdoB deve se reunir até o fim do dia para discutir qual candidato apoiar. André Figueiredo quer fortalecer sua candidatura como a candidatura de oposição.

STF DÁ PRAZO PARA MAIA
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de dez dias para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se manifestar sobre a ação que pede para que o parlamentar seja impedido de concorrer à reeleição. A escolha do sucessor de Maia está marcada para o dia 2 do mês que vem. Com as informações em mãos, o tribunal deverá decidir se o deputado está habilitado ou não para disputar o cargo novamente. A ação é de relatoria do ministro Celso de Mello, que deverá levar o pedido para a decisão do plenário, composto de 11 integrantes.

A ação proposta ao STF é de autoria do deputado André Figueiredo. O partido Solidariedade já havia encaminhado pedido no mesmo sentido, mas o plenário não tomou decisão. Como o STF está em recesso, o caso só deve ser julgado em fevereiro. Mas existe a possibilidade de Cármen Lúcia decidir a controvérsia por meio de liminar. No recesso, cabe à presidente da Corte tomar decisões em caráter urgente. O texto da Constituição afirma que a Mesa Diretora é eleita para um mandato de dois anos, vedada a reeleição. No mandado de segurança, o deputado do PDT argumenta que isso proíbe a reeleição para o cargo na mesma legislatura.

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