sexta-feira, 3 de junho de 2016

Opinião do dia - Pedro Parente

A euforia e o triunfalismo dos discursos recentes não servem mais para esconder os descalabros aqui praticados. A Petrobras foi vítima de uma quadrilha organizada para praticar crimes, que se valeram de seus cargos para galgar seus projetos pessoais de poder. Essa condição de vítima não pode ser encarada como passividade. Vamos contribuir com a Operação Lava-Jato para descoberta de todos os crimes."

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Pedro Parente é presidente da Petrobras, em seu discurso de posse, Rio de Janeiro, 2/6/2016

Esquema da Petrobras pagou despesas pessoais de Dilma

• Mensagens em poder da PGR indicam pagamento até de cabeleireiro

Em delação, Cerveró disse que a petista acompanhou todos os detalhes da compra de Pasadena e que supõe que ela sabia da propina; delator também falou em negócio com empresa ligada a filho de FH

E-mails em poder da Procuradoria-Geral da República indicam que o dinheiro da corrupção na Petrobras pagava despesas pessoais da presidente afastada, Dilma Rousseff, informa Merval Pereira. Até viagens do cabeleireiro Celso Kamura a Brasília teriam sido pagas com dinheiro do esquema. As mensagens foram trocadas por pessoas envolvidas na compra da refinaria de Pasadena, em 2006, 

referendada pelo Conselho de Administração, presidido à época por Dilma, que era ministra de Lula. Nas mensagens, há a informação de que “a ministra” estava ciente dos arranjos dos advogados antes da compra. Em delação, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que Dilma tinha conhecimento de todos os detalhes sobre Pasadena e que supõe que ela sabia das propinas. Cerveró afirmou ainda que, no governo FH, a estatal fechou contrato com empresa que, segundo ele, era ligada a filho do ex-presidente, que nega.

Cerveró, em delação, diz que Dilma sabia sobre Pasadena

• Depoimento indica ainda que presidente afastada saberia de propinas

Carolina Brígido e André de Souza - O Globo

-BRASÍLIA.- Ao contrário de tudo que Dilma Rousseff disse até agora sobre a operação Pasadena, em depoimento de delação premiada na Operação Lava-Jato, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou que a presidente afastada não só tinha conhecimento de todos os detalhes sobre a compra da refinaria nos estados Unidos, como também deveria saber que políticos do PT recebiam propina da Petrobras. Ontem, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, tornou a delação pública. Os depoimentos estavam guardados até ontem em caráter sigiloso.

Entre o Planalto e a eleição

• Delator diz que assessor de Dilma usou dinheiro da Presidência para pagar dívidas da campanha dela

Jailton de Carvalho - O Globo

-BRASÍLIA- O lobista Benedito Oliveira Neto, o Bené, afirmou, a partir de acordo de delação premiada, que Giles Azevedo, um dos mais próximos assessores da presidente afastada, Dilma Rousseff, usou um contrato da Secretaria de Comunicação da Presidência, de R$ 44,7 milhões, para pagar dívidas da campanha de Dilma com a agência Pepper. Segundo Bené, o contrato foi firmado entre a Secretaria de Comunicação e a agência Click, que teria sociedade com a Pepper. É a primeira vez que surge uma denúncia sobre desvio de dinheiro do Planalto para a campanha da presidente.

As informações sobre a delação de Bené foram divulgadas ontem pela revista “Época” e confirmadas ao GLOBO. Na delação, o lobista disse que soube do uso do contrato da Secretaria de Comunicação para quitar dívidas de campanha a partir de conversa com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), em 2014. Pelas investigações da Polícia Federal, Bené era amigo de Pimentel e operador do esquema dele. Ele teria atuado para arrecadar dinheiro para campanha e intermediar pagamento de propina ao governador.

Cerveró afirma que Graça lhe disse que ‘estava ali para defender a Dilma’

• Ex-diretor da Petrobrás e delator da Lava Jato declarou à PF e à Procuradoria que comissões internas da estatal 'objetivavam apenas eximir de responsabilidade' a a petista pela compra de Pasadena, em 2006

Ricardo Brandt, Gustavo Aguiar e Mateus Coutinho – O Estado de S. Paulo

O ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró (Internacional) afirmou em sua delação premiada que no polêmico capítulo da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas – negócio que teria provocado prejuízo de US$ 1 bilhão à Petrobrás, em 2006 – ‘comissões internas (da estatal petrolífera) objetivavam apenas eximir de responsabilidade o Conselho de Administração e, especialmente, Dilma Rousseff’.

Segundo Cerveró, em certa ocasião a então presidente da Petrobrás Graça Foster lhe teria dito que estava ali ‘para defender a Dilma’.

Delator diz que Planalto pagou dívida de campanha de Dilma, afirma revista

SÃO PAULO - O empresário Benedito Oliveira Neto, conhecido como Bené, afirmou em delação que dinheiro desviado do Palácio do Planalto foi usado para pagar dívidas de campanha da presidente afastada Dilma Rousseff, conforme noticiou nesta quinta-feira (2) a revista "Época".

Segundo Bené, citado pela publicação, a operação teria sido feita entre 2014 e 2015 para pagar um débito com a agência Pepper, que atuou na campanha presidencial da petista em 2010. A negociação teria sido intermediada pelo do assessor de Dilma, Giles de Azevedo.

O esquema teria consistido em antecipar, a pedido da Pepper, um contrato do Palácio do Planalto com a agência Click no valor de R$ 44,7 milhões. De acordo com Bené, a Pepper teria participação na agência –a Click negou o fato à revista.

O delator teria dito que não participou da negociação, mas que ouviu o relato sobre o pagamento do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que, por sua vez, teria se reunido com Giles pouco tempo antes.

Ofensiva do governo ganha voto de ex-ministro e adianta impeachment

Vandson Lima, Andrea Jubé e Thiago Resende – Valor Econômico

BRASÍLIA - Após seguidas manifestações de senadores de que poderiam reavaliar sua posição em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo do presidente interino Michel Temer resolveu ir ao contra-ataque: em uma operação em várias frentes, articulou ontem a diminuição em 20 dias do trâmite do processo instalado no Senado, trazendo o eventual desfecho da cassação do mandato para fins de julho - antes portanto do início dos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto.

Além disso, acertou a indicação do ex-ministro de Minas e Energia de Dilma senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para ser o relator-geral do Orçamento de 2017, como forma de amarrar seu voto no julgamento.

Dilma vai ao STF contra antecipação do impeachment

Oposição vai ao STF contra rito célere do impeachment

• Processo no Senado. Presidente da comissão acata pedido de senadora do PMDB e reduz em 20 dias o calendário estabelecido; defesa de Dilma leva o caso a Lewandowski

Julia Lindner, Isabela Bonfim - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A defesa da presidente afastada Dilma Rousseff vai recorrer ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, contra medida que acelera o rito do processo de impeachment no Senado. A ação questiona a decisão do presidente da comissão processante no Senado, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), de acatar questão de ordem da senadora Simone Tebet (PMDB-MS) que reduz o cronograma estabelecido pelo relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) em 20 dias.

Após bate-boca entre os parlamentares, Lira propôs adiar a votação do calendário até a próxima semana para que o recurso ao presidente do Supremo possa ser apresentado. Caberá recurso ao plenário da decisão de Lewandowski.

Em visita ao Senado ontem à noite, o presidente do STF se reuniu com Lira e Anastasia para tomar ciência dos recursos feitos ao processo. De acordo com o ministro, ele vai aguardar o recebimento formal do recurso contra o encurtamento do cronograma do processo de impeachment e ainda não tem opinião formada sobre ele. Segundo Lewandowski, ele recebeu oficialmente apenas o recurso do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que trata da redução do número de testemunhas da defesa.

‘Transitoriedade não é útil ao País’, afirma Temer

• Presidente em exercício diz que antecipação do desfecho do processo de impeachment seria em ‘benefício’ do Brasil

Tânia Monteiro, Carla Araújo - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente em exercício Michel Temer afirmou que a “situação de transitoriedade” de seu governo “não é útil” para o Brasil e antecipar a conclusão do processo de impeachment seria uma medida “em benefício do País”. As declarações foram dadas ao programa SBT Brasil exibido na noite desta quinta-feira.

“Eu soube que o Senado quer antecipar (o impeachment) e antecipar em beneficio do País”, afirmou Temer. “Convenhamos, com muita franqueza: ficar nessa situação de transitoriedade não é útil para o País, não é útil para a senhora presidente (afastada Dilma Rousseff), que fica fazendo naturalmente campanha para tentar voltar, e não é útil para governo, porque as pessoas olham ainda como se o governo fosse ainda episódico, fosse transitório.”

Aliados de Temer encurtam rito do impeachment em 20 dias

• Defesa de Dilma protesta, e Supremo decidirá sobre prazo

- Globo

-BRASÍLIA- O grupo ligado ao presidente interino, Michel Temer, temendo perder apoio entre os senadores, tenta acelerar o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. O calendário proposto na semana passada foi alterado por pressão do PMDB e agora prevê a conclusão do julgamento até o final de julho — reduzindo em 20 dias o prazo de defesa. A defesa de Dilma e o PT recorreram, e caberá ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, decidir se concorda com o encurtamento de prazos. A comissão do impeachment decidiu esperar essa manifestação para aprovar o cronograma definitivo.

Tucanos negociam com Temer espaço para formular ações

• Temer e Aécio Neves combinaram que PSDB ganharia espaço e peso nas discussões políticas e econômicas do governo

Marcelo de Moraes - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - PSDB e PMDB começaram na quarta-feira, 1º, a montar o embrião de um projeto político nacional liderado pelas duas legendas. Numa conversa entre o presidente em exercício Michel Temer e o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), ficou combinado que os tucanos ganhariam maior espaço e peso na discussão e formulação das discussões políticas e econômicas do governo. Mais: essa parceria serviria como a largada para um projeto maior, tendo como mote uma grande “reconstrução nacional”, que se oponha claramente ao que representa o projeto liderado pelo PT. Se a aliança for bem sucedida, a ideia é trabalhar para que seja mantida nas eleições de 2018.

Elevar poupança será tarefa difícil nos próximos anos

Por Sergio Lamucci – Valor Econômico

SÃO PAULO - Aumentar a poupança doméstica será um dos desafios mais difíceis do Brasil nos próximos anos. Tradicionalmente baixa, a taxa despencou nos dois últimos anos, atingindo 14,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, um nível muito fraco em comparação com grande parte dos países emergentes e até mesmo para os padrões brasileiros. De 2010 a 2013, por exemplo, ela oscilou na casa de 18% a 18,5% do PIB. No primeiro trimestre deste ano, ficou em 14,3% do PIB.
Em 2016, é possível que haja novo recuo, num cenário que prossegue desanimador para a poupança das empresas e a do setor público. Segundo analistas, foram as duas que arrastaram para baixo a taxa em 2014 e 2015.

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Samuel Pessôa diz que a principal consequência da baixa taxa de poupança é a dificuldade para financiar o investimento, o que afeta as perspectivas para o crescimento da economia. Poupar pouco implica em juros mais altos e num câmbio mais valorizado, segundo Pessôa. Por poupar o equivalente a quase 50% do PIB, a China tem facilidade para ter juros mais baixos e manter o câmbio num nível mais depreciado.

Temer: reajuste pacifica a relação com servidores


  • Em entrevista, presidente interino diz que precisa de paz para governar e que aumentos dão tranquilidade

Catarina Alencastro Eduardo Barrettto - O Globo

-BRASÍLIA- O presidente interino Michel Temer elogiou ontem a aprovação do aumento salarial para servidores, cujo impacto até 2019 será de cerca de R$ 60 bilhões, afirmando que o reajuste foi discreto e que seu governo precisa de paz para trabalhar. À noite, recebeu cerca de 30 deputados do chamado “centrão” para agradecer a aprovação das matérias, especialmente o primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga até 2023 a permissão para que a União utilize livremente parte de sua arrecadação, a DRU (Desvinculação de Receitas da União (DRU).

Choque de confiança - Roberto Freire

- Diário do Poder

A simples mudança de governo, com o afastamento de Dilma Rousseff por meio do instrumento constitucional do impeachment, faz os agentes econômicos e a sociedade brasileira experimentarem uma sensação de confiança que há muito tempo não era percebida. Os novos ventos trazidos pela gestão de Michel Temer, em especial as escolhas do presidente interino para a área econômica, representam um sopro de esperança que já se espalha entre a população, tão castigada nesses últimos 13 anos de desgoverno lulopetista. Os primeiros sinais positivos começam a aparecer no horizonte e indicam um processo de estabilização da economia que, se tudo der certo, precederá a retomada do crescimento.

Em menos de um mês de governo, alguns agentes do mercado já refizeram seus cálculos. O banco Santander, por exemplo, reduziu a previsão de taxa de câmbio para o fim deste ano, de R$ 4,20 para R$ 3,65, e elevou de 1,2% para 2% a estimativa de crescimento do PIB para 2017. Há outros dados recentes que caminham nessa direção, como a estabilização no nível de estoques de bens duráveis (como carros e eletrodomésticos) e da produção de máquinas e equipamentos. No primeiro trimestre do ano, o país registrou a entrada de US$ 16,9 bilhões de investimento externo, ante US$ 13,1 bilhões de igual período do ano passado.

O impacto do asteroide - Fernando Gabeira*

- O Estado de S. Paulo

As gravações vazadas ou divulgadas no Brasil são vistas, prioritariamente, sob a ótica da Operação Lava Jato. Até que ponto revelam uma trama para anular o trabalho policial, em que momento cruzam a linha do crime de obstrução da Justiça?

Como isso já foi discutido e, inclusive, levou à queda de dois ministros em apenas 20 dias, creio que é possível propor novas leituras das gravações, sobretudo a partir da experiência de muitos anos em Brasília.

Na vida cotidiana, a frase “sabe com que está falando?” já foi dissecada pelo antropólogo Roberto DaMatta e revela um aspecto autoritário da sociedade brasileira. Em Brasília, quando um problema depende de um juiz ou de um burocrata, os políticos fazem instintivamente outro tipo de pergunta: Quem fala com ele?

Essa pergunta é recorrente. Amigos, colegas de trabalho, familiares, todos são lembrados como uma possibilidade de influenciar.

Na conta da Petrobras - Merval Pereira

- O Globo

Já existem documentos em posse da Procuradoria-Geral da República que revelam que a presidente afastada, Dilma Rousseff, tinha conhecimento do teor das negociações envolvendo interesses políticos na compra da refinaria de Pasadena, antes da reunião do Conselho de Administração da Petrobras que aprovou o negócio.

Os envolvidos na venda de Pasadena trocavam mensagens em uma rede de e-mails do Gmail que não era rastreável, pois as mensagens ficavam sempre numa nuvem de dados, sem serem enviadas. Numa dessas mensagens, na véspera da reunião decisiva, há a informação de que “a ministra” já estava ciente dos arranjos dos advogados.

Em outras mensagens, há informações sobre pagamentos de itens pessoais da presidente pelo esquema montado na Petrobras, como o cabeleireiro Celso Kamura, que viajava para Brasília às custas do grupo. Cada ida de Kamura custava R$ 5 mil. Há também indicações de que um teleprompter especial foi comprado para Dilma sem ser através de meios oficiais, para escapar da burocracia da aquisição.

Corrida de obstáculos - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Depois da queda de dois ministros, da onda de gravações e delações, das idas e vindas em programas e da extinção e recriação do Ministério da Cultura, ufa!, o presidente Michel Temer tenta retomar a dianteira política, neutralizar o noticiário negativo e emitir sinais positivos para o setor produtivo. É uma corrida de obstáculos, um de manhã, outro à tarde e um terceiro à noite. E sem ter segurança, até agora, sobre o destino final.

Enquanto o MTST invadia a sede da Presidência da República em São Paulo, Temer providenciava uma posse coletiva de presidentes de estatais e de bancos públicos no Palácio do Planalto em Brasília. Adivinhe qual das duas imagens a maioria esmagadora da população prefere: uma turba pichando prédios públicos e confrontando a polícia ou Temer ladeado por Pedro Parente (Petrobrás) e Maria Sílvia Bastos (BNDES)?

De acordo com a nação – Ruy Castro

- Folha de S. Paulo

No início do ano, a Eurasia, principal consultoria política do mundo, pôs o Brasil em 8º lugar entre os dez maiores riscos de 2016 – um país sobre o qual se devia pensar duas vezes antes de investir. Como todos os institutos do gênero, a Eurasia se baseia em fatores geopolíticos, econômicos, sociais e outros para chegar a essa medição de instabilidade. A diferença parece estar na elasticidade que seu diretor, o cientista político americano Ian Bremmer, atribui ao último item – "outros".

Em entrevista à Folha nesta terça (31), ele incluiu entre as variáveis o fato de a primeira-dama em exercício, Marcela Temer, ter o nome de seu marido tatuado na nuca – uma cafonice que, para ele, nem Melania, mulher de Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, cometeria. É um argumento e, com isso, ficamos informados de que temos agora que contar com as tatuagens de risco para avaliar a performance de um país.

Temer piscou para o Judiciário - Cristian Klein

• Reajuste salarial bilionário aproveita fragilidade política

- Valor Econômico

"Renan, eu recebi aqui o Lewandowski, querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável".

Foi assim que o presidente do Senado, Renan Calheiros, reproduziu a seu interlocutor - o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, delator na Lava-Jato - a conversa sobre a crise política que a presidente Dilma Rousseff tivera com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.

A chance da Petrobras - Míriam Leitão

- O Globo

O olho do furacão que nos arrastou está na Petrobras. Foi lá que o PT errou mais e lá foi descoberto o maior esquema de corrupção que o país já viu. No discurso de posse, Pedro Parente disse o que precisava ser dito. Que “a Petrobras foi vítima de uma quadrilha organizada para obter os mais escusos, desonestos, antiéticos e criminosos objetivos”. Assim mesmo, sem meias palavras. Como deve ser.

A Operação Lava-Jato tem um volume tão grande de provas que não há como duvidar. O PT dividiu a Petrobras em campos para serem explorados pelos partidos da base, como se fossem capitanias, principalmente as diretorias de abastecimento, de serviços e internacional. Os principais beneficiários foram o PT, PP e PMDB. Mas houve também erros de gestão, escolhas insensatas e dogmáticas. Tudo isso jogou a estatal no redemoinho que a levou a perder o grau de investimento e a contrair uma dívida mastodôntica.

Luz no fundo do poço do túnel – Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

"O máximo que se pode dizer é que há sinais esparsos de que as coisas estão piorando mais devagar. Algumas das boas notícias não convencem... Mesmo quando o pior passar, não terá passado. O desemprego ainda continuou a crescer por um ano e meio depois do fim oficial da recessão..."

Isto era Paul Krugman, o Nobel de Economia, escrevendo em abril de 2009 sobre a recessão que ainda devastava os EUA. Na superfície, as frases lembram o nosso caso de agora.

Lá nos EUA, otimistas viam então "brotos verdes", primavera econômica. Aqui, ainda tentamos enxergar se sobrou algo da plantação depois de uma praga de gafanhotos seguida de queimada e geada. Ainda está geando. Menos.

Teto reduzirá gasto em 4,1% do PIB até 2025 - Claudia Safatle

• Se o plano Meirelles não der certo o risco é de tudo dar errado

- Valor Econômico

A proposta de emenda constitucional que limita o crescimento do gasto público pretende congelar o valor real das despesas por tempo indeterminado. O projeto que o governo vai enviar ao Congresso em duas semanas tratará o teto como uma mudança constitucional permanente. Como não se trata de cláusula pétrea, a restrição durará o prazo necessário para cumprir seu objetivo de mudar a insustentável trajetória do endividamento público como proporção do PIB. Dito de outra forma, durará o tempo que for preciso para resgatar as condições de solvência do Estado.

Haverá punição legal para o agente público que estourar o teto de gasto e qualquer lei aprovada que ferir essa provável nova norma da Constituição deve ser vetada.

Terreno movediço – Rogério Furquim Werneck

- O Globo

Que não seria fácil, já se sabia. O que não se sabia era que, já a esta altura, há três semanas da posse, o novo governo estaria às voltas com embaraços tão sérios emanados da Lava-Jato.

O Planalto iniciou a penúltima semana de maio, encurtada pelo feriado de Corpus Christi, determinado a testar o poder de fogo da sua base parlamentar, conclamado-a a aprovar, a toque de caixa e sob ferrenha resistência da oposição, a nova meta fiscal deste ano. Mas, quando a meta foi afinal aprovada, ao fim de longa e tumultuada sessão conjunta do Congresso, na madrugada da quarta-feira, 26/5, não havia mais clima para comemoração.

A remoção necessária – Editorial / O Estado de S. Paulo

A remoção do entulho do atraso e da corrupção que colocam em perigo o futuro do País teve um avanço significativo com o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, mas o saneamento da política nacional estará ainda longe de ser alcançado enquanto o nefasto deputado Eduardo Cunha – em má hora guindado à presidência da Câmara – não for expurgado da vida pública.

Na quarta-feira passada, em sólido e contundente parecer apresentado ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o relator do processo que ali tramita há seis meses pediu a cassação do mandato de Cunha, formalmente pelo motivo de ter mentido à CPI da Petrobrás, no ano passado, quando negou que tivesse contas no exterior. Exatamente como está ocorrendo no caso do impeachment de Dilma, a punição de Eduardo Cunha se justifica não apenas pela comprovada infringência de dispositivos legais especificamente definidos, mas também pela evidência, de amplo domínio público, da prática continuada de crimes que, muito mais do que ofender o Direito, são prejudiciais às instituições democráticas.

De olho no impeachment, governo evita problemas – Editorial / Valor Econômico

O presidente interino Michel Temer quer liquidar logo a fatura do impeachment e suas indecisões e recuos em relação a medidas tomadas ou anunciadas - que podem se configurar em um padrão de governar - fazem algum sentido em relação a esse objetivo maior. Mas, vistos de fora da luta pelo poder e pelo fim do interinato, essas manobras roubam prestígio e credibilidade de um governo que se propõe a difícil missão de consertar a economia. O ministério predominantemente político de Temer não se distingue, com exceção da área econômica, daquele formado pela presidente Dilma. A diferença que deveria ser crucial, e não há, é o currículo ético, em especial, em relação ao uso de dinheiro público e corrupção. Esse é o seu elo mais vulnerável, tanto pelos estragos que estão por vir da Operação Lava-Jato, quanto pelo rebaixamento progressivo das expectativas que a mudança de governo trouxe.

Arco-íris - Graziela Melo:

O preto
e a cor
da noite

A manhã,
dourado
cintilante,

à tarde
o cinza claro
amortecido

simboliza
o amor
perfeito...

O cinza-escuro
a saudade
do meu peito

que me
atormenta
quando quero
estar contigo...

Teresa Cristina - As rosas não falam