segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Mercado projeta pela primeira vez inflação dentro da margem perseguida pelo BC

• Projeção da inflação em 2016 passou de 6,52% para 6,49%; Boletim Focus também prevê crescimento menor no PIB em 2017

Fabrício de Castro – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Os economistas do mercado financeiro alteraram levemente suas projeções para a inflação neste ano. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 19, mostra que a mediana para o IPCA - o índice oficial de inflação - em 2016 foi de 6,52% para 6,49%. Há um mês, estava em 6,80%. Já o índice para o ano que vem permaneceu em 4,90%. Há quatro semanas, apontava 4,93%.

Esta é a primeira vez, neste ano, que os economistas projetam uma inflação para 2016 dentro da margem perseguida pelo Banco Central. O centro da meta de inflação é de 4,5%, mas a margem de tolerância é de 2 pontos porcentuais (IPCA até 6,5%). Para 2017, o centro da meta também é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual (até 6,0%).


Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para este ano caiu de 6,49% para 6,48%. Na prática, isso significa que estas casas também enxergam uma inflação dentro da margem já em 2016. Para 2017, a estimativa foi de 4,55% para 5,52%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de, respectivamente, 6,79% e 4,81%.

Já a inflação suavizada para os próximos 12 meses foi de 4,88% para 4,87% de uma semana para outra - há um mês, estava em 4,94%.

Entre os índices mensais mais próximos, a estimativa para dezembro caiu de 0,52% para 0,49%. Um mês antes, estava em 0,60%. No caso de janeiro, a previsão do Focus foi de 0,62% para 0,61%, ante 0,63% de quatro semanas atrás.

No dia 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação de novembro ficou em 0,18% - abaixo das expectativas do mercado e da taxa de 0,26% de outubro. O resultado reforçou a percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom), em sua reunião de janeiro, vai acelerar os cortes da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 13,75% ao ano.

O próprio BC já havia passado indicações neste sentido ao publicar a ata do encontro do fim de novembro do comitê. No início de dezembro, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que um corte maior dos juros pode ser "o primeiro passo no ano que vem".

PIB. O boletim Focus desta semana indicou manutenção nas projeções de atividade para 2016 e mudança, para pior, nas estimativas para 2017. A mediana para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 seguiu em retração de 3,48%. Há um mês, a perspectiva era de recuo de 3,40%.

Na semana passada, o Banco Central informou que seu índice de atividade (IBC-Br) recuou 0,48% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo mês de 2015, o indicador desabou 5,28% na série sem ajuste. O resultado, na visão de alguns economistas, reforçou a expectativa de que a economia volte a crescer apenas em 2017. Em comunicações recentes, o próprio BC citou uma atividade econômica "aquém do esperado no curto prazo".

Para 2017, porém, o Focus mostra que a percepção piorou. O mercado prevê para o País um crescimento de 0,58% no próximo ano, abaixo do 0,70% projetado uma semana antes. Há um mês, a expectativa era de 1,00%. Em suas projeções, o Ministério da Fazenda trabalha com a estimativa de crescimento de 1,00% para o próximo ano.

Selic. O documento também projeta que a mediana das previsões para a Selic no final do próximo ano seguiu em 10,50% ao ano. Há um mês, estava em 10,75%.

No relatório apresentado hoje, a Selic média de 2017 seguiu em 11,63% ao ano. Há um mês a mediana da taxa média projetada para o próximo ano era de 11,67%.

Os economistas voltaram a mostrar uma Selic em apenas um dígito, mas somente em 2018. Conforme as informações do Boloetim Focus, a taxa básica de juros, hoje em 13,75%, sofrerá cortes até atingir 9,88% em junho de 2018.

A última vez em que a Selic esteve em um dígito foi entre outubro e novembro de 2013, ainda no primeiro governo Dilma Rousseff, quando a taxa foi fixada em 9,50%.

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