sábado, 17 de dezembro de 2016

Cabral, sua mulher e mais cinco viram réus por propina

O ex-governador Sérgio Cabral, a mulher dele, Adriana Ancelmo, e mais cinco investigados se tornaram réus por esquema de propina no Comperj. Cabral deve voltar a cumprir pena no Rio.

Cabral vira réu na Lava-Jato

• Justiça determina que ex-governador deixe Curitiba e volte a ficar preso em Bangu 8

Gustavo Schmitt, Dimitrius Dantas e Juliana Castro - O Globo

Dez dias depois de ser denunciado junto com sua mulher e assessores pela Justiça Federal do Rio por desvio de R$ 224 milhões, o ex-governador Sérgio Cabral tornou-se réu no âmbito da Operação Lava-Jato, em Curitiba. Cabral, sua mulher Adriana Ancelmo e mais cinco investigados na Operação Calicute vão responder por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro, segundo decisão do juiz Sérgio Moro. Os investigadores pedem o ressarcimento, em prol da Petrobras, de R$ 2,7 milhões.

De acordo com o Ministério Público Federal, o grupo teve envolvimento no pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o consórcio responsável pelo Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.

No Rio, o desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), concedeu liminar para Cabral voltar ao presídio de Bangu 8, na Zona Oeste. A transferência do peemedebista para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba havia sido determinada na sexta-feira passada pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, por conta de denúncias de que o ex-governador tinha recebido visitas irregularmente.

Na decisão, o desembargador fala que “inexiste qualquer documento que demonstre ter efetivamente ocorrido alguma irregularidade nas visitas do custodiado Sérgio Cabral”, e determina que o retorno deve ser imediato, sem prejuízo às apurações das infrações eventualmente ocorridas em Bangu 8.

Além de Cabral e Adriana, também foram denunciados Wilson Carlos (ex-secretário de Governo), Carlos Miranda (apontado como operador de Cabral); Rogério Nora e Clóvis Primo (ligados à Andrade Gutierrez) e Monica Carvalho (mulher de Wilson Carlos e ex-assessora de Cabral no Senado).

Segundo a denúncia, o contrato com o consórcio de empreiteiras custava originalmente R$ 819 milhões e sofreu cinco aditivos que elevaram o valor para R$ 1,1 bilhão. Os procuradores sustentam que o contrato foi obtido pela Andrade Gutierrez por meio de licitações fraudulentas.

O ex-diretor da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior disse em delação premiada que a empreiteira repassou R$ 130 milhões em propina a Cabral. Aos investigadores, o delator afirmou que o repasse foi feito com a aprovação do então presidente da empresa, Marcelo Odebrecht. Marcelo e Cabral estão presos em Curitiba.

Segundo Benedicto Junior, a propina se referia a fraudes em pelo menos quatro grandes obras no Rio: reforma do Maracanã, construção do metrô, do Arco Metropolitano e do Comperj. A delação de Benedicto Barbosa reforça outras denúncias de que o ex-governador foi beneficiado com propinas por obras na cidade.

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