sábado, 12 de novembro de 2016

‘PT não tem de pedir desculpas’, diz presidente da sigla

• Rui Falcão afirma que partido está mais no caminho da ‘correção de rumos’; via indireta vai eleger cúpula da legenda

Ricardo Galhardo, Daniel Weterman – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Questionado sobre a necessidade de o PT fazer uma autocrítica de seu atual momento de crise, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, disse ontem que a necessidade maior dentro da legenda é de “correção de rumos” e não de pedir desculpas. “Neste momento, o que mais criva o PT são as nossas virtudes. Nossos erros nós saberemos apontá-los, no sentido de correção de rumo mais do que pedido de desculpas”, afirmou o dirigente na reunião do segundo e último dia do Diretório Nacional do partido, em São Paulo.

Falcão rebateu o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, que, em entrevista ao Estado na semana passada, disse que o partido deve assumir a responsabilidade por erros cometidos por dirigentes e apontar em nome da legenda publicamente os que se beneficiaram pessoalmente. “O companheiro Tarso Genro terá toda oportunidade de contribuir a apresentar a proposta em Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul e em várias oportunidades dos debates que faremos”, disse Falcão.

Depois dos dois dias de debates tensos e sob pressão de Lula, o Diretório Nacional definiu que a próxima direção do partido será escolhida em eleição indireta, por meio de delegados, no 6.º Congresso Nacional do PT, marcado para os dias 7, 8 e 9 de abril de 2017.

Com isso, Lula esvaziou, ao menos momentaneamente, o movimento de parte expressiva da bancada petista na Câmara que ameaça de forma velada uma debandada.

O resultado da reunião foi interpretado como uma vitória pessoal de Lula, que nas últimas três semanas ouviu todas as correntes do PT e conseguiu convencer a sua própria, a majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), a abrir mão da escolha dos dirigentes por meio de um Processo de Eleições Diretas (PED), e fazer uma concessão ao Muda PT, que reúne cinco correntes de esquerda e a maioria da bancada na Câmara, que defendia a eleição no congresso da legenda. “Estamos felizes porque fizemos política. Se tinha alguém procurando motivo (para sair) não tem mais”, disse o secretário nacional de Finanças, Márcio Macedo, da CNB.

Apesar do recuo da CNB, o partido votou dividido sobre a forma de escolha dos 600 delegados que vão ao 6.º Congresso. Por 52 votos a 27, a corrente majoritária e aliados aprovaram a proposta de realização de um PED municipal onde as cidades vão escolher as direções locais e delegados dos congressos estaduais que, por sua vez, elegerão os representantes do 6.º Congresso Nacional.

O Muda PT estava contra o PED, mas foi derrotado. Segundo fontes petistas, a resistência partiu justamente dos setores da bancada que ameaçam deixar o partido.

Em dezembro, o Muda PT realiza um encontro de preparação do 6.º Congresso. O evento, no entanto, é visto internamente como um termômetro do resultado das articulações de Lula.

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