quarta-feira, 9 de novembro de 2016

País cresce só 1% em 2017, mas deve voltar ao prumo

Por Cristiano Romero e Claudia Safatle – Valor Econômico

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem que a economia voltará a crescer em 2017 em um ritmo mais lento que o imaginado inicialmente. "Devemos começar a crescer, mas pouco, 1%, algo por aí. No segundo semestre deve melhorar e, aí, acredito que em 2018 o país deve crescer mais", previu Meirelles em conversa com o Valor.

A projeção é inferior à incluída pelo governo na lei orçamentária de 2017 - alta de 1,6%. Trata-se, também, de um ritmo de recuperação bem mais fraco do que na saída das últimas três recessões enfrentadas pelo país, em 1999, 2003 e 2009.

Meirelles, que tratou do tema ao participar do seminário "Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil", promovido pelo Valor com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explicou que a retomada será lenta porque o longo período de recessão provocou uma crise de crédito. "Primeiro, estamos recuperando a confiança. Em seguida, vêm as reestruturações de crédito das pessoas jurídicas e físicas com os bancos", observou.

Também palestrante no evento, Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, disse que a concessão de crédito está aumentando de forma "relevante" desde o início do ano, mas as amortizações de dívida, principalmente das empresas, estão num ritmo mais rápido. Ele lembrou que o nível de endividamento das companhias é alto e as empresas estão recompondo margens de lucro, o que mantém a atividade desaquecida.

Setubal revelou que o Itaú Unibanco deve rebaixar a projeção de crescimento do PIB para 2017 - hoje, de 2% -, mas só fará isso depois de o IBGE divulgar os números do terceiro trimestre. No boletim Focus, do Banco Central, a mediana das expectativas para o PIB no ano que vem é de alta de 1,2%.

O presidente Michel Temer disse, durante o seminário, acreditar que o país deve retomar a geração de empregos apenas no segundo semestre de 2017. Banqueiros e empresários da área de infraestrutura avaliaram, porém, que o governo está atuando na direção correta.

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