sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Vivemos em um tempo marcado por processos antagônicos que ampliam os desafios que a humanidade enfrenta: De um lado, o processo objetivo de globalização de pessoas e capitais impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico que modificou a própria estrutura de produção de manufaturas e serviços, buscando a integração incessante de países e culturas. De outro, o impulso a regressão de um nacionalismo cada vez mais excludente, com seu rosário de preconceitos e intolerâncias, marcando uma posição com perigosas características xenófobas, e avessas aos processos de integração em curso.

Nesse cenário, a Cultura assume novas dimensões, para além dos hábitos, crenças e costumes comuns compartilhados e transmitidos por uma língua específica. Enquanto para alguns a Cultura é simples elemento de afirmação da diferença, para nós é instrumento de integração de diversidades, em função de um humanismo que busca excluir a noção de “estrangeiro” já que nenhum ser humano é estranho ao outro. Sendo assim acreditamos que a criação cultural no seu mais amplo sentido e como maior expressão do humano, poderá nos ajudar a atravessar essa névoa da mudança.

Sou legatário de uma tradição que tem no trabalho intelectual e no trabalho de artistas da estatura de um Jorge Amado, Graciliano Ramos, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Dias Gomes, Oduvaldo Viana Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Ferreira Gullar, e outros tantos cujas obras fundaram em nosso país o período da modernidade sintonizada com as vanguardas mundiais. Tal tradição com vocação nacional, mas sem esquecer seu pertencimento a linhagem comum da humanidade, tem no respeito ao diverso sua contribuição decisiva para a construção do Ser Brasileiro.
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Roberto Freire é deputado federal e presidente nacional do PPS, licenciado, em discurso de posse como ministro da Cultura, Brasília, 23/11/2016.

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