sábado, 5 de novembro de 2016

Educação e diálogo - - Leandro Colon

O Enem é uma das principais avaliações educacionais do país, com 8,6 milhões de inscritos, carro-chefe do Ministério da Educação e porta de entrada para milhares de estudantes que almejam vaga em uma universidade de prestígio, melhor ainda se for pública.

A prova neste fim de semana, a primeira realizada sob o governo de Michel Temer, era para ser um momento de celebração no MEC se não fossem os problemas dos últimos dias que levaram ao adiamento do exame de 240 mil estudantes.

São pessoas prejudicadas pelas ocupações de 364 escolas. O protesto é liderado por quem diz ser contra a PEC do Teto e a medida provisória que reforma o ensino médio.

O MEC argumenta que a parcela atingida pela alteração de calendário é muito pequena no universo de inscritos. Sim, a pasta tem razão, embora, neste caso, importe menos a quantidade dos que sofreram com a infeliz mudança de última hora.

Fato é que 240 mil se prepararam o ano inteiro para realizar o Enem em 5 e 6 de novembro. Por uma questão de direito, deveriam fazer a prova nos dias programados pelo governo.

Na véspera do exame, recebem um aviso via SMS ou e-mail de que terão de esperar.

Os invasores das escolas adotam o discurso em defesa do sistema educacional, mas ignoram, desrespeitam e desprezam aqueles que estudaram para realizar o Enem.

É imperativo destacar que o governo Temer também contribuiu para a confusão ao ter atropelado as discussões sobre o ensino médio. Não havia necessidade de uma medida provisória , editada, em tese, sob os pressupostos de relevância e urgência.

A urgência em melhorar o modelo de ensino do país é indiscutível, assim como é relevante o seu debate pela sociedade, mas por meio de um projeto de lei e com oportunidade de manifestação de todos os lados.

À coluna o ministro da Educação, Mendonça Filho, defendeu na noite de sexta (4) a decisão de implementar a reforma por meio de uma MP: "O debate já ocorre há 20 anos. A urgência está na tragédia do quadro do ensino médio, que é uma jabuticaba. Os jovens e o governo têm pressa".

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