terça-feira, 1 de novembro de 2016

Crivella diz que vitória não significa conservadorismo

Italo Nogueira – Folha de S. Paulo

RIO - O senador e prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), afirmou que sua vitória não representa a ascensão do conservadorismo. Apesar disso, afirmou que sua eleição significa que a população quer o respeito aos "valores da família e da vida".

Bispo licenciado da Igreja Universal, o senador disse que vai ser "um inconformado com qualquer tipo de intolerância com as minorias sejam elas quais forem".

"O que o povo do Rio determinou nesse momento das urnas é que as pessoas são contra liberação das drogas, legalização do aborto e a discussão de ideologia de gênero nas escolas. Isso foi dito na minha eleição. Isso não se trata de conservadorismo. Pelo contrário. São valores e princípios da nossa cidadania que emanam do povo e o político precisa defendê-los. Precisa ser portador desses valores. Valores da família e da vida", afirmou ele.

Ele afirmou que o Rio tem uma maioria de população católica e evangélica, "80% que leem a Bíblia, que, portanto, têm fundamentos nessa cultura ocidental cristã". Mas rejeitou o termo conservador para caracterizar seus princípios.

"Por que se fala em conservadorismo se nós temos aqui, por exemplo, todo o respeito às manifestações das minorias? No Rio não há expressão de racismo. Se há algum preconceito religioso, isso vai sumir na minha administração. Se houver preconceito contra a comunidade LGBT, vamos lutar contra", disse o prefeito eleito, que afirmou que não concorreu ao cargo "para doutrinar as pessoas".

VOTOS NULOS
Crivella afirmou ser "muito vergonhosa" a taxa recorde de 20,08% votos brancos e nulos no pleito que o elegeu. Ele atribui o percentual à rejeição aos políticos e aos ataques pesados que os adversários trocaram no segundo turno.

"Foi didática e, para os políticos, foi até muito vergonhosa. Qual a razão disso? Eu diria que é a corrupção anômica que se estabeleceu no país e sobretudo no Rio de Janeiro com o PMDB e sua cúpula. Também um segundo turno de muitas ofensas. Tudo isso afastou o eleitor", afirmou ele.

O prefeito eleito declarou que vai reduzir o número de secretarias a menos da metade das atuais 24. Mas afirmou que precisa discutir com os aliados antes de definir quais pastas serão cortadas.

O prefeito eleito começou o dia concedendo entrevista à TV Record em Santa Cruz (zona oeste). Em seguida, foi para os estúdios do SBT para nova entrevista. Diferente dos últimos prefeitos eleitos, ele não foi ao RJTV 1ª edição, da TV Globo, para falar.

Durante a eleição, ele criticou a emissora, rival da Record, ligada à Universal, por sua cobertura das eleições. A TV Globo afirma que cumpriu seu dever jornalístico.

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