sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Crise do PMDB do Rio torna futuro de Paes mais incerto

Marco Aurélio Canônico – Folha de S. Paulo

RIO - Prefeito do Rio por oito anos, no período mais glorioso da cidade em décadas, Eduardo Paes (PMDB) esperava deixar o cargo no auge, com uma Olimpíada bem-sucedida (o que conseguiu), obras de infraestrutura concluídas (o que fez parcialmente) e seu sucessor eleito (sua grande derrota até agora).

Em vez disso, vê que seu auge não foi tão alto e duradouro quanto sonhava.

A prisão de seu mentor e correligionário Sérgio Cabral, nesta quinta (17), foi mais um soco que lhe devolve à lona em que está desde o fim do primeiro turno, quando seu candidato foi derrotado.

Era evidente que a capital não escaparia ilesa à falência que o PMDB legou ao Estado após uma década no poder.

Por ora, Paes está razoavelmente ileso na Lava Jato. Dada a metástase no sistema político nacional, no entanto, parece difícil que não seja atingido de alguma forma.

Seu nome apareceu na lista da Odebrecht que detalhava doações a políticos (codinome: Nervosinho).

Uma de suas obras mais caras, em todos os sentidos –o Porto Maravilha–, é investigada sob acusação de ter gerado propina para Cunha.

Quase todos os empreendimentos olímpicos e de infraestrutura que foram feitos nos últimos anos tiveram a atuação das empreiteiras denunciadas pela Lava Jato.

Em nenhum dos três casos, até agora, há prova de ilegalidade que envolva Paes.

Se escapar, será nome forte na disputa pelo governo do Estado em 2018. O período que passará no exterior a partir do ano que vem deve fazer bem a ele e à sua imagem.

A dúvida que resta é se tentará se eleger pelo PMDB. Ele é atualmente o único candidato viável para o partido e peça importante no xadrez da disputa pela Presidência.

Mas será impossível para o prefeito fazer campanha sem atacar a ruinosa década de administrações peemedebistas. Ele não poderá se vender como continuação e terá problemas para se colocar como alternativa, se ficar no partido.

Nesse cenário, uma volta ao PSDB, pelo qual foi deputado federal e figura de destaque nas críticas a Lula durante o mensalão, soa mais do que possível.

Seu histórico mostra que não tem pudor em mudar de partido nem em abandonar criadores. Fez isso com Cesar Maia e o PFL, depois com o PSDB (indo para o PMDB e abraçando Lula). A prisão de Cabral e a debacle peemedebista podem ser o ponto sem volta para a nova mudança.

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