quarta-feira, 12 de outubro de 2016

‘Propina estava instituída’, afirma delator

- O Estado de S. Paulo

O ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco, que fez acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, confirmou anteontem ao juiz Sérgio Moro que a obra da reforma do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da estatal (Cenpes), no Rio, envolveu pagamentos indevidos de 2% para o PT e para os agentes públicos sustentados pelo partido nos cargos. Segundo ele, a propina estava “institucionalizada”.

“Às vezes fica difícil responder o que a gente fazia para receber essa propina. Às vezes eu não sabia, porque estava institucionalizada. Estava instituída essa propina, a gente não fazia nada especial para ter essa propina”, disse Barusco. Avaliadas em R$ 850 milhões na época da licitação, em 2008, as obras do centro de pesquisas da Petrobrás custaram R$ 1 bilhão.

O ex-gerente da Petrobrás já relatou que o PT recebeu cerca de US$ 200 milhões em propina em dez anos via contratos de sua área. O partido negou.

‘Regra’. Barusco foi ouvido como testemunha de acusação do Ministério Público Federal contra ex-executivos da OAS, entre eles o ex-presidente Léo Pinheiro, e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira. “(A propina) Era uma regra geral, normalmente aplicável quando os contratos eram destinados à essas companhias (integrantes do cartel investigado pela Lava Jato).”

Segundo as investigações, os pagamentos de propina nas obras do Cenpes foram inicialmente acertados com o ex-executivo da OAS Agenor Franklin Magalhães Medeiros. O lobista Mário Góes – também delator – é apontado como o operador de propinas responsável pelos repasses das empresas para os agentes públicos e para o partido. / J.A., R.B., F.M. e M.C

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