sábado, 22 de outubro de 2016

Operação no Senado expõe lado obscuro da Polícia Legislativa - Leandro Colon

- Folha de S. Paulo

A Polícia Federal não prendeu nesta sexta-feira (21) um policial legislativo qualquer. Prendeu o diretor do órgão no Senado, Pedro Carvalho, homem de extrema confiança do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Carvalho é também muito próximo do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Nos bastidores, é apontado como uma espécie de "pau-mandado" dos senadores.

Um servidor com extremos poderes, designado para agir sempre a favor dos parlamentares e do Senado em qualquer circunstância, mesmo que, para tanto, tenha que atrapalhar investigações externas.

Não é nova a suspeita de atuação de policiais legislativos para obstruir trabalho da Polícia Federal. Em 2006, a Polícia do Senado foi acusada de sabotar a Operação Mão-de-Obra, que desbaratou uma quadrilha que fraudava contratos milionários de terceirização na Casa.

Na época, o Ministério Público Federal protestou contra uma possível intervenção do Senado para retirar documentos na madrugada de 15 de julho daquele ano e, depois, esconder as câmeras de vigilância. Na ocasião, o presidente também era Renan Calheiros.

A "operação abafa" teria sido comandada pelo mesmo Pedro Carvalho, já diretor à época, e pelo então diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, este um dos alvos daquela ação. As gravações do circuito interno jamais apareceram.

A operação deflagrada nesta sexta, que levou à prisão de Carvalho e de outros três policiais, parece ser tão ou muito mais grave do que o episódio de dez anos atrás.

Segundo a PF, sob ordens do diretor da polícia, um grupo atuou para "criar embaraços" à investigação contra senadores e ex-senadores. "Utilizando-se de equipamentos de inteligência", diz nota da instituição.

A prisão de Carvalho representa um duro golpe para Renan e seus aliados dentro do Senado e ao mesmo tempo pode expor e, quem sabe, mudar de vez um lado obscuro da história da Casa.

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