sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Em Manaus, denúncias de corrupção marcam campanha no 2º turno

Por Fábio Pontes – Valor Econômico

MANAUS - A tentativa de colar a imagem dos candidatos a escândalos de corrupção e a guerra de números das pesquisas eleitorais para conquistar os eleitores foram as principais marcas da disputa pela Prefeitura de Manaus neste segundo turno. A estratégia de desgastar a imagem dos candidatos com denúncias de corrupção também deu o tom da disputa.

Depois de um primeiro turno com os votos divididos entre nove candidaturas, o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) e o ex-deputado Marcelo Ramos (PR) passaram a protagonizar a corrida municipal em busca dos eleitores dos candidatos derrotados - e daqueles que afirmam não saber em quem votar, pretendem anular ou votar em branco. Este grupo, segundo pesquisa Ibope/Rede Amazônica (afiliada Globo) do dia 17, chega a 11%.

Tanto Virgílio quanto Ramos deixaram a cabeça do eleitor ainda mais confusa com a guerra de número das pesquisas eleitorais. O levantamento Ibope do dia 17 apontava o prefeito com 50% dos votos, contra 39% de Ramos. Recorrendo a institutos locais, a campanha do PR apresentava o ex-deputado em primeiro lugar.

Neste segundo turno, a estratégia de Arthur Virgílio foi a de continuar a colar a imagem de Marcelo Ramos à de José Melo, cujo governo está envolvido em denúncias de corrupção. O uso da Operação Maus Caminhos, da Polícia Federal, que descobriu esquema de corrupção na saúde estadual, foi a tática dos adversários para fragilizar um ao outro.

Se antes apenas Virgílio tinha mais condições de desgastar Ramos com a investigação policial, o ex-deputado também passou a mostrar contratos da prefeitura com empresas e pessoas investigadas pela PF.

Os marqueteiros tentaram vender a imagem de seus candidatos como os mais éticos. Arthur Virgílio se vangloriava de sua administração não ter tido envolvimento em nenhum escândalo de corrupção. Do outro lado, os apoiadores de Marcelo Ramos o apontavam como um candidato ficha limpa e de biografia exemplar.

Mesmo tendo importantes cabos eleitorais, Arthur Virgílio e Marcelo Ramos fizeram questão de mantê-los longe do programa de rádio e TV. No caso de Ramos, o governador José Melo nunca foi citado, o mesmo ocorrendo com o senador Omar Aziz (PSD). Pelo lado de Virgílio, seu novo aliado, o senador Eduardo Braga (PMDB), também não teve a mínima exposição.

A primeira estratégia após o 2 de outubro foi buscar as alianças. O alvo estava nos três nomes mais bem votados logo abaixo de Virgílio e Ramos: Silas Câmara (PRB), José Ricardo (PT) e Serafim Corrêa (PSB). Muitas especulações foram feitas sobre como cada um se comportaria. O mais assediado era José Ricardo, que saiu da disputa como a surpresa das urnas após fazer toda sua campanha no teto de uma Kombi.

O petista - conhecido como o "homem da Kombi - acabou por optar pela neutralidade e não declarar apoio a nenhum dos candidatos. Mesma atitude teve o PT, deixando militantes e lideranças livres. Uma das figuras expressivas da política no Amazonas, o ex-deputado federal Francisco Praciano (PT), gravou vídeo em apoio a Marcelo Ramos.

"Nenhuma das candidaturas que estão postas representam mudanças para Manaus. Na prática é o mesmo grupo político que há 34 anos domina a política no Amazonas. Não vislumbro mudanças seja com um ou com outro", diz José Ricardo.

Já o deputado federal Silas Câmara (PRB) e o deputado estadual Serafim Corrêa oficializaram apoio a Marcelo Ramos na primeira semana após o domingo de votação. O apoio de Corrêa já era esperado por ele ser o padrinho político de Ramos. O hoje candidato foi líder da gestão Serafim Corrêa (2005-2008) na Câmara de Manaus e presidente da Empresa Municipal de Transporte Urbano (EMTU).

Silas Câmara aliou-se ao candidato do PR após este ter assumido os compromissos da campanha defendidos por ele no primeiro turno. Apesar desses apoios simbolizarem alguma força, Câmara e Corrêa apresentavam os maiores índices de rejeição entre os eleitores nas pesquisas Ibope. Além disso, Marcelo Ramos continuava a carregar o peso de ter ao seu lado o governador cassado Jose Melo (Pros) com sua crise de popularidade ante os amazonenses.

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