quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Dívida pública federal supera R$ 3 trilhões pela primeira vez na História

• Endividamento cresce 3,10% na passagem de agosto para setembro

Martha Beck - O Globo

-BRASÍLIA- Pela primeira vez na História, a dívida pública federal superou o patamar de R$ 3 trilhões. Relatório divulgado ontem pelo Tesouro Nacional informa que o estoque cresceu R$ 91,72 bilhões (3,10%) entre agosto e setembro, passando de R$ 2,955 trilhões para R$ 3,046 trilhões no período. O aumento ocorreu devido a uma emissão líquida de títulos de R$ 61,99 bilhões e também a uma incorporação de juros no valor de R$ 29,74 bilhões.

Segundo o Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro, a dívida deve terminar 2016 entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões. O documento mostra que as emissões de títulos públicos atingiram R$ 78,34 bilhões em setembro, enquanto os resgates chegaram a R$ 16,36 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 61,99 bilhões.

ESTRANGEIROS REDUZEM FATIA
De acordo com o relatório, a parcela da dívida com remuneração prefixada aumentou de 36,85% em agosto para 37,71% em setembro. A participação dos títulos indexados à inflação, por sua vez, caiu, passando de 31,82% para 31,47% no mesmo período. Já a fatia dos papéis remunerados pela taxa básica de juros (Selic) foi reduzida de 26,94% para 26,54% do estoque.

Segundo o Tesouro, os investidores estrangeiros voltaram a reduzir sua participação na dívida. Ela caiu de 15,67% para 14,97%. Já as instituições financeiras aumentaram sua fatia: de 23,31% para 24,14%. Os maiores detentores continuam sendo os fundos de Previdência, com R$ 708,54 bilhões (24,26%).

O Tesouro informou que mudou alguns parâmetros do PAF. A projeção para a participação dos papéis prefixados no estoque até o fim do ano passou para um intervalo entre 33% e 37%. No início do ano, essa estimativa era de uma banda entre 31% e 35%.

Também houve alteração das estimativas para os títulos corrigidos pela Selic. Elas agora variam de 27% para 31% do total. Antes, esse intervalo era de 30% a 34%. Segundo a equipe econômica, as mudanças revelam uma melhora no perfil do endividamento.

Os papéis prefixados — cuja participação no estoque ficará maior — são mais vantajosos para o governo, pois sua remuneração é acertada previamente, o que dá maior previsibilidade sobre a gestão da dívida.

— O planejamento de longo prazo é reduzir a taxa flutuante (Selic) na dívida. Ao longo do ano, o cenário foi bem melhor do que as expectativas. Isso se refletiu nos preços dos ativos e na estratégia de emissão dos títulos públicos. O mercado melhorou bastante — disse o subsecretário da Dívida Pública, José Franco Morais.

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