terça-feira, 18 de outubro de 2016

Correntes petistas pressionam por mudanças

• Tendências à esquerda querem antecipar escolha da direção partidária

Isabel Braga - O Globo

-BRASÍLIA- Após o fracasso eleitoral nas eleições municipais, grupos de deputados da bancada do PT se reuniram ontem para tentar discutir saídas que garantam a reconstrução do partido. Disposto a cobrar mudanças profundas na legenda, parlamentares que integram o Muda PT (movimento que reúne deputados das cinco maiores correntes de esquerda) discutiram alternativas, incluindo a criação de uma outra sigla ou fusão partidária. Mas o único consenso foi o de chamar, para 3 e 4 de dezembro, um encontro nacional do movimento.

A maior pressão do Muda PT é pela antecipação da eleição que mudará a direção partidária, prevista para o segundo semestre do próximo ano. O movimento quer a convocação do congresso do PT e a rediscussão da forma de eleição da nova diretoria. Alguns integrantes do Muda PT começaram a verbalizar a possibilidade de deixar a legenda, o que incomodou outros integrantes. Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a mudança tem que se dar no próprio partido:

— Quero a realização do Congresso do PT o quanto antes, quero eleger um novo comando do PT, mas não quero sair do PT. Não participo de qualquer movimento com esse objetivo — afirmou Pimenta, da corrente Mensagem.

Segundo Pimenta, as conversas estão em andamento e, na próxima quinta-feira, integrantes do Muda PT conversarão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse encontro se dará um dia antes da realização de reunião da Executiva Nacional do PT, em São Paulo. O Muda PT reúne, segundo Pimenta, cerca de 30 deputados federais.

Também houve ontem reunião de deputados da corrente majoritária do partido, a CNB (Construindo um Novo Brasil). Assim como os deputados de tendências mais a esquerda, os integrantes da CNB admitem que é preciso reorganizar o partido. Mas defendem que isso seja feito com tranquilidade.

— Estamos em uma situação conjuntural muito complicada, mas nossa avaliação é que temos que ter uma certa tranquilidade para fazer análise e não deixar que as emoções pautem nossas decisões — disse o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP), acrescentando: — Temos que admitir os nossos erros, superar os problemas, mas isso não se dá apenas trocando a direção.

Segundo Prascidelli, há saídas individuais e coletivas.

— As individuais são as que algumas lideranças já estão defendendo: criar partido, constituir frente,ir para partido pequenos. Nós queremos uma saída coletiva que resgate as conquistas que tivemos.

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