sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Partidos tiveram "práticas espúrias", diz PGR

Por Carolina Oms - Valor Econômico

BRASÍLIA - A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que alguns membros do PT, PMDB e PP se organizaram para utilizar em seus partidos "perpetração de práticas espúrias". A PGR pediu ontem a divisão da maior investigação da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura a existência de uma organização criminosa na Petrobras. "Alguns membros de determinadas agremiações se organizaram internamente, utilizando-se de seus partidos e em uma estrutura hierarquizada, para perpetração de práticas espúrias. Nesse aspecto há verticalização da organização criminosa", diz o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato.

Para "otimização do esforço investigativo", a PGR pediu para investigar em quatro diferentes inquéritos a atuação do PT, do PP, do PMDB na Câmara e do PMDB no Senado. "Por outro lado, embora as investigações tenham avançado, há necessidade de esclarecimento de fatos e dos papéis desempenhados por alguns integrantes dessa organização, de corroboração dos fatos apresentados em acordos de colaboração e de robustecimento dos elementos relacionados a outros atores da trama criminosa", diz o pedido.

De acordo com Janot, a "teia criminosa" presente na Petrobras se divide em uma estrutura "com vínculos horizontais, em modelo cooperativista, em que os integrantes agem em comunhão de esforços e objetivos, e em uma estrutura mais verticalizada e hierarquizada, com centros estratégicos, de comando, controle e de tomadas de decisões mais relevantes".

As investigações apontam que o PP atuava para desviar valores da Diretoria de Abastecimento. Enquanto o PT atuava nos contratos da Diretoria de Serviços e o PMDB na Diretoria Internacional. Se a inclusão de todos os novos investigados for autorizada por Teori, o inquérito do PMDB da Câmara teria 15 investigados, entre eles o ex-deputado Eduardo Cunha (RJ), o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, o banqueiro André Esteves e o lobista Lucio Bolonha Funaro. O inquérito também incluiria integrantes de outros partidos que faziam parte da antiga "tropa de choque" de Cunha, como o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Carlos Willian, do PTC (MG).

O inquérito do PP traria 30 investigados, entre eles, os ex-ministros de Estado Aguinaldo Ribeiro (atualmente é senador pelo PP-PB) e Mário Negromonte. Já o inquérito do PT investigaria 12 pessoas, entre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros Jaques Wagner, Edinho Silva, e Ricardo Berzoini. Por fim, o inquérito do PMDB no Senado teria nove investigados, entre eles, o presidente do Senado, Renan Calheiros e Romero Jucá.

O inquérito apura se o grupo atuou para desviar recursos da Petrobras, favorecer empresários e financiar campanhas eleitorais.

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