quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Liderança do DEM, ACM Neto atribui sua popularidade a ajuste fiscal

• Candidato à reeleição em Salvador, ele já tem 69% das intenções de voto

Leticia Fernandes - O Globo

-SALVADOR- Candidato à reeleição com 69% das intenções de voto na terceira maior capital do país, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, tornou-se a liderança mais promissora de seu partido, o DEM, e atribui o sucesso de seu governo ao tradicionalmente impopular ajuste fiscal e reequilíbrio de contas que promoveu no início do mandato, em 2013. Após atuar como um dos principais críticos dos governo do PT no Congresso, ACM Neto diz não ter recebido ajuda do governo federal durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff nem do governo estadual, na época comandado por Jaques Wagner, hoje nas mãos de Rui Costa, todos petistas.

— Quando assumi, não tinha qualquer pretensão de ter vida fácil. Eu sabia que eles fariam de tudo para atrapalhar a vida da prefeitura, como aconteceu efetivamente. Em 2012, eu disse à cidade que ela poderia andar com as próprias pernas. Fiz um ajuste fiscal pesado, organizei as finanças da prefeitura, garanti o equilíbrio das contas desde o princípio, procurei economizar para ter recursos próprios da prefeitura para fazer obras e expandir os serviços, e a cidade melhorou. Agora, claro, a perspectiva com o governo federal já muda — avaliou o prefeito.

Vice-presidente da Câmara em 2009, quando a Casa era comandada por Michel Temer, ACM Neto afirmou ter ótima relação com o peemedebista, mas fez críticas aos primeiros meses de seu governo. Ele acredita que Temer assumiu o país como “um corpo em queda livre” e que tem a missão de fazer com que ele não chegue ao fundo do poço. Hoje, segundo ele, “o corpo parou de cair”:

— Um governo pós-impeachment jamais vai ser igual a um governo eleito pelo voto popular; sempre será visto com mais desconfiança. Ainda não chegamos ao fundo do poço, é como se fosse um corpo em queda livre que parou de cair, só que qualquer revés que aconteça nesse conjunto de medidas que serão encaminhadas ao Congresso pode fazer com que o corpo continue caindo.

Aos 37 anos, ACM Neto rejeita o rótulo de herdeiro do carlismo (expressão que se refere à hegemonia política no estado de seu avô, Antônio Carlos Magalhães) e garante que nunca teve interesse em colocar em prática um “carlismo 2.0”. Apesar das diferenças — descreveu o avô como “passional” e alguém que “agia com o coração, às vezes, com o fígado” —, afirma que tentou preservar os aliados de ACM.

— Abri diálogo com diversos segmentos que jamais fizeram política com ele ou o que, no momento da sua morte, estavam rompidos. Veja que hoje eu tenho o PMDB e PSDB como aliados, e os dois eram inimigos dele. Procurei fazer uma política ampla porque tinha consciência de que aquela coisa do carlismo e anticarlismo se esgotaria com a morte dele. A dinâmica passou a ser outra. Hoje você tem dois polos de poder na Bahia: um em torno do PT; outro em torno dos partidos de oposição ao PT. Nunca foi projeto meu reeditar o carlismo ou fazer um “carlismo 2.0”.

Liderança mais jovem do DEM, o prefeito de Salvador negou a pretensão de se candidatar à presidência em 2018, mas defendeu o nome do senador Ronaldo Caiado (GO) para concretizar um projeto nacional de seu partido nas próximas eleições. Ele diz até que não cogita concorrer ao governo da Bahia num futuro próximo — embora dez entre dez políticos baianos tenham certeza de que ele é nome certo na disputa estadual de 2018.

— Neste momento, não cogito um projeto nacional. É claro que sei da importância que tenho no DEM, dentro desse contexto político de um partido que vem se renovando, ganhando musculatura e que tem a pretensão de construir um projeto nacional. Mas confesso que eu não me enxergo liderando um projeto nacional agora em 2018 — disse, sem descartar interesse no cargo: — Não fico elucubrando sobre o futuro de médio e longo prazos. Apesar de ter os meus desejos, olho muito o presente e o futuro mais imediato. Acho que, mais do que nunca, a vida pública impõe isso. Eu hoje me considero um sujeito realizado na vida pública como prefeito. Defendo que, passada a eleição, a gente discuta a possibilidade de uma candidatura a presidente (para 2018), e o nome que se destaca hoje é o do senador Ronaldo Caiado.

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